Antonio Rocha
Aos poucos, mais e mais, as universidades brasileiras estão investigando as religiões e suas filosofias, não como forma de proselitismo, mas pesquisando como formas de saberes vários e que tocam profundamente os corações e as mentes de bilhares de seres humanos, por extensão, trilhares de seres vivos e suas inter-relações com as pessoas.
O título acima nos fala do conhecido “Tao Te King”, do filósofo chinês Lao Tse. Há quem diga que ele, Laozi, na atual grafia do mandarim nunca existiu, outros o situam no século VI antes de Cristo, juntamente com o Buda.
Estudiosos dizem que este século 6 antes da Era Comum, ou era cristã foi, especialmente vasto em termos de pensamentos e filosofias: na Índia, o Buda; na China Lao Tse; na Grécia Pitágoras e os chamados Pensadores Originários de todo o Pensamento Filosófico Ocidental e na Judéia o profeta Jeremias. Ensinamentos que permanecem até hoje, gerando livros e mais livros e, modestamente, este pequeno artigo no grande blog do Mano. Não é qualquer um que atinge a cifra, mais de meio milhão de leitores/visitas.
Particularmente gostei da nova designação Dao, que lembra o nome ocidental Deus e assim uso indistintamente as duas, como sinônimos: Dao e Tao.
Por falar em academias, destaco que a Unesp - Universidade do Estado de São Paulo publicou um belíssimo volume, na apresentação gráfica e no conteúdo do Dao De Jing, capa dura, 582 páginas; parece uma bíblia do Taoísmo e de fato, é.
Em português já existem diversas edições e tradições, além da atual que estou abordando existe uma do Murilo Nunes de Azevedo, monge budista e engenheiro, foi professor da PUC-RJ.
E aqui uma novidade, como todas, passível de questionamentos. O monge budista Vira Avalokita, que vive hoje no Cambodja, nascido nos EUA, teólogo, era pastor Metodista e ordenou-se sacerdote de Buddha afirma que após uma pesquisa da evolução linguística, ele chegou a conclusão que “Lao Tse e Buda são a mesma pessoa”.
É possível, eu acredito, há muitos pontos em comum entre o Taoísmo e o Budismo.
O Tao Te King são 81 pequenos textos, de grande profundidade.
Uma outra versão em nossa língua, que eu gosto muito é “Tao Te Ching, o Livro que Revela Deus”, do filósofo gaúcho Huberto Rohden (1893-1981), jesuíta, foi professor na Universidade de Princeton (presbiteriana) nos EUA e colega de Einstein que lecionava na mesma universidade. Tive a honra de conhecer o professor Rohden, quando nos anos 1970 ele visitou o Templo Budista de Santa Teresa, RJ, onde eu, solteiro, morava. Depois, casei com a tesoureira do templo, Heloisa e estamos juntos até hoje construindo nossa caminhada búdica.
Vejamos o primeiro poema do “Tao Te Ching” na tradução do pensador bras1leiro Huberto:
“O uno e o verso do Universo
O Insondável (Tao) que se pode sondar
Não é o verdadeiro Insondável.
O Inconcebível que se pode conceber
Não indica o Inconcebível.
No Inominável está a origem do Universo.
O que é Nominável constitui a mãe de todos os seres.
O Ser indigita a Fonte Incognoscível.
O Existir nos leva pelos canais cognoscíveis.
Ser e Existir são a Realidade total.
A diferença entre Ser e Existir
É apenas de nomes.
Misterioso é o fundo
Da sua unidade.
Eis em que consiste a sabedoria suprema.”
Na explicação, entre outras, Rohden afirma: “... Tao é o Brahman (em sânscrito) Absoluto, o Pai Infinito, gera os mundos pelo seio de Maya (a Natureza), Mãe de todos os Finitos...”.
Renovo os votos de um Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos (as) e as devidas Gratidões ao Editor, colaboradores (as), leitores e leitoras.
Prezado Autor Prof. Dr. ANTONIO ROCHA,
ResponderExcluirA China ao longo de sua História, uma Civilização de +- 5.000 Anos de Escrita, nos legou muita SABEDORIA.
LAO TSE ( Sec VI AC) foi um dos maiores:
Googlei e encontrei suas seguintes Frases de LAO TSE:
As Palavras Verdadeiras não são agradáveis, e as agradáveis não são Verdadeiras.
Quem conhece sua Ignorância revela a mais profunda Sapiência. Quem ignora sua Ignorância vive na mais profunda ilusão.
Aquele que sabe não fala: Aquele que fala não sabe.
Paga o mal com o Bem, porque o Amor é vitorioso no ataque e invulnerável na defesa.
A Natureza não é benévola, e é com determinada indiferença que de tudo se vale para os seus fins.
Quanto maior o número de Leis, tanto maior o número de Ladrões.
Para ganhar Conhecimento, adicione Coisas todos os dias. Para ganhar Sabedoria, elimine coisas todos os dias.
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Parabéns e um abração Prof. Dr. ANTONIO ROCHA.
1) Obrigado Mestre Bortolotto, frases ótimas.
ResponderExcluir2)A China é realmente uma cultura e sabedoria milenares e maravilhosas
Meu amigo e professor Rocha,
ResponderExcluirVolto a frisar e repetir:
Tenho por ti uma grande admiração por seguires o Budismo, uma filosofia oriental que observo ser muito difícil para nós, os ocidentais, entendermos e ser fiéis aos ensinamentos ou conselhos - para mim é impossível!
Portanto, a cada postagem tua, aplaudo, pois é o mínimo que posso fazer, tanto para enaltecer a tua fé, e por compartilhares conosco teus conhecimentos nesta área, quanto pela versatilidade do Conversas do Mano, que comprova o valor deste blog para todos nós.
Um forte abraço.
Saúde.
Mestre Antonio,
ResponderExcluirboas lembranças me trouxe o seu post. Li o Tao Te King pela primeira vez aí pelos meus trinta anos, numa bela tradução em inglês, em versos, ilustrada com lindas fotografias e desenhos a nanquim no estilo japonês, da biblioteca de meu pai (não o tenho aqui agora para dizer edição e tradutor). Depois passei alguns meses, puramente para o meu prazer, nas minhas horas de folga traduzindo-o para o português e procurando conservar o ritmo e o encanto dos versos como os tinha transcrito o tradutor inglês. Infelizmente perdi essa tradução, que nunca imprimi, porque quando quis revisita-la muitos anos depois os discos originais em que a tinha gravado, aqueles antigos de plástico flexível de 5,25 polegadas do meu computador Apple II (que a garotada de hoje nem se dá conta de que já existiram um dia) já não podiam ser lidos por nenhum equipamento que eu tivesse e se tinham deteriorado. Mas o tempo lendo, traduzindo e burilando os versos me fizeram pensar muito nos ensinamentos de Laozi, e em muito me ajudaram a acalmar minha alma pelos quarenta e poucos anos seguintes.
Obrigado e um abraço do Mano
Olá Antonio,
ResponderExcluirSempre acho um alívio seu nome não ser acentuado...E fica mais bonito.
Acho muito bom que alunos sejam esclarecidos em seus estudos superiores das preciosidades do conhecimento. Pensamentos mais elaborados e opções mais abertas.
Assim como é bom e divertido ler os seus jovens filósofos colocados no Face. Fico tentando ver você atras deles. Parabéns pela idéia. Como eles se sentem?
E a cada post seu fico mais sabida, ignorante que sou nesses assuntos de budista.
"Misterioso é o fundo
Da sua unidade."
Grata.
Até mais.