Caril (curry) de jaca - fotografia de Maria João Proença (www.jolandblog.com) |
Antonio Rocha
Peço licença ao Moacir Pimentel que está iniciando uma série de artigos
sobre a “Pérola do Índico”, que vem a ser a Ilha do Ceilão.
Desde 1970, quando fui iniciado no Budismo, foi a partir de monges
desse país que estavam no Rio de passagem e então firmamos uma grande amizade.
A vivência de Pimentel é fruto de suas passagens, viagens, andarilho e
andagens por lá.
Eu me limito a contatos pessoais com amigos e amigas que estiveram lá e
me contam suas histórias. E também pesquisas literárias.
O artigo do Moacir me fez lembrar que eu guardo até hoje o folheto “Receitas
do Ceilão”, publicado em 1970, pela embaixada do Ceilão. No final tem um “posfácio”:
“Este livrinho contém apenas uma pequena mostra
da muito variada cozinha cingalesa. Esperamos que o emprego dessas receitas
proporcione o mesmo prazer que tivemos em sua carinhosa preparação. Acima de
tudo, esperamos que vocês concordem conosco que são incomparáveis quanto ao seu
sabor e originalidade.
Esta coleção foi compilada pela Srta. Alagi
Muthucumaros, do Ceylon Hotel School, em Colombo”.
Recentemente li online que alguns restaurantes cariocas vegetarianos e
veganos estão fazendo um prato que vem do Sri Lanka, jaca desfiada: é jaca
verde, temperada, cozida e fica parecendo frango, tem sabor parecido a “galinha”.
No templo budista de Santa Teresa, RJ, onde morei cinco anos, os vários
monges que passaram por lá e uma pequena colônia de imigrantes do Sri Lanka que
moravam no Rio, preparavam com freqüência este e outros deliciosos pratos.
Outra dica, um dia terminamos de almoçar e eu vi um monge cingalês
pegar algumas folhas de um pé de mangueira e ficou mascando-as como se fosse
chiclete, então eu perguntei para que serve aquilo que ele esta fazendo;
- Serve de creme dental, eu tenho cinquenta
anos e nunca fui ao dentista, veja não tenho cáries.
Então abriu a boca e eu examinei a arcada dentária. De fato não tinha
cáries e explicou:
- Este líquido verde das folhas é um excelente
dentifrício. Inibe possíveis bactérias e mantém os dentes saudáveis.
Mas este parênteses não está no citado livro, faz parte da sobrevivência
dos monges na floresta.
O folheto citado tem receitas naturalistas, mas também tem pratos com
carne, frango, ovos e peixes. Como disse um amigo que morou lá durante cinco
anos e se ordenou monge:
- A indústria do pescado é forte na região.
Lembre que o Sri Lanka é uma ilha e portanto a pesca faz parte da economia do
país.
Na Eco 92 uma comitiva do governo Srilankês esteve no Rio e assim
provamos mais deliciosos pratos de sua cozinha, ao visitarem o então Templo,
que hoje não existe mais, devido a violência que assolou o local.
Foi um monge do Sri Lanka que batizou minha filha no budismo, quando
tinha doze anos, por escolha e vontade dela. Esse mesmo monge fez o
casamento dela aos vinte e quatro.
O sobrenome Perera é comum no Sri Lanka, isto justifica-se porque os
portugueses colonizaram por lá um pouco. E um dos meus sobrenomes é Pereira.
Deste modo e de outros me sinto ligado a esse país.
Parabéns Pimentel pelos artigos sobre o Sri Lanka!
Prezado Autor Prof. Dr. ANTONIO ROCHA,
ResponderExcluirTendo a Ilha do Sri Lanka (Ilha Abençoada) sido habitada por vários Povos ao longo de sua milenar História, como o senhor nos mostra no Artigo, desenvolveu excelente Culinária. Influência dos Povos locais da Ásia, principalmente Índia, e dos Colonizadores Portugueses, Holandeses e Ingleses. Isso tudo resultou em Comidas e Bebidas muito boas.
Com esses Artigos sobre Sri Lanka, fiquei curioso por um pouco da História desse milenar País, especialmente da atuação dos Colonizadores Portugueses, que foram os primeiros. em +- 1500 DC haviam 3 principais grandes reinos em Sri Lanka, o principal em Kotte-Colombo no Oeste, Reino de Jaffa ao Norte e as terras Altas no Centro. Os Portugueses em sua expansão Comercial pela Índia em 1505 conquistaram o Reino de Kotte-Colombo melhor Porto da Ilha e parte de maior Comércio e lá permaneceram até +- 1650. Foram expandindo suas conquistas na Ilha e acabaram com Acordos Comerciais dominando os Mercados do Reino de Jaffa e Terras Altas Centrais, algumas vezes conquistando militarmente outras vezes recuando mas firmemente retendo Kotte-Colombo onde a Frota dava potente retaguarda. Em 1580 com a União do Reino de Portugal com a Espanha, sendo a Espanha dos Habsburgos antiga Soberana da Holanda que só se libertou depois de longa e sangrenta Guerra de Libertação contra a Espanha, a Holanda atacou as posseções Portuguesas, agora Espanholas, no Brasil, na África e na Ásia, também Sri Lanka especialmente Reino de Kotte-Colombo.
Que grandeza de epopeia os nosso Pais Portugueses desenvolveram pelo Mundo. Admirável, inclusive na bela Ilha de Sri Lanka, em Artigos tão bem relatados aqui pelo Sr. MOACIR PIMENTEL e especialmente nesse do Prof. ANTONIO ROCHA.
E eu fico me perguntando, como pode um Reino tão pequeno como Portugal ter feito uma Obra tão grande e Admirável no Mundo Todo.
Abração.
Antonioji,
ResponderExcluirFolgo em saber que, através desse seu interessante post, você acaba de transformar meus artigos em uma boa conversa. Sim, porque pode apostar ainda conversaremos sobre a culinária da ilha, a sua "indústria da pesca" e as pegadas portuguesas e holandesas por aquelas paragens. Confesso que desconhecia o uso das folhas de mangueira como dentifrício talvez porque em toda a Ásia o que é impossível de não se notar - mesmo pelo o mais desavisado dos turistas - é a mastigação geral e irrestrita de outra folha.
Explico: por lá se masca a noz de betel que – dizem! – provoca um barato equivalente a muuuitas xícaras de café, altera a mente e cura de indigestão a impotência (rsrs) Embora usadas por mulheres e até crianças, o betel faz mais sucesso entre os homens. Eles pegam um pedaço de folha de bananeira, colocam a noz transformada em uma pasta branca no meio, adicionavam uma mistura de temperos – hortelã, limão, pimenta - e uma pequena pitada de tabaco antes de enrolar tudo como uma pequena trouxa que vira chiclete! Dizem que o hábito é cancerígeno mas o efeito imediato já é bem aterrorizante: lábios e dentes vermelho escuros em sorrisos sanguinolentos (rsrs)
Obrigado, namastê e abração
1) Oi Pimentel, da bananeira me fez lembrar que em algumas festas no citado Templo de Sta. Teresa, as folhas de bananeira serviam como pratos ou algo tipo uma toalha, forrando travessas.
Excluir2)Parabéns ao nosso editor Mano, que escolheu uma foto ótima.E uma concha parecida já tivemos aqui em casa.é feita com a casca do coco. Perfura-se e coloca-se uma haste de madeira leve.
3)Bom fim de semana a todos (as).
1) De fato Mestre Bortolotto, o pequenino Portugal já foi grande. e a meu ver continua sendo. Admiro muito esse país.
ResponderExcluir2)Há uma lenda budista que, por ser muito próximo da costa da Índia, o Buda esteve no Sri Lanka e deixou a marca de seu pé em uma montanha.
3) É possível que o Pimentel tenha visitado esse local sagrado.
O meu amigo e professor Rocha completou as postagens de Pimentel sobre o Sri Lanka de forma única:
ResponderExcluirA dieta dos insulares.
Independente de ser a água o elemento vital para que permanecemos em um local, o alimento à disposição é fundamental para que nos sintamos bem no lugar.
Considerando alguns temperos, e a quantidade de pimenta que alguns povos têm paixões, e que eu não me adaptaria, a China seria um país que eu não poderia morar, pois cobra, cachorro, grilo, formiga, larvas, aranhas, que são considerados petiscos, prá mim seria motivo de sair correndo!
Logo, as próximas postagens de Pimentel sobre países que visitou, se puder mencionar as comidas típicas, os alimentos saborosos existentes, eu agradeceria, assim como fez o Rocha com Sri Lanka.
No meu caso por curiosidade, mas muitas pessoas quando viajarem para esses locais saberão o que ver e comer.
Abraços.
Saúde e paz.
1) Oi Bendl, vc tem razão, comidas exóticas por aí...
Excluir2) Se bem que, quando criança, comi farofa de tanajura, aquela formiga.. comi também rã assada...
3)Um amigo esteve na Amazônia e comeu macaco assado. E aqui pertinho, conheci um guarda florestal que algumas vezes comia gambá, segundo ele, é só tirar a glândula que produz o mau cheiro e a carne é deliciosa.
4)Aspectos da sobrevivência.
5) Tudo de bom.
Oi Antonio Budista,
ResponderExcluirBudista com maiúscula, budista com minúscula, fico pulando entre elas sem saber qual usar. Qual você prefere?
Muito bom esse texto seu casado com o do Moacir. Essas conversas de textos mais as dos comentários só nos enriquecem.e despertam ainda mais a curiosidade e o prazer da leitura.
Muito bom também você e a Heloisa deixarem para a filha a escolha da religião. Isso é tão civilizado, tão amoroso!
E cada vez vejo você mais para monge que para civil.
Minha nova amiga budista não tem nada da sua paciência, tolerância e generosidade.
Até mais. Muitos mais.
1) Oi Ana, escreva como quiser, sem se preocupar se maiúscula ou minúscula.
Excluir2) Minha filha desde pequena ia conosco às meditações, então ela gostou e escolheu ser budista. Nunca sugerimos nada.
3)Convivi com monges, mas hoje sou professor, civil, apenas, iniciado leigo.
4) Com meio século de prática, aprendi e ainda aprendo a desenvolver a paciência/tolerância/generosidade, é bem agradável.
5)Abraços de bom domingo e boa semana.
Mestre Antonio,
ResponderExcluirAcho difícil que se possa formar uma boa idéia de um lugar e seu povo se não procurarmos também entender sua cozinha.
Afinal, dizem alguns estudiosos que a civilização começou quando os humanos começaram a se reunir para comer juntos...
E os gostos e os hábitos da comida, mesmo nesses tempos de globalização, refletem muito da história e da luta daquele povo para se estabelecer e se alimentar ao longo dos tempos.
Eu quando viajo gosto sempre de procurar entender e experimentar os pratos do lugar. E nem é preciso sair do nosso Brasil para sentir a maravilhosa diversidade do fogão e do paladar. A cozinha do norte, a cozinha nordestina, a cozinha baiana, a cozinha mineira, as diferentes cozinhas do sul - quanta coisa boa e diferente e quanto de história!
Parabéns por nos lembrar disso.
1) Salve Mano, concordo com vc.
Excluir2) No primeiro artigo eu passei duas receitas: a primeira que vc ilustrou belamente, a jaca verde desfiada e a dica do dentifrício.
3)Na próxima vou passar algumas receitas mais.
4)Outro dia, aqui no Rio, em uma lanchonete vegana, comi coxinha de jaca verde, salgada naturalmente, uma delícia !
5) Bom domingo e boa semana.