fotografia Moacir Pimentel |
Moacir Pimentel
Embora eu já tenha viajado pelas páginas de alguns daqueles velhos
livros que a escritora Helene Hannf tanto apreciava e perambulado pelas velhas
ruas londrinas com as quais a moça sonhava, para teclar sobre a Londres “literária”
dela confesso que tive que pedir ajuda, ao virar a esquina da Baker Street, não
mais iluminada pelas luzes dos lampiões de gás vitorianos, a uma das mais
conhecidas personagens literárias de todos os tempos: sim, é ele mesmo, Sherlock
Holmes!
Penso, my dear Watson, que durante essa nossa visita a Londres talvez
fosse elementar tentar entender as paisagens mentais da escritora. Muita gente
boa diria que Helene Hannf era uma leitora obsessiva. Será?
O escritor norte-americano Mark Twain afirmava que a verdade era mais
estranha do que a ficção porque “a
ficção, afinal, precisa fazer sentido” (rsrs) E na verdade, às vezes, para
mim Helene não faz sentido. Mas daí a carimbar a moça de compulsiva, vai uma
longa distância. Serei eu um leitor compulsivo porque gosto de ler até bula de
remédio? Ou porque nos tempos de eu menino quando apagavam a luz eu continuava
lendo com uma lanterna debaixo do lençol? E porque já perdi a conta das noites em
que adormeci com um livro aberto sobre a barriga e os óculos no nariz? Terá
sido essa moça obsessiva? Com a palavra a própria escritora...
“O meu problema é que enquanto outras pessoas estão lendo cinquenta
livros, eu leio um livro cinquenta vezes. Só paro quando no final da página 20,
digamos, percebo que posso recitar de cor as páginas 21 e 22. Então eu me
afasto do livro por alguns anos “ (rsrs)
A Helene me faz lembrar de Samuel Johnson, o Doutor Johnson, um
escritor e pensador, poeta e ensaísta, biógrafo e crítico literário inglês que
nasceu filho de um livreiro pobre e, portanto, sem recursos para cursar a
universidade de Oxford. Mesmo assim, foi o autor de grandes livros como Jornada
às Ilhas da Escócia, de um primoroso Dicionário da Língua Inglesa,
em 1755, de uma maravilhosa edição comentada das obras de Shakespeare e, no
campo da crítica literária , da obra-prima de nome As Vidas dos Mais Eminentes Poetas Ingleses, cujos volumes,
mesmo depois de tantos séculos, continuam obrigatórios para quem se interessa
ou estuda a literatura inglesa.
Estátua de Samuel Johnson, junto à igreja de St. Clements Danes - fotografia de Mike Peel (www.mikepeel.net). |
Sucede que o Doutor Johnson, de quem você
provavelmente conhece uma famosa citação - “O patriotismo é o último refúgio do canalha”
– e que hoje mora na Fleet Street servindo de WC para a passarada, era um
leitor insaciável que devorava bibliotecas inteiras esfregando o nariz nas
páginas pois, de nascença, era cego de um olho.
Diz Dona Lenda que ele lia à luz de velas e que na sua casa alguém
ficava sempre de plantão pois costumava atear fogo às próprias perucas (rsrs)
Seria ele um leitor obsessivo? Não, e também não creio que Helene Hanff o fosse,
que ela fizesse da leitura uma única fixação que a desesperasse. Agora...
Devo admitir que a literatura em língua inglesa é recheada por tipos
literários bem estranhos que levam as coisas longe demais. É o caso, por
exemplo, da Senhorita Havisham, a personagem bizarra do livro Grandes Esperanças, de Charles Dickens, colada
a um passado empoeirado e humilhante, consumada pelo desespero de ter sido
abandonada no altar, fixada em um casamento que nunca se realizou. A sua
aparência fantasmagórica merece uma das mais geniais descrições do autor:
“Ela estava vestida com materiais ricos
- cetim, renda e sedas - tudo branco. Os sapatos eram brancos. E ela tinha um
longo véu branco e flores de noiva no cabelo, mas seu cabelo era branco.
Algumas joias brilhavam em seu pescoço e mãos e outras faiscavam sobre a mesa...
Eu percebi que tudo dentro do meu campo de visão que deveria ser branco, tinha
sido branco há muito tempo e perdido o brilho e estava desbotado e amarelo. Eu
vi que a noiva no vestido de noiva tinha murchado como o vestido, e como as
flores, e não tinha mais brilho, a não ser o de seus olhos fundos.”
E quem poderá dizer que não era uma obsessão vingativa a perseguição
monomaníaca feita pelo Capitão Ahab a Moby-Dick, a baleia enfurecida que, após sucessivos ataques
humanos, passara também a atacar os navios baleeiros, no mais
famoso dos livros do americano Herman Melville?
“Eu não sei o que vem pela frente, mas seja o que for, vou enfrentar
gargalhando” dizia o Capitão Ahab que tivera sua perna amputada
devido a um ataque da baleia e que, desde então, passara a cruzar os mares em
busca da criatura para matá-la, cego pelo ódio e pelo desejo de vingança,
colocando em risco a única coisa que amava na vida: o seu navio Pequod.
E o que dizer de Dorian Gray o principal personagem do livro O Retrato de Dorian Gray, de Oscar
Wilde, tão obcecado com a própria beleza, tão convicto de que se perdesse a boa aparência perderia tudo, tão certo de que a juventude é a única coisa que
vale a pena ter? Depois de contemplar um esplêndido retrato seu que acabara de
ser pintado ele se lamenta:
“Enquanto eu envelhecer esta imagem
permanecerá sempre jovem... Se fosse apenas o contrário! Se eu fosse para sempre
jovem e a imagem na tela envelhecesse! Por isso - por isso! - eu daria tudo! Eu
daria minha alma por isso!”
imagem www.pagepulp.com |
É claro que o moço teve o seu desejo atendido. Mas, como tantos outros
tolos, acabou sendo consumido pela sua própria fixação. Depois de se desesperar
levando uma vida degenerada, ele tentou destruir a pintura - que ficara medonha
devido aos seus pecados - mas, ao fazê-lo, termina se matando.
Na parede seus criados encontram o retrato de novo fascinante, com toda
a requintada juventude e beleza de Gray nele contidas. E no chão se deparam com
um homem morto com uma faca no coração, murcho, enrugado e com um rosto repugnante.
Last but not least, de repente me recordo, do primeiro
capítulo de Dom Quixote, ali onde Cervantes nos diz que não existia um Dom
Quixote mas um homem de meia idade chamado Quijano que leu tantos romances de cavalaria, com tanto ardor e avidez que enlouqueceu, vendeu suas terras para
comprar mais livros, renomeou-se, virou um cavaleiro andante e partiu para a
ação... contra os moinhos (rsrs)
Parece que os obsessivos são definidos pela sua capacidade de se
concentrar em uma única meta mesmo
ao custo de tudo. Embora haja uma moral para a maioria dessas ficções, também
há uma tristeza: as obsessões são paixões equivocadas que, em vez da salvação,
nos trazem a ruína. Diferentemente dos obsessivos que se dedicam fervorosamente
a uma certa ação, as pessoas que possuem energia e magia são aquelas que
com calma, entre uma constelação de possibilidades, têm disposição para reduzi-las
àquilo que é apropriado para cada momento, no movimento certo.
Como foi o caso de Helene Hanff, ao emergir de uma profunda depressão
para escrever um livrinho de cem páginas que mudou a sua vida. Sim, essa mulher
sensível e inteligente e de leituras clássicas sofria de um saudosismo um pouco
além da conta, de uma ponta de dificuldade ao conciliar o passado como o contemporrâneo,
o mundo ideal dos livros com o real dos seus alfarrabistas transatlânticos da
Charing Cross Road que, durante vinte anos ela conseguiu a proeza de jamais
visitar.
Há algo nebuloso, alguma coisa que à primeira vista ou em uma única
leitura nos escapa na personalidade de Helene, no seu
evidente anacronismo e, muito principalmente, no fato dela ter planejado e
adiado, por esse ou aquele motivo, durante duas décadas a sua ida a Londres. Uma
carta da moça, datada de 1952, explica a minha percepção:
“Eu realmente jamais desejei na vida
algo que não fosse impresso”.
Ou seja, aquilo que ela queria mesmo eram os livros, e o seu amigo livreiro, Frank Doel, era capaz de
encontrar e lhe enviar, pelo preço certo, qualquer coisa impressa que ela
desejasse. É como se ao ler os livros dos melhores escritores britânicos e
estar em contato com os alfarrabistas londrinos Helene tivesse inventado uma
Inglaterra que provavelmente só existia na sua imaginação.
Note que apesar das inúmeras cartas que teclou afirmando que visitaria
Londres em breve, a escritora só se decidiu a viajar após a morte do Frank. A
viagem dos sonhos dela era sempre adiada devido aos seus problemas financeiros.
A moça era realmente uma escritora freelancer cuja renda era mesmo imprevisível
mas é intrigante que sempre que a data da travessia atlântica se aproximava
aparecia uma despesa extra proibitiva de turismo literário.
No entanto, com o passar dos anos – e foram muitos! - mas muito antes do
fim da história nós - e a galera londrina! - começamos a nos perguntar se a Helene queria
mesmo conhecer a Inglaterra. É como se lhe bastasse aquela que imaginara
através dos livros e das cartas dos amigos.
“Eu me desespero para meter na cabeça
das pessoas que não estou interessada em livrarias, mas no que está escrito nos
livros (...) Porque eu deveria percorrer todo o caminho até a Rua 17, para
comprar livros novos e mal feitos quando eu posso comprar coisas limpas e
lindas de você sem me levantar da máquina de escrever? Daqui de onde eu estou
sentada, Londres fica muito mais perto do que a Rua 17.”
Para ela, a livraria e todos os seus habitantes talvez fizessem parte de
uma fantasia que ela preferia manter isolada do mundo material de pessoas e
lugares reais apesar de afirmar que almejava visitar Londres mais do que
qualquer outra coisa na vida. Não há como não cogitar se por acaso a escritora
não desejava que a Inglaterra permanecesse contida nos livros que ela comprava,
nas cartas que teclava e recebia e na sua imaginação. Em um lugar que Helene
não precisava visitar, habitado por pessoas que não necessitava encontrar,
apenas imaginar.
Tem mais: é como se ela precisasse que, do outro lado do Atlântico, também
continuasse sendo imaginada pela galera britânica, fã de carteirinha do seu senso
de humor. Havia três razões que atiçavam a curiosidade deles sobre a moça.
Primeiro, o fato dela preferir usar seu dinheiro para presenteá-los em vez de
viajar para encontrá-los. Em segundo lugar, o fato de todos lhe terem enviado
muitos “instantâneos”, sem que dela tivessem
recebido uma foto sequer. E finalmente porque Helene diferia radicalmente das senhoras
londrinas do seu tempo.
Suas conduta e profissão, seu amor por livros, álcool e cigarros, seu
humor irreverente, a forma ousada como ela assinava algumas cartas caprichando
nas maiúsculas “HHFFFFFFF” - e sim, o “F”
era um eufemismo da palavra inglesa que, como a nossa, também começa com a
mesma letrinha (rsrs) - enfim o seu comportamento excêntrico, fazia com que
seus amigos alfarrabistas tentassem imaginar com ela seria. Para os
funcionários da Marks & Co Helene Hanff era um grande enigma.
As cartas entre Helene e uma amiga atriz que viveu seis meses em Londres
encenando uma peça, nos revelam que a bela Maxime se tornara os olhos e ouvidos
da escritora visitando várias vezes a livraria sem se dar a conhecer. Foi ela
que, incógnita e desapercebida, deixou na loja quatro pares de meias de nylon -
sumidas das prateleiras londrinas - para as garotas e também para a esposa de Frank.
É com essa vizinha que Helene compartilha suas inseguranças e confessa
seu medo de conhecer seus amigos da Charing Cross Road:
“Me sinto mais confortável escrevendo cartas
escandalosas a seis mil quilometros de distância. Provavelmente vou fazer como você:
entrar ali um dia e sair sem dizer quem sou”.
Dizem que os grandes livros e/ou filmes da humanidade deveriam ser
relidos e revistos a cada década pois, no meio tempo, os homens amadurecem.
Confesso que da primeira vez que tive contato com essa história, tais minúcias e
detalhes reveladores da personalidade da moça me passaram batidos e, bem assim,
o fato de nossa amiga ter uma alma talvez mais velha do que a Londres de dois
mil anos que amava tanto.
Certa vez ela confessou a Frank Doe sua identificação com o prezado Miniver Cheevy, o personagem título de
um dos poemas do americano Edwin
Arlington Robinson, ganhador de três Prêmios Pulitzer e indicado quatro
vezes para o Nobel de Literatura. Escreveu ela:
“Eu atravesso a vida assistindo a
língua inglesa sendo estuprada bem diante do meu nariz. Como Miniver Cheevy, eu
nasci muito tarde e tusso e culpo o destino e continuo bebendo”.
Ora, esse tal de Miniver Cheevy,
com quem a moça tanto simpatizava, merece uma leitura atenta, na excelente
tradução do Senhor Editor:
Miniver Cheevy, filho do desprezo,
Se consumia ao passar das estações
Chorava por um dia ter nascido
E tinha lá suas razões.
Miniver amava os dias passados
Das espadas brilhantes e corcéis se
empinando
A visão de um bravo guerreiro
O faria sair dançando.
Pelo que já não era Miniver suspirava
E sonhava, e da sua labuta repousava;
De Tebas e Camelot ele sonhava,
E dos vizinhos de Príamo se lembrava.
Miniver chorava pela intensa fama
Que tantos nomes tinha perfumado
Chorava pela Arte, agora uma sem-teto,
E pelo Romance, hoje abandonado.
Miniver amava os Medici,
Mesmo sem nunca ter visto nenhum;
Teria pecado e pecado sem descanso
Se tivesse podido ser um.
Miniver o ordinário amaldiçoava
E para os ternos com horror olhava;
Das antigas armaduras de ferro
A beleza lhes faltava.
Miniver desprezava o ouro que buscava
Mas muito irritado ficava sem ele;
Miniver pensava, e pensava, e pensava,
E pensava nele.
Miniver Cheevy, nascido atrasado,
Coçava a cabeça e continuava a pensar,
Miniver tossia, e chamava isso o fado,
E bebia sem parar.
Já sabemos que enquanto escrevia, acendendo um cigarro no outro, Helene
também jamais se distanciava muito de um bom drink ou da garrafa de gim. Garota
esperta! Bem que o Hemingway nos aconselhava: “Escreva bêbado mas edite sóbrio” (rsrs)
Porém os copos e uma pitada de escapismo da realidade pelo álcool não
eram as únicas similitudes da Helene com o herói desse poema, construído sobre
o contraste entre o Miniver insignificante que na realidade ele é, mesmo às
voltas com seus sonhos de aventura, e as figuras heróicas do lendário cerco de
Tróia, da Grécia antiga, de Tebas, de Camelot e da Itália renascentista.
O poema Miniver Cheevy é irônico, uma foto eivada de sarcasmo de um
sujeito incapaz de enfrentar a verdade sobre si mesmo: que é um sonhador
incorrigível e irresponsável, um ocioso que gasta suas energias no devaneio e
desperdiça sua vida em fantasias inúteis sobre o passado, sobre o que teria
sido se isso e aquilo fossem assim e assado, se ele tivesse nascido no momento
certo!
Se tal não acontecera não era culpa dele e, é claro, o resto do mundo
estava errado. O tom do poema deixa patente que a situação infeliz de Miniver é
o resultado de seus próprios atos, que ele é o autor e protagonista de sua própria
e pequena tragicomédia. Até o seu nome dá testemunho das suas realizações
mínimas na vida.
Assim, ao assistir pela terceira vez Nunca te Vi, Sempre te Amei para
escrever essa resenha, não pude deixar de refletir se para alguns leitores os
livros não se transformariam em um tipo de mapa de quem são. E de perguntar aos
meus botões se tal compulsão não poderia criar uma distância entre eles e o
mundo, impedindo-os de chegar a um acordo com a realidade para além das capas
de seus livros em uma negação de uma das magias da leitura que é, certamente, o
seu poder transformador capaz de nos empurrar do pensamento aprimorado para a
ação.
Decerto que o lado fracassado e “miniver” da Helene foi atropelado pelo
inesperado e retumbante sucesso da sua escrita. E talvez todos os bons
escritores, livros e personagens sejam mesmo um pouco misteriosos e, por isso
mesmo, nos proporcionem leituras surpreendentes. Ainda assim, há um forte
elemento de auto-absorção nos livros da moça e até mesmo no filme.
Quando a gente termina de ler e/ou assistir Helene se sente como se
tivesse separado as peças de tamanhos decrescentes colocadas uma dentro da
outra, cada vez menores e menores, de uma daquelas bonecas russas, de nome “matryoshkas”, que a TV nos apresentou
durante a última Copa do Mundo. Antigamente elas simbolizavam a “mater”, o seio
materno, a família mas hoje revelam, “em seguidinho”, os jogadores das seleções
e/ou dos grandes times de futebol europeus (rsrs)
Matryoshkas - imagem Wikipedia - Wikimedia Commons |
Mas o que brota da peça mais íntima da matrioshka Helene é uma mensagem
minúscula, mas insistente, de que um livro é eterno. Ou pelo menos foi isso o
que ela escreveu :
“Se eu viver para ser muito velha, todas as minhas lembranças dos dias
de glória crescerão vagas e confusas, até que eu não tenha mais certeza do que
realmente aconteceu. Mas os livros estarão lá, nas minhas prateleiras e na
minha cabeça - a única realidade da qual posso ter certeza até o dia em que eu
morrer.”
Ao perder Frank, o seu melhor amigo e tradutor, Helene Hanff reagiu e
encontrou todos os seus pedaços no presente. Como continuaremos a ler na
próxima conversa...
Adorei a foto da estátua de Sherlock Homes. De onde foi que você fotografou, Moacir?
ResponderExcluirNão acho nada de mais Helene dizer que não sabia se queria conhecer os ingleses. Já me senti assim sobre muitos amigos que chegaram na minha vida através de um fio na parede ou da tela do celular kkk Ela tinha razões para se sentir mínima e insegura antes de se realizar profissionalmente. Assisti o filme já sabendo que Helene e Frank não iam se encontrar mas querendo que o final fosse diferente. A história tenta fazer a gente ter saudade de algo que nunca poderá ser. Também acho normal o saudosismo. Nas horas de desânimo quando a gente pensa que não tem mais jeito que dê jeito faz bem assistir um filme antigo. Obrigada!
Mônica,
ExcluirGosto muito dessa foto e bem assim das histórias do Doyle, que nos colocam ao lado do Sherlock nas cenas dos crimes, literalmente fascinados pelos seus raciocínio lógico e senso comum, pela sua capacidade de dedução e de observação, até que o cara chega a conclusões irrefutáveis e faz tudo parecer muito simples.Fiz essa foto do alto de um daqueles ônibus de turismo de dois andares - sendo o de cima descapotado - na parada defronte do Museu de Cera da Madame Tussaud. Os busões nos permitem fotografar de ângulos interessantes.
Quanto à Helene creio que sim, que seria "normal" um certo receio de encontrar pessoalmente a galera de além mar e, de alguma forma, se decepcionar e/ou decepcionar. Afinal um poco de edição ontem e de photoshop hoje é do jogo (rsrs) Posso até ter exagerado no papel de psi da moça mas, na minha opinião, a mulher que pede à amiga para espionar a livraria e até cogita lá entrar e sair sem se dar a conhecer é um poucachinho menor do que a personagem franca, direta e assertiva que conhecemos. No entanto continuo apaixonado pela escritora, o livro e o filme.
Também nada tenho contra o saudosismo, se usado com moderação. É bom demais vestir um moletom puído, bebericar um vinho e curtir filmes e fotos do passado nas noites frias de inverno (rsrs) Mas confesso que a primeira vez que liguei um DVD e comparei a imagem com as das antigas fitas de vídeo, passei por uma experiência quase religiosa (rsrs) E discordo veementemente de quem diz que a fotografia digital banalizou a vida porque ainda lembro de quando batia - em vez de duas mil! - só vinte quatro fotos por viagem sem saber se iam prestar ou não, pagava uma fortuna e esperava dias pela revelação para muitas vezes descobrir que aquelas lembranças perfeitas permaneceriam apenas em nossas memórias. Dureza! Muito aprecio o meu passado mas a maior lição que ele me ensinou foi aproveitar o presente e continuar apostando no amanhã.
“Obrigado!” e abração
Moacir,
ResponderExcluirComo você deixa claro no seu belo artigo Helene Hannf não era imune às contradições humanas e por isto mesmo era tão cheia de graça. Pode parecer estranho que alguém que não gostava de ficção preferisse continuar escrevendo cartas à distância mas é que como todo mundo ela queria a segurança de uma vida sem surpresas e riscos mas não resistia às suas inocentes fantasias. Eu penso que tantos livros antigos podem ter feito dela uma Miniver light assim como os romances de cavalaria transformaram Quijano em um Dom Quixote maluquinho.
Um abraço para você
Flávia,
ExcluirGostei da "Miniver light" (rsrs) Você tem razão: os bons livros apontam novas direções, ajudam-nos a articular emoções e pensamentos, confortam-nos com um sentimento de pertencimento. Ler um livro é como uma conversa na qual a gente escuta e talvez por isso eles nos transformem não exatamente como rolou com o Dom Quixote que, confundido pela diferença entre o que imagina e o que acaba por ser o caso, mas invencível na negação de que o mundo de sonho, da sua concepção, é inconcebível, é um “maluquinho” fora da curva (rsrs) Mas como discordar dele quando afirma que loucura é insistir em ver o mundo como é em vez de como deveria ser?
Também eu não resisto ao raciocínio afiado e ao charme da Helene.Tenho certeza de que quando bateu os olhos pela vez nos livros sugeridos pelo seu mentor “Q”, ela foi infectada por um saudosismo incurável, apaixonou-se perdidamente pela velha Inglaterra e, é claro, sonhou conhecê-la. Porém sonhar é beeem diferente de querer. Dizem as más línguas da minha tribo que a Helene só visitou Londres depois de superada a fase da auto estima mínima , ou, como diz a juventude, quando "estava podendo" no auge do sucesso do seu livrinho.Será?
Outro abraço para você
Você vem misturando muito bem os livros que leu com os lances e leituras de Helene mas a escritora não tinha TOC apesar de ler 50 vezes o mesmo livro, rs. Admito que desisti de ler Moby Dick no décimo capítulo cansado da análise etimológica da palavra baleia, mas vou comparar a guerra do capitão contra o mamífero com a luta do pescador contra o marlim e depois contra os tubarões em O Velho e o Mar de Hemingway. Em circunstâncias parecidas Ahab nos mostra o que é desequilíbrio mental e Santiago o que é resistência mental. O resumo da ópera é que tem vários tipos e graus de saudosismo, compulsão e loucura.
ResponderExcluirMárcio,
ExcluirQuanto à simpaticíssima Helene quem sou eu para duvidar de um seu diagnóstico seu? (rsrs) Quanto às circunstâncias marítimas de Moby Dick e de O Velho e o Mar sim para ambas as tramas o palco é a natureza e nela os personagens/animais eram símbolos das forças hostis, indiferentes e insuperáveis às quais o bicho homem enfrenta com coragem para sobreviver e/ou para encontrar dignidade e significado. Concordo com você que enquanto O Velho e o Mar é uma história de determinação, Moby Dick é um aviso do que pode acontecer quando essa determinação se transmuta em obsessão e vingança desmedidas. Mas a maior diferença entre Santiago e Ahab é que o primeiro conseguiu ter uma centelha de compreensão da vida enquanto o segundo dela se despediu sem entender nada. Aproveito para louvar a genial escrita de Hemingway um mestre que nos revela seus personagens com extrema economia de palavras, sobretudo no que eles fazem, na maneira como reagem à vida.
Mas convenhamos que Dona Ficção seria muita chata sem essas compulsões de todos os tipos e, muito principalmente, sem esses conflitos de todas as naturezas: amorosos, políticos, internos, sociais, morais, dos sexos, domésticos, internacionais, galáticos, entre o bem e o mal e por aí vai. De fato, desde a mitologia tem sempre alguém lutando para superar os limites humanos em um enredo continuado rumo – de acordo com o andar da carruagem de Dona Ciência - à conquista perseguida desde sempre: a imortalidade.
Obrigado por participar
Fugindo um pouco de comentar sobre este excelente artigo de Pimentel, onde demonstra mais uma vez a sua cultura, elogio este trabalho postando aquela que foi considerada a melhor piada da década passada, envolvendo Scherlock Holmes, seu auxiliar Watson.
ResponderExcluirOs ingredientes, que não poderiam ser deixados de lado, foram a fleuma e o senso de humor britânicos, peculiaridades dos ingleses de difícil compreensão para o resto do mundo.
Holmes se volta para Watson, que estava sentado à mesa de seu gabinete, olhando pela janela o Tâmisa e exclama:
- Meu caro Watson, o que me dizes se formos acampar este fim de semana?
Watson, sempre circunspecto, pensou um pouco antes de responder:
- Holmes, mas não temos apetrechos para esta aventura!
O famoso detetive não se deu por vencido:
- Watson, isso é o de menos. Vamos a Harrods, e lá encontraremos o necessário para respirar ar puro e estarmos em contato com a Natureza de maneira mais íntima.
No dia seguinte, quando a loja abriu, Watson e Holmes percorreram os andares da organização comercial à procura do material para o acampamento.
Adquiriram a barraca, lógico, panelas, talheres, lampião, repelentes de insetos, alimentos, bebidas, cobertores, um fogareiro, pilhas para o rádio, sinais de emergência, caso se perdessem na floresta, enfim, uma vez devidamente equipados, faltaria decidir o local, a floresta que iriam passar o fim de semana.
Pensaram, discutiram, discordaram, voltaram a conversar, e decidiram pela Sherwood, no condado de Nottingham, tanto pelas lendas sobre Robin Hood quanto pela quantidade de turistas, pois assim não estariam tão isolados do mundo.
Sábado, após o almoço, subiram no Bentley de Holmes, e seguiram para acampar.
Encontraram uma clareira, agradaram-se dela, e montaram o acampamento.
Abriram uma lata de sopa, outra de escargot com cogumelos, uma garrafa de cerveja preta, de sobremesa figos cristalizados, e foram descansar, depois de arrumarem os utensílios que haviam usados no jantar.
Lá pelas tantas, madrugada, Holmes pergunta ao seu amigo Watson:
- Ei, psiu, tá acordado?
- Sim, Holmes.
- O que estás vendo -, pergunta o célebre mestre de investigações?
- Olha, Holmes, vejo um belo céu, composto de brilhantes estrelas.
- O que mais -, questiona Holmes ao seu auxiliar?
- Tenho a impressão que os astros estão perto das minhas mãos, que quase posso tocá-los com meus dedos! Vejo o quanto somos pequenos em relação ao Universo, na razão indiretamente proporcional à grandeza de nossa imaginação, que, se nos encontramos nesta floresta, a nossa mente viaja pelo Cosmos, entrando e saindo de galáxias, de sistemas solares desconhecidos, e que nos leva para o início da vida universal!
- Muito bonito -, exclama Holmes.
- Mas Holmes – dirige-se Watson ao seu amigo - por que me perguntas tanto sobre o que vejo nesta noite a respeito do céu?!
- Ora, ora, elementar meu caro Watson, roubaram a nossa barraca!!!
(Continuo)
Bendl,
ExcluirSherlock Holmes é tão estimado que faz alguns anos um juiz declarou que o personagem e tudo a ele relacionado - inclusive o Watson, é claro! - passavam a ser de domínio público (rsrs) Daí a enxurrada de piadas, novas estórias, séries, filmes etc. Os livros do Doyle foram o último suspiro vitoriano, o último vislumbre de uma era antes de se virar a esquina dos séculos e se chegar aos tempos modernos. Nessa franquia não foi minha intenção dourar a pílula e/ou fantasiar o passado da Grã-Bretanha e convenhamos, ninguém precisa da habilidade dedutiva de um Holmes para sacar o imperialismo britânico. Evidentemente que você tem direito à sua opinião, mas acontece que os impérios foram quase onipresentes na História e muito mais antigos que as nações e a única diferença entre o dos mongóis, por exemplo, e aqueles coloniais do século XIX é que os últimos forneceram a matriz da atual ordem mundial, a base geopolítica para a atual dominação do mundo pela língua inglesa e pelas ideologias políticas e econômicas que são, na maior parte, de origem britânica. Por isso agradeço-lhe a contribuição que faz ao post pois avalio que a Grã-Bretanha - assim como a França, os Estados Unidos, a Holanda, o Japão, a Rússia, a Alemanha, a Espanha, Portugal e a Itália - precisa sim debater sobre as realidades e legados de seu passado imperial, de uma compreensão mais completa deles e de como seus efeitos influenciaram sua atual sociedade multiétnica, suas presentes e passadas desigualdades e injustiças e , bem assim, as muitas oportunidades que ofereceu/oferece.
Mas penso que esse debate só vale a pena se for equitativo, racional e baseado em todas as evidências disponíveis, se a conversa analisar o imperialismo como parte de uma história global, maior e mais ampla. Precisamos ler a história britânica desde que começou a ser narrada, lá atrás por Tácito, que nos conta sobre a conquista romana da Britânia. Não se pode montar um tribunal de improviso para discutir o bem e o mal, atribuir crimes e/ou incutir culpas. É vital compreender que forças moldaram o nosso presente mas a compreensão histórica é sobre a recaptura do sentido de coisas feitas em outros tempos. Note que Platão declarou alto e bom som que todos os gregos deveriam ser tratados igualmente mas não passou pela brilhante cabeça filosófica dele que os que não eram gregos também mereciam o mesmo tratamento. O conceito de "igualdade" geral e irrestrita é muito mais recente e sem ele as conquistas militares e decorrentes barbáries contra estrangeiros , embora não possam ser justificadas, podem ser explicadas.
Note ainda que o substantivo abstrato “povo britânico” muito sofreu por sua participação involuntária na aventura colonial. As criaturas que povoaram o império, os colonos e soldados, eram recrutados para a causa imperial nas filas dos desempregados e nas prisões da Escócia e da Irlanda. Condenados por pequenas infrações e presos políticos foram enviados para o fim do mundo e encontraram a morte por maus tratos ou afogamento em navios que nunca chegaram ao destino, nas mãos dos povos que se recusaram a se submeter, em batalhas estrangeiras que não podiam chamar de suas, vitimados pela cólera e/ou pela febre amarela. É um equívoco atribuir ao "povo britânico" atitudes imperialistas da mesma forma que não se pode condenar o "povo alemão" pelo holocausto cometido pelos nazistas. De fato para o Império a opinião pública pouco importava e o povão exibia antipatia pelas questões imperiais, porque no século XIX rolou um florescimento sem precedentes da mídia impressa, jornais e periódicos que levavam uma ampla gama de opiniões para um público leitor cada vez maior. Charles Dickens, por exemplo, em seu romances então vendidos por fascículos não poderia ter sido mais crítico do regime (continuo teclando)
A cultura britânica e o humor inglês encontraram meios de encobrir durante séculos, a conduta de piratarias, saques, roubos de navios, conquistas, de colonização.
ResponderExcluirAté mesmo para esquecerem o mal que praticaram com a China, em duas guerras do ópio, quando o lucro preponderou sobre vidas humanas, deixando uma nação à mercê de uma dependência química abominável.
Admito que a sua literatura inglesa é de fato importante, significativa para o mundo:
Shakespeare, Dickens, Agatha Christie, Virginia Wolf, Oscar Wilde, James Joyce, Lewis Carrol, Swift, Grahan Greene, Sir Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes, Stefen King, Rudyard Kipling, prêmio Nobel de Literatura em 1.907, Bertrand Roussell, em 1.950, Churchill, em 1.953, William Golding, em 1.983, Harold Pinter, em 2.005, Doris Lessing, em 2.007, … e tantos outros famosos escritores, que não vão conseguir minimizar os males do Império Britânico, evidentemente na minha opinião!
A aura de civilidade, urbanidade, etiqueta, sofisticação e até afetação do povo britânico não podem camuflar que, por detrás dessa literatura considerável e expressiva, existe um complexo de superioridade sobre os demais povos e nações.
Até mesmo a Guerra do Paraguai teve a influência inglesa, onde o Brasil, Argentina e Uruguai, devastaram a nação que progredia e fabricava suas próprias armas, uma atrocidade para os ingleses!
Na tese de doutorado do historiador nicaraguense Fornos Peñalba (1979), a Grã-Bretanha era o "quarto aliado indispensável", de certa forma "o mais implacável de todos os inimigos do século XIX do Paraguai independente". Ao promover, apoiar e, acima de tudo, financiar a guerra de agressão contra Lopez mantida pelas suas neo-colônias – Argentina, Uruguai e Brasil –, o objetivo da Inglaterra era não só abrir o Paraguai, a única economia da América Latina a permanecer fechada após a independência, para os produtos manufaturados e para o capital britânico, como também assegurar novas fontes de matérias-primas (sobretudo algodão, tendo em vista a falência dos suprimentos norte-americanos em consequência da Guerra Civil). E mais do que isso, a Inglaterra pretendia destruir de uma vez por todas o que Frank havia chamado de "esforço de desenvolvimento genuinamente independente e autonomamente gerado" sob Dr. José Gaspar Rodriguez de Francia (1811-40) e seu sucessor, Carlos Antônio Lopez (1840-62), porque oferecia para a América Latina um modelo alternativo político, econômico e ideológico nacionalista, em lugar do modelo capitalista liberal do laissez-faire imposto pela Grã-Bretanha visando aos seus próprios interesses. As "maquinações imperialistas da Inglaterra", concluiu Fornos Peñalba, em muito contribuíram para "eliminar uma das nações mais promissoras e progressistas da América Latina no século XIX".
Logo, aproveitei os brilhantes textos de Pimentel sobre os ingleses, Londres, a sua literatura, para postar o outro lado dessa pujança, deste desenvolvimento político, social e econômico, haja vista que História também é cultura, conhecimentos, trazendo a verdade inexoravelmente omitida pelo progresso e bem-estar dos conquistadores e genocidas!
Abraço, Pimentel.
Saúde, muita saúde.
Quanto ao "complexo de superioridade" como se pode condenar um povo por sentir orgulho do seu chão, da qualidade da educação, da saúde, dos transportes e da segurança públicos que possuem? Como culpá-lo por apreciar sua literatura, sua dramaturgia, seus poetas e os 171 Prêmios Nobel que colecionam? O que posso teclar é que, compreensivelmente, os britânicos de hoje – os descendentes dos conquistadores e dos conquistados que agora compartilham a pequena ilha de onde seus ancestrais partiram para mudar o mundo - tentam esquecer que seu imperialismo foi edificado inicialmente e mantido por séculos através da conquista e da guerra .Talvez a maior prova de uma tomada de consciência e de um ajuste de contas seja a tolerância e o respeito à diversidade adotados como valores pela maioria dos cidadãos britânicos. Mas não vislumbro - pelo menos nas minhas leituras - qualquer tentativa de mascarar com cores mais amenas fatos históricos , como os massacres em resposta às rebeliões na Índia e na Jamaica. Tudo bem que, através de soft power, os caras sempre tentaram se vender como uma espécie de experiência colonialista modelo com um grau mínimo de força bruta e com a máxima cooperação das populações agradecidas de suas colônias, como um empreendimento civilizado sem extermínio físico e cultural, ao contrário do imperialismo alheio, dos franceses, holandeses, alemães, espanhóis e portugueses etc. A literatura e o teatro – leia Shakespeare ! – muito contribuíram para esse marketing mas o que definiu a hegemonia foi o fato da Grã-Bretanha ter sido o laboratório do mundo, o berço da Revolução Industrial e da explosão comercial, a dona dos mares, da produção em massa, do mercado de ações, da globalização . Ela foi o banqueiro do mundo, criou um sistema econômico mundial, estabeleceu o seu padrão-ouro para o sistema monetário internacional, investiu imensas quantias em todas as latitudes. É claro que as negociações comerciais também levaram variadíssimos setores da economia mundial a aceitar o livre comércio e tratados comerciais foram selados globalmente com parceiros cooptados fora das fronteiras imperiais. Graças aos enormes ganhos de seus investimentos no exterior, sem esquecer dos seguros e fretes, ela podia se dar ao luxo de importar muito mais do que exportava. Tudo isso gerou uma opinião pública mundial favorável.
ExcluirO fim do Império britânico é retratado como uma vitória dos combatentes da liberdade que pegaram em armas de Dublim a Nova Deli para acabar com o jugo do domínio colonial. Mas ao longo do século XX, as principais ameaças - e as alternativas mais plausíveis - para o domínio britânico não foram os movimentos nacionais de independência, mas os impérios russo, japonês, alemão e italiano nas décadas de 1930 e 1940. Foi o custo gigantesco de lutar contra esses inimigos que acabou por arruinar o Império Britânico. Em outras palavras, a casa caiu não porque o imperialismo dos ilhéus tivesse oprimido tantos povos por séculos, mas porque eles pegaram em armas por alguns anos contra impérios muito mais opressivos. Ao fim e ao cabo, os britânicos sacrificaram o seu para impedir que os alemães, japoneses e italianos mantivessem os deles. E foi por isso que o último herdeiro do poder global que antes detinham foi, embora relutantemente, a sua ex-colônia de maior sucesso.Pode apostar que ainda está looooonge do fim esse jogo de nome "Império" cuja próxima fase será jogada na Ásia.
Abraço
Pimentel,
ResponderExcluirMais um texto excelente sobre livros e personagens inesquecíveis. No que se refere a Helene Hanff, não prestei atenção neste papo das amigas no filme. Mas já escutei muitas matrioshkas dizendo coisas muito mais surpreendentes. O escritor Mark Twain matou a charada quando disse que só a ficção precisa fazer sentido.
Sampaio,
ExcluirAqui entre nós e baixinho: você ainda vai me criar problemas com as doces feministas do blog (rsrs) Não posso elogiar o suficiente essa senhora efervescente pelo talento, pela determinação em aprender, ler e escrever em condições financeiras difíceis. Mas pergunto: você consegue imaginar Frank Doel indo a Nova York, passando na frente do prédio da moça sem acionar o porteiro eletrônico? Pois é. Nem eu. Sim, às vezes quase acredito que seja mesmo uma questão de hormônios, ou que somos de Marte e elas de Vênus, embora não consiga imaginar a vida sem as nossas queridas alienígenas matrioshkas (rsrs)
Abração
Olá Moacir,
ResponderExcluirBem aventurados os que vivem em meio às letras, deles é o mundo rico das fantasias, das realidades, da identificação e das descobertas, das perguntas sem respostas, do divertimento e das angústias.
Não importa se nessas leituras somos Dom Quixotes derrubando moinhos ou Helenes apaixonadas pelos livreiros e seus livros de capas de couro e letras douradas. O importante é termos sempre um amigo desses ao lado, nas esperas ou antes do sono, nas tardes de chuva ou nas manhãs de pura preguiça, para não nos sentirmos inúteis e sós. E nos maravilharmos com a criatividade desses escritores.
Mas mimo precioso mesmo é chegarmos de visita na casa do filho e encontrarmos nos criados mudos uma leitura já selecionada. Para mim O Ano da Lebre, Jorge Amado e José Saramago com oMar pelo Meio (quase roubei), Picasso da Gertrude Stein (esse eu ganhei) e A vida secreta do senhor de Musashi. Trouxe para ler em casa. Emprestado, lógico! E para o pai, El arpa e la sombra, Waterloo, A verdade das mentiras e Histórias da terra mineira. Isso é ou não uma surpresa encantadora? Meu coração bate descompassado.
Esperando, querido Moacir, para juntar os pedaços no presente.
E que presente esses seus textos!
Até sempre mais.
Caríssima Donana,
ExcluirFiquei com inveja dessas leituras selecionadas (rsrs) E sim, casa de filho/a é uma maravilha! Onde mais a gente sentaria no chão para comer fondue de queijo? Mas “mimo” de filho/a é melhor ainda se bem que na minha tribo por acharem que já tenho livros demais, os curumins se cotizem para me manter um “Nariz de Vinho Tinto" , como são chamados no Minho os amantes do néctar dos deuses (rsrs) Na sua última visita a nossa caçula pegou “emprestado” meia dúzia de “amigos”. O engraçado é que dependendo do material desaparecido , mesmo quando a meliante me “rouba”, termino sentindo muito orgulho dela (rsrs) No momento tenho ao meu lado um amigo de nome "Nada", prefaciado pelo Mário Vargas Llosa e da lavra de outra escritora de nome Carmem Laforet, que jura de pés juntos que “o que se cala é mais importante do que o que se diz”(rsrs) A leitura recém iniciada sugere que no final de semana estarei mudo mas em boa companhia.
Last but not least assino embaixo das suas palavras-prendas:
“Bem aventurados os que vivem em meio às letras, deles é o mundo rico das fantasias, das realidades, da identificação e das descobertas, das perguntas sem respostas, do divertimento e das angústias.”
“Até sempre mais”
Prezado Autor Sr. MOACIR PIMENTEL,
ResponderExcluirÉ sempre prazeroso ler as análises desse excelente Escritor e amante dos bons Livros, Sr. MOACIR PIMENTEL.
Até sobre esse fascinante tema, "a amizade via cartas por mais de vinte anos ( 1949 -1968) entre a Escritora iniciante Americana HELENE HANFF, e seu Livreiro Inglês FRANK DOEL", que resultou no sucesso do Livro "84, Charing Cross Road" (1970) de HELENE HANFF, que ainda não li, o talento Literário do Sr. MOACIR PIMENTEL prende totalmente nossa atenção e lemos com prazer até o fim.
Aprendemos muito também com a descrição panorâmica da rica Literatura Inglesa, e especialmente da Alma Humana.
Muito Obrigado/Abração.
Prezado Bortolotto,
ExcluirCerta vez um amigo jornalista - que manteve durante muitos anos um blog em uma revista de circulação nacional - me explicou que hoje há ferramentas que permitem aos editores virtuais afirmar que a maioria dos seus leitores não vai além do terceiro parágrafo de um texto. É claro que, educadamente, ele estava me aconselhando a diminuir os meus (rsrs) mas ao mesmo tempo me fazia ver que o título era importante, que a foto era essencial e que, de alguma forma, se tem que capturar a atenção e o interesse do leitor antes do quarto parágrafo. Portanto eu já me daria por muito satisfeito se você me dissesse que lê os meus loooongos arrazoados até o fim, mas ler que o faz “com prazer” aí já é covardia: fico feliz feito menino em festinha dos Super Heróis.
Muito obrigado lhe digo eu.
Abração
Moacir
ResponderExcluirgosto muito quando escreve sobre livros ou filmes
Da vontade de ler ou assistir de novo
Quando vejo um filme participo tanto que parece que faço parte do elenco
Uma forma ótima de sonhar !!
Seus textos complementam e ajudam a ver tanta coisa !!
E as fotos estão ótimas !!
Tenho uma neta morando em Londres e vou falar de seus textos pois ela escreve no site Brasileiras pelo mundo
Já morou no México e agora vai começar as crônicas sobre a vida em Londres
Um abraço e o meu obrigada pela ótima leitura
Prezada Lea,
ExcluirMerecer um comentário seu é sempre uma alegria. Obrigado.
Também eu gosto de escrever sobre livros e filmes mas o faço receoso de que os leitores que não os leram/viram se aborreçam.
Por isso folgo em saber que você ainda está aqui atenta à conversa cinematográfica e participando como deve ser: como se fizesse “parte do elenco”.
Dois de nossos filhos, em épocas diversas, estudaram na Inglaterra e daí as minhas muitas fotos. Espero que sua neta aproveite a experiência tanto quanto eles e que tenha muito sucesso com as crônicas no site Brasileiras Pelo Mundo que, aliás, acabei de visitar e onde vi na matéria de nome “Dicas de turismo em Bath na Inglaterra”, uma foto de uma xícara de chá acompanhada por dois scones e uns potinhos de geleia e outras gostosuras que me deixaram com água na boca (rsrs)
Bom final de semana e um grande abraço
1)Salve Pimentelji,
ResponderExcluir2)A arte de escrever "provoca" no leitor reações várias, É você é um mestre nessa arte de nos provocar sentimentos/lembranças/de quase tudo um pouco.
3)Belo artigo fílmico-literário e a mente dispara em pensamentos/emoções...
4)Eis-me em janeiro de 1980, chegando em Londres, a bordo do navio Itaité (que já falei aqui)... um frio doido e um vento gélido...
5) Por falar em capital inglesa, a mente se volta agora para a querida dama Agatha Christie, andei, recentemente, pesquisando sua bela obra, mais de 60 volumes, só no Brasil, conhecida como a maior autora de Literatura Policial do mundo.
6) Desculpe se divaguei... "elementar meu caro Moacir"...
Antonioji,
ExcluirConcordo com você que as pretinhas "provocam" na mente e no dedo mindinho- ou pelo menos deveriam! - “de quase tudo um pouco”. Portanto e pelamordedeus! não se desculpe pelo brainstorming nem pela presença da Agatha Christie na roda. O pequeno grande detetive Hercule Poirot de ego oceânico, cabeça em forma de ovo e tremendas células cinzentas é meu amigo de infância. Mas dele o detalhe inesquecível é o bigode que quase chegava antes do dono na cena do crime da vez. Como não se ter afeto por Miss Marple, a doce senhorinha de St. Mary Mead, a aldeia que é um microcosmo da natureza humana e a base das deduções intuitivas da simpática solteirona? Escondida atrás do tricô, atenta às fofocas e esperando o pior de todos e de tudo sempre, ela é uma detetive formidável. Dos outros dois jovens detetives chamados Tuppence e Tommy lembro-me que envelheciam a cada livro –fato que eu achava o máximo! - que a moça era impetuosa e o marido a seguia devagar quase parando (rsrs) Boas leituras e bons tempos aqueles de nós meninos.
Namastê!