Antonio Rocha
Hoje, 13/05/2019, acordei às 03:45 da matina, ou melhor da madrugada. É
uma excelente hora para se meditar, orar e cada um falar com o Ser Divino de
sua preferência.
Em um antigo livro sobre os yoguis do período védico, aprendi que às quatro
da manhã é a hora de Brahma, do Deus Brahma, Criador de todas as coisas,
segundo os Vedas, livros sagrados da Índia, cujas origens estão há cinco mil
anos, outros falam em dois mil anos, outros em três mil anos. Não há uma
precisão na área.
Num desses livros conta que os tais praticantes saíam de suas
improvisadas camas nos monastérios, e em silêncio ou entoando mantras
dirigiam-se para as margens do rio Ganges e banhavam-se para os ritos matinais.
Voando aqui para o RJ, uma falecida amiga presbiteriana me disse que,
se perdia o sono, ficava orando e lendo a Bíblia. Mediante outras pesquisas que
andei fazendo, outras religiões também adotam o horário como excelente prática.
Nessa hora, parece que a Natureza está calminha, serena. Pelo menos era assim
antigamente, hoje com a agitação da vida moderna pode ser diferente.
Se bem que um amigo budista gozador me falou que conhece monges que
acordam à essa hora, rezam e depois ficam o dia todo com sono, bocejando.
Mas hoje, dia de Nossa Senhora de Fátima, lá do meu querido Portugal,
acordei disposto a reverenciá-la. Minha mãe, desde que nasci, tinha na parede
do quarto uma imagem da santa com os três pastorezinhos lusitanos de ovelhas.
Então, guardei essa respeitosa devoção em homenagem à ela, até porque,ontem,
foi o Dia das Mães.
Quanto ao título, me veio à mente o ótimo livro do teólogo protestante
alemão Holger Kersten “O Buda Jesus”. O autor afirma que Jesus conhecia, ou
melhor, era um iniciado budista e atesta isso naquele período da vida de
Cristo, entre os treze e os trinta anos de que a Bíblia não fala nada.
Convenhamos, é muito tempo, para não se referir nem uma linha aos anos em que
Jesus aprendeu com os budistas na Índia e no Tibete.
Claro, respeito os que discordam, mas o assunto é fascinante. Assim, nessa
madrugada convidei o referido Jesus para um bom diálogo, e Ele veio, acredite
se quiser.
- Bom dia Buda Jesus !
- Bom dia amigo, chamo-o assim porque o
professor Buda chamava os seus alunos de amigo.
- Então, o Senhor Jesus foi aluno de Buda?
- Sim, e com muita honra, muita satisfação,
aprendi muito com ele e com os textos sagrados daquela abençoada região.
- Cristo, qual é a mensagem que o Senhor nos
daria para esta semana brasileira, pelo que estamos vivendo, pelo que estamos
passando?
- Sabe Antonio, precisamos todos, vocês
brasileiros e eu e os demais habitantes espirituais que compõem o astral
tupiniquim, necessitamos orar muito, o máximo possível.
- Concordo com o Senhor, precisamos nos
esforçar...
- Eu sei que politicamente, economicamente o
quadro é difícil, mas não devemos julgar os governantes, as autoridades,
devemos orar por elas para que façam um bom governo em prol do povo, dos
habitantes.
- Mestre, o senhor tem toda a razão, mas pelas
notícias diárias que estamos presenciando fica difícil.
- Olha, um dos grandes ensinamentos do
professor Buda é que a flor de lótus nasce da lama. Então precisamos orar e com
base nessas orações agirmos para que aos poucos o melhor vá acontecendo.
- No mínimo vão dizer que enlouqueci, que não é
Jesus coisa nenhuma falando comigo etc.
- Não se preocupe, eu até hoje não consigo
agradar a todo mundo, o professor Buda também não, logo, faça a sua parte,
plante as suas sementes.
- Poderemos conversar mais vezes?
- Claro, você já sabe o Caminho das Pedras.
- É o título de um dos livros que publiquei: “As
Pedras do Zen”.
- Então, continue cuidando do seu jardim de
pedras e plantas.
- Obrigadíssimo Buda Jesus, posso chamá-lo
assim.
- Claro, eu sou um deles.
Suposto diálogo entre mim e o meu amigo e professor Rocha:
ResponderExcluir- Bendl, bom dia!
- Hummm?
- Bom dia, meu, tudo bem?
- Huummmm?
- Ué, perdeste a língua,o gato comeu, hehehehehehe??
- Huuummmm??
- Não quer falar, é? Qual é o teu problema, posso ajudar??
- Hã hã.
- Tá difícil, eim Bendl, tá difícil. O que posso fazer para te ajudar??
- Hã hã.
- Tu não és assim, calado, de responder por monossílabos, o que houve??
- Hã??
- Tá doente?
- Hã hã.
- Olha bem, o dia está bonito, uma semana nova inicia, cheia de expectativas, possibilidades e, tu, nesse marasmo??
- Hã Hã.
- Concorda comigo ou discordas??
- Hã??
Perdi a paciência, um bom dia, meu caro. Que Buda e Jesus te abençoem e te ajudem a sair dessa situação de pessimismo, tá??
- Hã Hã.
O que eu poderia dizer depois desse balde de otimismo, de incentivo à vida, que foi esta crônica de Rocha??!!
O que eu poderia acrescentar a este artigo tão brilhante, tão animador??!!
Nada!
Abraço, parceiro.
Saúde, e vida longa!
1) Obrigado Chicão.
ResponderExcluir2)Vc está se revelando um ótimo contista/ficcionista. Continue.
3) Abraços de boa semana.
Prezado Autor Prof. Dr. ANTÔNIO ROCHA,
ResponderExcluirNo diálogo com o Senhor JESUS de madrugada, o senhor nos passa uma grande lição de Sabedoria.
Nas raras vezes que acordo de madrugada, gosto muito de ler os Salmos.
Abração.
1) Salve Mestre Bortolotto.obrigadíssimo !
Excluir2) Eu tb gosto muito de ler/estudar/refletir nos Salmos que dão um bom tempero à nossa vida.
3) Boa semana !
Antonioji,
ResponderExcluirEnquanto você medita às cinco e meia da matina eu corro os meus quilômetros de cada dia. Moral da história: cada um usa a tarja preta preferida e, ao fim e ao cabo, o que importa é que comecemos o novo dia em estado de graça (rsrs) Confesso que não compro a teoria de que Jesus ainda adolescente fez um intercâmbio teológico na Índia, voltou budista da gema para a Palestina, escapou vivo da cruz, fugiu para a Cachemira, onde viveu e morreu de velho e foi sepultado. Mas não me surpreende essa sua conversa com o Buda Jesus. Porque apesar do Cristo ter se afirmado filho de Deus e do Buda ter insistido que não existe um Deus todo-poderoso e benevolente, esses rapazes têm muito em comum pelo menos nas narrativas que nos fazem das vidas deles.Bem sei que não há provas irrefutáveis da existência nem de um nem do outro mas as abundantes referências históricas me convencem de que viveram e morreram. A questão mais interessante - que vai além da história e do fato objetivo - é , no caso de Jesus, se ele morreu e viveu.
Sei muito pouco sobre o budismo mas perambulei pela Ásia o suficiente para sacar que Buda e Jesus possuem genealogias traçando sua descendência até reis e rainhas hindus e hebreus ancestrais, que ambos foram concebidos de forma milagrosa, nascendo de mães virgens, o que demonstra que são antigos os problemas freudianos da humanidade com a própria sexualidade (rsrs) Ambos foram crianças prodígio, jejuaram, foram tentados, iniciaram seus ministérios por volta dos trinta anos, rebelaram-se contra as elites religiosas – os brâmanes e os fariseus - renunciaram às riquezas do mundo e exigiram que seus discípulos também o fizessem, ambos realizaram milagres e ordenaram a seus discípulos que pregassem seus ensinamentos a todos os homens. E last but not least, ambos convidaram seus seguidores a examinar as visões preconceituosas que tinham de si mesmos, dos outros e do mundo. Assim, o mais profundo paralelo entre o budismo e o cristianismo mora não tanto nas idéias semelhantes - como é o caso da que veio a ser chamada de "A Regra de Ouro", ou seja, tratar os outros como gostaríamos de ser tratados - mas em abordagens semelhantes para questionar as idéias vigentes e evoluí-las.
O que me fascina nos enredos das diversas religiões é o fato incontestável de que, nos nossos primórdios, a mente emergente humana foi programada para o divino, elaborando narrativas capazes de amenizar a incerteza cognitiva diante dos fenômenos sem explicação e da angústia da morte. Mas esse impulso para o alto, essa busca por conexão com um poder além das nossas capacidades, é também um claro indicativo de potencial não realizado, da alma entediada porque todas as estradas do mundo levam a mais uma estrada no mundo.
Hoje a paisagem religiosa e moral mudou, o mundo não é mais preto e branco, nem certo e errado. Apesar de todas as atrocidades cometidas em nome de Deus, os bem aventurados continuam acreditando. Muitos se decepcionaram com a hipocrisia circundante e , de braços dados com Dona Ciência, passaram a negar a existência de Deus completamente. Com a explosão das informações e desinformações, outros deram um basta nos dogmas doidos de pedra, nos pecados e na culpa, nas chamas do Inferno, adotando uma religião mais relaxada, tolerante e personalizada tipo self service ou “faça você mesmo”. Outros seguem pelo caminho do meio, meditando, se equilibrando entre um milhão de tons de cinza impermanentes. Mas seja lá como for e/ou por onde for o bicho homem não pode, jamais, se livrar da sensação incômoda de que algo está faltando. ISSO , o que está faltando, talvez seja aquilo que ele chama de Deus.
Namastê!
1) Ótimo Pimentelji, concordo.
Excluir2)Acho que descobri a origem de seus textos inspirados...
3)As corridas pela madrugada...
4) Vc está no Caminho dos bons passos !
Olá Antonio,
ResponderExcluirA madrugada já começa poética pelo nome. É bonito de escrever, gostoso de falar e melhor ainda de ouvir. É a hora do melhor sono mas também dos fantasmas que nos atacam sem clemência.
É a hora mais fria e solitária dos velórios onde a tristeza e o desespero nos tiram do lugar. E também o melhor momento para as grandes idéias e o cheiro de um café consigo mesmo. E para os monólogos criativos ou uma leitura marcada antes pelo sono. E para a meditação.
Ou seria tudo isso parte dela?
Um abraço.
Até mais.
1) Oi Ana, concordo com vc. A madrugada é tudo isso e muito mais...
ResponderExcluir2) Dizem os textos que o Buda atingiu o Estado de Iluminação/Santidade pela madrugada, quando brilhava no firmamento o planeta Vênus.
3) Claro que a designação do planeta Vênus veio bem depois, mais era lá no céu um ponto de luz forte brilhando.
4) Grato e boa semana.