O Príncipe Charles e a Princesa Diana (fotogtrafia em Saltwire) |
Francisco Bendl
Assisto a série promovida pela Netflix, The Crown,
que aborda a realeza britânica ou os Windsor.
Deixando de lado alguns detalhes históricos,
os episódios são primorosos pela qualidade, pela veracidade ao passado do pai
da Rainha Elizabeth II, que se viu rei com a abdicação ao trono pelo seu irmão,
Edward VIII, que optou por ser feliz ao lado da mulher amada, renunciando ao
dever de ser rei do povo britânico.
Recomendo que assistam à série, pois uma das
melhores já feitas e que assisti ao longo da minha vida.
Agora, se o célebre ditado, “dinheiro não traz
felicidade”, existe quem possa contestá-lo, inclusive alegando que pode não
trazer, porém ajuda muito, o seriado que mencionei e recomendo é a prova cabal
que a máxima popular tem razão!
Pode-se dizer que a vida nos castelos e
palácios ingleses são uma espécie de contos de fadas.
Luxo, abundância, riqueza, poder, pajens,
vassalos, seguranças, mordomos, uma condição que não se vê numa pessoa mesmo abastada
porque lhe falta a linhagem, a influência local e mundial, as exigências que a
corte estabelece e que devem ser cumpridas acima da felicidade dos membros da
realeza.
Pois, se dinheiro, fama, uma vida inigualável
não é suficiente para qualquer pessoa se sentir bem, a família real britânica é
o exemplo!
O personagem mais enigmático, contido,
infeliz, frustrado, ligado somente em si mesmo, egoísta, invejoso, uma
personalidade titubeante, inseguro, é nada mais nada menos que o príncipe
Charles.
Não é por nada que a rainha jamais abdicou
para lhe transferir o poder e torná-lo rei, pois ela sabe como ninguém que o
seu filho não tem a menor condição de ser o monarca esperado.
Bom, mas não quero me desviar do assunto.
A questão é eu tentar transmitir se existem
motivos para alguém sadio física e espiritualmente, herdeiro de um trono, rico,
poderoso, ter se deixado ser exemplo de infeliz, e esse é o enredo dessa
crônica.
Charles desposou a mulher de que o mundo se
enamorou, apaixonou-se, adorava e reverenciava.
Foi a mulher mais fotografada na história, e
uma das mais fotogênicas, se não a maior de todas.
Diana era linda, meiga, sensível, deixava-se
abraçar, pegar na sua mão, embalava crianças, sentava-se perto de aidéticos,
visitava feridos e doentes, viajou para a África, simplesmente levou os Windsor
para patamares nunca dantes imaginados pela realeza inglesa.
Mas, trouxe consigo uma necessidade premente
de carinho, de afeto, de ser amada, pois a sua família havia sido desfeita
quando a sua mãe se separou do pai.
Charles, antes de Diana, tinha o seu amor
voltado para uma mulher casada, frívola, porém o escutava, consolava, entendia
como ninguém os problemas do príncipe, quando ia ao seu encontro furtivamente
para desabafar.
Chamava-se Camila Parker Bowles.
Curiosa ou ironicamente, hoje Duquesa da Cornualha...
Pois bem.
Camila, se comparada à beleza de Diana, seria
o mesmo que eu disputar com Einstein quem seria mais inteligente!
Diana ofuscava; Camila não tinha luz alguma.
Mas, mulher mais velha que Charles, tinha o
segredo de como agradar um homem, de como envolvê-lo, ainda mais em se tratando
de um uma pessoa medíocre, ridículo, inseguro, mimado e superficial.
Se Diana esperava encontrar um príncipe que a
levaria à felicidade plena, Charles ao ser obrigado a se casar com a srtª
Spencer, queria transformá-la em mera seguidora de seus passos, uma mulher
submissa, apenas para “o inglês ver” como o seu matrimônio era feliz.
Camila era inesquecível, Diana não lhe
agradava, pelo contrário, em muitas ocasiões deixava a sua esposa “em casa”, e
se mandava para os macios braços e o colo quente da sua verdadeira amada.
No entanto, certamente a grande mágoa de
Charles, a sua frustração, a sua impotência constatada por ele mesmo, dizia
respeito à sua vida.
Ele não a tinha como desejava, pois estava
determinada para ser o futuro monarca britânico.
Príncipe, rico, poderoso, influente, uma vida
nababesca mas, antes da sua felicidade, havia o senso do dever!
Então, a sua rebeldia, infelicidade, e algoz
da sua esposa, a encantadora e maravilhosa Diana, a Princesa de Gales, com a
qual se viu obrigado a se casar em detrimento do seu amor, Camila.
A preocupação da corte com Charles era tanta,
que a rainha e o seu pai, Phillip, que abandonara a sua brilhante carreira na
Marinha para se casar com Elizabeth, imaginavam que Charles poderia copiar o
seu tio, rei Edward VIII, que abdicara do trono para estar ao lado da mulher
dos seus sonhos, gerando uma crise imensa na coroa, e que chegou a ser
discutida a sua continuidade ou não!
Se Charles fizesse o mesmo, o futuro da
realeza britânica estaria irremediavelmente em jogo.
Logo, encontrar uma esposa para Charles ficou
sendo uma tarefa de todos os membros do palácio de Buckingham, de modo a tirar
Camila da mente do filho mais velho da rainha, o herdeiro do trono inglês.
Resumo da tragédia real britânica:
Diana começou a devolver ao Charles a sua
traição com Camila, e escancarada.
Diziam as más línguas, que o quarto da
princesa tinha uma porta giratória, de tantos eram seus visitantes furtivos e
ocasionais.
Nas várias tentativas de Charles pedir que a
mãe lhe concedesse se separar de Diana, e a rainha o obrigava a tentar a
reconciliação, mais ainda Charles se tornava infeliz, magoado, derrotado.
Até que chegou um dia que a rainha ouviu de
seus auxiliares as peripécias amorosas da sua nora, e concordou com o divórcio.
Diana, expulsa da família, execrada pelos
Windsor, morreria em seguida, buscando uma felicidade que jamais encontrara.
A comoção mundial e, principalmente, a
britânica, obrigou que a família resolvesse dar importância ao episódio
trágico.
No dia do enterro, com o caixão de Diana sendo
conduzido por uma carruagem levada por vários cavalos, quando passou em frente
à rainha, esta em um gesto que deixou a todos perplexos, que devolve as
críticas que recebera pelo tratamento dado à morta, meneia a cabeça,
reverenciando a princesa que deixara de existir!
A rainha rompia com o cerimonial, a tradição,
e saudou a passagem da sua ex-nora como se fosse ela a rainha e, Elizabeth, a
princesa!
Charles finalmente se casou com Camila.
Encontrou a felicidade, enfim. Atendeu aos apelos de sua vontade, do seu
egocentrismo, da sua vida pequena.
Mas, a rainha, cujo senso do dever é maior do
que ela mesma, que a sua felicidade pessoal, a sua responsabilidade com o povo
suplanta qualquer anseio particular, também cobrou do filho um preço pelo que
fizera com Diana e o seu próprio futuro:
Jamais será rei!
Charles se deixou vencer pela emoção, pela
paixão, pela sua vontade.
Um legítimo monarca não pode pensar em si, mas
na tradição do nome, na linhagem, na realeza, que deve estar acima de tudo e
todos.
Ao se equiparar com uma pessoa comum, da
plebe, comprovou que não teria condições de colocar a coroa, que exige de quem
a usa qualidades muito acima dos mortais, conforme os sacrifícios que devem ser
feitos e que se espera de um rei.
De fato, dinheiro não traz felicidade e, até
para contrariar o complemento do ditado que ajuda a encontrá-la, a realeza
britânica, a mais importante do planeta, cuja rainha é a mais longeva na
história do trono inglês, a condenação pelo fausto, poder, abundância,
refinamento, riqueza, veio na forma de ser negada a felicidade aos Windsor, uma
punição cruel, convenhamos.
Dito isso, até que estar no SPC, Serasa, não
ter crédito na praça, ser um pelado não é nada importante, se a chance de ser
feliz é muito maior que a dos ricos e poderosos.
Se eu não fosse um pobretão, sem eira nem
beira, jamais eu teria encontrado a Marli pois, em tempo algum eu teria
conhecido a verdadeira felicidade!
Tá bem, volta e meia ela se queixa, reclama da
falta de condições, que ainda residimos em casa alugada, jamais viajamos para o
exterior ...
Então respondo:
- Marli, minha amada mulher, quando nos
casamos eu te prometi uma vida de emoções, lembras?
- Que emoções, Chico, se não temos nada?
- Ora, emoções no sentido de hoje termos o que
comer, amanhã quem sabe; hoje residimos em uma casa, mas podemos ser
despejados; agora temos roupas, no futuro, sabe-se lá, se não temos de usar
folha de parreira; temos algumas moedas que sobraram de ontem, possivelmente no
dia seguinte teremos de pedir dinheiro emprestado ... queres uma vida mais
emocionante que esta??!!
Percebi que a minha felicidade estaria fatalmente comprometida, caso ela acertasse a frigideira que atirou em mim!
Para a minha felicidade, a Marli errou!
Querido Chicão,
ResponderExcluirQuase chorei ao pensar que a Marli podia ter acertado! (rsrs) E desistido da vida de emoção...
Coitadinho de você, pelado com frio e vendendo o almoço para comprar o jantar!
Para de chorar gauchão dos Pampas e toca escrever que seus textos são muito bons e fazem a gente rir. Estamos muito precisados disso.
Também adorei o seriado, é de primor surpreendente! Adorei as irmãs mocinhas, a fase do Churchil com a rainha e as peripécias da aclamada Diana roubando as cenas do picolé de chuchu preso nas contigências da realeza. Me surpreendi com as primas exiladas no hospício e já com seus obituários impressos. Entendi, quase aceitei. E a Margareth Tatcher, que peça! Senti falta da Diana dando o dedinho para o bebê chorão.
Precisamos conversar mais sobre os seriados, pensamos parecido. Mas isso você já sabe.
Até muitos mais.
Aninha, minha cara amiga,
ExcluirObrigado pelo comentário.
Sei que a parte mais interessante do texto foi a tentativa da Marli me acertar o quengo, mas ela errou, ainda bem.
Acredito que a minha intenção ao abordar esse ditado popular, que é o título do artigo, talvez tenha sido inconscientemente eu reprisar a fábula A Raposa e as Uvas:
se não serei rico, tenho que encontrar defeitos ou problemas em quem possui fortuna, e nada melhor que a realeza inglesa!
Falando sério, Aninha, mas um pessoal que nasceu com o ... virado prá lua e, ainda por cima, ser infeliz, é algo até mesmo pecaminoso diante dos bilhões de seres humanos sem esperança e condições de vida, sequer para se manterem diariamente.
Um abraço.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Concordo com você Amigão Grandão, é algo pecaminoso!
ExcluirE viva a frigideia!
Aqui em casa, por estar mais perto do sertão, é faca de queijo voadora!!!
Abraço em vc!!
Bela reflexão desse bom Escritor Sr. FRANCISCO BENDL, sobre o Poder, a Riqueza e a Felicidade.
ResponderExcluirNinguém mais que a Família Real Inglesa, representa aos olhos dos Povos, o Zênite do Poder e da Riqueza, mas vemos através de sua história, que eles também sofrem Infelicidade, problemas, crises.
Nós os Comuns, podemos até correr o risco de uma frigideirada, e não é só com o senhor que isso acontece, mas temos outras compensações.
Nossas Saudações e um Abração.
Mestre Bortolotto,
ExcluirTu és um legítimo aristocrata, enquanto não passo de um plebeu.
Eu me esforço em demasia para escrever uma frase, enquanto de ti jorram ideias, que colocas no papel como poucos!
Obrigado, sempre, pelo apoio e incentivo.
Conhecemo-nos virtualmente há dez anos, e perdi a conta sobre a quantidade de vezes que trocamos mensagens neste oásis cultural, Conversas do Mano e, na TI, a respeito de política.
Um grande e fraterno abraço.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
1) Parabéns ao Chicão, bom cronista de série televisiva, como se dizia antigamente.
ResponderExcluir2)Saúde sempre amigo !
3)Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos (as) do blog.
Rocha, meu amigo e professor,
ExcluirCada comentário teu a mim dirigido, sinto que falhas minhas são perdoadas pelo budismo!
Invejo a tua paciência, esperança, otimismo, equilíbrio, sensatez, paz interior.
Indiscutivelmente és uma prova absoluta sobre o bem que esta filosofia que cultuas e desenvolves faz bem.
Sabe-se lá se, em outra reencarnação, eu não abrace o budismo?
Abração, meu caro.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Amigo Chicão, esta é também uma de minhas séries preferidas. Acredito que a grande maioria dos espectadores partilhe tua opinião sobre o príncipe Charles, menos, evidentemente, a família real, que já manifestou sua indignação com a maneira em que o romance foi retratado na série.
ResponderExcluirUma das coisas bonitas na série é sua extraordinária fotografia, e sabias que o diretor de fotografia dela é um brasileiro? Sim, o Adriano Goldman, uma estrela em ascensão no ramo.
Muito bom te ver de volta ao nosso Conversas.
Um abraço do Mano
Caríssimo Wilson,
ResponderExcluirDesde o início a série foi muito bem aceita, diante do que disseste:
fotografia.
Mas, da mesma forma, o roteiro, os atores, a direção muito competente, e com a atual rainha Elizabeth sendo interpretada por esta atriz maravilhosa e espetacular Olívia Colman, o sucesso de The Crown seria indiscutível.
Eu diria estar no mesmo nível de Mad Man, sobre publicidade, lembras?
Outro seriado premiado e reconhecido como grandioso.
Enfim, a pandemia nos obrigou a assistir TV por mais tempo durante o dia.
As tais maratonas se tornaram frequentes, e temos tido a sorte ou bênçãos divinas de poder assistir filmes e séries sem que o vírus nos tenha encontrado, ainda.
Quanto a este oásis cultural jamais poderá ser desativado.
Trata-se de um refúgio dos problemas nacionais, dos assuntos de sempre, que estamos não só acostumados como se tornaram praxe os casos diários de corrupção!
Grato pelo comentário, parceiro.
Um abração.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Que bom ter vc de volta !! Senti sua falta
ResponderExcluirE como sou viciada em filmes e seriados achei ótimos seus comentários
Eu fiquei fascinada pelo The crown e não conseguia parar
Lady Di está fantástica e o Charles perfeito até na postura
E como não podia deixar de ser lá veio vc com suas graças ...cuidado que a Marli não perdoa estas brincadeiras...
Continue a nos presentear com seus ótimos textos
Um grande abraço
Léa, minha cara amiga,
ResponderExcluirEu também estou muito alegre porque voltamos a trocar comentários, mensagens e textos.
Tu sabes que a vida para mim não pode prescindir do engraçado, do divertido, de situações que nos envolvemos tanto propositada quando involuntariamente.
O tempo que tenho de casado, 50 anos, tem sido um professor estupendo nesses aspectos, de a relação entre um casal acontecer episódios tanto humorísticos quanto tristes e, deles, marido e mulher, extraírem o que se pode aproveitar para o crescimento pessoal e solidez no casamento.
Charles e Diana mostram essa relação quando terceiros se intrometem ou que seja o trabalho mais importante que a união de ambos.
O resultado jamais será o esperado e, em consequência, a felicidade se esvai, se torna impossível.
Aliás, pode acontecer até o contrário:
O ódio, a ira, a frustração, a decepção, podem substituir o que restou de um sentimento, então a inimizade absoluta.
Por essas e outras, que o dinheiro não é mesmo a causa de felicidades.
Pode até ser o responsável pelo afastamento das pessoas e, principalmente, entre aquelas que um dia foram próximas, lamentavelmente.
Obrigado pelo comentário, Léa.
Um forte abraço.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Como tenho mais de sessenta anos de casada e bem casada !!!entendo perfeitamente
ResponderExcluirAna me dá notícias suas e me considero sua amiga e desejo muita saúde para vc aproveitar esta união com a Marli
Completando digo que o dinheiro ajuda mas não é o mais importante
Bom domingo para vcs