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Wilson
Baptista Junior
Nesse junho que
passou, numa tarde clara de inverno, eu e Ana voamos para São Paulo,
aproveitando um feriado, para conhecer a nova casa de um de nossos filhos e sua
mulher, e aproveitar a oportunidade de passar meu aniversário com os filhos, as
noras e os netos.
Foi, claro,
um passeio agradabilíssimo pela companhia e pela acolhida sempre de coração
aberto com que somos invariavelmente recebidos na casa de qualquer deles, com
direito à bela montagem do Fantasma da Ópera, com libreto do Andrew Lloyd
Webber, no antigo Cine Teatro Paramount, agora rebatizado de Teatro Renault.
Infelizmente,
por um desencontro nos horários familiares, tivemos que adiar para outra
ocasião a oportunidade combinada de tomar um café ao vivo na Paulista com nosso
companheiro de blog e amigo, por enquanto virtual, Heraldo. Se Deus quiser
haverá outras.
Mas um passeio
que fizemos nos fez lembrar muito de outro amigo e companheiro de blog, o
Mestre Antonio, quando numa manhã fomos conhecer o Templo Budista Zu Lai, em
Cotia, vontade guardada já há algum tempo.
Só que nos
esquecemos de que era um feriado, e no esperado lugar de calma e contemplação
fervilhava uma multidão de turistas tirando dezenas, centenas, milhares de
selfies quase sempre entre nossos olhos e o que estivéssemos querendo ver. Como
tudo na vida isso teve um ponto positivo, que foi transformar a caminhada num
exercício consciente de paciência e aceitação, quem sabe uma maneira canhestra
de tentar se aproximar das Quatro Nobres Verdades. Que, na sua profunda
sabedoria, minha mãe sintetizava numa só frase: “O que não tem remédio
remediado está”...
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Talvez por
isso o buda sorridente que abre este post, o buda Maitreya, esteja mesmo é se
divertindo vendo a multidão animada que invade seu templo e imaginando como
será o futuro, quando reincarnar no nosso meio...
Mas apesar
da quantidade de pessoas e da movimentação dos selfies, percebe-se uma
tranquilidade entre os visitantes que não destoa da ambientação do lugar.
A primeira
coisa que nos atrai é a grande extensão dos jardins, guardados ao longo dos
caminhos pelas estátuas de monges que figuram nas histórias do budismo.
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E até uma
fonte que chamam Fonte dos Desejos, onde os visitantes jogam moedas para ter um desejo atendido (o que, em vista do lugar, foi para mim uma surpresa; com
certeza aqui os desejos pedidos devem ser merecidos...)
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Depois, as
estátuas de dezoito discípulos iluminados de Buda nos guiam até a grande escada
que vai levar ao primeiro portal do templo. Ao subir esta grande escadaria já
temos a sensação de que a busca pela paz interior é uma sucessão de degraus que
a nossa mente vai percorrendo.
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Passado o
portal entramos no grande pátio (visto aqui no sentido contrário) cercado por
uma colunata coberta:
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Nos
parapeitos do andar de cima, aqui vistos através do teto da colunata que
circunda o pátio, já podemos perceber que um motivo recorrente na decoração do
templo é a flor de lótus. Dizem que essa flor, que cresce no lodo e tem suas
raízes na lama do fundo, e desabrocha imaculada na superfície, simboliza a
pureza da mente que se liberta dos desejos do corpo.
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A escadaria
que sobe do pátio para o andar principal do templo, terminando no portal da
Sala do Grande Herói, tem de cada lado um guardião severo, o Shishi. Este par
de leões são os guardas tradicionais das entradas dos templos, o da esquerda
(mostrado na fotografia) de boca aberta, dizem que para assustar os demônios
que quiserem entrar, e o da direita de boca fechada, para guardar os bons
espíritos do templo.
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Na Sala do
Grande Herói, onde são realizadas as cerimônias, não nos era permitido
fotografar; ficamos então com essa fotografia tirada do topo da escadaria, que
mostra a grande estátua de jade branco de Siddarta Gautama, o buda Shakyamuni,
no altar ao fundo da sala. Esta imagem, ao tamanho da qual a fotografia não faz
justiça pela distância em que foi tirada (as pessoas que aparecem estão fora do salão), veio da distante Myanmar e pesa mais
de quatro toneladas.
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Em frente da
entrada dessa sala fica um vaso de bronze cheio de areia onde, num pequeno
ritual de concentração, se pode fazer uma oração pedindo uma graça e colocar
para queimar uma varinha de incenso. Ao colocar a varinha peguei um papelzinho
dobrado contendo uma mensagem do Venerável Mestre Hsing Yün, fundador da ordem
Fo Guang Chan, à qual pertence o templo. A minha dizia:
“Quando a sabedoria e a emoção são direcionadas para um mesmo
objetivo, não há o que possa evitar a sua realização, pois não existe nada mais
forte no mundo”.
O que me fez
lembrar de uma frase de John Ruskin de que gosto muito: “When love and skill work together, expect a masterpiece” (Quando o
amor e a maestria trabalham juntos, espere uma obra prima).
Na varanda
principal do templo, à esquerda da sala do Grande Herói, uma outra enorme
estátua do Buda observa os visitantes.
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Descendo
para o andar inferior, visitamos o Museu do Budismo, uma sala cheia de belos
artefatos antigos, mas onde também não se podia fotografar. O monge que cuidava
da sala nos explicou que a proibição era para preservar a quietude propícia
para melhor compreender o que se via na sala, o que nos pareceu eminentemente
razoável imaginando a balbúrdia que seria a quantidade de visitantes tirando
selfies à frente de cada vitrine...
Num dos lados do andar de baixo, entramos num pequeno jardim que é um playground para as
crianças, sob uma grande pintura do Buda que alimenta as águas de onde nasce a
flor do lótus.
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A essa
altura já passava da hora do almoço, o passeio e o ar puro tinham aberto o
nosso apetite, e entramos no restaurante do templo. Eu, que adoro carne e
peixe, nunca teria imaginado que uma refeição inteiramente vegetariana pudesse
ser tão deliciosa. Confesso que fiquei impressionado com o cuidado e o tempero
da comida. E com a tranquilidade, hoje rara, de comer num restaurante onde as
pessoas, talvez ainda sob a influência do passeio no templo, não falavam alto
como acontece hoje na maioria dos lugares.
A caminhada
até onde tínhamos deixado o carro foi outro passeio pelos jardins, e voltamos
para casa levando alguns dos maravilhosos pães que se podiam comprar à saída do
salão.
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Alguns dias
depois voltamos para casa. Decolamos de Congonhas numa manhã maravilhosa, nem
uma nuvem no céu, um voo sob medida para apreciar as belas paisagens entre São
Paulo e Belo Horizonte, as montanhas, o lago de Furnas resplendendo ao sol.
Eu, que tenho
voado, e muito, há quase sessenta anos (ocasiões houve em que cheguei em casa
apenas para trocar de mala e voar de novo) e a cada decolagem ainda me lembro
dos versos que um piloto canadense da Segunda Guerra escreveu pouco antes de
ser abatido, e que começam assim: “Oh,
I’ve slipped the surly bonds of earth, and danced the skies on
laughter-silvered wings...” (Oh, eu me livrei das rudes amarras da terra, e
dancei céus afora em asas prateadas pelo riso) e me identifico um pouquinho com
sua alegria, ao constatar que quase todas as janelas do avião do lado do
nascente estavam fechadas para não incomodar a visão dos passageiros das telinhas de seus
smartphones, tablets e computadores (voávamos num 737-800, mais de cento e
oitenta passageiros, com wifi a bordo) não pude deixar de imaginar o que o Buda
sorridente estaria pensando das pessoas de hoje e do que elas estariam vendo com
seus olhos artificiais em vez de olhar para as belezas do mundo em que vivem, no
futuro longínquo em que ele voltará a estar entre nós...
Até que enfim ! vc nos brinda com este relato de um passeio inesquecível !
ResponderExcluirComo queria estar com vcs ! Que lugar especial e bonito !
E terminou com esta constatação das pessoas deixando de ver a beleza natural e grudarem nos seus celulares
Adorei participar deste passeio nem que seja pelas fotos !
Precisa escrever mais
Um grande e carinhoso abraço
Léa, muito obrigado pelas palavras carinhosas, fiquei contente de você ter gostado. Realmente foi um passeio muito bom. E sim, vou ver se escrevo mais. Um abraço.
ExcluirOlá Mano,
ResponderExcluirForam dias escandalosamente deliciosos, não foram?
Teve de tudo um pouco. Netos desencontrados por causa dos engarrafamentos enormes de volta de feriado, teatro no dia errado compensado por um jantar num restaurante super agradável numa ruazinha cheia de lanternas azuis. Encantador. Mas conseguimos o teatro no dia seguinte.E adoramos.
E na volta para casa uivos do carro para uma noite sem lua, por não conseguirmos resolver, uma muvuca total, onde jantar, lanchar ou o quê.
Pena não encontrarmos o Heraldo. Queria muito. Passei um zap para ele perguntando se teríamos nos gostado, os três. E ele respondeu, "Ia ser uma prosa de acabar querosene de lamparina." Um querido, esse homem.
Beijocas.
Oi Ana, foram sim. Passear com você é sempre bom e com os filhos melhor ainda. Se Deus quiser faremos muitos ainda vida a fora. Um beijo.
ExcluirCertamente entre mim e o mestre Buda existem arestas a ser aparadas!
ResponderExcluirO rotundo filósofo tem o poder de se intrometer na memória de um AMIGO que tenho, e ele deixa de se lembrar que também sou AMIGO dele!
Quando viaja, e posta saudoso o nome de outros AMIGOS, rejeita o distante AMIGO do Sul, pois sequer lhe manda lembranças quando visita outros Estados.
Se antes eu tinha alguma descrença com os ensinamentos do fofo indiano, Sidarta Gautama, conhecido como Buda, agora eu o afastarei das minhas intenções de estudá-lo mais a fundo, haja vista que não quero JAMAIS esquecer que tenho um AMIGO que, mesmo que de mim não se lembre e me ignora!
Não é por nada que o gordinho está sorrindo, em nítido deboche ao AMIGO que foi absolutamente deletado da memória do AMIGO mineiro!
Dito isso, alegro-me com o passeio do meu AMIGO, que foi visitar filhos, netos e noras, invariavelmente encontros de grande emoções, alegrias e satisfações inenarráveis.
Mais ou menos como estou me sentindo neste momento, porém ao contrário, onde as palavras custam a ser postadas em razão da mágoa e tristeza que o meu AMIGO me proporcionou ao publicar escancaradamente quais são os seus diletos AMIGOS, ENQUANTO QUE EU NÃO PASSO DE UM SIMPLES “conhecido”.
Mesmo assim, envio-lhe o meu abraço fraterno.
E registro que o seu artigo em tela é primoroso, mesmo que o Buda seja uma barreira intransponível na mente do meu AMIGO, que o faz esquecer daquele que tanto o admira e respeita, o cara, aquele do RS, um conhecido de somenos importância!
Claro, e lhe desejo saúde, muita saúde, de modo que por muito tempo ainda se lembre dos seus AMIGOS, mesmo em detrimento daquele que o considera AMIGO, apesar de não ter a mesma reciprocidade!
Buá, buá, buá ....
Chicão, gaúcho velho das coxilhas , tens certeza de que foi mesmo mate a erva que usastes no chimarrão da manhã?
ExcluirDeixa o Buda em paz, que culpa tem o Iluminado de que meus filhos tenham escolhido viver em São Paulo em vez de no teu Rio Grande, que se tivéssemos ido aí para os teus lados seria contigo que teríamos marcado encontro, e como podes querer que um templo budista nos lembre alguém que não o Mestre Antonio? Ou virastes também budista sem nos avisar?
Sossega, amigo dissidente, que algum dia ainda vamos conhecer Rolante, dividir um amargo (mas, olha bem, de mate:) e passear contigo pelas ruas desse Porto Alegre que tão bem descrevestes no teu livro.
Um abraço do teu tamanho.
Salve Wilson!
ResponderExcluirQue bom que a viagem foi "deliciosa" e que os viajantes se divertiram! É muito bem vindo esse seu belo passeio ilustrado pela paz do Templo Budista Zu Lai, que me levou de volta no tempo até o primeiro santuário budista que visitei, no finalzinho dos anos 70, de nome Sarnath e localizado a alguns quilômetros de Varanasi, a cidade sagrada dos hindus à beira do Rio Ganges. Dizem que naquelas paragens o Buda Gautama pregou pela primeira depois de atingir a iluminação. De lá para cá não sei quantos templos budistas visitei durante minhas andanças asiáticas, retirando os sapatos na porta, fazendo o mínimo de barulho, evitando fotografar as estátuas em respeito às reflexão e a meditação em completo silêncio dos crentes.
Em seguida as suas pretinhas me fizeram experimentar a gloriosa sensação de liberdade das “amarras da terra” lá no alto durante o voo e, bem assim, o costumeiro aborrecimento com as janelas cerradas contra a luz para não atrapalhar os habitantes do mundo virtual. Complicado! Como não refletir sobre a crescente quantidade de tempo que as pessoas dedicam às suas telinhas? A tecnologia parece mágica e contra a capacidade de conjurar qualquer informação teclando em uma maquininha são inúteis os conselhos para respirar fundo e fazer looooongos jejuns digitais. A verdade é que são cada vez mais raros os santuários reais nessa aldeia global conectada, nessa sociedade de “polegares estranhos” e “olhos artificiais” que se esquece de viver a vida.
As soluções tecnológicas não são apenas boas de se ter, elas realmente reformulam nossas expectativas, afetam nossos cérebros, são viciantes, nos tornam profundamente imediatistas, frustrados e insatisfeitos quando as coisas não acontecem automati(gi)camente. Quem hoje se levanta do sofá para trocar de canal? Essas coisas passaram a ser consideradas trabalhosas e sem sentido, ou seja, a tecnologia mudou o que achamos aceitável e não há como voltar atrás. Não, não consigo imaginar o que o futuro nos reserva mas com certeza em breve ninguém mais vai precisar padecer de insuportável angústia ao descobrir que esqueceu o celular em casa. Eles se tornarão parte de nós, serão chips implantáveis e onipresentes. Vamos começar a nos fundir com a tecnologia.
Dia desses cutucado pelo Bendl, que no seu post filosófico questionou a “reprodução no futuro”, fui googlar a respeito lá pelas bandas da Universidade de Stanford. Não, graçasadeus!, o sexo não se tornará obsoleto. Sacumé: uma vez primata sempre primata (rsrs) Mas fazer sexo para fins reprodutivos se tornará algo raro porque os óvulos e espermatozoides poderão ser extraídos de células-tronco – “provavelmente as células epiteliais dos pais” – e isso permitirá um rápido diagnóstico genético “pré-implantacional” dos embriões ou uma fácil modificação do genoma para aqueles que desejaram “embriões editados” em vez de apenas “selecionados”.
E quem viver verá!
Abração
Salve Moacir, se o post te trouxe alguma lembrança boa dos anos de mochileiro na Índia fico contente. Sim, o passeio foi muito bom. Como poderia não ser?
ExcluirA questão da tecnologia (ou melhor, dos usos que fazemos dela) daria muitas horas de conversas. Onde a conclusão mais provável seria, penso, de que não há como escapar dela. Que tem uma imensidão de coisas boas e outra do mesmo tamanho de perigos. Que já entrou em nossas casas, nos nossos carros, no nosso modo de vida. Onde convivemos, por exemplo, com a facilidade das lavalouças e ao mesmo tempo com procurar no manual qual foi o "erro XX" que seu mostrador de cristal líquido nos mostra quando pensamos que vamos encontrar a louça do jantar resplandescente e pronta para guardar. Que nos dá ao mesmo tempo a Netflix e a banda larga que cai no momento culminante do filme. Que vai nos permitir eliminar doenças antes dos filhos nascerem mas também oferecer a tentação terrível de querer (Deus nos livre) "editar" como serão eles. Mas que também nos permite pisar na Lua e pensar em como chegar às estrelas.
Estou escrevendo aqui cercado de computadores, tablets, smartphones, todos me são úteis e todos me dão prazer. Mas lá em cima, mesmo com wifi nos aviões, eu ainda prefiro olhar pela janela, ver a imensidão lá fora e me lembrar do Saint-Ex, dizendo que o avião é um maravilhoso instrumento de análise que nos permite entender como é a terra e a vida lá em baixo...
Um abraço do Mano
1) Belo texto Mano, belas fotos. Que bom saber que vcs gostaram do passeio à Cotia.
ResponderExcluir2) Sobre o fundador Mestre Hsing Yun, tive a oportunidade de conhecê-lo na inauguração do Zu Lai, acho que em 2002.Tenho também todos os livros dele, em português, deve ser uns vinte, onde estudo e reestudo com frequência.
3)"O Mi Tu O Fo" = Louvado seja o Buda Amithaba (Luz Infinita). É o tradicional mantra em mandarim do Fo Guang Shan. Usam até como cumprimento tipo bom dia/boa tarde/boa noite.
4)Abraços em todos (as) viajo amanhã e só volto em agosto.
Obrigado, Mestre Antonio, gostamos muito, sim. E gostaria muito de um dia voltar lá numa hora mais tranquila em que pudesse conversar um pouco com algum dos monges mais velhos. Quem sabe um dia.
ExcluirO Mi Tu O Fo, Mestre Antonio, e uma boa viagem, um bom reencontro com filha, genro e netinho e um bom regresso.
Prezado Autor e nosso Editor Sr. WILSON BAPTISTA JUNIOR,
ResponderExcluirBela reportagem nos contando de Vossa viagem a São Paulo-SP, junto com Sra Ana Nunes sua senhora, para conhecer casa nova de um Filho e Fam, outros Filhos e Fam, tentativa de encontro com Sr. HERALDO PALMEIRA, e visita a esse lindo Complexo Templo Budista ZU LAI em Cotia-SP na grande SP.
Com lindas fotos e excelente descrição do Templo, temos uma leitura prazerosa do Complexo, de ótima Arquitetura Oriental e belíssimos e amplos jardins.
Por curiosidade Googlei e encontrei o seguinte: A cerca de 2.000 AC grandes tribos Arianas da Ásia Central de pele branca e cabelos claros invadiram a Índia pelo Norte, Punjab, e mais desenvolvidos tecnologicamente dominaram os Povos Dravidianos locais,que tinham pele e cabelos bem mais escuros.
Para manter o poder, os Arianos que eram minoria, dividiram a Sociedade Indiana em 4 Castas (Brâmanes, Guerreiros, Comerciantes e Artífices e Agricultores servos),e uma Quinta porção de Impuros ou Párias, majoritária.
Apartheid total.
Pelo Séc VI AC, a influência exagerada dos Brâmanes provocou uma reação que deu origem a uma nova Religião, o Budismo.
SÁQUIA-MUNI filho de um Rajá do Nepal, foi o Autor dessa revolução religiosa. Sua Doutrina pregava a igualdade entre Todos os Homens, com consequente abolição das Castas, e era transmitida em Parábolas para melhor compreensão das Castas inferiores e especialmente os Impuros, aos quais era rigorosamente proibido transmitir Dogmas, especialmente da igualdade de todos os Homens.
Todos os Desditosos abraçaram com entusiasmo a Doutrina do Inovador a quem intitularam BUDA ( O ILUMINADO).
A nosso ver, a maior qualidade de BUDA foi a Coragem, uma vez que a perseguição do Bramanismo foi violenta como era de se esperar, tanto que o Budismo não ficou majoritário na Índia, mas se espalhou enormemente pelo Tibet, China, Indo-China, Mongólia, etc, e especialmente Japão.
Muito Obrigado pelo belo Texto e um Abração.
Amigo Bortolotto, fico feliz por você ter gostado do post, muito bem complementado por suas boas palavras sobre a história do budismo. Realmente foi muita coragem do Sakyamuni que afrontou os preconceitos de classe da sua terra e sua época e lançou as bases de uma doutrina que prega que os homens são consequências dos seus atos e que todos podem pretender a iluminação. O que seria também pregado depois por Jesus que nos trouxe uma mensagem que, se a tivéssemos sabido seguir, e não a tivéssemos desvirtuado tanto pelas tentações do poder e da riqueza, nos teria trazido a um mundo bem melhor e mais humano do que o de hoje.
ExcluirObrigado e um abraço.
Mano,
ResponderExcluirTrilhei por seu relato os cantos do templo e confesso que nem vi o povaréu ávido por selfies. Nesse turismo do ir porque ouviu falar, as pessoas vão em manadas sem entender direito onde estão e o que foram fazer ali. Daí, o jeito é danar o pau a tirar retrato.
Lembrei de ocasião recente, em que estive com a família noutro templo em Embu das Artes, muito semelhante ao que vocês encontraram em Cotia. Independentemente do movimento ao redor, o lugar permite que a gente ouça o silêncio, visite os nossos fantasmas existenciais. E acorde com uma "turista acidental" ao telefone, informando encantada que estava no templo de bunda. Juro que é verdade! Já no restaurante da cidade, tive o estalo: ela não poderia ter ido lá sem a dita cuja mesmo.
Ainda bem que a gente não carrega um daqueles fantasmas desfigurados, escondidos nas sombras do velho Paramount. Fiquei boquiaberto com a orquestra completa e coro escondidos sob o palco, tocando e cantando aquilo tudo ao vivo, junto com os atores-cantores que vimos no palco. Sim, bela montagem! E os tarados digitais estavam lá, tentando fazer as fotos proibidas e gerando sons estranhos com os seguranças implacáveis.
Na próxima, não tem erro: só na região da Paulista são três padocas abertas 24 horas (só fecham dois dias no ano). Sem contar O Sujinho, que vai até às quatro das madrugas. Quem não conseguir jantar, lanchar ou o quê é porque não estará com fome!
Restou-nos a falta do café combinado, para a gastança de verbo. Eu já disse e continuo dizendo, ia ser uma prosa de acabar querosene de lamparina.
Concordo que não dá para fugir das mogangas digitais, mas podemos mostrar quem é que aperta os botões e teclas. Em último caso, quem carrega as baterias. Portanto, no meio dos cento e oitenta que cabem no avião, seremos sempre os que abrirão a janelinha para olhar o mundão de Nosso Senhor de todos os Budas. E se espichar a mira é capaz de enxergar Aruanda e suas entidades.
E, por favor, seja menos dúbio no uso desse português danado de falante, pois quase caí da cadeira lendo sua resposta a Ana: "Passear com você é sempre bom e com os filhos melhor ainda. Se Deus quiser faremos muitos ainda vida a fora". Até eu entender que essa feitura era de passeios... (rsrs)
Que prazer ler "a fora" e não esse tal de "afora" que os "mudernos" decretaram correto para o sentido afora a exclusão, a exceção. Pode estar correto, mas, pela vida a fora eu vou assim. Abração.
Heraldo, eu e Ana ainda estamos rindo depois de ler seu comentário... Não se preocupe, a vida é sábia, parafraseando o Ecclesiastes tem o tempo dos filhos pequenos e tem o tempo dos netos, e se eles se misturassem ia ser uma baita confusão porque uma coisa é ser pai e outra ser avô. Mas você tem razão, melhor vigiar mais o passeio dos dedos no teclado :)
ResponderExcluirComo também tem razão, mesmo sem querer, sua turista acidental: seria difícil ela deixar a bunda em casa para visitar o templo. Embora nesse tempo de hoje não seja de todo impossível, afinal não são só alguns sutiãs por aí que têm enchimento...
E, enquanto esperamos chegar a próxima vez para esvaziar as lamparinas trocando um dedo de prosa ("um" aí como o nosso "ali" de bom mineiro), que continuemos sempre de janelas abertas pela vida a fora!
Um abraço do Mano