Fotografia: Mark Willems - visitbruges.be |
Antonio Rocha
Penso que a pintora/desenhista/gravurista mineira Ana Nunes acertou
quando disse, ao ler a forma como eu descrevia a minha passagem pela Bélgica em
julho passado. Ela referiu-se a um “paraíso”. De fato, concordo plenamente.
Então vou lhes contar um trecho da aventura. A primeira vez que eu ouvi
falar nesta bela cidade que tem mais de novecentos anos foi nos anos 1980,
quando eu era colaborador do Segundo Caderno de O Globo, na área de resenhas
literárias.
Nessa época o crítico de arte Frederico Morais lançou um livro de
crônicas de viagem e de arte intitulado “Chorei em Bruges”, entre outras, ele
falava de sua emoção em caminhar pelas ruas daquela cidade medieval e não teve
como conter as lágrimas de alegria e de felicidade turística/artística.
Depois, um sobrinho adolescente foi participar de um intercâmbio
estudantil na Bélgica e a família que o acolheu morava em Bruges. Em seguida,
minha filha com quinze anos acompanhada da mãe, minha esposa e mais uma irmã
desta foram passear pela Europa via Bruges. Foi o bastante para eu informar a
mim mesmo: “belo dia eu vou lá”.
Então como a Roda da Vida Budista não pára, eis que em 2019 fui visitar
minha filha, marido e netinha na Bélgica. E num dia de sol do verão belga fomos
até Bruges. Auto-Estrada maravilhosa! Até o estacionamento subterrâneo é bonito
e prático.
Antes de viajar, conversei com minha geriatra e ela sugeriu:
- Nos passeios, para não ser
surpreendido pela vontade e ter que prender até resolver o assunto, faça um
xixi profilático.
Mesmo não tendo vontade na hora, se conversarmos com os órgãos
correspondentes acontece o “xixi profilático”, Atendido ao “chamado da natureza”,
como declarava o Senhor Buda, eu ficava bem aliviado e podia caminhar feliz por
longo tempo contemplando as belezas de Bruges.
Minhas duas irmãs que nos acompanhavam, a todo momento paravam para os “selfies”;
o genro e a filha têm também os tais celulóides, como eu os chamo. Entretanto
eu e Heloisa somos um casal do tempo das Araucárias, não temos a modernidade do
telemóvel, como falam os queridos portugueses. Antes nos identificávamos como “jurássicos”,
mas aprendi, recentemente que a árvore brasileira Araucária, que habita as
regiões paranaenses vem da Era dos Dinossauros. Ora, achei bem mais poético
definir-me como do Tempo das Araucárias do que jurássico/dinossáurico.
Por outro lado, não tenho o talento do Moacir Pimentelji que escreve
vários parágrafos sobre os mínimos detalhes de um torre quase milenar. Assim
fica só o pequeno artigo registrando os passeios de barco pelos canais da
Veneza do Norte, como Bruges é conhecida.
Prezado Autor Prof. Dr. ANTÔNIO ROCHA,
ResponderExcluirQue bom que o senhor tem Filha e Família morando em Woluve Saint Pierre - Reino da Bélgica e com isso facilidades para visitar esse lindo e rico País, famoso além de outras coisas por saborosa comida e excelente cerveja.
Bonita a excursão a medieval cidade de Bruges quase no Mar do Norte e cortada por muitos lindos e práticos Canais conforme foto anexa.
Interessante que a Bandeira da Bélgica é a Bandeira da Alemanha na vertical, e a de sua vizinha ao Norte, a Holanda, é a da França na horizontal.
Googlei e notei que o Reino da Bélgica de 11 Milhões de Habitantes se divide praticamente em duas Regiões. Ao meio numa Linha W - E fica a Capital Bruxelas, ao Norte fica a Região de Flanders - Vlammens - Flamenga, de maioria Germânica-Holandesa e que fala o Holandês. Ao Sul dessa linha fica a Região da Wallonia de maioria Latino-Francesa, com o E ao norte de Luxemburgo de maioria Germânica-Alemã na divisa com a Alemanha.
Mas tal é a prosperidade do País que não se vê falar em descontentamento de Ninguém. É mais ou menos como na Confederação Suíça formada por +- 60% Alemães, +- 30% Franceses, +- 9% Italianos, +- 1% Judeus e Outros e TODOS estão bem. Parece que onde tem Prosperidade acabam-se os desentendimentos.
Parabéns Professor Dr. ANTÕNIO ROCHA pela gentileza de nos escrever sobre Bruges - Reino da Bélgica, especialmente hoje Out/15, DIA DO PROFESSOR.
Abração.
1) Salve Mestre Bortolotto, o sr. também me ensina muito com as suas ponderações econômicas. Gratidão !
Excluir2) De fato, fiquei impressionado, no bom sentido, com a prosperidade da Bélgica, eles vivem em paz, são felizes, um povo alegre, calmo, ordeiro, respeitador das leis e dos valores humanistas.
3)Eu tinha percebido a proximidade das duas bandeiras da Bélgica e da Alemanha.
4)Até andei pesquisando sobre futebol por lá e time verde e branco para eu torcer a distância. Curiosamente a bandeira da cidade de Woluwe Saint Pierre é verde e branca. Então maravilha !
5)Abraços prósperos em todos !
Mestre Antonio,
ResponderExcluiro tom de suas crônicas sobre a sua mais recente viagem mostra bem o encanto que a Bélgica (e o reencontro com a filha) lhe trouxeram. Esperemos qua ainda venham mais.
Quando conseguir colocá-la em pretinhas, vou contar aqui a história antiga, sobre a qual conversamos, que deu a Bruges um de seus apelidos que o passar do tempo fez se desvanecer.
Um abraço do Mano
1) Obrigado Mano, me fez muito bem a viagem e o reencontro com a filha, o genro e a netinha. Sobre o que conversamos, estou no aguardo. Já vi na web a capa do livro que vc falou.
ResponderExcluir2)Obrigado pela foto muito linda que ilustra a matéria.
3)Esqueci de contar no artigo, mas falo agora: quando eu andava pelas ruas de Bruges com a minha família, me veio à mente a música da banda Blitz, dos anos 198o, cujo refrão diz: "Estou a dois passos do Paraíso, talvez eu fique por lá". Fisicamente voltei ao Rio. mas o coração ficou por lá.
4) Abraços de encantamento !
Antonioji,
ResponderExcluirBruges não me fez chorar mas me deixou de queixo caído e feliz da vida por estar com a minha família em uma das mais lindas esquinas do vasto mundo. Como dizia o poeta "o que é belo há de ser eternamente uma alegria e há de seguir presente". É verdade! Pela estrada afora, levaremos riscada nas retinas a beleza dos seus canais e pontes, dos cisnes e dos chorões, das igrejas e dos campanários, das ruas de pedra e fachadas medievais, das casas com aqueles engraçados telhados triangulares que abrigam lojinhas de tudo. Sempre recordaremos os passeios que fizemos de barco e bicicleta, das longas vistas descortinadas depois da escalada das centenas de degraus da tal torre e ficaremos com água na boca só de pensar no sabor dos chocolates, nas crianças se lambuzando com o sorvete dos waffles, nos queijos belgas, nos pães disso e daquilo saindo quentinhos do forno, nos mexilhões com batatas fritas que comemos regados por "fruitbier" na esplanada de um dos restaurantes da praça central.
Os bytes de memória desses momentos de encantamento, dessas vivências andarilhas - mais do que as fotos e os selfies - são os verdadeiros souvenirs da viagem da vida. Continue compartilhando os seus, por favor. Namastê!
1) Pimentelji, vc tem toda razão: "uma das mais lindas esquinas do vasto mundo".
Excluir2)Seu comentário me fez lembrar do livro "O Mito da Idade Média", da historiadora francesa Regine Pernoud, publicado em Portugal.
3) A autora desfaz o mito de que a Idade Média foi um época de trevas... ora, Bruges vem dessa época e é simplesmente lindíssima.
4) Obrigado pela sua contribuição explicando com detalhes, alguns pontos da citada cidade.
Olá Antonio,
ResponderExcluirUma delícia de texto. E não foi porque faço parte honrosa dele. Queria que ele fosse maior. Ainda bem que tem mais.
Se a roda da vida não para você acha que ainda tenho chance de recuperar minha viagem perdida à Bruges?
Gostei tanto da estória da araucária que vou copiar você e a partir de agora sou do "Tempo das Araucárias".
Sábia a sua geriatra!
Gratidão.
Atē mais.
1) Obrigado Ana, tudo é possível, quem sabe vcs podem mais adiante passear em Bruges?
Excluir2) Gosto muito da minha geriatra, respeitosamente, claro.são quase familiares.
3)Pois é... e saber que os dinossauros ficavam placidamente comendo as folhas das araucárias...
3)
Rocha, meu caro amigo e professor,
ResponderExcluirIndependente dos maravilhosos relatos que tu e o Pimentel fazem das viagens que realizaram e que ainda vão realizar, lógico, ambos estão me deixando cada vez mais decepcionado comigo mesmo!
Che, e dizer que jamais conhecerei essas cidades que vocês as descrevem tão bem.
Seus encantos, atrações, história, belezas .... respiro fundo como desalento, diante dessas experiências extraordinárias que vocês têm em suas bagagens.
Claro que não é inveja, por favor, pois na razão inversa da minha tristeza de não ter tido a chance de sair do continente americano, sinto-me alegre em ler e ver as fotos postadas dessas idas e vindas descritas com qualidade e tão bom gosto no Conversas do Mano.
E, os detalhes são tão precisos, que escrevi certa feita ao Pimentel, após a série de relatos sobre Paris, que eu conhecia a Cidade-Luz sem sair da minha minúscula e desconhecida Rolante.
Pois agora digo o mesmo de Londres, e desse país belíssimo, a Bélgica.
Parabéns, Rocha.
Obrigado por compartilhares conosco as tuas andanças mundo afora.
Abração.
1) Salve Chicão, obrigado pela sua participação.
ResponderExcluir2) Não fique "decepcionado" nessa vida cada um tem a sua caminhada. Vc criou e educou três filhos e contempla hoje os netos.
3)Aprendi que não devemos comparar nada. Cada pessoa é um universo.
4) Abração.