fotografia Moacir Pimentel |
Moacir Pimentel
É claro que não li todos os grandes livros mencionados por Helene Hannf
no filme Nunca te Vi, Sempre te Amei, mas li outros poemas e prosas que ela não
teria lido (rsrs) Decerto que os livros que li da lavra dela – 84, Charing
Cross Road, A Duquesa de Bloomsbury e O Legado de Q - me provocaram lembranças
de variadas esquinas britânicas que a moça não visitou. Logo, ao lhe descrever
as paisagens das Inglaterra física e literária dessa senhora, é inevitável que
eu termine teclando sobre as minhas (rsrs)
Mas, acredite, valeu a pena viajar pelas pretinhas da Helene que “só podia escrever sobre o que lhe acontecia” e passar a limpo todas as recordações e emoções que o seu filme nos
traz. Como os bons amigos, como os grandes livros, 84 Charing Cross Road não é para ser esquecido.
Portanto, ao contrário do que a foto que abre o post sugere, esse não
será apenas mais um passeio turístico. Hoje eu vou teclar sobre a cidade, sim,
mas ainda em um contexto literário, sob luz das cartas trocadas por duas
criaturas que nunca se encontraram mas que, de algum modo, rascunharam as vidas
um do outro : os nossos velhos conhecidos Helene Hanff e Frank Doel.
Perambulando pelas coisas que Helene escreveu depois do seu primeiro
livrinho, a gente entende que, de certa maneira, apesar dela ter desembarcado em
Londres dois anos depois da despedida do seu melhor amigo e personagem, a moça não
chegou tarde demais, pois o livreiro Frank - como um fantasma elegante - continuou
a aparecer em tudo o que ela criou depois, em coisas que, não se pode deixar de
pensar, ela teria teclado para ele, às vezes furiosamente e em maiúsculas, naquela
velha máquina de escrever, em missivas que jamais foram postadas mas que ele
teria “traduzido” perfeitamente.
O filme dedicado a esses dois
quase namorados é uma conversa que, como
dizia um famoso londrino de nome Jack - aqueeeele Estripador - temos que
entabular sem pressa e “por partes” (rsrs)
Porque ao assisti-lo se percebe que os livros e a vida, o filme e os poemas,
Londres e as cartas foram tão furtivamente amarrados juntos que cada corda
teclada reverbera outra.
Foi durante sua turnê literária pela Inglaterra que Helene descobriu que
as praias de Brighton consistem em seixos em vez de areia, que Ben Jonson fora
enterrado em pé porque nunca pagara pelo túmulo e que na realidade e tanto
tempo faz, o Big Ben não era a Torre nem o Relógio mas simplesmente o maior dos seus cinco sinos (rsrs)
Só que hoje se você perguntar a qualquer um nesse mundão de meu Deus, qual
é a imagem que mais associa a Londres, a resposta será “Big Ben!”. Embora eu creio que ele disputa com a cabine telefônica
e o ônibus vermelhos o título do mais icônico cartão postal dessas paragens.
A Torre do Relógio é chamada por todo o mundo afora de “Big Ben” mesmo que,
oficialmente, seu nome de batismo seja Torre Elizabeth e que a sua imagem e não
a das Casas do Parlamento ao lado dela - a principal residência dos monarcas
britânicos do período medieval até o reinado de Henrique VIII - tenha se
tornado o símbolo do governo britânico.
Assim decidi abrir esse post “livresco” com o Big Ben que, sem deixar de
ser um ícone turístico também possui um significado literário que nos remete a
uma das poucas autoras de ficção que, tenho certeza, a Helene apreciava:
Virginia Woolf.
Na obra dessa autora a torre do relógio de Westminster atua como um
símbolo da tradição e do conservadorismo ingleses e da importância que os ilhéus
dão à pontualidade, tudo bem, mas nela o Big Ben é principalmente o que é - um
relógio! - marcando desapaixonadamente a infinita progressão do tempo sem
esperar por ninguém.
As batidas do Big Ben são os principais divisores da narrativa de um
livro famoso da Virgínia, de nome Senhora
Dalloway, no qual elas interrompem impiedosamente os pensamentos e ações
dos personagens. É como se tudo rolasse antes e depois dos ataque do Big Ben:
“Primeiro um aviso, musical; então a hora, irrevogável. Os círculos de
chumbo dissolvidos no ar”.
O tempo é tão importante nesse romance que o seu título original foi As Horas e o som do relógio marcando as
inteiras e as meias é um lembrete contínuo do passar da vida, de que o tempo é
linear na progressão das horas que se desenrolam no sentido do futuro, mas é circular na presença constante do passado nas vidas de todos os seus
personagens. Quando deles começamos a ler os retornos ao passado, as memórias, tanto belas quanto assombrosas, percebemos que não
conseguem superar seus traumas e perdas, não conseguem esquecer o que viveram
no passado e que, em certo sentido, isso lhes rouba o futuro.
A protagonista do enredo, de nome Clarissa, teme tão profundamente a
passagem do tempo e a inevitabilidade da morte que repete, como um mantra, uma
linha da peça Cimbelino, de Shakespeare:
“Não temas mais o calor do sol / nem as raivas do inverno furioso”.
É importante o papel do Big Ben na trama desse romance labiríntico e
modernista – porque não dizer cubista? - nesse diálogo entre o homem e a vida
urbana no qual até as ruas de Londres funcionam como metáforas. Nas páginas da Senhora Dalloway, o Big Ben é muito mais
do que o símbolo da Inglaterra: é um registro físico e auditivo da passagem do
tempo e a consciência palpável da morte. Ele está presente no livro como um dos
personagens e com uma personalidade definida:
“O som do Big Ben atinge a meia hora com um vigor extraordinário, como
se fosse um jovem, forte, indiferente, sem consideração”.
Tanto o livro/filme Nunca te Vi, Sempre te Amei quanto o livro Senhora Dalloway
têm algo em comum: fazem uma evocação afetuosa da cidade de Londres. E para
quem gosta de livros e da capital inglesa - “esse
cara sou eu!” - são itens obrigatórios na prateleira.
Helene Hanff cultivou a vida inteira uma imensa vontade de conhecer o
país natal dos seus livros prediletos. A pergunta que o filme responde
superficialmente é: por quê? Por que Helene era uma fã entusiasmada desse tipo
de leitura? Sucede que ela lera aos dezessete anos, durante o seu primeiro e
último ano na universidade, os escritos de um brilhante romancista britânico e professor
de Cambrige, chamado Sir Arthur Quiller-Couch, a quem ela apelidou
carinhosamente de “Q”.
“Ali de pé, olhando para as longas prateleiras abarrotadas de livros
dele, eu relaxei e de repente estava em paz”.
Foi a coleção de cinco volumes das palestras e aulas de Sir Arthur,
entitulada On the Art of Writing – Sobre A Arte de Escrever – que Helene encontrou
empoeirada em uma prateleira obscura de uma modesta biblioteca da sua Filadélfia
natal, aquilo que inspirou-a a iniciar, ao mesmo tempo, a sua carreira de
roteirista para teatro e televisão e a sua cruzada em busca da literatura inglesa.
Quando Helene bateu os olhos na coleção de “Q” pensou:
“É exatamente o que eu preciso”
Mas não foi bem assim. Explico: logo no prefácio do primeiro volume da tal
coleção, ficou claro para a moça que “Q” estava palestrando em uma língua que
não era a dela mas respirou fundo e foi em frente até a página 3, quando percebeu que “Q” “achava”
que ela tinha lido o poema Paraíso Perdido de John Milton. Como não fazia ideia
do que isso fosse e, consequentemente, do que “Q” estava falando, a moça parou
a leitura, voltou à biblioteca e “levou o Milton para casa” (rsrs)
Só que de saída, logo no Livro I do Paraíso miltoniano, ela sacou que
Milton “achava” que ela lera uma
versão cristã de Isaías e que sabia tudo sobre as artimanhas de Lúcifer no céu.
Como ela fora criada no judaísmo e não tinha noção de nada disso, Helene de
novo colocou John Milton de lado, retornou à biblioteca e confiscou a Bíblia certa
a qual leu de cabo a rabo. Terminada aquela bíblica, ela reiniciou a leitura
poética do Paraíso Perdido e só depois de ter lido o seu último verso retomou a
conversa com o prezado “Q”, na tal da página 3.
Para descobrir, na página 4 ou 5, que precisava de tradução para um
monte de frases em latim e citações em grego e que “Q”, mais uma vez erroneamente,
imaginava que ela conhecia todas as peças de Shakespeare, era íntima de Johnson
e versada no Segundo Livro de Esdras, que não morava nem nos Antigos nem nos
Novos Testamentos ora mais seus conhecidos, mas entre os textos Apócrifos, um
conjunto de evangelhos que ninguém tinha se lembrado de dizer à coitada sequer que
existiam (rsrs)
Segundo a moça, foram necessários onze anos para concluir a leitura da
obra completa de Quiller-Couch, mas tudo bem porque “Q” sabia que ela “nunca
fora uma aluna muito inteligente”. Só que a essa
altura do filme ela já estava viciada (rsrs) Após essa convivência literária
com o professor de Cambridge e seus amigos do peito - Izaak Walton, William
Shakespeare e John Milton - Helene tornou-se uma ávida e crítica leitora de
toda a literatura inglesa na qual conseguia por as mãos e os olhos. Desse
mentor pessoal, porém, ela assimilou um gosto bastante peculiar e a influência
de “Q” foi tamanha que ela a transformou em um outro livro autobiográfico de
nome Q’s Legacy - O Legado de Q .
Talvez essa educação autodidata tenha sido a forma que Helene encontrou
para compensar a sua falta de formação acadêmica, pois teve que abandonar a
universidade por causa da difícil situação financeira de sua família durante a
Depressão. Ou – quem sabe? – ao ler os mestres ingleses tão desesperadamente a
moça estivesse apenas se preparando para ser o que sempre almejou ser : uma
escritora. É a tal história: “quem bem
lê, bem escreve”.
É como se esse seu amor desmedido pela literatura a tivesse infectado
com um tipo de puritanismo literário. Livros de baixa qualidade, na opinião
dela, ou poesia “selecionada” em vez
da obra completa, seguiam direto para a lixeira nas suas “faxinas de primavera” que os amigos não compreendiam (rsrs)
“Por que não? Pessoalmente, não consigo
pensar em nada menos sacrossanto do que um livro ruim ou mesmo um livro
medíocre. “
Mas pelos bons livros o seu afeto era tão forte que se estendia além da
simples leitura. Ela não podia tolerar qualquer dano físico aos volumes e,
menos ainda, o mau uso do idioma inglês. Era tal o seu fascínio pela literatura
inglesa e tão caudalosa a sua leitura que, dentro em breve, tornou-se
impossível para a moça encontrar livros para ler em Nova York. Porque desejava
livros raros e deles edições específicas: os Ensaios de autores como Chesterfield, William Hazlitt e Leigh Hunt,
As Lendas da Cantuária de Chaucer, A Jornada para a América de Tocqueville, Os Sermões
Completos de John Donne, Shakespeare
segundo a visão de Samuel Johnson, As Cartas de Amor de Bernard Shaw e Ellen Terry, A Antologia do Amante do Livro
de R. M. Leonard – seu livro de cabeceira! – e a
coleção de ensaios de nome O
Leitor Comum de Virginia Woolf.
Mas Helene Hanff era realmente uma amante dos livros do tipo “ eu estava lá”, e nunca lia ficção, detestava
livros que não fossem historicamente precisos e jurava de pés juntos que não
conseguia se interessar “por coisas que
não aconteceram a pessoas que nunca viveram”.
Já eu me interesso bastante e é justamente nessa divergência que mora a
grande dificuldade de escrever uma resenha sobre essa senhora e a “Inglaterra literária” dela. As minhas viagens
livrescas não seguiram exatamente os passos dela, talvez porque, além das dela
também li as cartas do poeta John Keats:
“Eu de nada tenho certeza, a não ser da realidade
das afeições do coração e da verdade da Imaginação. A beleza apreendida pela
Imaginação deve ser verdade”.
Infelizmente Helene se recusava a ler Shelley e Keats, porque os
considerava poetas excessivamente sentimentais, enquanto que eu milito no time
dos que acreditam que se Keats não tivesse se despedido com meros vinte cinco
anos de idade, teria sido um poeta maior que Shakespeare. O fato é que, com
essa mesma idade, o Bardo não possuía ainda a solenidade e a grandeza de Keats
ao contemplar o mistério do universo.
Esse jovem poeta não foi, portanto, só mais uma promessa literária não
concretizada. Keats foi um
grande poeta e, tivesse vivido mais, teria sido apenas melhor do que já era. Existem muitos tributos a John Keats na velha Inglaterra. De todos o
que mais me agrada é a estátua de bronze do rapaz, no hospital onde chegou a
estudar para ser boticário, antes de chutar o pau da barraca e começar a poetar
a sério:
Li Keats pela primeira vez aos dezoito anos
quando, a conselho de um então professor de Literatura, comecei a devorar sua
obra pelos pequenos poemas e não pelas famosas Odes, mais longas e maduras. Com
um deles, de nome A Song About Myself ou Uma Canção
Sobre Mim Mesmo, que versava sobre
um moleque que queria ganhar a estrada com uma mochila nas costas e conhecer o
mundo, desnecessário seria dizer que a minha identificação foi total (rsrs)
Diferentemente de Helene, penso que os versos de Keats, em vez de serem melosos
e sentimentais, simplesmente foram escritos por um garoto pobre, romântico,
doente, tuberculoso, enfurnado em seu quarto, em uma velha casa de North
Hampstead, um vilarejo do século XVIII, que foi o seu lar, de 1818 até 1820, os
seus mais produtivos anos.
Foi ali que ele se apaixonou perdidamente pela garota da casa ao lado,
Fanny Brawne, com quem não pode se casar, porém, pois os pais da moça, nada
satisfeitos com a precária situação financeira do rapaz, preferiram adiar o
casamento até que as coisas melhorassem. Foi ali que ele escreveu para a mulher
amada um dos mais pungentes poemas de amor já escritos por mão humana, muito
bem traduzido pelo Sr. Editor:
Para Fanny
Imploro tua – misericórdia – piedade –
teu amor! Sim,
[ amor!
Amor misericordioso que não atormenta
Amor de um só anseio, nunca desviado,
sem maldade,
Sem máscara – e ao ser visto,
imaculado!
Oh! Deixa-me ter-te inteira, sê minha –
toda – toda!
Aquela forma, aquela beleza, aquela
doce avidez
Do amor, seu beijo – essas mãos – esses
olhos divinos,
Aquele seio cálido, branco, luminoso,
de infinitos
[ prazeres,-
Tu mesma, - tua alma - por piedade
dá-me tudo, tudo,
Não poupa nem a menor parte de um átomo
ou eu
[ morro,
Ou, se ainda continuar vivendo, triste
escravo teu,
Esquecerei, em minha miséria infinda,
Para que é feita a vida – o paladar da
minha mente
Perdendo sua paixão, e cegando minha ambição!
Foi lá que ele escreveu a Ode ao Rouxinol - e provavelmente as outras
cinco! - sob uma ameixeira no jardim. De lá viajou para Itália na tentativa inútil
de driblar a Velha Senhora em climas mais quentes. A tuberculose o ceifou em
Roma, em 1821, onde ele dorme seu sono eterno no cemitério dos não católicos –
Cimitero Acattolico - ao lado do poeta Percy Bysshe Shelley,
do poeta e escultor William Wetmore Story e de sua esposa Emelyn, cujo
túmulo é um dos mais fotografados do mundo por causa do Anjo da Dor que o
decora e que foi esculpido pelo devotado marido.
Em confronto com a beleza da escultura, o túmulo de John Keats quase
passa desapercebido, decorado que é apenas por uma singela lápide que diz:
“Aqui jaz Aquele Cujo Nome foi inscrito na Água”.
Se, no geral, a qualidade e a musicalidade da tradução poética deixa a
desejar – “Traduttore, traditore?” -
no caso dos poemas de Keats nem isso: a escassez de traduções é inacreditável. Mas
a de Augusto de Campos nos permite vislumbrar o espírito, a juventude e o humor
do poeta nos versos do Gato da Senhora
Reynolds, no qual tão bem descreve a natureza dos felinos :
Gato! que já passaste o teu grande
climatério,
Quantos ratos e camundongos já comeste?
Que petiscos roubaste? Ergue-me o
olhar, reveste
De verde lânguido os teus olhos de
mistério.
Alça as orelhas de veludo, mas não
queiras
Fincar em mim as tuas úngulas latentes,
Faz teu meigo miado e conta as
sorrateiras
Caças de ratos, peixes, pintos nos teus
dentes.
Não baixes os teus olhos, nem lambas agora
As patas, apesar da asma e dos apuros
Da cauda cetinosa que te falta; e
embora
As servas te enxotassem com castigos
duros,
Teu pelo ainda é suave e lembra como
outrora
Te esquivavas dos cacos de vidro pelos muros.
Bem, todos nós conhecemos alguns gatos dessa raça (rsrs) Acho que gatos
e livros combinam, talvez porque os gatos também se aquietam nas poltronas
indiferentes ao resto do mundo, como fazemos nós quando temos um bom livro nas
mãos.
O fato é que o livro real, do tipo que pode ser folheado, colocado na
mochila, assinado por um autor, oferecido a um amigo, dedicado a ela, colocado
em uma estante, escondido na mesa do escritório, ou empilhado sobre o criado
mudo para servir de esconderijo para o gato do pedaço, transforma as coisas em
versões mais bonitas de si mesmas, com uma graça silenciosa. Como Helene Hannf
e Frank Doel, não imagino a vida sem livros.
Mas o passeio literário continuará na próxima conversa.
Prezado Autor Sr. MOACIR PIMENTEL,
ResponderExcluirQue belo texto dirigido especialmente a todos que gostam dos Livros. Unindo o útil ao agradável, vamos conhecendo mais a rica Literatura Inglesa e a bela cidade de Londres.
O foco desta sempre agradável Crônica " O sino maior" do Sr. MOACIR PIMENTEL é a correspondência entre a Escritora Americana HELENE HANFF e seu Livreiro Inglês FRANK DOEL da MARKS & CO.
O que mais me impressionou foi a procura de um bom Manual de Escrever Bem que a jovem Escritora HELENE HANNF encontrou na Coleção de 5 Volumes do Prof. Sir ARTHUR QUILLER-COUCH, " On The Art of Writing", Cambridge University.
Mas o Livro ( Coleção de 5 Partes ) de Mr. "Q", não era para Principiantes, mas para Eruditos. Porém a Srta. HELENE HANFF com sua férrea disciplina Hebraica, foi lendo e estudando tudo o que era necessário, terminando o Curso que se impôs, em 11 Anos.
Realmente, não nos damos conta que o Big Ben não é a Torre que é ELIZABETH, nem o famoso Relógio regulado para dar a Hora Média de GREENWICH, mas o maior de seus 5 Sinos.
E como não ficar encantado com esse grande Poeta JOHN KEATS, embora não fosse da principal predileção de HELENE HANFF, Poeta que vivendo tão pouco, 25 anos, produziu uma Obra tão grande e imortal, muito longe de seu sóbrio epitáfio no Cemitério Romano " Aqui jaz Aquele Cujo Nome foi inscrito na Água". Na verdade seu Nome foi inscrito no mais duro Diamante. Como não ficar fan de um Poeta que quase começa com um poema " A Song About Myself".
Abração.
Prezado Bortolotto,
ExcluirDe fato a disciplina demonstrada por Helene Hanff na sua missão autodidata foi notável. Ela nos prova que a educação não é um processo que termina no dia em que deixamos a escola. Quanto ao poema A Song About Myself, gosto do menino mochileiro que vai percebendo que por onde passa “o chão era tão chão, as jardas tão compridas, as canções tão alegres, as cerejas tão vermelhas e a madeira tão madeira quanto na Inglaterra”. E "se maravilha!"(rsrs)
Agradeço-lhe pelo generoso comentário e aproveito a oportunidade para comentar que quem estuda John Keats a sério descobre no capítulo de nome "Capitalização" - se traduzido literalmente - que ele tinha por hábito o uso das letras maiúsculas - capital letters no inglês - com as quais enfatizava expressões, destacava frases, sinalizava rimas internas e, bem assim, os mais importantes substantivos abstratos na sua prosa. No post há um exemplo disso: “Eu de nada tenho certeza, a não ser da realidade das afeições do coração e da verdade da Imaginação”. Basta googlar as cartas do poeta para encontrar centenas de outros exemplos.
Sucede que, como Keats , a Helene também era fã das maiúsculas mas elas as usava para subir o tom nas reprimendas (rsrs) Parece-me que VOCÊ as utiliza de um jeito mais parecido com o do poeta: "Na verdade seu Nome foi inscrito no mais duro Diamante".
Ou seja, ambos subvertem deliberadamente as convenções gramaticais para oferecer a seus leitores indícios importantes de seus processos mentais, padrões de associação e significados.
Abração
Amei ler que Helene 'levou o Milton pra casa' kkk Obrigada pelas aspas, Moacir! Mas se não fosse o cinema eu não ia poder comentar o resto do artigo. Conheci Vírginia Woolf enquanto ela escrevia o livro Senhora Dalloway no deprimente filme As Horas. Nicole Kidman ganhou o Oscar de melhor atriz pelo papel. Gostei mil vezes mais de Brilho de Uma Paixão, o lindo filme sobre o amor impossível de John Keats e Fanny. Chorei rios de lágrimas e comi quilos de pipoca tocada pela beleza de um sentimento sincero mas não consumado por causa da pobreza e da doença do rapaz.
ResponderExcluirMônica,
ExcluirEu não assisti "As Horas" mas bem me lembro de Brilho de uma Paixão que fez um tremendo sucesso entre minhas filhas e sobrinhas e amigas então adolescentes (rsrs) Pudera! O lamento da Fanny ao tomar conhecimento da morte de Keats é mesmo de cortar corações de pedra. Concordo que o desempenho dos atores é impecável mas penso que nesse enredo as protagonistas são a poesia e as cartas trocadas por Keats e Fanny. As da moça se perderam no tempo mas as do poeta para ela, os irmãos, amigos e companheiros de letras, continuam a ser estudadas academicamente como parte essencial da obra dele e porque são Teoria da Literatura na veia.
Na minha visão o filme Bright Star não é tanto uma biografia convencional quanto uma reflexão poética e sensorial sobre o amor romântico. Nele a gente enxerga Keats pelo olhar da mulher que viria a ser imortalizada pelas suas pretinhas e pelas reações dela diante do processo criativo do rapaz. Gosto especialmente da cena em que ele tenta explicar à realista garota - que queria ler o que ele rabiscava para descobrir se era "um idiota ou não" (rsrs) - o que é a poesia. Logo a mente brilhante por trás dos versos cativa a mocinha dizendo-lhe que um poema precisa ser compreendido através dos sentidos como “um mergulho nas águas de um lago”. Mais importante do que atravessá-lo e chegar do outro lado é se estar nele experimentando a deliciosa sensação de ser envolvido pela água fresca. Se visto assim, do ponto de vista sensorial e conforme o manual de instruções do próprio poeta, o filme é um belíssimo convite para que o prezado público se deleite com os sons do silêncio entre as falas das conversas - do canto dos pássaros, do farfalhar das roupas ou de passos em uma estrada rural - com a beleza pura das suas imagens que mais parecem pinturas vivas - os cenários naturais, a luz solar, as borboletas, os campos em flor, as brisas e cortinas esvoaçantes, a iluminação tipo Vermeer nos ambientes internos, as páginas dos cadernos, as caligrafias antigas.
https://www.youtube.com/watch?v=E380zZ-cRQE
Tudo é liricamente dirigido para articular um discurso visual poderoso e o maior dos méritos do filme é justamente combinar sua beleza visual com a beleza verbal do poeta. Mas a figura chave é mesmo a Fanny ao dizer ao apaixonado namorado que "o começo de seu poema tem algo muito perfeito". Ela tinha razão quanto à abertura do poema Endymion pois, com certeza, “o que é belo há de ser eternamente uma alegria ”. Mas essa já é outra conversa (rsrs)
“Obrigado!” e abração.
Moacir,
ResponderExcluirAdorei as leituras de Helene, as suas belas fotos e o poema de John Keats lindamente traduzido pelo Sr. Wilson. Parabéns! Mas não simpatizo nem um pouco com a Sra Dalloway que termina fazendo uma apologia do suicídio. Em vez de considerar o personagem Septimus como o pobre doente mental que era, ela fala dele quase como de um herói, alguém racional que escolhe se matar para escapar do tratamento e preservar sua liberdade. Não penso que o ato suicida seja nobre nem corajoso mas profundamente egoísta pois é sempre devastador para familiares e amigos. Posso ter entendido tudo errado mas achei a história triste demais. Sem sentido e sem fé.
Um abraço para você
Flávia,
ExcluirPara começo de conversa só um poeta consegue traduzir a poesia alheia e é por isso que o Sr. Editor se sai tão bem nessa empreitada (rsrs) Em segundo lugar fui leitor da Senhora Dalloway - e não o juiz moral de seus personagens. Personagens para mim são bons se são críveis e maus se não são humanos (rsrs) A sua leitura do romance e sobre o suicídio não foram “erradas” mas talvez precisem de um poucachinho a mais de contextualização.
Creio que são "tristes" não apenas as narrativas dessa escritora mas as de todos os autores da chamada “geração perdida” entre as duas guerras mundiais. A tristeza era o humor daqueles tempos trágicos, dos homens e mulheres contaminados pelos cinismo, desânimo, desapontamento e desencanto sem alívio, dos corpos, almas e mentes traumatizados pela violência e consequências dos conflitos. Então, concordando com você, o romance é mesmo uma foto histórica escura e possui sim um estado de espírito de perdição - “sem fé”, como você define - um tom de desespero pelos anos e os sonhos perdidos, a juventude desperdiçada, a saudade dos amores e amigos mortos, a angústia existencial, a degradação nos contextos pessoais e sociais de um mundo enlouquecido.
Não é de estranhar pois que encontremos Septimus no enredo, um ex-soldado psicologicamente mutilado e emocionalmente destruído nas trincheiras, que não podia escapar das ressonâncias do passado e carecia da sua fé e da capacidade de reinventar-se. Como ele a própria Senhora Dalloway era uma outra vítima do seu tempo que se atordoava com futilidades, que tentava disfarçar o silêncio de sua vida com o barulho de suas festas, obcecada que era pelo mistério da morte inevitável. Na cabeça da protagonista o suicídio de Septimus transformou a apavorante Velha Senhora em um ato como outro qualquer, tão passível de ser planejado quanto uma de suas festas. E foi essa percepção de que ele desfizera o temido enigma do futuro, escolhendo quando, onde e como despedir-se, que serviu-lhe de consolo: "Não mais temas as raivas do inverno furioso".
Entendo que embora Clarissa Dalloway seja a personagem central desse romance, Septimus é o verdadeiro alter ego da escritora, sem o qual o significado pleno do livro não pode ser abstraído. De fato o suicídio unifica os capítulos da narrativa e o conjunto da obra. Dezesseis anos após a publicação do livro, aos 59 anos, temendo a sua própria e crescente doença mental e convicta de estar perdendo sua arte porque não mais conseguia se concentrar para ler e escrever , Virginia Woolf em vez de pular de uma janela encheu os bolsos do casaco com pedras pesadas e entrou no rio Ouse para nunca mais voltar.
Outro abraço para você
Well, esta sua combinação de texto e fotos realmente funciona, rs. Já tentei ler Virgínia Woolf mas me senti como Helene decifrando os livros do professor Q mas sem nem um pingo da paciência da americana. Como não li não tenho como saber se a Senhora Dalloway é cubista mas desconfio que a escritora fosse no mínimo bipolar, um diagnóstico que me leva a considerar seriamente o parentesco entre a criatividade e a insanidade, rs. Não tinha ideia de que Keats estudou para boticário nem que faleceu e foi sepultado em Roma e gostei de saber que era mais poeta do que eu pensava.
ResponderExcluirMárcio,
ExcluirConcordo que a narrativa modernista apelidada de “fluxo de consciência” é de difícil leitura pois mistura percepções, impressões, pensamentos engatilhados por estímulos sensoriais externos, bytes de memória e fragmentos de pensamentos aleatórios e desconectados. Por outro lado, essa transcrição – e como transcrevia bem a Senhora Woolf! - consegue significar melhor do que os monólogos interiores , por exemplo, os processos mentais dos personagem, nessa zona nebulosa entre o consciente e o inconsciente, a realidade e o desejo, o passado e o presente.
Portanto não se deixe desanimar diante da técnica que a Vírginia utilizava quando não estava no modo hipomania (rsrs) Comece lendo os contos, entre os quais destaco "Um Romance Não Escrito", no qual uma narradora enquanto viaja de trem de Londres para a costa sul da Inglaterra, passa a inventar uma vida inteira para a desconhecida sentada à sua beira, o que nos permite acompanhar o seu processo criativo. Fantástico! Depois leia a Sra Dalloway porque as impressões que ela nos oferece e/ou recebe, as lembranças e/ou deduções que a animam e/ou paralisam, capturam uma era, o ponto de vista de uma classe, a força e a fraqueza de um império e de toda uma civilização.
Quanto ao John Keats ele era a coisa real e foi o último dos grandes poetas românticos, do grupo que também inclui Wordsworth, Byron, Shelley e Coleridge. Existe um pequeno e modesto museu em Roma que homenageia Keats e Shelley e abriga uma das maiores coleções do mundo de memorabilia, cartas e manuscritos relacionados aos dois poetas. Ele está localizado no segundo andar de um prédio que mora na Piazza di Spagna , na esquina da badalada Via Condotti, à esquerda de quem desce a Escadaria de Trinità dei Monti. Quando visito aquelas paragens essa é uma escala obrigatória até porque sempre tem um vendedor de castanhas assadas no pedaço(rsrs) Obrigado por participar.
Pimentel,
ResponderExcluirOs seus artigos são encorpados mas descem redondos devido ao texto muito bem escrito, às ótimas fotos e também os saborosos detalhes como os ônibus e as cabines telefônicas, o fato do Big Ben ser um sino, de um sujeito chamado Ben Johnson ter sido enterrado em pé etc. Neste tour de Westminster à la Vírginia Woolf e no passeio através dos poemas de John Keats você dá uma aula sobre a arte de escrever e não estou só me referindo à obra do guru de Helene Hanff.
Sampaio,
ExcluirO seu comentário é tão simpático, mas tão simpático que – acredite se quiser! – me deixou sem palavras (rsrs) Mas pelamordedeus! sem essa de dar “aula”. Desde pirralho que o meu lema é, pela ordem : ler, estudar, pensar, escrever. Confesso que às vezes me questiono se rascunhar vale a pena mas como sou meio viciado vou em frente na tentativa de conversar sobre as coisas que aprecio com bons leitores e pacientes amigos. Muitíssimo obrigado e um grande abraço.
Olá Moacir,
ResponderExcluirAdorei de novo!
Com toda razão, "você é o cara"! Porque se a Helene nos mostrou a trilha você anda desvendando os caminhos. E que caminhos! De livros em cada esquina, de história em cada tijolo. E cemitério com dor de anjo. Maravilhei-me com ele.
A descrição dos filmes, gostei muito de As Horas, gosto do ator com seus olhos tristes e suas unhas arrebitadas, do sentimento diante de uma prateleira de livros que na procura te permite dizer" é isso que eu preciso". E aí a gente leva " o Milton ou quem for para casa " ou para a cama. Ou para a poltrona como o gato feliz. Na sua escrita rica mas boa de ler você fala de livros não lidos guardados para depois, na calmaria.Nada é mais reconfortante do que a certeza de um livro para se dar de presente, ou ganhar, ter na bolsa para a emergência de uma espera, sobre o criado mudo ou embaixo da carteira.
Também não imagino uma vida sem livros. É estranho uma casa sem eles ou quando são apenas decorativos como foto de decorador.
"Quem bem lê, bem escreve". Li dia desses em um lugar qualquer que "una mujer que lee es peligrosa, pero una mujer que escribe es una bomba atomica" . (Joseph Kapone, nem sei quem é).
E assim Helene se construiu, folha por folha, capas macias ao tato acariciante, o cheiro do papel e da tinta, e as notações roubadas.
Muito bom tudo isso .Ainda bem que tem mais. É gostoso esperar , como um livro guardado na certeza de ler.
Então,
Até sempre mais.
Procure, se ainda não tiver lido, um livro da Virginia Woolf sobre um cachorro pensante. As ilustrações são lindas. Não me lembro do nome porque dei o meu de presente.
Caríssima Donana,
ExcluirO problema é que ler é tão “gostoso” que por mais livros que eu tenha à minha espera, eles nunca me parecem o bastante (rsrs) Dia desses li em A Sombra do Vento, da lavra do Carlos Ruiz Zafón, o seguinte: "Livros são espelhos: você só vê neles o que você já tem dentro de si." Será? Prefiro pensar que os livros nos ajudam a descobrir quem somos e que nos conectam com tudo e todos ao nos revelar que as coisas que mais nos atormentam e/ou deliciam são universais.
Sucede que enquanto lia esse thriller que descreve a amizade de um moleque com os livros, eu ia lembrando do pequeno leitor que fui um dia, da necessidade imperiosa que tinha de continuar virando as páginas para saber o que ia acontecer a seguir, como tudo acabaria. E então rolou um byte de memória que me fez rir alto: me vi com praí seis/sete anos mergulhado na saga de uma família atravessando o oeste americano em uma fascinante carroça/casa - como eu queria uma carroça daquela para chamar de minha! - acampando ao entardecer, o pai caçando o jantar e a senhora fritando na gordura de toucinho bolinhos de milho - @#$%&@! - que me faziam salivar! Então fui até a cozinha e disse às mulheres da minha vida que. por favor, queria os bolinhos do livro. A dona do fogão me perguntou: “No livro tem a receita?” E quando eu respondi que não, retrucou: “Então você vai continuar querendo. Tá pensando que sou divinha?” (rsrs)
As perguntas são: será eu já tinha a vontade de viajar dentro de mim ou ela me foi sugerida pelas pretinhas? Os livros são fugas ou são motivadores das nossas ações na real? Bem, o Tolkien jurava de pés juntos que as únicas criaturas que não apreciam uma boa fuga são os carcereiros (rsrs) Para mim a leitura não é escapismo mas um bilhete de ida e volta - com um mega desconto! - para todos os lugares. Dos bons livros saio exausto das muitas vidas vividas neles e volto para a prisão feliz da vida com mais juízo e conhecimento do mundo e de mim.
E a moral do meu bobóide depoimento é que a real não deveria ser mais importante que o recreio. Nessa era obcecada pelos selfies, as crianças precisam perceber o quanto a leitura pode ser prazerosa. Temos obrigação de ler em voz alta para nossos netos as coisas que eles gostam, imitando as vozes, inventando os gestos, representando o texto. A escola também deveria transportar a garotada para um lugar diferente diariamente e estimulá-los a desfocar as linhas entre uma realidade confinada e uma imaginação ilimitada onde até os cachorros pensam (rsrs) Não li a biografia do Flush mas vou tomar as providências.
“Até sempre mais"
Pimentel,
ResponderExcluirNão vi este filme que te reportas em vários artigos, inclusive neste, em tela.
Minha mente, limitada e dotada de luzes fracas e bruxuleantes, jamais terá os teus conhecimentos culturais, que te proporcionam um espírito altamente imaginativo, ilustrativo e romântico.
Logo, deixei de lado este filme, apesar dos excelentes atores, considerando que meus pensamentos não se afastam muito do solo onde piso, uma vez que não consigo me erguer mais do que um pulo de alguns centímetros, que não é pelo peso!!
Dito isso, quanto mais leio as tuas obras referentes às cartas trocadas entre um casal separado por um oceano e, nesta atual, desconsidero a película, para me ater aos detalhes que relatas de Londres e seus pontos turísticos, pois se trata de outra cidade que jamais conhecerei.
E, também nesses casos, teus detalhes a respeito das cidades que visitas uma ou várias vezes são memoráveis, imperdíveis, a ponto que os guardo em arquivo especial, repito.
Portanto, sem maiores delongas, reitero os mesmos elogios de sempre quanto ao teu trabalho em compartilhares conosco tuas experiências de globetrotter, e aplaudo teu dom de excelente relator mais uma vez.
Abraço.
Saúde.
Prezado Bendl,
ExcluirVamos combinar? É melhor pular o filme, o meu espírito e a sua mente. Quanto aos seus pensamentos verticalmente prejudicados, à baixa altitude da sua imaginação e à falta de potência do seu romantismo confesso - aqui entre nós e baixinho - que ontem lendo o amigo literalmente fabulando alhures cheguei à conclusão de que variam de acordo com o seu humor, a geografia e o interlocutor: " Renato prega que devemos ser galinhas, no entanto, somos águias!" (rsrs) Prefiro disparado lê-lo no modo "voador".
Porque nós viemos do reino animal com uma mente emergente vocacionada a jamais se dar por satisfeita com o que somos e/ou temos. Experimentar o desconhecido, espichar horizontes, modificar a paisagem circundante, nos adaptar a ambientes inóspitos, inventar soluções, superar limites e desafios são hábitos gravados no nosso DNA. Aliás...Você já parou para imaginar quando pela primeira vez sobre a Terra um bicho homem desejou VOAR? Nós sempre invejamos as asas dos pássaros e não me deixam mentir os mitos, as lendas, as telas, as capas do Batman e do Superman pairando sobre a cultura pop e o Birdman ganhando um Oscar de melhor filme (rsrs) Objetivamente, no século IX, o célebre inventor andaluz Abbas ibn Firnas cometeu um par de asas de madeira e seda, prendeu-as às costas, pulou de um penhasco e escapou por pouco do triste destino do seu mítico colega grego Ícaro. Há quinhentos anos Leonardo da Vinci esboçou dezenas de máquinas voadoras aladas, em 1783 o primeiro balão dirigível de ar quente criado pelos irmãos Montgolfier cruzou os céus de Paris, um século atrás os irmãos Wright e Dumont decolaram e hoje nos preparamos para colonizar as estrelas.
Folgo em saber que concordamos que NÃO é da natureza humana permanecer no solo ciscando e deixar que só os pássaros sejam pássaros no céu. Tudo sempre foi, é e será o que somos. Por isso que o que existe hoje à nossa volta um dia já foi imaginação e o que imaginamos hoje um dia poderá ser realidade.
Obrigado pelos elogios exagerados, saúde e outro abraço
1) Salve Pimentelji, este é o segundo comentário que tento postar hoje, incrível como esta máquina me vence, facilmente.
ResponderExcluir2) Eu falava do diálogo entre os cinéfilos e literários que o seu belo artigo proporciona. Interfaces da Arte que todos admiramos.
3)Vamos torcer para que o sistema me aceite e bom fim de semana de Corpus Christi a todos (as).
Antonioji,
ExcluirEu não sou nenhum perito nas coisas digitais e decerto que, como dizem lá no Nordeste “ se conselho fosse bom se vendia” mas o fato é só me acertei com os comentários quando passei a acessar o blog pelo navegador Google Chrome. Mas, por favor, jamais se perca no caminho do meio até aqui e jamais desista de participar dessa mesa de bar virtual onde amantes das letras e das artes tanto divergem do fluxo constante de chatices, narrativas malucas, achismos, pensamentos únicos, desinformação, ofensas e outros que tais que transformam a comunicação online em uma agenda a ser penosamente cumprida.
Nossas Conversas serenas sobre infância e velhice, passado e futuro, vida e morte, haikais, orações-bandeiras, meditações, parábolas, fábulas, filosofias, santos e sábios, livros, poemas, telas, aquarelas, esculturas, cerâmicas, música, filmes, maritacas, carnavais e, é claro, viagens, são como "luzes tremeluzentes", copos d’água fresca no deserto, antídotos contra a desesperança. São como aquelas "flashmobs" no YouTube : galeras que de repente são formadas por homens e mulheres, crianças, jovens e “velhinhos em formação” reunidos para fazer e curtir artes. Nelas rolam “interfaces” importantes: o encantamento nas carinhas das crianças donas do futuro pela grande música cometida no passado, o som diverso de cada instrumento mandando o seu recado individual e o resultado coletivo : uma ode á alegria a nos lembrar de que talvez a arte também sirva para nos mostrar o que podemos ser.
https://www.youtube.com/watch?v=kbJcQYVtZMo
Namastê!