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02/05/2019

Paixão Verde e Branca

O Buda Esmeralda no templo Wat Phra Kaew em Bangkok (detalhe)

Antonio Rocha
Meu amigão Chicão pede que eu escreva sobre a minha predileção pelas cores verdes e brancas, escrevi as duas no plural porque existem vários matizes de verdes e brancas.
Desde a mais tenra infância eu ficava horas absorto, contemplando as árvores e as plantas, no pequeno quintal que tínhamos lá em casa. E o branco deve vir das folhas dos livros, que também sempre me acompanharam, mesmo quando eu não sabia ler, via os desenhos, as figuras, prestava atenção no formato dos livros, revistas e jornais. Então, aos dezoito anos fui trabalhar em uma gráfica, na qualidade de revisor de provas tipográficas, como se dizia antigamente, foi meu primeiro emprego, com carteira assinada.
Quando aprendi a ler o meu herói preferido era o Tarzan, eu viajava lendo os quadrinhos e assistindo aos filmes. Tanto assim o é que o meu primeiro cachorro vira-lata chamava-se Tarzan. Ele foi ficando cego e um dia de temporal, fugiu e nunca mais voltou. Imagino que deve ter morrido, pois sumiu do mapa.
Morando no Gama, DF, essa ligação com o verde aumentou mais ainda. Adolescente, eu ia com um grupo de amigos passear no córrego local.
A bandeira do Distrito Federal era verde e branca. Meu pai tinha um carro popular, um Gordini, e andávamos muito pelos Cerrados do entorno, conhecendo aquelas cidadezinhas goianas. Eu ficava maravilhado com a visão se perder lá longe, no horizonte e adorava aquela imensidão de verde.
Nas aulas de português aprendi logo o “Minha Terra tem Palmeiras onde canta o sabiá”. Então decidi escolher o meu time como o Palmeiras da capital paulista.
Na cidade satélite do Gama, DF, começou a se formar um time profissional, o Gama, atual campeão do Campeonato Candango 2019. e tem a cor verde predominante, uns traços de branco e eventualmente o amarelo.
Mas eu não entendo muito de futebol. Gosto de assistir e torço pelas cores. Onde tem verde e branco, sou torcedor convicto, não importa a divisão em que se encontre.
Logo depois passei a torcer também pelo Goiás, verde e branco, pelo Coritiba que chamam de Coxa. Descobri um verde e branco em Pequim, em plena China, onde jogam dois brasileiros. Como nasci em Recife, torço pelo América local, verde e branco, semelhante ao América mineiro. Tem o Guarany, no interior de SP e às vezes, fico navegando na web descobrindo times verdes e brancos em outros estados, como um que fica em Imperatriz do Maranhão e o estádio foi construído por um padre famoso na região.
Na Baixada Fluminense, onde leciono, tem o Esperança Futebol Clube, de Nova Iguaçu, na região dos Lagos, temos o Boa Vista de Araruama, RJ, que além de ser verde e branco, na bandeira um uma árvore, o Cedro do Líbano como símbolo.
Minha neta nasceu em Madrid e como já estive lá, mais de uma vez, aproveito e torço pelo Bétis, de Sevilha, verde e branco, onde jogam dois brasileiros. Em julho vindouro vou dar uma chegadinha em Lisboa e naturalmente por lá eu sou Sporting verde e branco. O Celtic da Inglaterra idem.
Talvez seja meu lado criança que gostava de brincar com futebol de botões e assim, algumas vezes, acompanho, na internet até hoje, certames, campeonatos de futebol de botão, onde figuram times verdes e brancos.
Sou fiel à minha paixão. Como as paixões são passageiras, então é amor mesmo. Sou fiel ao meu amor de duas cores.
Já falei aqui e vez por outra, escrevo por aí, o Chicão me presenteou, certa feita com uma camisa verde e branca do Juventude de Caxias do Sul, RS. Ele me fez um bem imensurável e inesquecível. Claro que em uma das minhas gavetas de roupas tenho a bandeira do Palmeiras, de SP, também tem Palmeira (singular) no Rio Grande do Norte.
Mas também sou um cara religioso, místico e na antiga China, muitas imagens do Buda eram feitas de pedra jade verde. Em Bangkok, capital da Tailândia, um país onde grande parte da população é budista existe uma valiosíssima estátua de Buda em pedra esmeralda, verdinha. Eu tenho uma miniatura que me trouxeram de lá.
Os estudos esotéricos falam da Chama Verde que é bom para a cura. Lembro então do meu pai, me levando criança para centros espíritas e espiritualistas onde eu tomava banho de luz, nas sessões de Cromoterapia para o tratamento da asma e saúde em geral.
Abração a vocês que fazem, direta ou indiretamente este blog querido e me permite expressar o meu carinho pelas cores verdes e brancas. Deve ser o meu lado infanto-juvenil aos sessenta e seis anos.


10 comentários:

  1. Flávio José Bortolotto07/05/2019, 19:42

    O Ilustre Prof. Dr. ANTÔNIO ROCHA, neste belo Artigo nos explica sua predileção pelas cores Verde e Branco, e daí também sua simpatia por Clubes Esportivos cujos Escudos sejam Verde e Brancos.

    Muito simpática a atitude de nosso Colega Sr. FRANCISCO BENDL de lhe presentear com a honrada camisa do JUVENTUDE-Caxias do Sul, RS, centenária e gloriosa Associação Esportiva, VERDE E BRANCA.

    O Verde representa Esperança, sem a qual nossa Vida perde muito de sentido, e o Branco representa a Paz, integração de tudo o que é Bom.
    Os Hebreus até se cumprimentam, desejando-se mutuamente Shalon.

    Esperança & Paz, uma bela síntese.

    Abração.

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    1. Antonio Carlos Rocha07/05/2019, 19:53

      1) Meu prezado professor de Economia Dr. Bortolotto, lembrou bem a saudação dos hebreus.

      2) Acrescento a saudação dos franciscanos: "Paz e Bem".

      3) Minha geração hippie falava "Paz e Amor".

      4) Vou incluir nos meus cumprimentos: "Esperança e Paz".

      5) Gratidão !

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  2. Francisco Bendl07/05/2019, 19:43

    Meu amigo e professor Rocha,

    Grato pelas explicações sobre as tuas preferências pelo branco e verde.

    Interessante como as cores podem trazer as suas influências às pessoas.

    Um forte abraço.
    Saúde, muita Saúde.

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    1. Antonio Carlos Rocha07/05/2019, 19:52

      1)É verdade Bendl, por isso, mais ou menos, eu procuro me vestir mediante a Cromoterapia.

      2) Tento sentir o que o meu organismo estý ¡ necessitando, está querendo que eu vista.

      3) E acredito nessa coisas das cores, vibrações, Energias etc.

      4) Abraços Chicão.

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  3. Olá Antonio Budista,
    Foi uma aula completa o seu texto sobre futebol e cores pelo mundo afora.
    Não entendo muito de futebol mas sinto cada vez mais vontade de entender.
    Hoje me limito aos times mineiros e aos da copa. Preciso mudar isso. Mas fico pensando que aí ný £o saio mais de casa, vou querer ver tudo.
    Seus leitores completam suas palavras. Por isso desejo a você um final de semana de "esperança e paz". E "saúde".
    Obrigada. Gostei muito.
    Até mais.

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    1. Antonio Carlos Rocha07/05/2019, 19:51

      1) Oi Ana, vejo o futebol como arte, cultura, literatura... certa feita o escritor peruano Mário Vargas Llosa fez um belo artigo sobre os locutores esportivos nas emissoras de rádios. Criam palavras, expressões... uma verdadeira arte da comunicação.

      2) Tem um livro espírita que fala sobre o Planeta Marte e lá, contou o referido autor espiritual, tem um jogo parecido com o futebol que enche os estádios. Veja você até lá os marcianos gostam de esportes. O tal livro afirma também que a vida lá não é carnal, como a nossa, mas espiritual, astral.

      Bom fim de semana !

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  4. Moacir Pimentel07/05/2019, 19:46

    Antonioji,
    Eu espero que a sua fase "infanto-juvenil" de paz e de esperança se prolongue por muitos anos e posts. Na verdade esse seu artigo tem vários sub textos. Um deles é a paixão que a galera, por todo o vasto mundo, sente pelo futebol e paixão ninguém explica mas vive. Outro é a conexão inegável entre as cores e nossos sentimentos. Note como isso está presente na linguagem quando dizemos, por exemplo, que os blues cantam a tristeza, que vimos tudo preto, que ficamos vermelhos de vergonha, brancos de susto, roxos de raiva ou verdes de inveja. Existem várias razões pelas quais respondemos a cor da maneira como fazemos.
    Ao longo dos milhares de anos de evolução humana, aprendemos a "ler" o mundo à nossa volta usando cores – céus azuis de brigadeiro e nuvens negras de chuva, pastagens verdes de primavera e campos acobreados pelas colheitas - e isso não desapareceu porque hoje somos urbanos e temos tecnologias de ponta na ponta dos dedos.
    É claro que o lado cultural é importante: no Ocidente a cor do luto é o preto, no Oriente é o branco. Mas a nossa resposta às cores é individual, afetada por como elas coloriram as nossas próprias estradas . O vermelho está¡ normalmente ligado a um sentimento de ameaça, nos capacitando a gerar alarmes de perigo e a reagir, é caso dos sinais de trânsito. Mas se a mesa da cozinha da nossa infância tiver sido coberta por uma toalha de xadrez vermelho e branco, tais cores poderão nos trazer bytes de memória relaxados e seguros e deliciosos. E como pode um rubro negro de carteirinha não apreciar o vermelho da "camisola" e da torcida do Mengão?
    Compreender o poder que as cores detêm sobre nós e aproveitar esse conhecimento é a praia dos designers e marqueteiros e arquitetos e artistas, como você bem sabe desde o seu primeiro emprego naquela gráfica.
    Finalmente peço licença para dar pitaco na pequena estátua do Buda meditativo, que mora no Templo do Buda de Esmeralda dentro do complexo do Grande Palácio em Bangkok, um dos locais mais fascinantes da Ásia. Dona Lenda jura de pés juntos que esse Buda de jade nasceu na Índia, contemporâneo do Cristo, que foi levado para Sri Lanka trezentos anos depois, que viajou de navio para a Birmânia, foi desviado da rota por causa de uma tempestade indo parar no Camboja onde perambulou de reino em reino por um milênio até que guerreiros tailandeses, no século XV, capturaram o Templo de Angkor Wat, o encontraram e o levaram para o Sião. Se é verdade ou ficção não se sabe, até porque os da Tailândia jamais permitiram que a estátua fosse analisada. É, inclusive, terminantemente proibido fotografá-la dentro do Templo. Mas o certo é que por onde o Buda verdinho passou nessa narrativa fictícia o Budismo se consolidou.
    Um final de semana verde/branco para você

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    1. Antonio Carlos Rocha07/05/2019, 19:50

      1) Pimentelji, obrigadão, você escreeu muito bem, concordo com tudo e assino embaixo.

      2)Vc é mais um dos meus amigos que visitou o Buda de Esmeralda na Tailândia. Eu não conhecia a lenda.

      3)Bom sábado e domingo com muitas Esperanças agradáveis e Paz sempre !

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  5. Wilson Baptista Junior07/05/2019, 19:48

    Mestre Antonio,
    sempre que você fala do verde e branco me lembro de meu pai, que foi um dos torcedores do América mineiro literalmente "de carteirinha", brincávamos com ele que fazia parte dos renitentes torcedores do clube, quando o Atlético e o Cruzeiro estavam no auge e os seus fãs diziam que os torcedores do América iam para o estádio, em vez de ônibus, todos na mesma Kombi :)
    Nosso amigo Bortolotto tem razão quando diz que o verde é a cor da esperança. Porque as folhas que perduram através do inverno e as que renascem na primavera para um novo ano são verdes, e não é atoa que a um delicado inseto de asas verdes transparentes, que eu via muito quando criança mas agora está desaparecendo das cidades grandes junto com os jardins em volta das casas, se chama também esperança.
    E numa prateleira, bem em cima dos monitores do computador onde escrevo, olha para mim um leãozinho de jade, que veio comigo da África há muitos anos, e com que meu primeiro netinho, quando era pequeno, gostava de brincar, para não me deixar esquecer que o verde da esperança mora nos corações dos nossos filhos e dos nossos netos. Que ele nunca se apague!
    Um abraço do Mano

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    1. Antonio Carlos Rocha07/05/2019, 19:56

      1) Beleza Mano. Esperança é poesia.

      2) Seu pai tinha bom gosto !

      3) Para minha alegria, existe uma linhagem budista japonesa, Agon Shu, cujo manto é verde, se bem que, eventualmente usem outras cores.

      4) Abração !

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