Fotografia de Carlos Monteiro |
Hoje
publicamos a primeira colaboração de um novo companheiro, a quem damos as boas vindas.
Deixemos que ele mesmo se apresente:
Meu nome
é Carlos Monteiro, sou carioca, flamenguista, portelense. Fotojornalista,
jornalista e publicitário desde 1975. Trabalhei em alguns dos principais
veículos nacionais como: Revista O Cruzeiro, Jornal dos Sports, História e
Glória do Rock além de outros como freelancer. No Jornal O Dia publicava a
fotogaleria Alvoradas Cariocas, retratando o amanhecer de algum ponto da
Cidade. Atualmente sou publicitário na Agência Saravah. Tenho três livros
fotográficos, publicados, retratando a Cidade Maravilhosa.
O artigo
do Carlos foi escrito no dia 24, façamos de conta que hoje é 24 de novembro,
data também do amanhecer que ilustra o post. 😊
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Nasceu maranhense
com nome de deusa grega, pelas mãos de Zeus se transformou em pássaro. Seu pai,
quando a batizou Alcione, sabia que ela vinha ao mundo para cantar, encantar e
acalentar.
Pássaros
são para o mundo. Ela cresceu e volitou para o Rio de Janeiro, se transformou
em Loba, Mangueirense, “Rainha do Samba”, trompetista. Na noite, embalada no
berço da Bossa Nova, cantou no “Little Club”, naquele cantinho especial de rua
Duvivier em Copacabana; o Beco das Garrafas.
E, como
pássaro que é, alçou voos maiores, atravessou Américas e oceanos. Sem esforço
para manter a afinação e com um tom de voz absolutamente peculiar, quase único,
não deixou o samba morrer, nasceu com o samba e no samba se criou com muita
ginga e um tremendo bole-bole. Não deixará acabar a batida forte do surdo,
pulsar do coração, repique do tamborim, choro da cuíca. Enquanto puder sambar,
na avenida, no terreiro, nas rodas de samba e na solidão, será compasso do
passo do coração.
Esse amor
pelo samba ‘envenena’, mas, todo amor sempre vale a pena, para quem, como ela,
não tem a alma pequena, viveu amor em gostoso veneno.
E o amor
cantou em dores, saudades, alegrias, felicidades e tristezas. Amores
correspondidos, platônicos e abandonados. Amores traídos, amados, amantes.
Jogou o jogo do amor como um vício, segredo guardado no peito, chama da paixão,
perfume do mato, água da fonte, pétalas caídas das rosas se abrindo, exalando
perfumes roubados e despetalando no chão.
Cantou o
amor, e como cantou. Amores acabados, findados em sonhos grifados num jogo de
palavras trocadas, cartas marcadas, dadinhos rolados. Daqueles que pagaram caro
por amar demais, estranha loucura que faz o coração doer, se esconder na falta,
se encontrar na cama, no doce abraço do abraçar de braços que nada importam,
mas, que abrem a porta do coração.
Cantou o
perdão ao menino sem juízo, garoto maroto que toma porres, picha muros diz que
adora, troca juras secretas, mil loucuras e depois vai embora. Pasárgada
talvez. Cantou ao ébano dos lábios de mel, feito a pincel. Cantou meninos
danados, moleques levados, daqueles que fazem olhar estrelas achando que é
amor, daqueles que viram a cabeça, que tiram do sério.
É gata em
pele de loba, é loba em pele de gata, doce, dengosa, polida, fiel, que se
entrega de corpo, alma, paixão, toque e olhar sedutor que despe. Que faz a
gente sentir saudade, vontade de ficar noite afora, perder a hora, fazer
loucuras, que faz dizer: “te amo plurimum. Nequaquam ego amare te.” Quando o
coração fica para sempre!
É o que
fica dentro do peito em forma de saudade, que faz pensar no jeito, no desejo,
no nome que chama em chama, que faz até gostar de alguém, mas amor, amor
verdadeiro, distribuídos em sonhos e carinhos...? Só uma estranha loucura que
faz perguntar: o que eu faço amanhã sem você?
Alcione é
como o Sol, brilha sempre mais uma vez, sua luz chega aos corações, faz o amor
ser eterno novamente.
Completou
73 anos muito bem vividos no sábado, veio ‘pra’ cantar. Cumpre seu papel com
devoção, com emoção, com o coração.
É loba!
1) Parabéns ao Carlos Monteiro pelo ótimo artigo sobre uma importante cantora da MPB.
ResponderExcluir2) Parabéns ao nosso editor Mano, escolheu bem.
3)Nós os leitores de muita sorte !
Ótima estreia ! Mais um colaborador neste blog !
ResponderExcluirE escolheu a Alcione que é dona de uma linda voz
Parabéns e seja bem-vindo
Olá Carlos,
ResponderExcluir"Enquanto puder sambar...será compasso do passo do coração!"
Como eu gosto de ler textos bem escritos assim meio a meio com a poesia!
E como todo amor vale a pena ou na pena ou nas tintas, no palco ou no microfone, na objetiva dos olhos postos em foco, a gente, mesmo nesses tempos difíceis, continua a cantar. Em que linguagem for.
Bem vindo! Sempre.
Até mais.
Grande "aquisição", Mano!
ResponderExcluirBrilhante homenagem à Marrom, a estupenda Alcione.
Gostei em demasia da forma como foi escrito o texto. Nada melhor do que ler um artigo de quem sabe lidar com as palavras.
Afora a beleza do que li, a estrutura impecável, as felicitações à maravilhosa cantora e personalidade.
Um forte abraço, Monteiro.
Espero ler teus textos muito mais vezes.
Saúde e paz.
Boa estréia, esperamos contar com você muito mais vezes!
ResponderExcluirUm abraço do Mano
Prezado Autor Jornalista Sr. CARLOS MONTEIRO,
ResponderExcluirBem vindo a este recanto de boas Conversas, tão bem Capitaneados pelo Sr. WILSON BAPTISTA JUNIOR e Sra. ANA NUNES.
Bela Homenagem de Aniversário da grande Artista Cantora ALCIONE, escrito com muita Arte e Poesia por este Escritor sensacional que é o Sr. CARLOS MONTEIRO.
Abração.
Obrigado Antônio Carlos Rocha. Sorte tenho eu em poder ter o privilégio de estar aqui com vocês!
ResponderExcluirOpa Léa, muito obrigado! A Loba "uiva" em cantos, encantos e cânticos! Salve ela!
ResponderExcluirAna, que lindas palavras, que lindo poema... não há, realmente, alma pequena. Diante de tudo, o tudo, vale à pena ou apenas. Nosso negócio é sambar. A velha máxima do "bom sujeito"!
ResponderExcluirFrancisco, melhor que ninguém, lidas com as letrinhas! Formas, com elas, pura poesia. Palavras altaneiras embotadas, ou não, de versos, quadrinhas e odes ao "mal" maior que é o amor. Salve a Loba Marrom!
ResponderExcluirObrigado!
Grande Mano, por terras cariocas dizemos "mermão"! Estamos, por cá, para enésimas vezes!
ResponderExcluirAquele abraço das terras cariocas!
Caríssimo Sr. Flávio José Bortolotto. Muito honrado com suas ilustríssimas boas-vindas!
ResponderExcluirEstou grato por tão belas palavras. Espero que a recíproca seja verdadeira em todas as crônicas que escreverei, diga-se de passagem, com muita lisonja em estar neste espaço tão especial, cujo os comandantes, senhora e senhor Ana e Mano, lideram tão bem!