fotografia de Heraldo Palmeira |
Heraldo Palmeira
A tarde
começando a cair e a algazarra dos pássaros anunciando a noite chegando. Da
minha janela, uma criatura docemente barulhenta (periquito, maritaca,
periquitinho, periquitinho-de-vassoura, periquitinho-santo,
periquito-de-asa-azul, periquito-miúdo, periquito-real, periquito-rei,
periquito-de-santo-antônio, periquito-de-são-joão, periquito-do-espírito-santo,
periquito-santo, caturra, tuim, tuimaitaca, maitaca-de-cabeça-vermelha,
bate-bunda, bate-cu, caturra, coió, coió-coió, cu-cosido, cuiuba, iú-iú, miúdo,
quilim, tabacu, tapa-cu, tapacum, tiú, tuí, tuietê, tuitiri, tuitirica, tuý
-tuí, tuiuti...).
Ele domina a
cena na cumeeira do vizinho e tira a terreiro outro da espécie que está
instalado na árvore em frente. Zoada grande!
Por incrível
que pareça, estou no meu recanto nas Perdizes, em São Paulo – a décima maior
cidade do mundo, a maior do continente americano, dos países que falam
português e do hemisfério sul –, onde me vejo numa transversal do tempo com
Acari, a cidadezinha do interior do Nordeste onde nasci.
Devo estar
comprovando o gracioso dito popular _eu deixei o mato, mas o mato não me
deixou_. Claro, sentindo grande felicidade. E certo de que somos quem somos em
qualquer pedaço do mundo, ainda tenho a sorte de viver numa rua cheia de árvores,
onde é possível receber este tipo de visita todo fim de tarde. Meu único
trabalho é ficar a postos na janela.
(Heraldo Palmeira, aluno do mundo)
Prezado Autor Sr. HERALDO PALMEIRA,
ResponderExcluirÉ tão bom saber que na maior metrópole do Hemisfério Sul, Bairro Perdizes São Paulo-SP temos boa quantidade de árvores e algazarra alegre de pássaros no final da tarde.
Desde Acari-RN ( A cidade mais limpa do Brasil ). Parabéns aos 12.000 Conterrâneos de Vossa cidade Berço, e também a gigantesca São Paulo-SP Vossa atual residência, pela arborização.
E que joia de pequena Crônica tão bem escrita pelo Sr. HERALDO PALMEIRA completada por linda foto de um Periquito-de-asa-azul do mesmo Autor.
Abração.
Obrigado, Flávio. Sim, nas Perdizes temos algo incomum para a selva de pedra, a vida passa mais macia. Abraço.
ExcluirPalmeira,
ResponderExcluirTu me fizeste lembrar quando fui taxista em Porto Alegre por oito anos.
O meu ponto era na esquina de uma das ruas mais importantes do bairro Menino Deus, a José de Alencar, com suas palmeiras dividindo os lados das ruas desta avenida em quase toda a sua extensão.
Pois havia épocas, que bandos de papagaios - isso mesmo, papagaios - desciam do Morro Santa Teresa para pousar nessas árvores.
O barulho era ensurdecedor.
Algazarras, brigas, "bate-bocas", um interminável currupacopaco, que nos encantava.
E, ai daquele que tentasse capturar uma dessas aves espetaculares:
prisão na hora!
Em se tratando de capital de um Estado desta Federação, logo, movimentada, uma certa poluição, o som dos carros, buzinas, freadas, arrancadas nas sinaleiras (faróis), nada perturbava o bando de papagaios, que se divertia, acasalava-se, saia no pau um com o outro, voos rasantes e espetaculares, um quadro um tanto quanto irreal da Natureza em seu esplendor, em relação à selva de pedra onde também era o ecossistema dessas aves maravilhosas.
Legal, Palmeira.
Parabéns pela singeleza da crônica.
Abraços.
Saúde.
Bendl,
ExcluirSaudade de Poa, de Menino Deus. É interessante deparar com a natureza resistindo em lugares tão improváveis. A sua experiência com os papagaios se repete em muitos lugares com outras espécies, como é o meu caso aqui. Sempre ouço dizer que os pássaros aparecem apenas onde a natureza está mais equilibrada. Que seja. Abração.
Olá Heraldo,
ResponderExcluir"Saí do mato mas o mato não saiu de mim". Agente vai misturando tudo ao longo dos dias e acaba sendo corpo e alma e natureza, planta e pássaro, asfalto e terra vermelha. E acaba poeira.
Sou parte planta.
Tenho raízes fortes
calcadas no afeto.
Sou mulher-mãe,
irmã, avó e tia.
Já fui filha.
Preciso da seiva
E do sol.
E da noite para respirar.
Tomei chuva
E fiquei viçosa.
Ana,
ExcluirTalvez de tanto viver, vamos descobrindo na poesia que nos tornamos tudo, quase tudo, um pouco de tudo. É o jeito de ir indo, de não virar quase nada.
Quando chega o tempo da maturidade, onde os grandes dramas - que criamos na juventude para nos ocupar em adivinhar o futuro - se revelam sem graça, aí descobrimos que as pequenas coisas que desprezávamos têm enorme valor. Será isso que nos faz redescobrir a natureza que largamos na infância?
1) Aves lindas e maravilhosas; Ter esta companhia ai em Sampa é ser muito abençoado.
ResponderExcluir2) Parabéns Palmeira.
Antonio,
ExcluirNão sei se tenho algum merecimento, mas não se iluda: abuso do aproveitamento de tamanho espetáculo. Obrigado.
Heraldo
ResponderExcluirSó agora li este texto e me encantei !!
Como vc também gosto de aves e tenho na varanda uma vasilha com mamão e banana todos os dias
Além da água doce pros beija flores!
Coloco uma banheira de água e todos gostam de tomar banho
Me divirto vendo estas pequenas aves !
Tem sabiás sanhaço bem-te-vis
Moro na serra um bairro de BH que fica perto do parque das Mangabeiras e me sinto privilegiada por usufruir destas pequenas maravilhas
Li sua crônica das festas juninas hoje e gostei muito das lembranças e músicas que complementam estes meses
Um abraço agradecido pelas lembranças que me proporcionou