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06/07/2019

Arraial de algodão

fotografia de Heraldo Palmeira


Heraldo Palmeira
É noite de São João
Quase amanhecendo o dia
É madrugada e não vem
Quem tanto eu queria
A velha canção junina me veio à cabeça. Em pouco tempo estava me deliciando com a versão original do Trio Nordestino, gravada em 1971. Sim, quando eu não era nada mais do que um menino do interior, mal chegado à capital, sentindo minhas primeiras saudades do que seria passado para sempre.
Por coincidência, recebi um mesmo post de diversos amigos, com uma sequência de gravuras lindas relacionadas às festividades nordestinas de junho, são João do carneirinho dando logo o tom, e uma criança cantando delicadamente outra canção daquele amor inocente, sertanejo, que desmantelava o coração da gente.
Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha pr’aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo
Foi numa noite igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava assim, em festa
Pois era noite de são João
Havia balões no ar
Xote, baião no salão
E no terreiro o teu olhar
Que incendiou meu coração
Versos simples que estavam no meu inconsciente, guardados há tanto tempo! Algo que vem da infância, pode ser sentido a vida inteira, é dito em palavras, sons e silêncios. Coisas de junho, mês de devoção a Antônio, João e Pedro, os santos doces da festa – nomes de tantos brasileiros –, padrinhos da nossa fé enfeitada de tradição.
Tradição que rezava necessário, para qualquer tempo, chegar em casa alheia se fazendo anunciar pelo prefixo sertanejo “Louvado seja Nosso Senhor J’sus Cristo” e ouvir lá de dentro “Para sempre seja Deus louvado” como reposta acolhedora que abria as portas.
É um júbilo inigualável viver o mês em que o Nordeste explode em cores, as bandeirinhas e fitinhas de todas elas, o xadrez puxado no vermelho e azul das roupas, o amarelo do milho nas comidas, o ouro do fogo das fogueiras, o escarlate das brasas ardentes, o cinza esbranquiçado do que sobrou da lenha queimada, os foguetões, os folguedos, as cantigas, o quentão do vinho... Só fica sem cor quem quer.
Um tempo onde a fumaça e a poeira ficam siamesas, subindo da lenha queimando e do arrasta-pé do forró. Reinado do trio famoso que junta o resfolego da sanfona, o batuque da baqueta e da vareta da zabumba e o tingolingo do triângulo até o sol raiar. Só não sente saudade quem não viveu, atrás do sanfoneiro só não vai quem já morreu.
Bastava a gente ouvir “anavantu” e “anarriê”, que pareciam palavras mágicas, para iniciar a dança da quadrilha. E íamos todos deslizando aos comandos de “balancê”, changê”, “xis de damas”, “xis de cavalheiros”, “caminho da roça”...
– Olha a cobra!
– Uuuuiiii!
– É mentira!
– Aaaahhhh!
– Olha a chuva!
– Uuuuiiii!
– Já passou!
– Aaaahhhh!
– A ponte quebrou!
– Ôôôô!
– Já consertou!
– Aaaahhhh!
A noiva grávida, de véu e grinalda, o noivo apavorado com a valentia do pai da moça bulida, o casamento à força, o padre aflito para terminar logo a cerimônia, a polícia na beira do altar, tudo para honrar a desonra do bucho pela boca.
Esse mundo regional fantástico foi levado ao mundo nacional por um negro bonito, forte, galante, gutural, que saiu de casa (em busca do mundo) homem feito, depois de levar uma surra da mãe exatamente porque se aproximou de moça de família cuja família não queria aquele namoro.
Ele pobre, negro, analfabeto, tocador de festa. Ela estudante, branca, de posses. Apaixonada, se entregou aos encantos do cabra, desabrochou mulher. E o pai valente pretendia matar o enxerido que desonrou a filha, uma tragédia anunciada que seria riscada a faca ou bala numa feira de sábado. Episódio que deixou mágoa profunda e longa no rapagote rejeitado e humilhado.
Aquilo não era uma dança de quadrilha. Era um pedaço bem real do começo da história de Luiz Gonzaga do Nascimento, filho de mestre Januário dos oito baixos e de dona Santana, de Pernambuco, cabra macho chegado ao mundo numa sexta-feira 13 de dezembro, dia de Santa Luzia.
Reza a lenda que o nome Luiz era homenagem à santa, Gonzaga a são Luiz Gonzaga e Nascimento ao mês de dezembro do nascimento de Jesus. Não há dúvida, o menino já nasceu recomendado e bem batizado no palco do céu.
Luiz Gonzaga que viu os gaúchos de boleadeiras, bombacha, facão e chapelão e teve certeza de que também podia. Meteu-se em gibão e chapéu de couro, fez-se vaqueiro, armado de sanfona e voz poderosas.
Gonzagão, Rei do Baião, cara de Lua, lua cheia, luar do sertão. Sem favor, o mais completo retrato da cultura nordestina e um dos mais importantes da nossa música popular.
Luiz que só voltou ao seu chão depois de dezesseis anos, querendo apagar a mágoa de amor e da surra. E atendendo ao desejo obstinado de dona Santana de ver outra vez o filho querido. Que foi logo ouvindo “respeita Januário!”. O forrobodó foi tão grande que se alastrou por doze dias. Correu pelos tabuleiros a notícia de que cinco mulheres se ocuparam em fazer comida para o povaréu.
Seu Lua, luz do sertão, cantarino que falava do seu povo, de Zé Buraco, Chico Manco, Pé-de-Foice, Mané Ciço, Peba Macho, Bode Branco, Zé de Bahia, Joaquim, Janjão, Ansermo, Zé Tatu, Capitão Barbino, Bastião, Véi Jacó... Maria Doida, Raqué, Sinhá, Joana, Iaiá, Margarida, Bastiana, Florisbela, Gerolina, Zefa, Tota, Toinha, Zabé, Karolina com K, Juvita, Samarica Parteira – entre um menino e outro, dos outros, botava banca nos forrós para vender “cerrejinha” escumando de quente à cabroeira.
Luiz Gonzaga, que fez da asa branca a imagem do espírito divino da sua liturgia musical. E de Asa branca o hino do Nordeste. Que sofreu chacota do grupo de Canhoto logo depois da gravação original – os músicos acharam que era um hino religioso e saíram andando pelas dependências do estúdio da RCA Victor com um pires, pedindo esmolas. Que viu seu hino de louvor ganhar o mundo, e já se vão umas quase quinhentas gravações diferentes.
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce, eu disse, “adeus, Rosinha!”
Guarda contigo meu coração
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro, não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
Liturgia de uma religião que gerou discípulos beatificados nas escrituras sagradas das partituras: Humberto Teixeira, Zé Dantas, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Abdias, Genaro, Zé Calixto, Luizinho Calixto, Oswaldinho, Chiquinho do Acordeom, João do Vale, Dominguinhos, Anastácia, Marinês, Elino Julião, Trio Nordestino, Genival Lacerda, Luiz Vieira, Quinteto Violado, Banda de Pau e Corda, Flávio José, Santanna, Gilberto Gil, Xangai, Cátia de França, Nando Cordel, Fagner, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Zé Ramalho, Elba Ramalho...
Essa gente sempre soube que “de Taboca a Rancharia, de Salgueiro a Bodocó, Januário é o maior” e ainda botou no mundo um maioral, o Rei do Baião!
Ah, o tempo passando! E inventaram de modernizar tudo isso. Coisa besta, a festa ficou feia. É sempre assim quando os sabidos resolvem mexer na simplicidade dos sábios, reinventar a roda. O erro crasso de quem não distingue simples de simplório.
Trocaram a música orgânica que corria nas veias dos trios pé de serra (sanfona, zabumba e triângulo) por essas porcarias que se intitulam “bandas”, com teclados fingindo sanfonas, com baticuns digitais, que inundam e infernizam a civilidade em rádios, tevês, palcos, paredões de som e festas privadas.
Trocaram a deliciosa picardia brejeira do duplo sentido das letras pela pornografia vulgar, piorada por um machismo ordinário e desrespeitoso das letras analfabetas.
Músicos e cantores originais, intuitivos, tradutores quase ontológicos do linguajar e dos costumes populares foram sendo esvaziados para dar lugar a celebridades de ocasião – uma gente cafona e sem talento, vaqueiros de butique, cantores gasguitas com faringite sempre entrincheirados em toneladas de equipamentos e sem qualquer conexão com a verdadeira arte popular.
“Vamo nessa, galera”, “levanta a mãozinha” e “sai do chão” tiraram do mapa a beleza matuta de “anavantu”, “anarriê”, “arrocha o nó”, que nunca eram ditos aos berros, eram apenas cincerros de égua madrinha para animar o mote e guiar o rebanho feliz pelo terreiro da alegria.
Seu Luiz tomou outro pássaro para escrever um réquiem que, de tão bonito, deixa até a morte em vida bonita na língua do nosso sanfonado de junho.
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió
Assum preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também roubaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óios meus
Ele cortou chão a mais não poder, cantou com minha voz e a de todo mundo, tocou sua “eguinha” branca famosa, “só de baixo cento e vinte, botão preto bem juntinho, como nêgo empareado”. Ele pintou meu orgulho nordestino no coração e na estrada que traço, fazendo o rastro da passada virar rota para voltar, um dia, mesmo tendo que sair de novo.
Ele olhou para o céu dos pássaros e viu “passo voando pra todo lugar”. Tirou de lá o branco da esperança e o preto da tristeza para deixar Asa branca e Assum preto como abertura e encerramento de um espetáculo de vida como outro não se tem notícia.
Eu tive a glória de ver e ouvir Seu Luiz diversas vezes ali na minha frente. Não tinha pra ninguém! E não terá, como Pelé no futebol. Pior para os “joões” de Garrincha, essa cabroeira que anda por aí desenfeitando o arraial porque entrou pela saída.
Aquela sanfona branca
Aquele chapéu de couro
É quem meu povo proclama
Luiz Gonzaga é de ouro
Aquele tom nordestino
É cantador do sertão
É filho de Januário
É festa, é povo, Luiz alegria
Luiz Gonzaga é poesia
Que Antônio, João e Pedro cuidem dessas almas penadas e gritem em seus ouvidos moucos o prefixo que vem “derna” de 1912: “Viva Luiz Gonzaga!”.
E para quem quiser, basta seguir o conselho do grupo Bendegó na música Rancheira: “Se o forró já começou, bote o disco de Luiz”. Amém, meu santo!

Trechos de:
É madrugada (Antônio Barros)
Olha pro céu (Luiz Gonzaga-José Fernandes)
Asa branca (Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira)
Respeita Januário (Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira)
Assum preto (Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira)
Feira de mangaio (Sivuca-Glorinha Gadelha)
Sanfona branca (Benito Di Paula)



12 comentários:

  1. 1) bela crônica, parabéns Palmeira.

    2)Gosto muito dos folguedos juninos/julinos/agostinos.

    3)Nas minhas origens queridas lembro que num terreno baldio fazíamos um arraial, a meninada capinava o local, decorávamos com bambus e bandeirinhas. Tinha a fogueira onde assávamos batata doce e cana.E outros alimentos como canjica...

    4)Nunca me esqueço de um vizinho, que caiu do trem da Central-RJ, quase morreu, fez promessa a São João e no dia da festa, todo ano a meia noite, fazia-se silêncio e ele passava descalço três vezes, para lá e para cá na fogueira, fazia isso rezando e não se queimava.

    5)Eu criança ficava impressionado com esta demonstração de Fé.

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    1. Heraldo Palmeira07/07/2019, 13:07

      Antonio,
      Esses mistérios, lendas e crendices que cercam os festejos juninos têm um valor espetacular na formação da nossa cultura popular. É mesmo impressionante o atravessar da fogueira em agradecimento.

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  2. Moacir Pimentel08/07/2019, 13:04

    Mestre Heraldo,
    Não tenho bytes de memória das “coisas de junho” porque até os meus treze anos passava minhas férias de final de ano no Nordeste. Então jamais participei dos folguedos e/ou vi uma quadrilha em evolução. Mas nos últimos anos estive algumas vezes no Nordeste durante esse mês e das festividades o que pude perceber foi, principalmente, que o cardápio muda tanto nas padarias quanto nas mesas dos amigos e parentes nos oferecendo canjica, pamonha, “pé de muleque”, bolo de milho, de rolo e de rolo de milho(rsrs) Também penso que nas pequenas cidades do interior e/ou praianas a atmosfera ainda se parece com as suas belíssimas foto e crônica : ainda estão presentes a religiosidade, as crendices, as singelas bandeiras e os balões voando no céu, as fogueiras nas portas das casas, o cheiro de fumaça e até mesmo um modesto trio de sanfona, zabumba e triângulo tocando numa feira popular xote, xaxado e forró. Decerto que a televisão nativa nos mostra que em grandes cidades como Campina Grande e Caruaru as festas dos santos tornaram-se grandes eventos comerciais que trazem a cada ano trabalho e renda para o povo na venda dos fogos e fantasias, nos hotéis lotados de turistas, nas barracas vendendo os quitutes de milho e os produtos dos patrocinadores, nos restaurantes bombando e nos shows de estrelas nacionais.
    Com certeza que em outras esquinas do mundo a tradição ainda não perdeu tão completamente a guerra contra a modernidade e o entretenimento como é o caso da celebração mais equilibrada que a cidade minhota de Vila do Conde realiza anualmente para o seu padroeiro São João, cuja imagem mora na Igreja Matriz há praí uns quatrocentos anos. A festa conta com a participação de praticamente toda a população que sai às ruas sem pirotecnias dividida nas torcidas de dois “Ranchos”: os das rendeiras do Monte e da Praça. Da mesma forma, na noite de 28 para 29 de junho, na cidade vizinha , Póvoa do Varzim , a galera festeja Pedro, o santo pescador, enfeitando as janelas e dançando atrás das “Rusgas” dos bairros - principalmente dos bairros Norte e Sul - que competem pela beleza dos seus trajes e andores enquanto desfilam pelas ruas onde as sardinhas assadas nas fogueiras e o vinho tinto são oferecidos a quem passa, com verdadeiro espírito "de bairro”. Beleza!
    Porém vale a pena lembrar que esse espírito de comunidade e partilha é muito antigo e que também muito mudou desde que começou lá atrás, na antiguidade, com as celebrações pagãs do solstício de verão na Europa, com culto aos deuses das plantações, das colheitas, da renovação da natureza. Essa “ideia” foi assimilada pela Igreja Católica - viva o sincretismo! - que passou a festejar na mesma data o nascimento de São João Batista que, dizem, foi sinalizado de longe para Maria pela senhora mãe do recém nascido, Santa Isabel, através das chamas e fumaça de uma fogueira. Daí a nossa jesuítica tradição.
    Sim, é uma pena que as fogueiras de hoje sejam artificiais e que valham pela altura que possuem, que o forró eletrônico e os auto falantes substituam o forro pé de serra que por sua vez já foi um arrasta pé africano de nome forrobodó. Mas fazer o quê? Seja lá como for continuamos festejando a lida e a vida há milhares de anos e, se lhe serve de consolo, eu ainda sei de cor – e como eu muita gente ! - as letras de todas as maravilhas com as quais o eterno Luiz "cantou "como não se tem notícia o espetáculo da vida".
    Abração

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    1. Heraldo Palmeira10/07/2019, 01:56

      Caríssimo,
      Sim, é como você descreve, nós vestimos e degustamos nossa festa do meio do ano. Ficamos um pouco mais matutos nas roupas, no jeito. Voltamos às comidas das nossas origens. E fazemos festa porque sempre fomos felizes - ainda mais se o chão está verde.

      Rezamos, cantamos, dançamos, damos asas às nossas tradições e lendas. E eu penso em outros pontos desse mundão, especialmente Portugal, onde a festa também ainda cheira à mesma fumaça de antes. Também compreendo essas novas virtudes que enchem hotéis e restaurantes, montam grandes shows. Tudo bombando. Bacana!

      É um caminho que o Carnaval já fez, esgotou e está voltando para a troça de beira de esquina, da festa da rua, do bairro.

      Não desagrado de quem transformou os meninos em Tonhão, Joãozão e Pedrão, mas prefiro meu cantinho, pequenininho e festejar Toinho, Joãozinho e Pedrinho. Não preciso de aumentativos, quero o carinho do diminutivo, para tomar meu negocim ouvindo uma musiquinha velhinha, daquelas bem bonitinhas que a gente se emocionava só de ouvir, porque era para louvar são João do carneirinho - que a gente aprendia que era tão bonzinho. E ainda tinha a trepidação no peito, só de ver aquela menininha, bem matutinha, tão bonitinha, que a gente queria para namoradinha.

      Eu quero poder continuar rezando um tiquinho no meio da festa, bem caladinho, só comigo mesmo e santo da noite. E em Campina ou Caruaru o negócio ficou tão gigante que meu braço não teria tamanho para fazer o roteiro do sinal da cruz de lá. E nem eu conseguiria ouvir meu fiapo de voz emocionada fazendo meu lamento sertanejo. Por isso, vou ficando por aqui mesmo. Abração.

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  3. Flávio José Bortolotto09/07/2019, 09:04

    Muito boa essa Crônica "Arraial de Algodão" versando sobre as Festas Juninas, especialmente de São João ( 24 Jun ), deste excelente Escritor e conhecedor do Folklore Nordestino, Sr. HERALDO PALMEIRA.



    O Nordeste Brasileiro é o berço de nossa Nacionalidade. O Brasil nasceu no Nordeste com a Cana de Açúcar e seus Engenhos, a criação de gado, etc.
    Tem portanto o Nordeste a primazia entre todas as nossas Regiões deste imenso País de quase 9.000.000 Km2.

    E entre outras coisas é isso que faz a grandeza do Brasil, unidos pela mesma Língua Portuguesa, temos Regiões diferenciadas no Folklore como o Nordeste, o Centro, o Sul, o Centro-Oeste, a Amazônia, etc, mas tudo formando um Todo harmônico.

    Parabéns e Abração.

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    1. Heraldo Palmeira10/07/2019, 01:59

      Flávio,
      Obrigado, inclusive pelos registros históricos tão precisos e honrosos. Abraço.

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  4. Olá Heraldo,
    Poeta é assim.
    Para falar de infâncias juninas rima Volpi com Lorenzato, fé enfeitada com tradição, cores e desejos.
    Para falar de música e cantor encantado conjuga pássaro com réquiem, rastro de passada virando rota para voltar um dia, mesmo tendo que sair de novo.
    Nunca desenfeite seu arraial de menino!
    E divida com nós todos sempre que tiver vontade!
    Até mais.

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    1. Heraldo Palmeira10/07/2019, 02:18

      Ana,
      A poesia não é minha, é da festa! Acredite.

      Volpi e Lorenzato eu encontrei num amanhecer longínquo a caminho do Vale do Jequitinhonha, toda a vila ainda dormindo e a gente passando devagarinho para deixar que eles acordassem com o sol, como sempre. Era junho e eu me senti dali, mesmo sem ter visto um rosto sequer. Roubei as fotos do que vi no horizonte deles e ficamos assim: amigos que nunca vamos saber uns dos outros, mas inseparáveis porque estive lá sem eles saberem, porque os trouxe comigo (no retrato) sem eles saberem.

      Talvez Volpi e Lorenzato estivessem por lá. Talvez estejam na foto eles mesmos, pássaros, réquiens, na marca da passada na terra, que não vi mas que ficou porque pisei. Não sei se volto lá, nem sei se conseguiria achar. Mas estive e, se ainda estou, já voltei, não há como sair para voltar. Até mais.

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  5. Wilson Baptista Junior09/07/2019, 12:31

    Um post que me trouxe lembranças dos meus tempos de menino e rapazinho, dançando quadrilha nas festas juninas do grupo escolar e depois no galpão de terra batida da igrejinha do padre Carlos, hoje demolida e transformada na igreja de Nossa Senhora de Fátima. E dos fogos que a gente soltava no quintal da casa de meus pais, Vovó, Didida e Mamãe ficavam olhando as faíscas e as rodinhas da janela interna da sala...
    Mas sobretudo uma bela e merecida homenagem ao grande, ao imenso Luiz Gonzaga, filho de Januário, que deixou em nossas almas e nossos ouvidos uma herança tão grande como seu enorme coração e que hoje deve estar tocando sua sanfona e gritando "balancê" para os anjinhos numa roda onde as fogueiras são as estrelas que iluminam o claro céu de junho, com tantos dos seus amigos e discípulos que, como ele, já foram lá para o andar de cima.

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    1. Heraldo Palmeira10/07/2019, 02:04

      Mano,
      Não há como negar a beleza dessas festas e o valor emocional que elas marcam nas nossas vidas. E a nossa sorte de ter seu Luiz dando régua e compasso nesse chafurdo maravilhoso.

      Imagine a farra no céu, acima das nossas estrelas de junho, agora com a chegada de João, um Joãozão da música! Santo Deus!

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  6. Francisco Bendl10/07/2019, 19:42

    Palmeira merece os meus cumprimentos não só pelo belo artigo, mas por manter e divulgar as nossas tradições, folclore e costumes.

    As festas juninas são cultuadas no Nordeste com mais intensidade que qualquer outra região brasileira, que devem ser enaltecidas as manifestações de manterem viva na memória do povo os cultos a São Pedro, São Paulo e São João.

    As roupas características, as danças, os alimentos que acompanham as festas, a fogueira, os foguetes, as inexoráveis paqueras e até mesmo novas conquistas amorosas nos arreais construídos para esta finalidade, impulsionam seus frequentadores a esperar com ansiedade a época do ano correspondente.

    Nada melhor que eu ilustrar esse comentário onde reverencio esta obra de Palmeira, com a seguinte poesia:

    Olha pro céu, meu amor
    Vê como ele está lindo
    Olha praquele balão multicor
    Como no céu vai sumindo
    Foi numa noite, igual a esta
    Que tu me deste o teu coração
    O céu estava, assim em festa
    Pois era noite de São João
    Havia balões no ar
    Xóte, baião no salão
    E no terreiro
    O teu olhar, que incendiou
    Meu coração.
    Composição: Luiz Gonzaga / José Fernandes

    Um abração, Palmeira.
    Saúde, muita saúde!



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    1. Heraldo Palmeira10/07/2019, 21:51

      Bendl,
      Obrigado. São essas experiências de vida que nos amparam nos desacertos, nas solidões, nos desânimos... A gente sabe que o fato de ter vivido coisas tão singelas e humanas tem algum sentido maior. Ou a gente não estaria aqui, do alto das nossas idades, lembrando essas riquezas pessoais que se fazem coletivas pelo nosso desejo de felicidade.

      Singeleza me parece um sinônimo pleno para essa música que você citou, e não por acaso ela está lá, logo no começo do meu rascunho. Abração e saúde para muitos junhos doravantes.

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