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Moacir Pimentel
É triste, mas verdadeiro, que a realidade raramente alcança as nossas
expectativas e imaginações poderosas. Uma das personagens na short story de nome Colinas como Elefantes Brancos, do escritor americano Ernest Hemingway, expressa essa desilusão quando diz que...
“Tudo tem gosto de alcaçuz”
Pois é. No entanto há pessoas e cidades que nos provam que para toda
regra há exceção. Tudo bem que a Ponte de Londres é mais bela à distância, mas com
certeza a cidade não decepcionou Helene Hanff, a amante “dos dias antigos”.
No livro A Duquesa de Bloomsbury, que é uma espécie
de continuação do best seller 84,
Charing Cross Road, ela faz um relato detalhado da primeira visita que fez a
Londres. Trata-se de um diário de bordo, do registro de uma Inglaterra vista
através dos olhos excitados de uma mulher que sonhara com essa viagem toda a
sua vida.
“O BOAC levantou do aeroporto
Kennedy prontamente às 10 da manhã, o céu estava azul e ensolarado e depois de
uma vida de espera eu estava finalmente a caminho de Londres. Quando eu estava
completamente relaxada, a voz na minha cabeça perguntou o que eu faria se algo
acontecesse e ninguém fosse me encontrar no aeoporto. Para prevenir o pânico,
tirei as cartas da minha bolsa e as li.”
Confortada pelas muitas cartas que recebera não
apenas de sua editora, mas também de seus fãs ingleses, Helene foi surpreendida,
no desembarque, pela presença de um homem ansioso por conhecê-la: o Coronel, um
admirador ardoroso de seu livro que trabalhava no aeroporto e que a conduziu
garbosamente através da alfândega e dos protocolos com a bagagem até os abraços
de Nora e Sheila Doel, as viúva e filha de Frank, que estavam no aeroporto
liderando uma comitiva de amigos e leitores à espera dela.
“Teoricamente, foi um dos dias
mais felizes da minha vida”...
É assim que Helene Hanff inicia o relato de seus
dias londrinos em uma narrativa que, embora não tenha o charme de 84
Charing Cross Road, é um presente inteligente para quem já realizou uma viagem com a qual
sonhou por muito tempo.
Tendo sido uma ilustre desconhecida durante toda a
sua vida, ela se divertiu com o interesse que provocava. Por um breve período
de tempo, a moça foi sequestrada, paparicada, entrevistada, fotografada, tratada
como famosa, levada para cima e para baixo, jantada e brindada e presenteada. A
gente sente falta das contribuições discretas de Frank Doel, que faziam um
contraponto ao estilo exuberante da escrita de Helene. No entanto, nas páginas
da Duquesa de Bloomsbury encontramos humor, sensibilidade, conexões humanas,
pessoas reais.
É como cruzar a linha que separa e liga a ficção e
a realidade, o chão e a maravilha, experimentando o sabor da ansiedade da escritora, o ritmo do seu encantamento e o frisson
da aventura literária finalmente realizada, entre risos na maior parte do enredo mas entre
copiosas lágrimas quando Helene e Nora Doel finalmente conversam. E como essas
duas conversaram!
Uma das subtramas
mais interessantes do livro é a narrativa feita pela viúva de Frank sobre um
casal de quem ela e o marido haviam sido mui amigos: Peter e Helen Kroger, os donos
de uma pequena livraria de livros de segunda mão, perto da igreja de St
Clément Danes. Nora Doel descreve em detalhes uma festinha de Ano Novo na qual a
tal Helen aparecera muito exótica, de preto, salto alto, piteira, enfim,
vestida para matar.
“Helen, você parece uma espiã
russa!” elogiara Nora.
Alguns meses depois, Nora e Frank ficaram chocados
ao ler em um jornal que os prezados Kroger eram sim agentes duplos soviéticos e
que haviam sido presos na charmosa livraria deles que, na verdade, apenas lhes
servia de disfarce.
Em Londres Helene escutou boas estórias, teve
grandes conversas, fez novos amigos, se encontrou com velhos amigos do Texas
que estavam visitando a cidade, almoçou no Claridge's, foi ao teatro e lá foi
apresentada a Joyce Grenfell, uma atriz que muito admirava. Ela também se
encontrou com Leo Marks, o filho de um dos antigos donos da livraria Marks
& Co, e com a sua esposa Ena, uma pintora retratista que acabou convencendo-a
a posar, algo que deixou a escritora muito nervosa porque odiava ser retratada
de qualquer forma.
Mas no novo livro o seu desejo de saborear a vida é
evidente , como é inteligente e engraçada a leitura que faz da paisagem
circundante embora muito do tempo que passou na cidade tenha sido roubado do
turismo literário que sempre almejou fazer, arrebatada que foi por um
redemoinho de chás e compras na Harrods descritos com idiomatismos, muito bem
traduzidos pelo Sr. Editor, obrigado!
“Ninguém aqui na Inglaterra
diz “seis e trinta” ou “sete e trinta”, eles dizem “seizemeia” ou “setimeia”. E
“por dentro” aqui é “na moda” e “desistir” é “catar nossas coisas” e “deixa prá
lá” é “não esquenta!”... E como Shaw disse uma vez, somos dois países divididos
por uma mesma língua. Agora vou dormir porque é “meianoitumquarto”(rsrs)
Mas a brilhante escritora percebeu que, é claro,
havia mais em Londres do que o esnobismo e o “cheiro de dinheiro” e “o
silêncio sagrado dos privilégios”. Ela
a descreve com tintas não exatamente rosadas, mas com observações hilárias,
reflexões agudas sobre a vida e as maneiras britânicas, fazendo um retrato
divertido de dois mundos diferentes colidindo, nos apontando o dedo para uma
Grã-Bretanha bizarra, mas no seu melhor:
“Eu acho o tratamento da
realeza distintamente peculiar. A família real vive em palácios fortemente
protegidos dos olhos curiosos por cercas, gramados, portões, guardas, todos e
tudo planejados para garantir a privacidade absoluta da família. E, no entanto,
todos os jornais em Londres hoje tiveram manchetes anunciando que a Pincesa
Anne teve seus cistos DE OVÁRIO REMOVIDOS. Quer dizer, você é uma jovem mulher
criada em reclusão, fortemente guardada, e todo bebedor de cerveja em cada pub
inglês conhece o estado de seus ovários?” (rsrs)
Durante séculos, a história britânica girou em
torno dos reis e rainhas de plantão. Atualmente, o poder está em outro lugar,
mas ainda há uma presença real muito forte em toda a cidade. O fato é que, se é
difícil entender o amor do povo britânico pela monarquia, também o é caminhar
indiferente pelo Mall até o Palácio de Buckingham, a residência oficial da atual
rainha, onde uma mais antiga moradora ainda marca território e reivindica a sua
antiga casa: lá se encontra sentada régia e impassível a Rainha Vitória, com
uma valente exibição de nudez acontecendo à sua volta: anjas de asas e mamas à
mostra e muitos roliços figurantes querubins.
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O fato é que a gente estranha tantas “peladecas” no
monumento pois a era vitoriana é sinônimo de prudência e pudor e
conservadorismo. Não é à toa que a frase mais lembrada da Vitória é “We are not amused” - “Nós não achamos graça” - embora as
circunstâncias exatas de seu enunciado sejam uma questão controversa e não se
saiba se realmente a senhora disse isso ao ouvir alguém contando uma piada e/ou
uma história picante. Com base em um grande número de filmes parece possível
que Vitória tenha dito a frase, mas não se pode acreditar nos atores do cinema
e das séries de televisão (rsrs)
Foi durante o seu longo reinado que o Reino Unido
alcançou o ápice de seu poder e permitiu que seus súditos se vangloriassem de
que “o sol nunca se punha no Império
Britânico”. Ironicamente, as coisas poderiam ter sido diferentes se o
consorte alemão de Vitória, o príncipe Alberto, tivesse feito as coisas do
jeito dele.
Alberto, sendo politicamente muito liberal,
abominava a idéia da construção do tal império da esposa. Mas ele morreu jovem,
e Vitória passou os próximos quarenta anos cultivando sua lembrança, mantendo
suas roupas e outros objetos pessoais intocados, construindo monumentos para
ele pelo mundo afora e ao mesmo tempo encorajando os militaristas e os
aventureiros a expandir o seu querido império. O resultado de tudo isso foi que
o inglês, o idioma que Helene tanto amava, se tornou a língua dominante no
planeta e Londres se transformou no centro rico e poderoso do vasto mundo.
Só que Helene permaneceu nas paragens britânicas
quase um mês, visitando todos os lugares sobre os quais ela já havia lido,
passeando pelas ruas sozinha, apreciando as vistas e sons da Inglaterra. Quando
chegou a hora de voltar para casa, ela já entendera que, apesar de sua grandeza
e ecos do esplendor imperial, Londres continuava a ser uma cidade
esplendidamente íntima, com parques e becos traseiros estreitos e pátios escondidos,
mercados de rua coloridos e bares aconchegantes, canais e igrejinhas paroquiais
e jardins e bancos onde se pode sentar e relaxar nos intervalos das caminhadas.
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Conversa vai, conversa vem, Helene conseguiu fazer
a sua expedição literária e histórica pela terra natal de alguns dos mais
amados escritores. Talvez seja isso que os visitantes da cidade procuram no
Museu Britânico ou visitando os castelos das redondezas: o passado no presente circundante.
Com certeza ela foi para a “night” e/ou “para a balada”, como diz a juventude, e bebeu onde beberam os
grandes escritores, pois fez a ronda de todos os pubs literários ensinando aos barmen britânicos como fazer um verdadeiro martini americano
(rsrs) Ela não perderia a farra e muito menos aquela atmosfera boêmia que ficou
retida em muitos dos livros, peças e poemas do seu afeto. Aliás, o filme bem
que poderia ter sido temperado com um bom pub ou taberna da gema, quem sabe a
galera da na livraria se reunindo para uns copos depois do expediente?
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Porque artistas e escritores e álcool quase sempre
foram sinônimos. Os impressionistas em Paris tiveram seu Café Guerbois,
enquanto os expressionistas abstratos da década de 1940 se reuniam em Londres
na Taverna da Cedar Street. E como pular uma cerveja no Wheatsheaf regando o
seu lendário “fish and chips” – os deliciosos peixe e batatas fritos – devorados
por todas as tribos?
Já a Taverna Fitzroy não mudou muito numa esquina
da Charlotte Street desde os seus primórdios, em 1887, quando Charles Dickens era
freguês. Durante a década de 1920 a multidão artística de Londres adotou o
lugar e no Bar dos Escritores e Artistas há as fotos de alguns monstros
sagrados literários da Inglaterra bebendo e confirmando a lenda: Virginia Woolf, George Bernard
Shaw, Arthur Rimbaud , Richard Attenborough, George Orwell e Dylan Thomas.
A Fitzroy, inclusive, emprestou seu nome à região
onde mora - Fitzrovia! - uma espécie de quartel general dos artistas com uma
reputação histórica de enclave boêmio. Mas a taverna tornou-se famosa em grande
parte como resultado do charme de uma freguesa fiel: Nina Hamnett, uma
escritora do País de Gales.
Nina era muitíssimo linda, muito doida e, com a
quantidade certa de álcool, dizem que era simplesmente hilária. Ora ela bebia
em Londres ora em Paris, onde, quando não estava dançando nua sobre as mesas
dos cafés ou na cama dos rapazes, foi esculpida por Henri Gaudier-Brzeska e
pintada por Pablo Picasso e Amadeo Modigliani.
Amedeo Modigliani - Retrato de Nina Hamnett (1914) |
Tempos depois, em Londres, Nina tornou-se amiga de
George Bernard Shaw, Dylan Thomas, Augustus John, George Orwell, Ezra Pound,
Virginia Woolf e do notório ocultista, Aleister Crowley, os quais – dizem as
más línguas - foram todos seus amantes. Nina os atraiu para a taverna e juntos
fizeram da Fitzroy o lar da turma das artes e letras londrinas. Nem mesmo a
blitz de Londres e o barulho das bombas foram capazes de acalmar seus fãs.
A moça ganhou o apelido de “Rainha do Fitzroy” e escreveu dois livros detalhando seu estilo de
vida escandaloso em torno das mesas do lugar. Porém o final do caso de amor de
Nina e a Taverna era previsível: ela se tornou alcoólatra e se despediu, em
1956, depois de cair de sua janela, não se sabe se acidentalmente por estar
embriagada ou se em um salto suicida.
Helene Hanff não foi, mas devia ter ido, ali perto
da Charing Cross Road, na Dean Street, tomar umas e outras na Casa Francesa,
que para quem gosta de conversar gritando é o paraíso (rsrs) A taverna, que já
foi outro local preferido de uma multidão de artistas sem noção, tem esse nome
francófilo porque - diz Dona Lenda! – foi em uma das suas mesas que Charles de
Gaulle, então no exílio, escreveu o seu famoso discurso conclamando o povo
francês à Resistência aos nazistas.
Mas o boteco é considerado literário porque era o
preferido do escritor Dylan Thomas. Foi lá que o poeta galês, em um dos seus
porres homéricos, além de pagar a conta esqueceu também o único manuscrito da
peça que hoje é considerada sua obra-prima, Sob o Bosque de Leite – livre
tradução para Under Milk Wood. Felizmente,
a peça ainda estava lá, intocada, quando ele voltou sóbrio e desesperado no dia
seguinte.
E se você me perguntar “Quéisso?”, como o meu neto,
a resposta honesta é que ainda estou tentando traduzir o roteiro (rsrs) Mas
muito aprecio um dos poemas do Dylan:
E a ti, meu pai, te imploro agora, lá na cúpula
obscura,
Que me abençoes e maldigas com a tua lágrima bravia.
Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.
Que me abençoes e maldigas com a tua lágrima bravia.
Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.
Tais versos foram eternizados
no Youtube pela voz de Anthony Hopkins que, aliás, no filme 84, Charing Cross
Road dá vida a Frank Doel, o alfarrabista dos sonhos da Helene.
Ela chamou o seu diário de bordo de A Duquesa de Bloomsbury por causa do bairro londrino como esse nome onde
ela muito curtiu a atmosfera
descontraída dos jardins da sua aprazível praça que já foi outro ponto de
encontro para os escritores, artistas e intelectuais do “Grupo de Bloomsbury”, nos idos anos vinte e trinta do século
passado.
O Museu Britânico fica próximo e nas redondezas se
encontram as antigas moradas de Virginia Woolf, John Maynard Keynes, E.M.
Forster e, cem anos antes, as de Percy Bysshe e Mary Shelley, W.B. Yeats, Charles
Dickens e Bram Stoker. O poeta T.S. Eliot também trabalhou nas imediações da
praça onde hoje se fazem companhia Virginia Woolf e o grande Ghandi em bronze!
Helene também visitou os parques reais, o Castelo de Windsor e, é claro, Eton e Oxford na companhia do prestimoso Coronel. Lá
constatou o quanto a atmosfera era diferente da londrina, mas não fez comentários sobre os
edifícios centenários. Não acredito que tenha
dado bola para a arquitetura nativa...
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Porém a moça quase que se ajoelhou diante do prédio da Wadham, a faculdade fundada por Dorothy Wadham cujos
estatutos originais, contraditoriamente, proibiam a entrada de mulheres no seus
prédios com exceção das lavadeiras que deveriam ter “idade, condição e reputação acima de suspeitas” (rsrs) Wadham foi uma das primeiras faculdades
no mundo a admitir alunas mulheres e a defender-lhes os direitos e mais tarde,
por sua atitude descontraída em relação à homossexualidade, terminou sendo
apelidada de Sodoma (rsrs)
Passeando pela capital, os marinheiros de primeira
viagem estranham o imenso número de placas azuis nas paredes externas dos
prédios indicando que grandes figuras da História – e não só da Literatura! -
viveram e trabalharam ali. As vezes a gente até pensa que as tais placas
enlouqueceram, ao nos deparar com alguns vizinhos incompatíveis como é o caso
de Handel e de Jimi Hendrix na Brook Street (rsrs)
Casas onde moraram Jimi Hendrix (esquerda) e Georg Friedrich Händel (direita) - imagem Wikipedia |
Mas aquelas manchas azuis nos provam que Londres
capturou a imaginação de autores e artistas e músicos e pintores durante
séculos e que suas ruas, estações, praças, parques, pubs e monumentos foram
preservados nas páginas de alguns dos mais preciosos romances e peças da
humanidade.
Dia desses o Francisco Bendl nos descreveu o que
seria “viajar
plenamente”. Segundo ele é “aproveitar
o tempo para perscrutar o desconhecido por mais vezes que aquele local já tenha
sido visitado, para encontrar as minúcias, as particularidades”.
É isso mesmo: os lugares assim como as pessoas, nunca são os mesmos, nós
é que acreditamos que sejam. É preciso olhar bem para as coisas para perceber
as novidades e, nesses posts, estou tentando olhar para Londres com os olhos de
Helene Hannf que, continuará escrevendo com o coração na ponta dos dedos mais cartas de amor à Inglaterra
nos próximos passeios.
Se decepciona quem tem mania de idealizar as pessoas e as coisas, Moacir. Mas nem você e nem Helene descrevem Londres como se fosse um pacote embrulhado com papel cor de rosa e laço de fita dourado. Falam da cidade de um jeito realista e engraçado. Amei as histórias dos escritores pela 'night' e dos Bobs Esponjas conversando sobre os ovários da princesa kkk Obrigada por este passeio pelos ‘becos traseiros’ da capital inglesa à ‘meianoitumquarto’!
ResponderExcluirMônica,
ExcluirAcontece que eu tenho uma queda por coisas estranhas como becos, arcos, pátios desconhecidos e bancos traseiros para sossegar os pés cansados (rsrs) Desconfio que os pobres dos turistas limitados aos cartões postais terminam perdendo o melhor da festa. E não só em Londres.
Veja o Rio, por exemplo, que têm tantas maravilhas além daquelas para as quais os bondinhos levam. Duvido que muitos estrangeiros tenham feito as trilhas do Parque da Catacumba, visitado o Parque Laje e o Jardim Botânico, ido ao Centro para conferir o Real Gabinete Português de Leitura, o Mosteiro de São Bento, o raríssimo Cristo com três pares de asas da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência e /ou curtido a Prainha e a Praia do Secreto. Então...
Quanto mais eu envelheço mais percebo que viajar é um estado de espírito, que a sensação boa de sair da zona de conforto, de saciar a curiosidade, de ir além, de estar em um lugar diferente conhecendo outras paisagens físicas e mentais pode estar em um livro, na cidadezinha vizinha, em um país do extremo Oriente, em Londres ou bem à nossa porta.
“Obrigado!” e abração
Moacir,
ResponderExcluirNos seus lindos artigos as cidades jamais têm gosto de alcaçuz. Acho que para a maioria das pessoas viajar é um sonho longamente planejado, muito caro e pago em prestações. Por isso as expectativas são tão altas e a tolerância é zero quando algo dá errado. Adorei reencontrar Helene em Londres e fazer esse tour histórico pelos bares. Mas penso que por mais que você se esforce para ver Londres com os olhos dela termina nos brindando com a sua própria visão da cidade. Sorte nossa porque vamos descobrindo duas Londres muito interessantes.
Um abraço para você
Flávia,
ExcluirEu bem sei o quanto é delicado e complicado lidar com os sonhos alheios. Também percebo que longe de suas geografias cotidianas muita gente boa se sente insegura e reage de forma exagerada aos imprevistos. Mas acredito que um atraso no voo, a falta de geleia de laranja no café da manhã e/ou uma cara feia não são razões para estresse. Entender que os contratempos fazem parte da estrada é básico. Sinceramente? A única coisa que me falta quando viajo é ....tempo! E perdê-lo e/ou ao bom humor por detalhes pequenos é maluquice ou pelo menos masoquismo: é transformar o sonho em pesadelo.
Mas, por favor, volte a Londres. As impressões da Helene somadas às minhas não são o bastante : mergulhe no oceano das suas próprias perspectivas e experiências.
Outro abraço para você
Prezado Pimentel,
ResponderExcluirFaltou o meu comentário no teu artigo anterior (não que fosse importante para enaltecer esta tua obra importante e magnífica sobre a capital dos ingleses).
Expliquei ontem para o Mano esta minha falha involuntária, enviando-lhe uma croniqueta sobre o meu périplo nas duas últimas semanas para eu me mudar para outra cidade.
Deixei de postar meus reconhecidos elogios pelo teu belo trabalho porque o micro estava encaixotado.
No caso da Ana, enviei-lhe por watts o que eu pensava sobre o texto que nos apresentou, da mesma forma outra obra de fôlego, e que merece nossa admiração e respeito por este talento que aflorou neste blog, Conversas do Mano.
Dito isso, mais uma vez te parabenizo por este em tela, um trabalho meticuloso, onde com muita propriedade acrescentas teus entendimentos e interpretações sobre esta cidade legitimamente cosmopolita e tradicional.
Reitero que as tuas narrativas e pormenores publicados sobre as cidades e países que viajas, pelo menos para mim, possuem o condão de fazer eu te acompanhar nessas andanças, ampliando meus parcos conhecimentos sobre as nações d’além mar!
Obrigado, portanto, por essas aulas de geografia, literatura, cinema, história, artes, que enaltecem sobremaneira este oásis cultural e extraordinário, graças aos esforços do nosso amigo Wilson, um dedicado cidadão em benefício da cultura e bem comum deste país tão necessitado de informações e conhecimentos, onde eu me incluo, naturalmente.
Abração.
Saúde.
Prezado Bendl,
ExcluirÉ claro que lamento ter perdido um seu comentário mas entendo e espero que você e sua senhora e o micro já estejam devidamente instalados no novo lar e que doravante você volte a nos acompanhar nas viagens.
Aproveito para agradecer-lhe pela atenção e pela sua definição do que é "viajar plenamente" que, de tão perfeita, eu peguei emprestada e incluí nesse post, mas precisamente no penúltimo parágrafo:
“É perscrutar o desconhecido por mais vezes que aquele local já tenha sido visitado, para encontrar as minúcias, as particularidades”.
Bingo!
Abração
Muito bom. Concordo que escritores e álcool têm tudo a ver e que viajar é sempre uma colisão de mundos. A solução é amortizar o impacto com um Gold Label Reserve, rs. Keep Walking!
ResponderExcluirMárcio,
ExcluirO amor à verdade me recomenda afirmar que bebo sim e muito! Mas o melhor lugar para se beber é e será sempre a casa da gente, em muito boa companhia.
AOS COPOS!!
Pimentel,
ResponderExcluirParabéns pelo ótimo artigo sobre mais um livro da escritora Helene Hanff. Hoje fiquei satisfeito porque já tinha ouvido falar das placas azuis nos prédios de Londres. Um amigo me falou que da última vez que esteve na cidade baixou um aplicativo que mapeia e descreve todas elas, os principais prédios, parques e monumentos. Com tantas facilidades e esta sua minissérie qualquer dia eu chego lá.
Sampaio,
ExcluirSeguinte: é verdade que a internet muito tem ajudado os viajantes. Isso nem se discute: os ebooks e etickets, sites de viagem, fóruns, a compra antecipada de ingressos para museus e/ou shows, o GPS e o Google, são ferramentas imprescindíveis. Mas pela estrada a fora nada é melhor do que fazer contato, falar com estranhos, conhecer gente nova nas pousadas, estações, mercados e restaurantes, puxar conversa. Além disso quem aprecia viajar gosta de olhar, processa cada informação, cada paisagem, a arquitetura, o movimento das crianças, cada gesto, como as pessoas conversam, como elas se comportam no metrô ou na mesa de um café. Viajantes são naturalmente treinados para observar melhor.
Portanto confesso que acho muuuuito estranho ver turistas isolados por headphones e contemplando o mundo circundante através das lentes das câmeras dos smartphones. Então, por favor, quanto for a Londres faça o dever de casa antes e depois, com coragem, enfrente a prova oral (rsrs)
Abração
Olá Moacir,
ResponderExcluirQuéisso?
Se as fotos são belas, o texto nem se fala.
Vi com alegria que ele era bem grande e li com prazer, porque é muito bom. E o tema bem que me agrada!
E, porque agora , como diz o Heraldo, é hora de saborear a vida, aproveitar cada pedacinho da paisagem circundante e dos nela caminhantes,preciso muito ler essa Helene Duquesa de Bloomsbury.
Apesar de que você, penso eu, já disse o mais importante. Ou quase porque teremos próximos. Isso é deverasmente, e lá vai Odorico Paraguassu, muito bom!
Às vezes tenho vontade de escrever sobre essas mulheres fantásticas, muito além de seu tempo, que não conheço e de que quem você me dá notícia. Como essa Dorothy Wadham que ultrapassou o muro da"idade, condição e reputação acima de suspeitas". Mas ficaria muito feio porque não poderia deixar de falar da minha bela irmã engenheira, que enfrenta
de frente o despeito masculino, que projeta e monitora fogos de desmonte e chama de cagões os operários que, apesar de todo o planejamento e medidas de proteção, se escondem muuuuuuuuitos metros longe. E dos técnicos que lhe deram, e à sua firma, advertência por causa do seu chapéu a lá Indiana Jones.
Voltndo ao texto, Londres através das suas pretinhas "com amor nas pontas dos dedos" continua cada vez mais linda.
Adorei o quéisso. As crianças são tão práticas!
Muito obrigada.
Pelo texto e pelos comentários que virão,
Até sempre mais.
Caríssima Donana,
ExcluirÉ verdade: as crianças vão direto ao ponto! Na minha tribo chegamos no estágio no qual que os " quéisso?" estão sendo superados pelos "por quê?". Mas o pior é quando, cansado de tanto responder, digo finalmente que não sei e então escuto o peralta aconselhar: "Pergunta pro Google, vô!" (rsrs)
Eu desejo, com verdade absoluta, que a senhora escreva sempre sobre tudo! Escreva sobre o que bem quiser, sobre qualquer tema, mas escreva! Quem escreve como a senhora tem o dever inegociável de iluminar o mundo com as pretinhas.
"Até sempre mais"
Prezado Autor Sr. MOACIR PIMENTEL,
ResponderExcluirSua maravilhosa Escrita é como poderosa magia que nos transporta para o lugar descrito no caso a Londres de "Uma Duquesa Americana", e viajamos juntos pela Londres vista por HELENE HANFF descrito em seu best seller " A Duquesa de Bloomsbury".
Quanta pesquisa, quanta informação, quantas curiosidades, tudo enriquecido por belas fotos de Londres.
Só posso agradecer e parabenizá-lo por mais esta brilhante Crônica.
Abração
Prezado Bertolotto,
ExcluirEu enviei essa franquia sobre Londres para a Redação em dezembro passado. Em seguida visitamos o Marrocos onde durante uma semana fiz mais de mil e quinhentas fotos. No momento estou teclando sobre o país africano e namorando as fotos. Não sei dizer o quanto as imagens que captei influenciam o texto mas elas são o melhor dos diários de bordo. O difícil é escolher qual foto para qual momento da narrativa (rsrs) O resto - ler/ estudar/ pesquisar - para mim é pura diversão.
Sou eu quem lhe agradece pelas palavras sempre gentis e a leitura atenta esperando que possamos prosseguir viajando juntos por esse nosso tão vasto mundo.
Abração
1) Por falar em Londres, bela cidade, tanto quanto o texto do Pimentelji, lembro da citação de Disraeli (1804-1881)escritor inglês, primeiro ministro e um dos fundadores do Partido Conservador.
ResponderExcluir2) "Londres é uma moderna Babilônia".
3)O político certamente não gostava dos ares democráticos da cidade.