fotografia Moacir Pimentel |
Moacir Pimentel
Os elefantes! De verdade e imensos, comendo os arbustos e saciando a
sede nas lagoas. Você nunca esquece o seu primeiro elefante posando
teatralmente contra as montanhas ao fundo, ou os trinta que vieram em seguida
no rastro dele (rsrs) Inclusive os bebês elefantes brigando pelo leite materno.
Os outros animais circundantes - incluindo crocodilos e leopardos e macacos -
dificilmente podem roubar esse show. Talvez a mais bem-sucedida na competição
tenha sido Dona Cegonha de pescoço branco, porque tinha uma maneira de voar
como se fosse um avião com problemas no motor.
O sul de Sri Lanka é o lar de inúmeros parques e santuários de vida
selvagem cuja visita nos mostra uma maneira mais simples de viver em áreas
remotas onde os elefantes e as pessoas ainda coexistem em paz. Pode-se acampar
nessas paragens mas preferimos visitar o Parque Nacional de Yala acomodados com
um teto de verdade acima de nossas cabeças, embora rodeados pela floresta por
todos os lados. De manhã cedo uma família de elefantes passou diante da nossa
porta e os macacos, esses eram de casa.
fotografias Moacir Pimentel |
O Parque Nacional de Yala é, talvez, o mais visitado da ilha. Os seus
hóspedes e visitantes percorrem suas estradas e trilhas de jipe, com motoristas
e guias ou trackers credenciados pelo
governo de Sri Lanka. Os “safáris” fotográficos começam cedo – às quatro da
matina - quando os animais fazem o seu passeio matutino antes que o sol
esquente e os faça procurar a proteção da sombra.
fotografias Moacir Pimentel |
A fauna e a flora do parque – os binóculos são aconselháveis! – são
indizíveis. Por lá moram mais de trezentos elefantes, multidões de macacos
tagarelas, pássaros maravilhosos, cegonhas coloridas, aves aquáticas, veados
imprudentes, pavões prepotentes e, é claro, os residentes mais famosos: seus
leopardos e ursos-preguiça. Devo confessar que vimos apenas um leopardo - de
longe! - e que os tais ursos preguiçosos para nós não deram o ar da graça deles
apesar de todos jurarem de pés juntos que Yala dá guarida às maiores densidades
de leopardos do mundo. Quanto ao urso-preguiça já sabíamos que raramente ele é
visto, diferentemente dos gatos selvagens, búfalos, javalis, felinos, cervos,
chacais de pelo dourado, e uma multidão de lebres e coelhos.
fotografias Moacir Pimentel |
Os quase mil quilômetros quadrados de Yala foram transformados em parque
nacional em 1938. Hoje o santuário abriga mais de duzentas espécies de aves e
quase cinquenta tipos de mamíferos, além das ruínas de várias civilizações
antigas e dois locais de peregrinação importantes: Sithulpahuwa e Magul Vihara.
O tsunami de 2004 que impactou Sri Lanka uma hora e meia após a sua
geração causou gravíssimos danos ao Parque, onde a onda de mais de seis metros
de altura roubou duzentas e cinquenta vidas humanas. O tsunami avançou para o
interior da ilha através das lacunas entre as dunas costeiras. Sucede que Yala
estava bem no meio do caminho e calcula-se que tenham sido afetados cerca de
cinco mil hectares de pastagens, florestas e zonas úmidas. Há uma instalação de
arte no meio do parque, com folhas de metal aludindo às ondas do tsunami em
homenagem às vítimas.
fotografia Moacir Pimentel |
O Parque é subdividido em uma meia dúzia de outros, com uma enorme
diversidade de ecossistemas que incluem florestas, pastagens extensas,
pântanos, zonas marinhas e praias arenosas. A área da floresta rodeia o rio
Menik enquanto as pastagens avançam em direção ao mar. Os animais frequentam
outros habitats perto de reservatórios d’água, lagoas e manguezais e terras de
pastagem.
O que faz Yala se destacar entre os mais de vinte outros parques
nacionais de Sri Lanka é justamente a sua grande variedade de paisagens.
Quantos outros santuários de vida selvagem podem se vangloriar de ter o mar à beira de suas selvas?
E a selva é densa, fechada mesmo, mas de repente e em um passe de mágica
se abre para pastos de grama seca ou campos de um verde luxuriante.
Os recursos naturais mais dramáticos encontrados no parque são as
formações rochosas isoladas, como a da fotografia abaixo.
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Essa rocha é enorme e parece um grande elefante atravessando o mato.
Trata-se de uma antiga rocha metamórfica, ou seja, de lava vulcânica que foi
esmagada, reaquecida e, sob pressões extremas, transformada em uma rocha
diferente e mais densa que a sua matriz e que agora se destaca solitária no seu
ambiente tropical.
Animais diferentes fazem seus abrigos e ninhos nessas pedras imensas,
basta ver em escala como o elefante adulto parece pequeno com uma rocha como
pano de fundo. Esse é o tipo de paisagem que eu imaginava enquanto lia as
aventuras do Mogli no Livro da Selva da lavra do Kipling (rsrs)
fotografia Moacir Pimentel |
Os rios do parque podem sustentar sem sustos os seus rebanhos de
elefantes e búfalos e felinos. Vimos água por todos os lados mas eventualmente
o parque atravessa secas cruéis. Foi difícil imaginar aqueles horizontes sem os
rios e riachos e lagoas com suas belas vegetações aquáticas sobrevoadas por
enxames de aves.
fotografias Moacir Pimentel |
Vimos pássaros brancos muito estranhos pousados em um campo onde búfalos
pastavam e o guia ficava feliz da vida quando nos deparávamos com
representantes das tais espécies endêmicas de Sri Lanka, ou seja, aquelas que
são exclusivas da ilha, como um tipo de coruja, um pombo cinzento de bico cor
de laranja ou os bubulas amarelos. A quantidade de aves aquáticas que mora nas
águas de Yala é impressionante: se pode apreciar patos selvagens, cormorões,
garças cinzentas e brancas, íbis de cabeças negras, cegonhas de todas as cores
inclusive pintadas, flamingos e last but
least as águias, inclusive as do mar com as asas brancas.
Os pássaros são um capitulo à parte e, é claro, o mais difícil de
fotografar considerando que se observa os animais de cima de jipes que não
param para as fotos e é terminantemente proibido alimentar e/ou “assediar” os animais.
fotografias Moacir Pimentel |
A fauna de répteis também é farta nos quesitos crocodilos, serpentes,
cobras, víboras e lagartos, além de tartarugas marinhas visitantes mundialmente
ameaçadas de extinção.
Os reservatórios e rios e lagoas se orgulham de seus peixes e crustáceos
dos quais provei a tilápia, os caranguejos e os camarões sempre ao molho de
coco, uma obsessão nacional. Uma quantidade enorme de borboletas chega a
incomodar e entre elas chama atenção uma de asas rosa-choque quase carmesim.
Yala já foi a terra de antigas e ricas civilizações indo-arianas e um
grande número de tanques antigos dentro da área do parque dão testemunho de
Situlpahuwa, uma comunidade hidráulica e agrícola que remonta ao século V AC.
Pelo menos em 2009 nos falaram que a caça furtiva, a mineração ilegal de
pedras preciosas, a exploração madeireira e a invasão de agricultores eram as
principais ameaças para o parque. Vimos ao longo do rio Menik as crateras
deixadas pela mineração e alguns campos queimados para servirem de pasto e/ou
para o cultivo de tabaco.
Os ruídos e a poluição causados pelo turismo não controlado eram
problemas menores sendo uma questão bem mais grave a peregrinação em
Sithulpahuwa, cujos templos são visitados por muitas centenas de milhares de
devotos anualmente. Dizem que no templo da rocha e no da caverna antes do
primeiro milênio viviam doze mil monges budistas circundados pela natureza
selvagem.
fotografias Moacir Pimentel |
Depois das flores sobre as quais não ouso teclar, como todas as boas
aventuras a nossa terminou com uma caçada ao tesouro enterrado. Sri Lanka é
famosa pelas suas pedras preciosas, como muito bem observou o Marco Polo e como
impedir a minha senhora de garimpar safiras? E lá fui eu conhecer os
garimpeiros que labutavam nas areias de um rio fora do Parque.
Um deles nos trouxe um pouco de areia para peneirar. No final da tarde,
tínhamos microscópicas safiras suficientes para cobrir a unha do dedo mindinho
dela e tão valiosas quanto um coco verde (rsrs). Elas são, no entanto, um
souvenir e um lembrete de que nesse país fabuloso nunca se sabe exatamente o
que está adiante na próxima curva da estrada ou mesmo sob os nossos pés.
A pequena e valente ilha tem uma capacidade quase inesgotável para lidar
com o infortúnio. Durante séculos sobreviveu às ondas de conquistadores
estrangeiros. Quando uma praga perversa lhe dizimou as plantações de café no
final do século XIX, os plantadores desesperados num piscar de olhos passaram a
cultivar chá, que acabou por ser uma mina de ouro. De 1982 a 2008 ela sofreu os
horrores de uma guerra civil fratricida e enfrentou de cabeça erguida e sem
perder o ânimo as consequências de um tsunami apocalíptico. E estava ali serena
e laboriosa, desenvolvendo suas potencialidades, atraindo visitantes e
investimentos e educando seu povo para o amanhã.
Melhor ainda, apesar do imenso rancor entre tamils e singaleses as duas
etnias estavam transformando em sucessos um sem número de projetos de
reconstrução, numa mudança de mentalidade sem precedentes. Até as tartarugas
quase desaparecidas estavam voltando e os aldeões e pescadores nos mostravam
orgulhosamente as bandeiras marcando na praia os locais onde os répteis
gigantes haviam posto seus ovos.
E então o significado do nome da ilha - “Lanka, a Abençoada” - me veio à mente. Talvez uma terra abençoada
seja aquela que aprende com as suas tragédias.
Sri Lanka será para sempre um dos destinos mais atraentes do mundo e
seus visitantes, como aconteceu comigo, estarão sempre dispostos a retornar
mais uma vez. Porque quem supera as lembranças das imagens dantescas do tsunami
e o temor dos antigos atos de terrorismo e insiste em visitar a ilha procura
algo diferente e não apenas uma praia qualquer.
Os estrangeiros que se encantam com essa ilha são movidos por uma
espécie de inquietação pueril, por uma saudade de cenas distantes e literárias
e almejam tolamente viajar do mesmo jeito que fizeram tantos homens antigos
que, saídos das matas, ao se deparar com o mar construíram uma canoa.
Buscam - quem sabe? - dar um salto espaço-temporal, fugir do urbanizado
que desencanta e retornar ao primitivo, às idades ancestrais, através de uma
paisagem florestal povoada de ruínas exuberantes de cores e proporções tão
fantásticas que parece emergir diretamente do inconsciente.
Sofrem de um desejo veemente de viajar para os vestígios de catástrofes
que já foram sonhos, em um mundo em ruínas moderno que se desequilibra mas não
se esgota e sempre se transforma em outra coisa, como muito melhor que eu
explica o grande Jorge Luis Borges nas suas Ruínas Circulares.
“... sabia que esse templo era o lugar que
seu invencível propósito postulava, sabia que as árvores incessantes não tinham
conseguido estrangular, rio abaixo, as ruínas de outro templo propício, também
de deuses incendiados e mortos, sabia que sua imediata obrigação era o sonho...”
Adorei as maravilhosas fotos dos bichinhos e bichões mas hoje ainda não tenho 'saúde' para ler e comentar como você merece kkk Fique certo que seus artigos conquistaram muitos fãs para Sri Lanka. Obrigada!
ResponderExcluirMônica,
ExcluirQuanto às fotos até que fiz poucas porque o que se quer é olhar para " os bichões e os bichinhos" na bela paisagem circundante.
Dizem que esses parques são uma tradição antiga na ilha e que a primeira reserva natural de que se tem notícia no vasto mundo foi a de Mihintale, criada praí há uns três séculos antes do Cristo nas montanhas perto de Anuradhapura, a capital do norte e o berço do budismo nessa ilha que, no entanto, tinha apenas dois parques estatais quando a visitei pela primeira vez.
Note que mais de vinte reservas destinadas à proteção da vida foram criadas durante uma guerra civil! O certo é que hoje em cerca de oito por cento do território do país - quase seis mil quilômetros quadrados - o habitat é protegido, os visitantes precisam de autorização para entrar e observar as flora e fauna e o resultado é um turismo sustentável.
Last but not least, recomendo-lhe um detox com muuuito suco verde. Funciona, sabia? (rsrs)
"Obrigado!" e abração
Meu caro Pimentel,
ResponderExcluirSem ainda me estender nos comentários, reitero este excepcional trabalho postado sobre Sri Lanka.
A diversificação da ilha na sua fauna e flora, costumes e tradições, modo de vida, sistema alimentar, política, social, religião, que tão bem nos mostraste ao longo de vários capítulos sobre esta tua viagem, merece a nossa admiração e reverência a respeito de tuas observações e detalhes registrados, que nos deste a conhecer.
Muito obrigado.
Um forte abraço.
Saúde, muita saúde, Pimental, extensivo aos teus amados.
Prezado amigo Bendl,
ExcluirNão tenho palavras para lhe dizer da alegria que é lê-lo de novo e para começo de conversa vou cobrar aquele seu prometido post sobre " A Dissidência"!! Mas, por favor, tenha juízo, nada de bifes à milanesa e use o teclado com moderação (rsrs) Muuuuito obrigado pela atenção e o generoso comentário e um abração do seu ex-tamanho.
Moacir, mais uma bela série de viagem que se encerra neste post.
ResponderExcluirSuas séries são sempre muito interessantes, e mantém a atenção do leitor até o final. Principalmente as de viagens, que é nelas que você deixa transparecer com mais intensidade suas experiências pessoais, para além simplesmente dos assuntos escolhidos.
Mas algumas delas, que falam das suas primeiras experiências de viajante, como esta e aquela primeira da Índia, têm um elemento a mais a atrair a leitura, porque as lembranças têm, além do poder de observação e descrição, a memória daquele maravilhamento do garoto que está ainda começando a descobrir o mundo, onde a vista ainda não estava calejada com a idade e a sofisticação e a profusão de imagens que viriam depois.
É bom encontrar esse frescor e este deslumbramento, que nós que gostamos desse mundo onde estamos de passagem nos esforçamos para nunca perder de todo.
Um abraço do
Mano
Wilson,
ExcluirPor uma dessas coincidências da vida eu comecei a escrever dia desses sobre o primeiro dos meus destinos exóticos como mochileiro: uma cidade marroquina que revisitei dezembro passado depois de quarenta anos. Descrevi o retorno como uma encruzilhada, um estranho encontro entre o passado e o presente, o verão e o inverno, a juventude e a maturidade, o analógico e o digital.
Para que a viagem e a paisagem não percam a graça que a gente só imaginava enquanto lia o Kipling o jeito é botar os nossos Moglis para conversar com os nossos "velhinhos em formação" sobre as coisas pequenas que fazem a vida valer a pena e que, por isso mesmo, moram fora dos tempos.Tudo bem que o papo às vezes fica meio esquizofrênico, mas e daí? Deusnoslivre é de perder a capacidade de "maravilhamento"!
Muito obrigado pelo belo comentário
Muito bom. Ninguém precisa de motivos 'inconscientes' para visitar um lugar bonito como o Sri Lanka, cujo povo é capaz de evoluir a partir de uma guerra civil e através de um tsunami em vez de só choramingar que está tudo dominado.
ResponderExcluirMárcio,
ExcluirVocê tem razão: a Ilha Abençoada justifica uma visita por si mesma. Talvez o pessimismo mencionado por você - esse tudo sempre dominado! - se deva a ao fato de que nós ocidentais somos muuuito imediatistas. Ou seja, se tivermos sorte dispomos de praí uns oitenta anos para nos resolver e aos problemas do mundo enquanto no oriente os caras acreditam que o que ficar pendente nessa vida eles ajeitarão na boa na próxima e/ou em quantas outras forem necessárias para evoluir.Pense em uma concorrência desleal! (rsrs)
Obrigado por participar.
Dez, nota dez, Pimentel. Se este ótimo artigo foi o capítulo final da minissérie você fechou com chave de ouro.
ResponderExcluirSampaio,
ExcluirSim, essas foram as últimas páginas sobre Sri Lanka. É hora de mudar o disco, como dizíamos antigamente. Confesso que à medida que uma franquia avança, vou ficando preocupado e receoso da famosa "fadiga de material". Que bom que você continua aí lendo e comentando com tão boas palavras e nota.
Obrigado e abração
Moacir,
ResponderExcluirAmei o texto e as fotos desta que foi uma das mais encantadoras viagens literárias que você já nos proporcionou. Vou guardar nas retinas a beleza da IIha Abençoada e no coração a explicação maravilhosa que você deu ao nome, que destaco: "Abençoado é quem apreende com as suas tragédias".
Um abraço para você
...
Flávia,
ExcluirUma das lições mais difíceis de se aprender nessa vida é que "tem gente que entende e gente que não entende e temos que entender isso".
Só os sábios e os santos aprendem de ouvir dizer e/ou de ler nas páginas da História. Para a grande maioria de nós, pobres mortais, é como dizia o Tom: "E ficou tão frio que amanheceu". Fazer o quê?
Parabéns pelo dia de ontem e outro abraço para você
Olá Moacir,
ResponderExcluirVocê se engana. Nesse mundo mágico onde os sonhos fazem o homem turista voltar e querer voltar, a cegonha voa desengonçada porque carrega bebês gordinhos de pele morena e olhos escuros embrulhados em panos brancos.
Você rouba a imagem nesse belo texto fechamento com os adjetivos dados aos bichos: macacos tagarelas, cegonhas coloridas, veados imprudentes e os pavões prepotentes. E já me vejo esquecida das lindas fotos perdida que estou nas "pretinhas".
Há uns bons textos atrás eu me disse preocupada com as nossas crianças que a interface eletrônica impede o aprendizado da leitura corporal. E você me disse estar subestimando a capacidade humana que há séculos vem se recriando com sucesso. Assim é a natureza. E o homem é parte dela. Não tem tsunami que um dia não acabe, nem onda de lama que não se acomode no fundo do rio e vire um novo leito com plantinhas e peixes. O homem, a natureza e as adversidades estão num eterno "vir a ser".
Você começa uma franquia que vira presente esperado por algum tempo, onde fadiga de material não faz parte do contexto, e quando espero apenas elefantes fechando a saga, você nos alegra com um texto que poderia durar horas.
Deixo triste esse elefante de pedra vigiando a ilha e os novos recomeços. Só não tão triste porque "um anjo sussurrou em meu ouvido" que considerações há muito, e por muitos, esperadas estão por vir.
Inquietação pueril! (e aí me lembro da Dulce falando de você). Sejamos todos escravos dela!
Até sempre mais.
Caríssima Donana,
ExcluirUm dia depois do seu dia, chego atrasado para os parabéns e para agradecer-lhe pelas belas e imerecidas palavras. Dizem os sábios que "a linguagem é a casa do ser", a morada desse bicho-homem que tenta experimentar e pensar e interpretar e significar e explicar a sua breve e sim, sempre incompleta existência.
Note que nessa tentativa de tradução as viagens ajudam e que um livro, um filme, uma tela, uma música e esse seu comentário são viagens com duplos movimentos: para fora e para dentro. Na geografia, afazeres, broncas e afetos cotidianos meio que seguimos distraídos, em piloto automático, enquanto que quando a paisagem muda radicalmente para processar as placas de direção desconhecidas é necessário ficar ligado, usar os neurônios, os bytes de memória, o conhecimento, a sensibilidade, a empatia enfim, o melhor da gente. E então quando viajamos seja usando a bendita imaginação da poltrona ou lambuzando os sentidos pela estrada afora as perspectivas se tornam mais largas e nítidas e a existência se intensifica.
Eu teclaria por horas impossíveis um interminááável blábláblá sem conseguir lhe explicar ISSO , como viajar tem sido bom desde as primeiras cenas distantes e literárias da minha infância e porque quis retornar a essa ilhazinha de nada quando tanto eu quanto ela já estávamos ricos de perdas. Na falta de pretinhas filosóficas competentes, vou pedir ajuda aos versos do grego Kaváfis :
(...)
"Todo o tempo em teu íntimo Ítaca estará presente.
Tua sina te assina esse destino,
mas não busques apressar a viagem.
É bom que ela tenha uma crônica longa, duradoura,
que aportes velho, finalmente, à ilha,
rico do muito que ganhaste no decurso do caminho,
sem esperares, de Ítaca, riquezas.
Ítaca te deu essa beleza de viagem.
Sem ela não a terias empreendido.
Nada mais precisa dar-te.
Se te parece pobre, Ítaca não te iludiu.
Agora tão plenamente vivido,
bem compreenderás o sentido das Ítacas."
"Até sempre mais"
E viva o meu amigão dissidente!
ResponderExcluirMinha querida Aninha, minha amiga mineira,
ExcluirAcho que desta vez fui radical na minha dissidência, pois não era para eu estar mais neste planeta!
Conforme a minha rebeldia inata, devo ter desobedecido algum plano cosmológico, onde decidiram que eu permanecer na Terra seria melhor para "eles".
Eu poderia ocasionar uma rebelião, e ...
Brincadeiras à parte, encontro-me muito feliz por compartilhar contigo e demais amigos, principalmente o Mano, o nosso criador deste oásis cultural, os artigos postados, invariavelmente de qualidade e extremo bom gosto.
Aliás, o teu comentário, acima, sobre a bela obra do Pimentel, foi qualquer coisa de notável, impressionante, excepcionalmente bem escrito.
Diga-se de passagem que, eis a inteligência da mulher, sua sensibilidade, cultura, conhecimentos, perspicácia, visão de mundo e dos seres humanos, neste seu Dia Internacional, e pelo qual rendo minhas homenagens e reverência àquela que foi até mesmo Mãe de Deus!!!
Um forte e grande abraço, Aninha, claro, sempre respeitoso.
Saúde, muita SAÚDE, extensivo aos teus amados.
Moacir
ResponderExcluircomo disse a Ana vc fecha este ciclo com chave de ouro
Um mundo encantado como este tem que ser compartilhado
E estou na espera dos novos comentários
E agradecendo a Mano esta oportunidade de conhecer está turma de escritores
Foi ótimo ver que o Francisco está de volta com o seu bom humor
Um abraço
Prezada Lea,
ExcluirNote que mais importantes que os rascunhadores são os comentaristas sem os quais não há Conversas. São os comentários que enriquecem o Blog e nos fazem voltar aqui querendo mais. Portanto muito obrigado pelos seus, sempre gentis e de bem com a vida.
Um grande abraço
1) Salve Moacir, ótimo artigo, excelentes fotos.
ResponderExcluir2) Depois do citado tsunami no Sudeste Asiático li e ouvi diversos textos e trechos sobre os elefantes de um determinado local no Sri Lanka, demonstrando que os animas tem um sexto sentido:
3)Horas antes do acontecido tsunami os elefantes estavam agitadíssimos (normalmente são calmos)rinchando na língua deles que eu não sei qual é, esse estresse influenciou outros animais e o fato é que os elefantes romperam as cercas que os delimitavam e saíram em barulhada rumo a uma colina, os animais que ficaram soltos foram atrás e... todos se salvaram... até que o tsunami acabou e dias depois os tratadores/cuidadores levaram os elefantes e animais de volta para os seus estábulos, também não sei se o nome é esse.
4) Você conhece esta história?
5)Abração e obrigado pela leitura brilhante.
Antonioji,
ExcluirNão, eu não conhecia essa história. Mas sei que é antiga a crença de que a audição mais aguçada dos animais silvestres e domésticos lhes permite ouvir e sentir a vibração da Terra, alertando-os de terremotos muito antes que os humanos percebam o que está acontecendo.
De resto os elefantes dos Parques Nacionais vivem livremente e não têm tratadores/cuidadores. Portanto tenho a impressão que os fatos narrados por você ocorreram nos chamados "orfanatos" de elefantes, onde, apesar do belo nome, os bichos são mantidos em cativeiro - muitas vezes acorrentados! - posando para fotos enquanto são alimentados e/ou banhados.
https://www.youtube.com/watch?v=7VrgRWQAZq0
Obrigado pelo ótimo comentário e namastê