Uma das fontes alternativas de energia consideradas mais limpas são as "fazendas de vento", onde grandes turbinas movidas pelo vento movimentam geradores para produzir eletricidade. O uso da energia dos ventos vem se expandindo cada vez mais pelo mundo, e deve se tornar um dos principais modos de geração à medida em que se tenta substituir o uso de combustíveis fósseis.
Mas um aspecto de que pouco se tem falado na grande imprensa é que as turbinas eólicas matam uma considerável quantidade de pássaros, seja pelas colisões entre eles e as pás das turbinas, que acontecem principalmente com os pássaros predadores e os pássaros migratórios, seja pelo seu "efeito espantalho", onde sua presença perturba o movimento normal dos pássaros, isolando umas das outras partes do seu ecossistema, ou ainda pela perturbação sonora que pode influir no alcance de seu canto e na sua reprodução.
Um estudo do U.S. Fish and Wildlife Service, citado em http://www.abcbirds.org/abcprograms/policy/collisions/pdf/Bird_mortality_estimate_032212.pdf estima que em 2009 as turbinas americanas matavam quase meio milhão de pássaros por ano, o que, com os projetos de aumentar a participação da energia eólica na matriz energética americana com o aumento das vinte mil turbinas em operação em 2009 para mais de cem mil turbinas em 2030, pode resultar numa mortalidade muito maior.
Os pássaros predadores, como os falcões, as corujas e as águias, são particularmente afetados pelas colisões com as pás das turbinas porque o seu instinto de perseguir qualquer coisa que se mova nos ares faz com que eles se aproximem delas em vez de se afastarem.
Já os pássaros migratórios são mais vulneráveis porque a melhor localização das turbinas, no caminho dos ventos dominantes, corresponde também aos melhores caminhos para eles voarem.
O vídeo abaixo, do U.S. Fish and Wildlife Service, mostra uma águia sendo atingida e morta pelas pás de uma turbina.
Isto não quer dizer que as turbinas sejam as maiores vilãs das mortes de pássaros. Um número muito maior deles morre a cada ano ao colidirem com as fachadas envidraçadas dos edifícios das grandes cidades, ou ao serem atropelados por automóveis nas rodovias, ou pelos efeitos ambientais da construção das grandes barragens que são a outra fonte, supostamente limpa, de energia elétrica.
O que eu quero aqui é chamar a atenção dos leitores para o fato de que, como diz o adágio, "não existe almoço grátis". Também no caso da energia eólica existem impactos ambientais que é preciso tomar providências para reduzir o mais possível. Providências que já vêm sendo estudadas, como situar as turbinas foras das rotas de migração de pássaros, iluminar as pás para evitar colisões noturnas, equipar as "fazendas de vento" com radares que detectam a aproximação dos grandes grupos de pássaros em migração e desligam as turbinas para dar tempo que eles passem, situar as fazendas preferencialmente em áreas que pela sua ocupação já estejam degradadas ambientalmente em termos do habitat dos pássaros, e assim por diante.
Este é um dos aspectos pouco divulgados dessa aplicação, da mesma forma que até alguns anos atrás não se questionava muito o impacto ambiental das hidroelétricas...
ResponderExcluirE quanto à energia solar, temos algo a respeito de seus impactos?