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Moacir Pimentel
O script de Nunca te Vi, Sempre te Amei começa em outubro de 1949,
quando a escritora Helene Hannf lê na revista Saturday Review of
Literature um anúncio de uma livraria londrina de nome Marks
& Co, que vendia livros usados pelo correio. Incapaz
de adquirir em Nova York as edições específicas que o seu indizível desejo
literário exigia, ela respondeu ao anúncio, enviando uma relação dos títulos
que não conseguia adquirir.
O que se segue é um comércio amoroso de livros e uma entusiasmada troca
de cartas cruzando o Atlântico para frente e para trás, entre a jovem mulher e
Frank P. Doel, o gerente da Marks & Co.
“Prezados Senhores,
Eu sou uma escritora pobre que ama livros antigos. Como no meu
dicionário “antigo” quer dizer “caro”, caso vocês tenham cópias de segunda mão,
mas limpas, de qualquer um dos livros da lista em anexo, por não mais de cinco
dólares cada, vocês podem considerar essa carta como um pedido de compra e
enviá-los para mim”.
Sucede que Frank muito se divertiu com a carta, conseguiu resolver dois
terços dos “problemas” listados, mandou-lhe belas edições antigas cobrando-lhe
menos de duas libras por tudo - “um pound,
dezessete shillings e seis pence” - e, solícito, prometeu à moça cuidar dos
itens ainda pendentes. Frank dirigiu-se a ela como “Prezada Senhora” e assinou “Atenciosamente,
FPD, por Marks & Co”. Tudo muito formal, muito britânico, mas não
ficaria assim por muito tempo.
Para começo de conversa, na sua próxima carta Helene se recusou a pagar
pelos livros com remessas bancárias, conforme tinha sido orientada a proceder, declarando
que, em vez, continuaria a enviar seus bons dólares dentro de envelopes pois
confiava nos serviços postais tanto de Sua Majestade, o Rei, quanto do querido
Sam, o Tio. De quebra, ela pediu ao gerente que, por favor e doravante,
convertesse os preços dos livros de libras para dólares, pois tivera que pedir
ao namorado inglês de sua vizinha de cima para traduzir o alienígena valor
informado por ele para “cinco dólares e trinta
centavos americanos”. Explicando ao formal inglês, é claro, que não era lá
muito boa nas quatro operações nem mesmo em inglês americano e que, portanto, não
tinha qualquer esperança de um dia vir a dominar uma “aritmética bilíngue” (rsrs)
O que nos encanta nesse filme, pois
permanece imutável mesmo em uma época de livros digitais, é o prazer que Helene
sentia ao receber os velhos livros enviados da Inglaterra.
“Nunca imaginei que tocar um livro
fosse uma alegria e um prazer tão grandes! Estou receosa de folhear as páginas
de veludo tão suave e cor de creme”.
Segundo ela o primeiro item da sua coleção, um “maravilhoso” exemplar
dos Ensaios de Robert Louis
Stevenson, “tinha outra história além daquela
impressa dentro das capas e fazia as suas prateleiras feitas com caixas de
laranja corarem de vergonha”.
E ela termina com um PS:
“Espero que “madame” não
signifique aí o mesmo que significa aqui” (rsrs)
Sem qualquer dúvida quem gosta desses objetos chamados livros, da fisicalidade deles, de manuseá-los,
quem aprecia o layout das capas, quem
curte olhá-los de longe espremidos lá na estante, quem tem prazer em folheá-los
e até de cheirá-los com o mesmo prazer que se sente o aroma de um vinho ou de
uma fruta ou de um charuto, vai gostar mais desse filme do que o resto dos
mortais.
“Eu lhe disse que finalmente encontrei o cortador de páginas perfeito? É
uma faquinha para cortar frutas com um cabo de madrepérola. Minha mãe me deixou
uma dúzia mas não tem a menor chance de eu vir a ter um dia doze convidados
sentados ao meu redor comendo frutas”.
Quem é chegado a uma boa leitura vai
compreender melhor essa senhora, deliciada enquanto escreve cartas à maquina e
namora seus livros antigos, especialmente aqueles nos
quais os donos anteriores deixaram as suas impressões rabiscadas a lápis.
Sim, porque antigamente quando uma leitura nos agradava ou
incomodava a gente ou sublinhava o texto ou o comentava nas beiradas. Quem lia
bem, o fazia com um lápis à mão, escrevendo enquanto lia. Porque uma boa
leitura é sempre uma apaixonada conversa com o autor e não uma aceitação
passiva de tudo o que o livro diz. Ler significa compreender e isso significa
interpretar, discordar, discutir e ampliar as fronteiras.
Então não tem como não gostar da Helene e daqueles diálogos
que ela fazia a três, às vezes até mesmo com quatro ex-leitores de um livro,
com o nariz enfiado nas páginas amareladas. No dia em que ela recebeu uma rara
edição do escritor, crítico de arte e historiador inglês William
Hazzlit – um prosador do mais elevado grau de excelência que emprestou o
seu nome para o hotelzinho no qual nos hospedamos no Soho – ela contou ao Frank que simplesmente sentia vontade de gritar... “Olá
camaradas!”... para os pretéritos donos que, antes dela, já haviam rabiscado
seus pensamentos nas mesmas páginas.
Sabemos muito bem o porquê dessas anotações de pé de página:
a memória é limitada. Com o passar dos anos a gente lembrará sim da história,
mas não dos detalhes e muito menos das ideias que a leitura provocou. Helene
anotava porque já havia aprendido aquele parágrafo na vida, porque já havia
pensado uma daquelas frases mas jamais fora capaz de pô-la em palavras, para
bater palmas para um verso perfeito, para criticar uma opinião, ou simplesmente
para poder, mais tarde, voltar e repensar melhor um trecho de onde parara.
“O livro parece muito novo para ter sido lido por qualquer outra pessoa,
mas foi: ele continua se abrindo nas páginas mais deliciosas e os fantasmas de
seus ex-donos me apontam para coisas que eu nunca li antes.(...) Morrerei feliz
de saber que vou deixá-lo para trás para alguém amar. Deixarei pálidas marcas
de lápis através dele apontando as melhores passagens para algum amante dos
livros ainda não nascido “.
Helene tinha uma fome insaciável pelas obras clássicas da literatura
inglesa – de Jane Austen, Leigh Hunt, John Donne, Chaucer, Samuel Pepys e, com destaque, do cardeal John
Henry Newman, o humanista que fundara a Universidade Católica da Irlanda e cujo
livro a Ideia de Uma Universidade ela
reverenciava. Mais e mais pedidos chegavam nas mãos do livreiro e mais e mais livros
eram despachados para o minúsculo apartamento da moça em Manhattan.
Helene se colocava por inteiro em suas cartas, através de comentários
auto-depreciativos mas bem humorados se definindo, por exemplo, como “pequena, mordida e desajeitada, fácil e
segura no papel, mas estranha e rígida em pessoa”. Na verdade o que vemos
na tela é uma mulher com o corte de cabelo de um monge e um jeitão amigável,
enérgico, animado, mas com uma aparência desmazelada e – quem sabe? – algumas
nódoas não muito católicas decorando suas roupas:
“Eu gostei de ler sobre a freira que comia tão delicadamente com os
dedos que e nunca gotejava gordura em si mesma. Eu nunca fui capaz de fazer tal
afirmação usando um garfo” (rsrs)
Quando ela pede ao livreiro As
Conversas Imaginárias do escritor e poeta inglês Walter Savage Landor – mais
precisamente o diálogo entre Ésopo e a Rainha Rhodope da Trácia que na mitologia,
juntamente com o marido, é transformada pelos deuses nos montes Balcãs - a
gente tem mais um vislumbre da profundidade das leitura e mente da protagonista.
Pois As Conversas são uma leitura acadêmica, o que é uma pena, pois nelas o
autor dota de voz inúmeras figuras históricas, mas esquece o que delas dizem os
livros e simplesmente cria diálogos imaginários.
E o papo rola livre e solto entre gregos e romanos, soberanos e
estadistas, filósofos e escritores e mulheres famosas, capítulos inteiros da
experiência humana, em vários volumes habitados, por exemplo, pelas estupendas arengas
entre George Washington e Benjamin Franklin, Diógenes e Platão, a Rainha
Elizabeth I e o Conde de Salisbury, Henrique VIII e Ana Bolena e os Condes de
Mercia, Leofric e Lady Godiva, aqueeeela que Dona Lenda e os chocolates juram
ter se revoltado contra o senhor seu marido e desfilado “peladeca” pelas ruas
de Coventry montada em um corcel branco.
Em apenas um mês de correspondência o tom de Helene já mudara
completamente, embora o de Frank Doel permanecesse inalterado. É claro que nem sempre o prestimoso livreiro acertava com as encomendas,
como foi o caso da Bíblia que não foi mas deveria ter sido uma edição da
Vulgata, a tradução do original da Bíblia em hebraico para o latim, feita na
virada dos séculos IV e V por São Jerônimo.
“Por favor, informe à Igreja da Inglaterra que conseguiu destruir a mais
bela prosa já escrita”, escreve Helene, revelando assim sua
consternação ao receber uma Bíblia que não atendia às suas expectativas. Ela
justifica seu desapontamento “literário” e não “religioso” recitando sua
própria árvore genealógica, que abriga judeus, cristãos variados, uma cunhada
católica, primos presbiterianos e uma tia metida com a Cientologia, entre outros.
Depois de se despedir da Igreja Anglicana da Inglaterra – “Para o inferno com ela!” - Helene finalmente aceita a ideia de
usar a Bíblia errada até que Frank lhe encontre uma adequada.
A escritora nos mostra, de saída, que pode ter reações bem dramáticas - mas
só quando do recebimento de um livro indesejável! - e que desconhece os salamaleques
da escrita de cartas comerciais, pelo menos quando eram endereçadas ao Frank (rsrs)
Exasperada, ela simplesmente não pode acreditar que o seu adorado livreiro lhe
enviara um livro de excertos do Diário de Pepys, em vez da obra completa.
“QUE RAIO DE DIÁRIO DE PEPYS É ESSE?”,
ela grita, furiosa, depois de receber
sua encomenda. “ISSO não é O Diário de
Pepys, mas uma coleção miserável de alguns de seus textos que um editor idiota
qualquer considerou excelentes. O Editor e o seu reles diário por mim podem
apodrecer. Eu simplesmente tenho vontade de cuspir neles!”
Frank pede mil desculpas e passa a falar de política, explicando à moça
como tempos melhores viriam se Winston Churchill fosse reeleito (rsrs) É bem
possível que esse alfarrabista tão bem educado tenha se alarmado ao receber
algumas das cartas de Helene, mas suas respostas quase nunca revelam que ela
escrevera algo errado e/ou ofensivo. Ele é o cavalheiro britânico por
excelência, ou pelo menos escreve como um (rsrs)
Embora Helene Hanff e Frank Doel não pudessem ser mais diferentes, o
cálido e abrasivo conhecimento que a moça demonstra ter das pretinhas, seus
comentários tutoriais dirigidos ao Frank por não fazer seu trabalho com a
agilidade esperada e sua alegria ao receber os livros quebram completamente o
exterior engomado do livreiro.
O que é mais marcante ao ler as cartas desses dois é justamente como eles
são diferentes. Imediatamente emergem das suas respectivas cartas duas
personalidades opostas. De um lado, Helene é direta, pessoal e expressiva, a típica
novaiorquina sempre pronta para falar - ou escrever! – o que lhe vem às telhas,
quer seja louvar a beleza dos livros ou para moer seus conteúdos.
Enquanto as cartas de Helene são muitas vezes emotivas - sua indignação
geralmente é transmitida através do uso de letras maiúsculas - as cartas
iniciais de Frank são formais e contidas, praticamente ao ponto de parecerem
anônimas e impessoais. Ele age como um profissional deve agir, é educado, mas
distante. Mas é exatamente o choque de personalidades entre a espontaneidade de
Helene e a reserva de Frank que enche de energia essa história.
A graça do filme é justamente o estilo animado e irreverente de Helene martelando
a sua velha máquina de escrever, franzindo a testa e desafiando Frank a
encontrar os livros que deseja enquanto ele ri discretamente, perdoa-lhe os
inteligentes desaforos e responde com cortesia e cumplicidade, compartilhando
com ela o amor pela palavra escrita.
Esse é o coração do filme: a correspondência. Luminosas, melancólicas,
obsoletas e frágeis como laços antigos, as cartas são os elos fora de moda que
ligam seus protagonistas separados pelo oceano. Embora nós jamais percamos de
vista, nesse script, as sérias fontes
literárias, são muitos os seus momentos engraçados. É claro que Frank e Helene
superaram a aberração da Bíblia anglicana traduzida diretamente do latim, a
péssima edição de Samuel Pepys, o atraso da chegada dos livros e/ou a
impaciência americana, e a história finalmente coloca em paralelo suas vidas
pessoais.
Mas, verdade seja dita, a efervescência de
Helene e o seu apetite autodidata por livros incomuns e obscuros, textos
clássicos e versos de poetas esquecidos levaram mais de uma década para fazer o livreiro evoluir, nas suas assinaturas de despedida de “FPD por Marks & Co” para “FPD”, em seguida “Frank Percy Doel”,”Frank Doel”, “Frank” e finalmente para um afoito “Amor, Frank”, isso quando a
moça já se transformara na sua “Querida
Helene”.
A reserva de Frank e o seu jeitão de manter suas cartas estritamente no
terreno literário não o tornam frio e distante. Muito pelo contrário,
escancaram os seus afeto e apego, as suas simpatia e devoção à sua correspondente
para quem não hesita em contar as novidades sobre sua esposa Nora e suas filhas
Sheila e Mary.
Muitos terão visto Helene, equivocadamente, como uma solteirona
solitária. Sim ela morava sozinha mas conhecera o amor até porque em um lugar de honra na sua sala havia uma bela foto
em p&b de um garboso oficial de uniforme da Marinha com a seguinte
dedicatória: “Dear Heart, how like you this?” – Meu coração, o que você acha disso? –
que nos faz pensar em um namorado, um noivo, morto na
guerra. Será?
Possivelmente, mas não que a moça o tenha mencionado. Simplesmente ela
não convivia com a tristeza nem era melodramática, nem aparentemente estava
preparada para escrever sobre o lado mais privado de sua vida. Mas quem se dedicava como ela, apaixonadamente, à leitura
jamais sofrerá de tédio, desânimo e/ou indiferença. Quem lê degustando como
essa escritora, não saberá jamais o que é apatia existencial, nem padecerá do vazio
de ideias, do deserto de raciocínios, da ausência de desafios intelectuais.
A leitura consciente e reflexiva de Helene dotava de vida
seus livros, dava fecundidade às suas páginas e pulsação aos seus personagens.
Helene e seus livros se revitalizavam, se enverdeciam. Ela lia porque era uma
escritora. Lia para achar conceitos e significados, perguntas e respostas,
suspeitas e informações, dúvidas e certezas, para sentir a vibrante inquietação
e a secreta satisfação das emoções alheias. Não, ela não era solitária, isso
seria impossível em tão povoada solidão.
O certo é que o leitorado e os apreciadores da sétima arte se
encantam por essa leitora fiel, para quem não havia atalhos para o
conhecimento, as leituras dinâmicas, os resumos, as seleções, o analfabetismo
das entrelinhas. Ela era apaixonada pelas nuances, pelos matizes, pelas
sutilezas e pelas mensagens fundamentais que nem nos passam pela cabeça em uma
primeira e apressada leitura. Uma das coisas realmente interessantes
para mim nesse filme é acompanhar as escolhas de livros que ela vai fazendo
porque um livro sempre conduz a outras leituras (rsrs)
E, enquanto vamos descobrindo como os amantes dos livros faziam antigamente,
quando ainda não dispunham da internet na ponta dos dedos para encomendar suas
leituras, também percebemos a bondade e generosidade de Helene. Não demorou
muito para a missivista cativar com seu temperamento esfuziante pessoas que não
conhecia: quem poderia resistir ao seu estilo de escrita? Com o passar do tempo
e das cartas e do seu humor peculiar, Helene tornou-se simpática a todos os
funcionários da livraria e essa simpatia virou amor e gratidão quando ela
passou a enviar para a galera da Marks & Co cestas natalinas abarrotadas de
mantimentos, através de uma empresa dinamarquesa.
É que ela fora informada por Brian, o tal namorado inglês de sua “vizinha de cima”, que desde o fim da
Segunda Guerra Mundial os cidadãos do Reino Unido viviam sob um cruel
racionamento: um ovo por pessoa por mês e duzentas gramas de carne por mês por
família.
Os relatos de fome durante a Segunda Guerra e de racionamento depois
dela são impressionantes. Com certeza os europeus nascidos nos anos 30, como os
meus sogros por exemplo, tinham e tem uma relação com a comida diversa de quem
jamais experimentou na pele a falta das coisas mais básicas. É difícil para nós
compreender que mais de quatro anos após o armistício, em 1949, a Inglaterra
ainda enfrentava, como mostra o filme, um racionamento que normalmente
associamos aos períodos de guerra: filas, vitrines e prateleiras vazias,
açougues e mercados desabastecidos.
Porém - não esqueça - essa jovem mulher sobrevivia sem um emprego certo,
como leitora crítica e roteirista freelancer para o teatro e/ou a televisão e fazendo
bicos como babá, sem jamais conseguir economizar dinheiro suficiente. Ou seja,
o dinheiro que Helene gastava com as prendas lhe fazia falta.
Numa das cenas, enquanto Frank monta com as suas filhas a árvore, ele
pergunta à esposa o que ceariam na Noite de Natal e ela responde que uma torta
com “uns fiapos de carne moída”. Os filhos da secretária da livraria, por
exemplo, só conheciam ovo em pó!
imagem www.telegraph.com.uk |
Ao ver o prazer daqueles ingleses ao receber ovos, manteiga, queijo, bananas, frutas e verduras em conserva, patês,
salsichas, bolos, sopas, biscoitos, e outras iguarias enlatadas,
alimentos que a maioria dos britânicos não via há anos, nem mesmo no mercado
negro, incluindo um grande presunto de seis quilos, eu imaginei a própria
Helen, sozinha, nas vésperas do Natal, ou pelo menos sem ninguém especial ao
seu lado. Mas dessa mulher é impossível se sentir pena!
Na verdade, em uma dessas noites natalinas, já recolhida na cama, metida
em meias horrorosas e uma camisola vitoriana, Helene de repente se toca que os
nomes dos donos da livraria eram beeeeeem hebraicos.
“ Meu Deus! E o presunto?!”
Ela pula da cama e tecla agoniada:
“Acabei de notar, na sua última fatura, que B. Marks e M. Cohen são os
proprietários. ELES SÃO KOSHER? Eu queria sumir junto com o presunto! “
Helene tem fome de ler, Frank e sua família e seus companheiros de
trabalho têm fome de carne e ovos frescos. Livros e comida - tão pouco para
fazê-los felizes! A história é contada assim, através de cartas com breves
vislumbres nas vidas de Helene, Frank e tantos outros que entram e saem da
história deles.
O fato é que os pacotes de Natal que ela enviava fizeram com que a moça
fosse um sucesso unânime tanto para os funcionários da livraria quanto para os
seus familiares. Na verdade, foi depois do tal apetitoso presunto que os demais
funcionários da livraria começaram a escrever para a moça e através dessas
cartas ela conseguiu ter uma foto mais nítida do livreiro Frank Doel, bem como
da Inglaterra que, na cabeça dela, ele representava.
Em retribuição às lembranças natalinas, Helene recebeu da galera
londrina uma série de ricos presentes: um belo livro de poemas elizabetanos
encardernado em couro e gravado a ouro, uma receita de pudim de Yorkshire, uma
toalha de linho irlandês bordada à mão por uma senhorinha também irlandesa
vizinha de Frank e Nora Doel e promessas de cama e comida e roupa lavada e
generosa hospitalidade se e quando ela decidisse visitar Londres.
Essa nova onda de cartas e trocas culturais revela um pouco dos laços
entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, como a própria Helene coloca em uma
carta para toda a equipe:
“Envio-lhes saudações da América – essa amiga sem fé - despejando
milhões para reconstruir o Japão e a Alemanha e deixando a Inglaterra morrer de
fome”.
Assim, a cruzada de Helene para acabar com a fome nas paragens bretãs,
esses presentes todos que na realidade ela não tinha como bancar, eram uma
extensão do seu investimento pessoal na cultura inglesa, especialmente na sua
literatura. Ainda mais do que uma patriótica lealdade às alianças de guerra, é
o amor de Helene pela literatura inglesa que alimenta seu desejo de manter
relações com pessoas que ela não conhece.
Até Nora Doel escreveu-lhe uma missiva carinhosa e agradecida e
aproveitou para anexar fotos das filhas e do marido, frisando que “as de Frank, não lhe fazem justiça”.
imagem Columbia Pictures Corporation |
Mas apesar do céu de brigadeiro no começo da primavera Helene já se
queixava da “lentidão” do livreiro e expressava sua decepção por não ter
recebido vários livros a tempo para as férias da Páscoa:
“O meu cartão da Biblioteca Municipal vai ser confiscado porque sou
forçada a rabiscar nas beiradas de livros públicos. Eu combinei com o coelhinho
para lhe levar um ovo e ele vai chegar aí e verificar que você morreu de
inércia”.
Mas na Páscoa, ela os encanta novamente, com uma outra caixa contendo,
entre outras maravilhas, ovos de verdade e então não deu mais para os de Londres
se segurarem, inclusos os mais tímidos - Megan Wells e Bill Humphries – que se
apressam a agradecer à moça dando início a uma relação transatlântica mais
pessoal, mais afetuosa.
No início de abril ela recebeu a primeira das cartas de Cecily Farr, a
secretária de Frank. Supostamente a garota escreveu-lhe para agradecer pelos
presentes e contar-lhe que com os mantimentos conseguira fazer um bolo para os
filhos. Na resposta Helene aponta para a desigualdade das trocas, dos livros
versus ovos e passas: “Você comerá os
seus em uma semana. Eu vou ter os meus até o dia em que eu morrer”.
As cartas de Cecily Farr foram se tornando mais reveladoras. Ela é mais ousada
e escreve de um jeito muito mais íntimo, jovem e vibrante e pessoal que Frank:
“Estava morrendo de vontade de lhe
escrever mas Frank pode não achar que seja apropriado porque ele considera você
como uma correspondente particular”(rsrs)
É claro que Cecily escreveu para Helene porque sua curiosidade sobre a
escritora era imensa e ela experimentava uma necessidade absoluta de
satisfazê-la. Ao antecipar a curiosidade de Helene, a inglesa reflete a sua e
entrega de mão beijada à nova amiga detalhes íntimos da vida pessoal de Frank –
aparência, idade, formação, que é casado em segundas núpcias etc - se
justificando pela indiscrição com esse prefácio: “Se você está curiosa sobre Frank...”
Ela solicita um “instantâneo”
de Helene – que jamais foi enviado durante vinte anos - e especula sobre sua
aparência pois imagina que a escritora seja “jovem
e muito sofisticada”, enquanto outros colegas acham que tem um estilo mais “estudioso”.
Helene vibra com as indiscrições da secretária, lê deliciada as
revelações que Cecily lhe faz sobre Frank, reage tranquila à intrusão de Cecily
em sua vida pessoal e, da mesma forma que faz com Frank, lhe oferece de bom
grado detalhes sobre sua aparência, seu
trabalho, seu estilo de vida pouco glamoroso em New York, desprovido do
romantismo que Cecily imagina.
imagem Columbia Pictures Corporation |
A excêntrica e reclusa Helene Hanff, conhecida como H.H. por seus amigos
mais próximos, faz então de si própria uma descrição que é qualquer coisa menos
lisonjeira, aliás que é deveras auto-depreciativa. Ela afirma à moça que é uma
criatura “reconhecidamente insólita”,
que “jamais cursou uma faculdade”,
que é “tão inteligente quanto um sem teto
da Broadway” e confessa-lhe que, muitas vezes, é infantil em suas demandas:
“Pobre Frank, eu dou-lhe momentos tão difíceis, sempre gritando. Acho
que eu sempre gritarei por algo. Eu continuo tentando penetrar aquela reserva
britânica tão apropriada e, se ele tiver uma úlcera, a culpa é minha”.
Ela sabe que seus comentários e brincadeiras, chegarão aos ouvidos do
alvo preferencial do seu sarcasmo, mas vai em frente, conscientemente, numa abordagem provocativa e sedutora com a intenção de
alcançá-lo, de mexer o gerente, que já passara a chamar por um diminutivo
carinhoso:
“Agora escute, Frankie, vai ser um longo e frio inverno, eu vou
trabalhar de babá todas as noites e preciso ter o que ler. Levante-se, mova-se
e encontre-me alguns livros!”
E ele obedeceu, por longos vinte anos, desarmado pela jovialidade
envolvente da sua querida cliente, sobre quem continuaremos conversando... depois dos comerciais (rsrs)
Desde a primeira carta Helene deixou claro qual era a dela, que era uma escritora pobre que amava livros caros que não tinha como comprar. Frank foi um presente que a vida lhe deu mas o que o filme nos mostra é a alegria dela ao receber os livros que ele lhe vendia e não as cartas que lhe escrevia. Acho que ela precisava mais dos livros que de um namorado kkk Eu entendo a sede de leitura dela porque meus pais lutaram muito para que todos os filhos estudassem. Jamais faltou comida na mesa mas não havia dinheiro sobrando para livros nem filmes que hoje coleciono com muito orgulho. De todas as coisas lindas que você escreveu a que mais me tocou foi que a escritora não era solitária, que 'isso seria impossível em tão povoada solidão’. Obrigada!
ResponderExcluir...
Mônica,
ExcluirEu também entendo a "sede de leitura", a paixão física, inclusive, que a Helene tinha pelos livros. Há algo na sensação de segurar um livro e virar-lhe as páginas devagar, no ato visceral de transformar fisicamente uma página em parte da memória, em bagagem mental, que é bom demais.
Note que nossas conversas sobre a solidão da moça são mera poesia, porque ela jamais escreveu e/ou falou nem meia palavra a respeito de sua vida privada. Aquela fotografia do marinheiro talvez tenha sido a "tradução" que o filme fez de um vago rumor nos bastidores de que ela teria vivido um longo e secreto caso de amor com um americano de "alta-patente" que, tomando emprestadas pretinhas da sua lavra, seria "aleijado da mão esquerda"(rsrs) Nunca saberemos.
Mas aqui entre nós e baixinho penso que havia sim alguma coisa frágil, hesitante e preciosa povoando as cartas dos dois amigos: uma ternura palpável, embora não verbalizada, um tipo particular de afeto que, desconfio, talvez só possa ser vivenciado por homens e mulheres que raramente - ou nunca! - se encontrem porque “o que os olhos veem, o coração sente” (rsrs)
“Obrigado!” e abração
Moacir,
ResponderExcluirHelene conquistou os ingleses pelo senso de humor, pelo estômago e pela generosidade. Os livreiros foram capazes de fazer as contas na aritmética bilíngue e calcular quantos livros ela poderia ter comprado pelo preço do presunto. Gostei das informações sobre alguns dos livros mencionados no filme que tirando os de Jane Austen para mim são grego. Mas amei mesmo foi a sua encantadora descrição das leituras de antigamente com um lápis na mão. Eu concordava com pontos de exclamação e discordava com pontos de interrogação.
Um abraço especial para você
...
Flávia,
ExcluirA "estória" ainda é e sempre será a principal coisa que se busca num livro, mas as opções em torno dela - o papel, a forma como o livro é editado, as ilustrações, as notas de rodapé, as citações e fontes, o prefácio, a orelha, as pretinhas de pretéritos leitores tudo isso adiciona seus próprios sabores sutis à experiência da leitura. Pode apostar que muitos mestres e doutores em Literatura Inglesa jamais leram um terço dos livros comprados por Helene ao Frank que os conhecia por um simples motivo: era livreiro.
Concordo com você que aquele presunto foi definitivo para o elevado Ibope da Helene entre os ilhéus. Até o catalogador da livraria, o tímido Bill Humphries, escreveu para a moça que se ela tivesse visto a alegria no rosto da sua tia-avó de 75 anos enquanto comia a língua enlatada, saberia "o quanto todos lhe eram gratos”. Aliás quem melhor traduziu essa passagem do filme não fui eu mas a Donana, em um dos seus impagáveis comentários:
"A amizade entre ela e Doel passa para os outros funcionários da livraria que sabem ser ela de Frank, mas já de tão gratos e amigos, escrevem escondido. Traçando uma correspondência paralela mas não menos especial. Abrem cartas no vapor do chá a ser feito e se deliciam com essas conversas secretas!"
Embora o livro não soletre nem o filme desenhe, creio que mais do que a genuína gratidão pelas prendas foi a curiosidade o que os levou a escrever. A galera ouvia o Frank falar da americana misteriosa e queria saber como ela era, entender como as exuberantes pretinhas yankees tinham vencido disparado a guerra contra a polidez britânica e porque Helene se tornara tão especial para o seu impecável chefe (rsrs)
Boa Páscoa e um abraço agradecido
Muito bom. Ao intercalar o texto com os trechos das cartas você fundamenta tão bem as suas opiniões que me deixa sem comentários, rs. Mas decidido a continuar viajando nesta sua bela declaração de amor aos livros até o seu epílogo.
ResponderExcluirMárcio,
ExcluirUma das melhores formas de se viajar é a leitura. Das minhas recentes releituras desse livro/filme, ficou-me uma pitada do destemido apetite da moça pela literatura inglesa que, para ela, era quase uma brincadeira, uma caça ao tesouro cujos corredores labirínticos podia-se vasculhar, mas nunca exaurir.Fui infectado pela curiosidade literária dela e como ela tentei conferir se a literatura inglesa poderia ser encontrada em paragens londrinas. Não sei se atravessado, mas deu um novo samba (rsrs)
Obrigado por participar.
Pimentel,
ResponderExcluirEu e minha mulher assistimos o filme faz muitos anos e já não lembrávamos dos detalhes. Mas decidimos ler toda a sua excelente resenha antes de vê-lo de novo para poder aproveitar as informações e dicas que você vai dando, que nos fazem sentir PhDs da alma humana. O que você acha melhor fazer primeiro, ler os livros ou ver os filmes?
Sampaio,
ExcluirAcho que depende do livro, do filme e de quem lê/assiste o livro/filme. Creio que os bibliógrafos convictos preferem ler o livro primeiro porque assistir a um filme nunca será o mesmo que ler um mundo trabalhado apenas com pretinhas e porque a leitura permite que nós sejamos roteiristas e diretores, que imaginemos o que bem quisermos, sem prévias e limitadas imagens na cabeça sequestrando-nos a percepção e forçando-nos a enxergar a trama da maneira que o diretor a traduziu.
Mas tem muita gente boa que acredita que ler o livro primeiro pode ser um spoiler. Sucede que a maioria dos amantes da sétima arte que conheço raramente leem os livros depois de ter assistido aos screenplays (rsrs) O que é uma pena porque, no meu entender, muitas vezes os roteiros adaptados pulam, indiferentes, alguns dos melhores parágrafos dos livros.
O certo é que quando leio um bom livro quero ver o filme e quando os créditos rolam no final de um grande filme baseado em um livro ainda desconhecido, eu sinto uma imperiosa vontade de mergulhar nas páginas ignotas para preencher todas as lacunas nas histórias dos personagens pelos quais só tive duas horas para me apaixonar.
Obrigado e abração
Olá Moacir,
ResponderExcluirOlha, isso de escrever nas margens do livro tenho vontade de fazer nas margens dos seus textos. Porque vou lendo nesse diálogo de um só, sem respostas. Como vai responder perguntas esquecidas se não souber delas? Posso sempre buscar um papel e lápis, mas começada a leitura...sem chance.
Fui tão e tanto ensinada a "respeitar" os livros que não consigo escrever neles. Quando muito uma barrinha à lápis ou uma interrogação. E com isso perco pensamentos interessantes. Principalmente no eu envelhecido no distanciamento de uma releitura.
Pretendo assistir ao filme de "novo" hoje para conversar melhor com suas representantes, as pretinhas.
O de novo é um repetido prazer pois "gostei mais desse filme do que o resto dos mortais". Não dou, não empresto (mentira, emprestei para a Léa), não vendo. Como Tara Road, Há muito tempo que te amo, o singelo Regresso a Bountiful, e muitos, muitos outros.
A "ratinha de biblioteca" é realmente encantadora. Imagino suas conversas com ela, seus encantados da língua inglesa. E outos incomuns. Você conversa alto no filme
ou se passa tudo nessa cabeça privilegiada? Tenho uma dessas aqui em casa, mas muito discreta, conversa no silencioso.
Estarei, fiel leitora, depois dos comerciais. Encantada pois, mas sem escrever nas margens.
Até sempre mais.
Caríssima Donana,
ExcluirA senhora sabe o quanto aprecio os seus comentários e portanto be my guest para escrever o quê e o quanto quiser pelas beiradas dos meus posts(rsrs)
Sim, a nossa ratinha de biblioteca era apaixonante e eu bem que entendo o encanto que fez o Frank - um homem que só abria a boca quando tinha algo a dizer! – escrever-lhe por longos vinte anos. Quando finalmente coloquei um ponto final na resenha cinematográfica, senti tantas saudades da moça que continuei a conversa no "silencioso" (rsrs), fazendo um "turismo literário" pelas páginas de outros livros dela e pelas ruas de Londres.
Apesar de Hollywood adorar contar grandes histórias na telona nem todas as narrativas precisam ser épicas e, como a senhora, também aprecio os pequenos grandes filmes, “singelos”, charmosos e sutis, com foco nas personalidades e nas marés emocionais de seus personagens,no ritmo de suas vida cotidianas. É o caso do pungente Amour, dos diálogos fantásticos da Trilogia do Antes, do agridoce humor de Longe Dela. Nenhum deles ganhou o Oscar mas foram importantes em nossas vidas, marcaram a alma funda, uma época, uma geração, várias gerações.
“Até sempre mais”
Moacir
ResponderExcluirjá estou esperando o próximo capítulo e imaginando como vc consegue achar tanta matéria num filme que parece “ árido “
A delicadeza das relações daquela época me encantam
Achei muito bom vc colocar trechos das cartas completando o texto
Um abraço
Prezada Lea,
ExcluirEu bem sei que a síntese não é o meu forte, me desculpe, mas prometo que a loooonga resenha vai terminar no próximo capítulo (rsrs) É que é fácil falar sobre esse rico filme que reúne tantas coisas que todos apreciamos: sebos, livros, poesias, bons atores, diferenças culturais, belas cidades, amigos e as saudosas cartas enviadas e recebidas que a tecnologia baniu de nossas vidas.
Sim o mundo mudou mas muita gente boa continua se conhecendo, compartilhando pretinhas e fotos coloridas e opiniões interessantes à distância. Afinal...aqui estamos nós trocando teclas e teclando conversas!
Por favor continue lendo, obrigado pelas boas palavras e outro abraço
Pimentel, meu caro,
ResponderExcluirRelembro que não vi o filme, e não me interessaria vê-lo agora, pois percebo subjetividade em demasia, um amor platônico, um idílio meramente fantasioso.
Evidente que as tuas narrações a respeito são impecáveis, e impulsionam as pessoas em ter a natural curiosidade de assisti-lo ou ler o livro, que lhe deu origem.
Lamento, mas sou mesmo um rústico, uma pessoa insensível, um homem nada romântico, diferente de ti neste aspecto, onde o teu romantismo posso até afirmar ser incurável, e digo isso em caráter elogioso!
Desta forma, me deleitei mais uma vez com um artigo de tua autoria, que prende a atenção, que faz bem ler o que escreves.
Logo, se o filme não posso comentar, exponho minha opinião sobre o modo sempre elevado como te comunicas, com extrema qualidade e inteligência.
Abração, meu amigo.
Saúde!
Prezado Chicão,
ExcluirAgradeço-lhe pelas palavras elogiosas que vem cravando nas caixas de comentários dos meus últimos posts sobre um filme que não assistiu. Folgo em saber que "lhe faz bem" ler o que rabisco: é essa a intenção.
Agora ... quanto a tupi or not tupi um "romântico incurável" não vou nem passar recibo nem bater tecla. Seria uma bobice imensa me transformar no tema da mesa do bar virtual durante um feriado ensolarado (rsrs)
Mas lembre-se que não se pode carimbar como "pragmático irremediável" o vivente nosso conhecido que conheceu, namorou, noivou e casou com a garota dos sonhos dele em TRINTA DIAS! (rsrs)
Abraço e saúde e paz para você e os seus
Justamente por isso mesmo, Pimentel, que eu jamais poderia assistir um filme cujo enredo foi apenas e tão somente troca de cartas entre um casal por vários anos!
ResponderExcluirOu se une ou não se une; ou casa ou não casa; ou conhece (termo bíblico) ou não conhece.
Agora, cada um reage à sua forma, leva a sua vida da maneira como achar adequada e conveniente, quando isso é possível, claro.
Quando preguei meus olhos na Marli, eu disse a mim mesmo:
É esta!
Ainda bem que, ao me ver, ela pensou o mesmo:
É este!
Logo, pedi-la em namoro dia 01 de dezembro, noivar dia 14 e casar dia 31, para que perder mais tempo?
O resultado tá aí, 49 anos de casados.
Mas, é o que venho escrevendo desde o início dessas tuas postagens sobre o filme em tela:
Ou um relacionamento resulta em algo ou se torna desnecessário, inócuo, ainda mais se as pessoas que estão se comunicando jamais se encontraram, se viram, se tocaram, sequer se cumprimentaram!
Talvez eu não esteja me fazendo entender - afinal das contas sou um semianalfabeto, iletrado, sem curso superior -, mas não vejo como amar alguém sem vê-la, sem que meus olhos analisem a aparência da mulher que tocará o meu coração e me fará balançar, como aconteceu comigo irremediavelmente ao ver a Marli!
Evidente que não estou polemizando contigo, como na vez anterior, do filme sobre a mãe que foi em busca do filho vários anos depois e este já estava morto, lembra?
Não, desta vez trata-se apenas de pontos de vista diferentes, mais nada.
Mais a mais, aproveito esses momentos para ler mais as tuas postagens, aprender como se escreve, admirar a tua cultura, reverenciar os teus conhecimentos, então faço questão de um diálogo entre mim e ti nestes aspectos, quando minhas opiniões não se enquadram nas tuas convicções e preciso saber os porquês se as retifico ou as ratifico.
Outro abraço.
Feliz Páscoa para todos que frequentam este oásis cultural.
1) O texto do Pimentel é envolvente, muito bom. Não vi o filme e não li o livro, lacunas em minha vida cultural.desculpem.
ResponderExcluir2)Como já trabalhei em agência de publicidade uma das coisas que me chamou a atenção, foi a foto da atriz fumando. uma forma de marketing, merchandising. E assim, via filmes, as indústrias vão se desenvolvendo e se espalhando pelo mundo.
3) Apesar da observação não sou contra o cigarro, cada um é dono do seu nariz, minha observação foi no sentido da arte da propaganda.
4) Tentei fumar aos 16 anos, mas levei uma bronca do médico, por causa da "asma" e assim parei logo.