aquarela Ana Nunes |
Ana Nunes
Gira tempo
Catavento
Cavalos
alados
Carrossel
vazio
Roda estrela
Roda lua
Girassóis
Rabo de gato
Ninho vazio
Pena de
passarinho
Balanço sem
corda
Acorda no
vento
Que já sem
tempo
Não pode
voar
Corrupio
Cirandar
Leva o vento
a poeira
Sem rumo
Sem sorte
Roda o pião
até a morte
Gira mundo
Gira fundo
Que não para
de girar
1) Bela poesia Ana, sobre o tempo que não para de girar.
ResponderExcluir2) Me fez lembrar do Budismo, um dos símbolos é uma roda do tempo e os budistas da velha guarda como eu, tem e tinham uma expressão:
3) "Vamos botar a roda para girar", isto é fazer alguma coisa para divulgar o Budismo.
4) Boa semana !
Olá Antonio,
ExcluirPrimeiro, obrigada!
Depois, a delícia de ver o meu escrito completado por seu ponto de vista budista.
Tanta coisa eu não sei...e tantas fico sabendo com vocês!
Para mim, muito bom você ter gostado da poesia.
Até mais.
Não sou mais surpreendido pelas obras da Aninha, permanentemente arrojadas, trazendo mensagens tão importantes que precisamos entender as suas palavras pelo que elas escondem, pelo que não dizem, aparentemente.
ResponderExcluirA nossa escritora, poetisa, artesã, esposa, mãe, avó, ... tem o dom de postar a sua experiência de vida obtida das fases citadas, elaborando textos e poesias diferentes do que estamos acostumados a ler.
A Aninha, a meu ver - sem eu querer ter a audácia, a ousadia, de entrar no terreno artístico que Pimentel domina como poucos -, pode ser classificada como seguidora do tal neobarroco, uma reação à frieza acadêmica predominante, ao estudo linear, sem vida!
O neobarroco tem excelentes pontos de contato com o romantismo, ao mesmo tempo que é a recarga de sentimentos, de uma certa luxúria, a exuberância das palavras e, como um legítimo paradoxo, a desestruturação!
A sensibilidade e inteligência da nossa autora têm a qualidade de desmontar estruturas antigas e remontá-las com novas feições, mais agradáveis, modernas, de acordo com o pensamento vigente, e conforme ela entende de si mesma e o mundo que a cerca.
A Ana não se prende ao pré-estabelecido, ela inova, cria, apresenta o seu trabalho, que foge à tradição.
Sabe que a poesia invariavelmente aborda o amor, a mulher amada, a sua partida com outro, a sua morte, a saudade, a nostalgia, a falta da pessoa, sentimentos não correspondidos ...
Pois, nesta obra diferente, Ana traz para o sincronismo de nossas vidas - com relação ao planeta que nos serve de espaçonave neste Universo sem fim -, o movimento, pois vida é movimento!
Vida não pode ter pressupostos, não pode ser limitada, deve ser livre, movimentada, ágil, esperta, apesar de, em certos momentos, faz-se necessário a reflexão, pensar, meditar, elaborar planos para o dia seguinte, e não mais adiante, pois basta para o amanhã e, se chegarmos até lá.
A poesia da Ana, de hoje, é exatamente a forma “disforme” como entendemos viver, onde cada um de nós tem o seu estilo, a sua maneira de seguir adiante, de ser rápido ou lento, logo, a vida não tem como ser aferida através de conceitos estipulados, pois individual, própria, com seus entendimentos e interpretações sobre fatos e circunstâncias.
A minha amiga Ana soube registrar com muita propriedade e sensibilidade, que lhes são inatas, resumir os movimentos, pois eles não são estanques, não são isolados. Qualquer gesto, aceno, passos, caminhadas, retornos, idas e vindas, subidas e descidas, compõem os movimentos indispensáveis à existência, até mesmo o pensamento corre, anda, deambula, tem seus momentos de inércia e iniciativas, e juntos com os movimentos da Terra, rotação e translação, o planeta girando em torno do sol, que por sua vez ...
Eis os porquês que elogio as postagens da Ana, e não exagero, não, e que eu tanto a admiro.
Ela sempre tem algo novo, diferente, que não segue as regras, portanto, aplaudo mais uma vez – e jamais vou me cansar – a sua imensa e pródiga criatividade!
Aninha, um grande, forte e apertado abraço, claro, respeitoso, sem dúvida.
Parabéns por esta obra magnífica, e de conteúdo valioso.
Saúde, muita saúde, extensivo aos teus amados.
Olá amigão Francisco,
ExcluirPois é, você fez de novo! Elogios. Elogios a perder de vista. Fico constrangida. Mas se você realmente pensa tudo isso, e tão carinhosamente, despacho esse tal de constrangimento e fico muito feliz. Sou uma velhinha sem vergonha!
Você me interpreta e descubro novidades em mim mesma. Você me interpreta e me enriquece. Melhor, enriquece o post para quem vai ler.
Estabelece uma relação com o desenho em planetas que me fez pensar nos anéis de Saturno, as montanhas de Marte, a bruma de Vênus. E com a vida sem pressuposto, livre, ágil. Até amanhã, se tivermos sorte. E, se tivermos sorte, amanhã terá outro amanhã. E outro... E outro.
E quero encontrar você nesses amanhãs. Tantos quantos tivermos sorte de ter.
Um abraço fortão, sem perigo de quebrar costelas.
Até então.
Ana
ResponderExcluireu sempre soube da sua alma poeta
É sempre admiro a sua sensibilidade em colocá-las no papel
A facilidade em nós passar seus sentimentos
E a vida vai girando como um pião ...
Um abraço com carinho agradecendo este poema leve e lindo !
Léa,
ExcluirPrima sempre querida.
Sempre carinhosa e amiga!
Sempre juntas nesse rodar do tempo.
Um beijo
Caríssima Donana,
ResponderExcluirContemplando essa sua aquarela não tem como não parodiar o Quintana: "Naquele post, fez um azul tão límpido, meu Deus, que eu me senti perdoado para sempre. Nem sei de quê” (rsrs)
Dizem que o preguiçoso cérebro humano diante de novos desafios só pensa para valer quando não encontra arquivadas na memória respostas prontas. Portanto quando interpretamos as mensagens abertas das artes o que rola mesmo é um encontro com os nossos próprios souvenirs, com o que vamos acumulando na viagem.
A partir da “roda estrela e da roda lua”, por exemplo, fui transportado para os anos sessenta por um refrão que eu ouvi pela primeira vez adolescente e nunca esqueci: "Roda mundo, roda-gigante/ Roda moinho, roda pião/ O tempo rodou num instante/Nas voltas do meu coração”.
Engraçado como, então, a minha mente pueril e sem noção embora capaz de entender que “tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”, não deu a menor bola para o assustador tema da canção e do seu poema: o tempo.
Pois é. Embranquecemos depressa demais nas voltas da alegria e da tristeza dessa roda gigante imparável. Só que quando falta "corda no balanço" chegam os netos - para mais do que três visitas por semana confesso já não ter fôlego! (rsrs) - nos trazendo de volta emprestados o play e o rock, o parquinho e o zoológico, as pipas e os piões, os baldes e as pás e a areia, os lápis de cor e as resmas de papel, os legos e os aviõezinhos, os "por quês?" e as estórias , enfim ... a corrente inquebrantável da vida que nos cura da síndrome do “ninho vazio” e nos soletra que passarinho tem que voar. Fazer o quê? Tentar viver o melhor possível as nossas terceiras infâncias! (rsrs)
Como tão bem diz o Rubem Alves em um conto que um amigo me postou dia desses: “Agora, na velhice, experimento a alegria de ver muitas gaiolas vazias. E a alegria de ver os amigos que sorriem comigo, ao ver os pássaros em voo. Mas há uma tristeza. Sinto-me como Ravel, que, ao ver aproximar-se o fim, dizia, num lamento: “Mas há tantas músicas esperando ser escritas!”
"Até sempre mais”
Olá Moacir,
ExcluirQue tempo você não se agrada dos meus desenhos. E que riqueza este levar você ao Quintana e trazer de volta para mim!
E que dizer da viagem descrita no ninho vazio, nos netos e na "alegria de ver os pássaros em vôo". Como as palavras do Gibran nas folhas velhas amareladas do livro antigo que nos acompanha desde sempre "Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas..." Somos mesmo " o arco que permanece estável" vendo o tempo girar e girar. Sinto-me como você, que sente como Ravel, no triste lamento de ver o tempo acabando com tantas coisas ainda para ver, os netos crescidos em homem, os desenhos que ainda não são, a cerâmica ainda não moldada, as palavras ainda não escritas e nem lidas.
E também, e porque não, as mudanças ainda não feitas no meu rosto e no meu coração.
Com seu comentário também me "senti perdoada para sempre. Nem sei de que"... mas também não importa!
Até sempre mais.
Prezada Autora Sra. ANA NUNES,
ResponderExcluirSua composição Devaneios, tanto a bonita aquarela em tons azuis, como a poesia, são excelentes. Seu estilo e bom gosto são lindos.
Todos os Colegas escreveram muito bem.
Saudações.
Olá Flávio Bortolotto,
ResponderExcluirOs colegas, assim como você,são gentis e generosos.
E é sempre bom ter por perto amigos para dividir a angústia do publicar-se.
E é sempre bom ter você por aqui.
Muito obrigada pelo comentário.
Até mais.
Ana,
ResponderExcluirPoesia, a alegoria do mundo, no compasso das horas, o passar da vida. Os tempos, os jeitos, as coisas que foram se juntando e se perdendo, fervendo a nossa juventude, gelando o avanço que vai ficando maior para trás, pelo que já passou... quanto mais é pouco o que falta para acabar.
Aí, vem a palavra salvadora que nos permite escrever em cores bem coloridas, brincar de viver, fantasiar, como se a metáfora ganhasse o tom de voz principal. Que haja tinta para gastar. Sem piedade, apenas sentindo pena porque vai ficar tanta coisa sem acabar. Até muito mais.