Fotografia de Carlos Monteiro - 31/12/2020 |
Carlos
Monteiro
Ontem,
quinta-feira fez exatos 366 – só faltou mais um seis para ser o ‘Cavaleiro do
Apocalipse’ em números cabalísticos - dias desse ano horroroso.
Foram trezentos e sessenta e seis dias de angústias e medo do porvir. Choramos, rimos, cultivamos paúras, neuras,
novos hábitos – lavar saco de feijão e arroz, quem diria?! Deixar os calçados
fora de casa como os japoneses fazem a milênios como um hábito de higiene,
diga-se de passagem -, quem pensaria? Para alguns a mão passou a tirar onda com
o fígado, tal foram os litros e mais litros gastos com sua pessoa em detrimento
ao ‘Seu Figueiredo’.
Dia
libertário. Dia da virada da chave!
Trezentos
e sessenta e seis longos dias à espera do “amanhã”.
Muito
mudou, nada mudou.
Como ouvi
de Nélida Piñon, falando do adorado Gravetinho Piñon, seu cão gourmet da raça
pinscher, em entrevista a querida Anna Ramalho durante uma de suas maravilhosas
‘lives’: “— eduquei-o a ser mal-educado”. Acredito que vivemos nesses
tempos de pandemia desta forma: sendo reeducados e aprimorados ou simplesmente
sendo deseducados. Alguns, valorizaram
muito mais o egoísmo, a ganância, a disputa pelo poder, a mais-valia, a
carteirada, a capacidade de ser idiota e competir com os imbecis, de abrir a
boca para falar besteira – me desculpem as bestas -, de negar o óbvio, do
“farinha pouca meu pirão primeiro” do que a natureza de ser feliz.
Os dias
têm amanhecido mais cedo, é verão! Nesta quinta, às 4h25 já havia luz no
firmamento. Lembrei-me de Hiroshima, triste lembrança. São setenta e cinco anos
‘comemorados’ em 2020 em que, como poetizou Vininha, “...Penso nas
crianças/Mudas, telepáticas/Penso nas meninas/Cegas, inexatas...”.
Os
pássaros de aço, cada dia mais, voltaram a tirar o espaço das fragatas
bailarinas e dos urubus festeiros, que insistem em se aglomerar nos céus
cariocas. Ambos, hoje sequer se fizeram presentes, já os biguás estão em plena
atividade migratória entre a Ponte Rio-Niterói, a Ilha do Governador, a Praça
XV e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Não se cansam, inclusive, de ‘premiar’ os
desavisados que correm, caminham ou passeiam de bike pela calçada-ciclovia,
empoleirados na desfolhada árvore da Curva do Calombo onde, no Dia de Natal,
nosso amado e intrépido Joaquim Ferreira dos Santos, foi surrupiado por um
larápio de seu meio de comunicação; assaltaram-lhe o celular. Coisas do Rio que
jamais deveriam acontecer.
A bolha
de sabão incandescente, explodiu em luz e cor no seu malabarismo pelo espinhaço
acima. Agora altaneira o Tabajaras. Sobe quente, fumegante é verão!
São
trezentos e sessenta e seis sóis nascidos, trezentas e sessenta e seis esperanças de que tudo ficaria bem. trezentas
e sessenta e seis voltas em Baden, que completaria oitenta e três anos em 2020: “...Voltei/A
lembrança pedia/Pra eu voltar/A saudade mandava/Me chamar/E quando bate a
saudade/Eu retorno/De onde estiver...”.
O
bondinho de açúcar e afeto, em um vai e vem frenético, se equilibrando na
‘highline’, imita a dançarina que chega beijando o funcionário que sai. Voltou
aos seus dias de glória como a Band News; a cada vinte minutos uma nova viagem.
Como o
professor Pasquale Cipro que, debrua seu "tira-dúvidas" diário pela
CBN, lembro dos irmãos Valle – Paulo fez oitenta este ano - e Nelsinho Motta “de rabo
para a Lua”: “...Hoje é um novo dia/De um novo tempo que começou.../...O
futuro já começou...”.
Que estes
trezentos e sessenta e seis dias tenham sido de reflexão, de superação, de vitórias, de sobrepujança
racional.
Que venha
a cura, a vacina, o imunizante tenha a nacionalidade que tiver, pouco importa.
Que prevaleça o amor, a caridade, o bem comum, a reflexão, a humanidade
verdadeira, a humildade, a esperança...
Que o
“novo normal” seja esperança, seja Sol de verão.
Que venha
2021, que seja amor pleno!
Artigo perfeito, contundente, amplo.
ResponderExcluirAplaudo o seu autor pelo domínio das palavras e conjunção de letras, que transmitem a beleza de um texto postado por um especialista, então o meu reconhecimento e admiração.
Eu só ousaria - e peço permissão -, acrescentar ao final de um artigo tão profundo, tão bem escrito, de qualidade ímpar, o seguinte:
Que, neste ano de 2021, continuemos vivos!
Abraço, Carlos Monteiro.
Saúde e paz.
Caríssimo Francisco, boa noite!
ExcluirAgradeço suas gentilíssimas palavras, não sei se merecedor de tanto.
Absolutamente aceito!
"Que, neste ano de 2021, continuemos vivos!".
Um 2021 somente de excelentes notícias.
Forte abraço,
Paz e Bem!
1) Ótima crônica para iniciarmos um esperançoso ano de vacinas e melhorias.
ResponderExcluir2) Bom 2021 para todos e todas.
Muito obrigado Antônio.
ExcluirQue venha a vacina ou o imunizante.
Ótimo ano!
Abraços,
Carlos só ou Carlos Monteiro,
ResponderExcluirNão faz importância, como dizia um filho ainda pequeno, porque a bela foto e o texto exato dizem mais do que uma foto e um texto. Falam da beleza e do desatino de um ano aprendiz. Porque dele não sabíamos nada. Fomos nos deseducando pouco a pouco, dia a dia na sobrevivência do corpo e da alma.
Obrigada sempre.
Fique conosco.
Um bom ano!
Até mais.
Ana Nunes ou simplesmente Ana, Muito obrigado pelas gentis palavras. Somos aprendizes em movimento, reaprendendo a amar mais, respeitar mais, humanizar mais, entender mais... Que 2021 seja um ano de excelentes notícias! Carlos
ExcluirCarlos
ResponderExcluirtodos estamos cansados de 2020 e a chegada de um novo ano acende uma pequena esperança nesta turbulência mundial
Vamos esperar que venha com novos e bons rumos para todos
Precisamos de um novo mundo mais humano e limpo
Obrigada pela ótima reflexão
Léa, Este novo tempo se avizinha, está bem próximo. Espero que a humanidade tenha, de fato, aprendido algo neste ano, quase, perdido. Que alguma lição tenha chegado aos corações endurecidos. Eu quem agradeço pelas palavras. Carlos
ExcluirCarlos, "Que venha a cura, a vacina, o imunizante tenha a nacionalidade que tiver, pouco importa. Que prevaleça o amor, a caridade, o bem comum, a reflexão, a humanidade verdadeira, a humildade, a esperança..." - faço meus todos esses seus votos. E que as fragatas bailarinas (que sim, apareceram ao menos na sua foto) continuem a fazer com que nossos olhos se voltem para o céu.
ResponderExcluirUm abraço do Mano
Mano amigo, As fragatas, bailarinas incansáveis ao amanhecer, bailam para nosso deleite matinal. Olhos postos nos céus, vivemos em graça! Forte abraço, Carlos
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