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Moacir Pimentel
O edifício London Bridge
Tower - Torre da Ponte de
Londres - é, por enquanto, o arranha-céu
mais alto da União Europeia com
seus trezentos e dez metros de altura e oitenta e sete andares. O prédio, de forma triangular e inteiramente
revestido de vidro, foi projetado pelo arquiteto Renzo Piano e concluído em 2012. Logo os londrinos apelidaram-no de “Shard of Glass” – ou Estilhaço de Vidro
- porque é com um caco de vidro que ele realmente se parece. Há seis anos essa
estranha pirâmide se ergue brilhante em Southwark, a ribeira sul do Rio Tâmisa,
oferecendo aos londrinos e aos visitantes estupendas e longas vistas.
Nós visitamos essa maravilha arquitetônica em um dia frio de dezembro,
cujo céu não estava particulamente azul, mas mesmo com as nuvens cortando o
nosso barato a visão panorâmica da cidade de Londres e das terras circundantes
foi de tirar o fôlego. Lembro que ao sair do elevador, no sexagésimo nono
andar, continuei andando de um lado para o outro, por um tempo, tentando
processar a paisagem através dos painéis de vidro , antes de pegar minha câmera e começar a clicar (rsrs)
O mirante do edifício, conhecido como The View - A Vista! - se tornou, ao lado da Roda Gigante e dos
arranha-céus Gherkin e Walkie Talkie, um dos melhores lugares para se ver Londres das
alturas, em trezentos e sessenta graus.
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Helene Hannf, com certeza, não pôde ver a sua amada Londres assim, do
alto, e a essa altura da “franquia” já sabemos que as Londres antiga e a
moderna estão literalmente lado a lado e que não se pode mais nem imaginar nem
vivenciar uma sem a outra.
Tenho um grande e antigo encanto pela velha Ponte da Torre, que não me
canso de fotografar. Simplesmente gosto de saber que ela está bem ali, desde
que a sua primeira versão foi erguida pelos romanos cinquenta anos após o
Cristo. Já nos tempos do prezado Shakespeare a Ponte era um próspero
shopping center, habitada por mais de uma centena de predinhos, muitos com
lojas no piso térreo e lares no primeiro andar e até mesmo por um palacete de
quatro andares de nome “Nonesuch House”
assim chamado porque não havia mesmo “nada
como aquela casa” em toda a Europa, nem outra ponte parecida sobre outro
rio no vasto mundo.
Londres é uma visão de rara beleza, principalmente quando no inverno,
por volta das quatro da tarde, começa a anoitecer. A dica é esperar pelo
crepúsculo quando a cidade se ilumina e então a gente se lembra dos versos de John
Keats na abertura do seu longo poema Endymion.
“O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento”.
Não sei quantas vezes assistimos ao por do sol sobre as muitas pontes ou
das margens do rio, ou das suas águas em barcos e ferries indo e vindo de
Greenwich, ou da London Eye, ou do alto de outros prédios de apelidos
carinhosos como o One New Change – “Uma Nova Mudança” (rsrs) – esse bem ao lado da
Catedral de São Paulo.
Não importa onde eu esteja perto do Tâmisa sempre persigo a danada da
ponte com os olhos e a fotografo compulsivamente. Admito que naquelas paragens
às vezes sou acometido por uma profunda antipatia por bobices modernosas e que
fico um tanto impaciente quando não estou do lado de fora, ao ar livre,
flertando e clicando adoidado o horizonte, as pontes, os anoiteceres de uma das
cidades mais apaixonantes do mundo.
Mas enquanto o horizonte, especialmente ao longo das margens do rio,
está passando por uma grande transformação, alguns pedaços da cidade continuam
como os vi pela primeira vez, nos anos oitenta. Aliás as chaminés, os imensos parques, os palácios são como eram há quinhentos anos quando pertenciam a Henrique
VIII e, de quebra, as ribeiras do rio ainda oferecem bares históricos para se
tomar um conhaque quando bate o vento.
O fato é que, desde ícones antigos como a Torre e a Ponte e recantos
obsoletos e desconhecidos que fotografo durante meus passeios a pé pelo
labirinto de becos tortuosos nos quais os avanços da moderna Londres ainda não
penetraram, até fenômenos mais recentes como a Adele (rsrs) pense em uma cidade
intrigante, de contrastes, de esquinas diversas, de arquitetura de cair o
queixo e de bairros charmosos e pacíficos como Notting Hill e Camden.
Aprecio especialmente as longas vistas a partir de Hampstead Heath, que
dizem ter influenciado C.S. Lewis ao escrever As Crônicas de Nárnia com suas
centenas de hectares de charnecas e bosques, locais para piqueniques e
ciclovias. O bairro é tão tranquilo que nem parece fazer parte de Londres e os
seus belos edifícios antigos são sempre usados como pano de fundo para filmes
de Hollywood, incluindo Les Miserables.
Também não posso deixar de mencionar Highgate e não apenas por ser um fã
da arte mortuária e porque o seu cemitério, do qual Karl Marx é um dos
residentes, é um dos mais vastos e fascinantes do mundo, mas por suas ruas
arborizadas e atraentes casas georgianas e pubs amigáveis.
O sistema de transporte público torna tudo em Londres de fácil acesso
apesar dos atrasos no metrô (rsrs) Tudo bem que as gigantescas multidões na
Oxford Street parecem estar indo sempre na direção oposta à nossa e que os
restaurantes no Soho estão sempre lotados, mas as infinitas opções de comida
deixam qualquer um tonto tendo todas as cozinhas do mundo como possibilidades
para o jantar. Ninguém é capaz de ficar entediado em uma cidade que oferece uma
tal gama de atividades culturais e atrações intermináveis e que é sempre magnífica quando vista d’ água.
Gosto da cidade exatamente porque é tradicional mas vanguardista,
impetuosa mas romântica, materialista mas poética e, acima de tudo,
perversamente irreverente. E porque é muito bom ir de barco pelo rio até
Greenwich no inverno, quando ela é invadida por aquela luz cinzenta peculiar.
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É bem bom embarcar em um trem para um dia preguiçoso em Bath, Oxford,
Cambridge, Brighton ou Windsor. É impossível não se divertir nos mercados de
rua de Portobello e Camden - com direito a peixe e a batatas fritos - e nos
parques reais. Londres, na verdade, tem mais espaços verdes e parques do que
qualquer outra grande cidade do mundo, garantindo aos seus habitantes e
visitantes retalhos do campo e uma fuga da vida da cidade sem ter que sair dela
fisicamente. Como explicar a benção que é poder desfrutar de segurança e
acessibilidade para explorar a cidade e vizinhanças a pé enquanto se absorve a
energia que irradia da arquitetura arrojada e a nostalgia contida nos marcos clássicos,
a atmosfera, o caráter e a história de suas áreas distintas?
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Mas, pedindo vênia a Dona Arquitetura e aos aço e vidro contemporâneos,
tenho um afeto especial pelos pátios escondidos e anônimos que mudaram muito
pouco desde dias esquecidos, pelas paisagens surpreendentes que me aparecem de
repente pela frente como cápsulas do tempo de paredes desgastadas e onde quase
se escuta, ao cruzar seus limiares, o murmúrio das conversas que ali rolaram
através dos séculos...
E pelas inúmeras e famosas colinas – os “hills” – que circundam a cidade como a do Traidor, por exemplo, de
onde os conspiradores da famosa e frustada Conjuração da Pólvora pretendiam ver,
de camarote, o Parlamento explodir. Especialmente notáveis são os horizontes
que se descortina do alto da colina Muswell, ao norte da cidade, a partir do seu
parque e, bem no seu coração, do Palácio de Alexandra – que os nativos chamam
de “Ally Pally” - onde rolam os festivais de hard rock no verão. Apesar do
barulho e das multidões ainda assim é muito bom ver Londres inteirinha
estendida a nossos pés, faça chuva ou faça sol, frio ou calor.
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Em lugares assim, mais serenos, ainda tem passarinho piando. E falando
em som, Londres tem uma paisagem musical e, ao flanar pelas suas esquinas, se
pode reviver a trilha sonora de toda uma vida desde, é claro, “London Calling” do
Clash até a Adele cantando maravilhosamente “Home Town Glory”.
Quando atravesso a Ponte Waterloo, por exemplo, a canção do Kinks explode
na minha cabeça - “Waterloo Sunset’s Fine”
- logo abafada pelos Rolling Stones berrando em Picadilly Circus “I Can’t Get No Satisfaction”. E
flanando da Londres romana para a shakespeariana e dela para a vitoriana de
Charles Dickens, of course que se chega à dos Beatles de quem sou fã de carteirinha:
yeah, yeah, yeah!
Bem, todos sabemos como é o amor. Começa com fogos de artifício, muitos aaahs
e ooohs e uis, luxúria e paixão. Depois, se tivermos sorte, esse sentimento
permanece para sempre embora apaziguado como acontece com o meu caso sério
londrino (rsrs)
O certo é que, se caminho na direção de Primrose Hill, a minha mente
assovia “The Fool on the Hill” -
that’s me! - do álbum Magical Mystery Tour. Como estar em Londres e não lembrar
da capa daquele LP dos Beatles que mostra os ídolos da nossa meninice/juventude
naquele cruzamento zebrado do lado de fora dos estúdios da Abbey Road?
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Frank Doel, o herói do filme 84,
Charing Cross Road, no final da década de sessenta escreveu para a
escritora Helene Hannf:
“Tivemos um verão agradável com mais do que o número usual de turistas,
incluindo hordas de jovens fazendo peregrinação a Carnaby Street. Observamos
tudo de uma distância segura e, embora eu deva dizer que gosto muito dos
Beatles, que bom seria se seus fãs não gritassem tanto.” (rsrs)
Mas como fazer um fã aborrecente não “Twist and Shout” e quem esquece aquele momento que mudou a vida,
quando... “I Saw Her Standing There”?
Tudo bem que como o Bruce e o Paul todos nós somos “velhinhos em
formação” mas, ao fim e ao cabo, as bandas inglesas da minha vida – The Beatles,
The Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin, Queen, Dire
Straits e, é claro, Sir Elton
John se transformaram na música de meus filhos. E em junho de 2005 , no Twickenham Stadium, durante o show
do U2 que assistimos juntos, o som deles se transformou no meu.
Até mesmo o Caetano, quando o pau quebrou nos anos setenta, homenageou a
capital inglesa com a sua “London, London”:
“While my eyes go looking for flying
saucers in the sky”....
fotografia Moacir Pimentel |
Só que, paradoxalmente, a Londres das cápsulas voadoras da London Eye
com seus estilhaços e colmeias de vidro e aço continua sendo aquela da Helene,
que foi palco para a vida e o trabalho de alguns dos maiores escritores,
dramaturgos e poetas da humanidade.
Apesar de ter tentado lhes mostrar a Londres dela percebo que terminei
escrevendo mais sobre a minha. Talvez porque traduzir Helene não seja tarefa
fácil, mesmo vendo o filme e lendo o livrinho 84, Charing Cross Road várias vezes e acompanhando as suas andanças
pela cidade, onde finalmente conseguiu chegar após ter experimentado o gostinho
do sucesso e recebido “um gordo cheque da
Reader’s Digest”. Devo confessar que, para mim, Helene Hannf permanece
maravilhosamente misteriosa como os túneis outrora usados pelos Cavaleiros
Templários medievais perto da Fleet Street ou as sombras da noite em
Westminster.
Finalizo citando alguns dos quatrocentos versos do
longo poema A Terra Desolada, da lavra do americano naturalizado inglês T. S.
Eliot que a Helene apreciava e que talvez tenha iniciado o modernismo na
palavra escrita, fazendo um sumário do pensamento daquela “geração perdida” de
escritores como Ernest Hemingway e Francis Scott Fitzgerald...
“E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti
quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando.”
Será? Talvez, numa próxima franquia, se você ainda não tiver se cansado
de ler...
Lindo, Moacir! Amei tudo! Fotos, poemas e a hilária declaração de amor por Londres com ‘aaahs e ooohs e uis’ kkk O jeito como você fala da cidade me faz querer subir no prédio e passear de barco. Vou continuar lendo mesmo que me leve para visitar Timbuktu kkk. Você também arrasou na ‘trilha sonora’. Só faltou Adele passeando na beira do rio https://www.youtube.com/watch?v=hLQl3WQQoQ0
ResponderExcluirObrigada!
Mônica,
ExcluirJuro de pés juntos que não vou "levar" você até Timbuktu mas assim que conseguir finalizar uma das "franquias" que, no momento, estão no forno chegaremos bem perto (rsrs) Folgo em saber que apreciou o texto e a trilha sonora, mas aqui entre nós e baixinho, nesse belo vídeo talvez a Adele não esteja cantando à beira do Rio Tâmisa. Ao dar o ar da graça delas de relance no cenário, note que a Torre Eiffel e a Ponte Alexandre III nos sugerem que trata-se do Sena (rsrs)
Tomara que continue lendo e comentando porque, caso contrário, eu sentiria saudades das suas tão boas palavras e , muito principalmente, do seu bom humor contagiante. É muito bom saber que podemos rir com e até de alguém e que tudo bem.
"Obrigado!" e abração
1) A famosíssima faixa de pedestres com os Beatles, já foi utilizada de diversas formas, recentemente vi uma montagem da mesma com: Gandhi a frente, depois Mandela, a seguir o pastor batista ganhador do Premio Nobel da Paz Martin Luther King e, por fim, o também ganhador do Prêmio Nobel da Paz, o Dalai Lama.É símbolo, é ícone da humanidade.
ResponderExcluir2) Pimentelji continua com seus maravilhosos artigos sobre a querida Londres e eu lembro:
3) Assim que o Itaité atracou em Tilbury eu estava debruçado perto da entrada contemplando tudo extasiado, pela escadinha de corda e madeira subiu um oficial da Armada Britânica para vistoriar o cargueiro e logo depois liberar.
4)Os jovens tripulantes me convidavam para a gandaia e eu polidamente agradecia e respondia: "Não posso eu sou bem casado, vou visitar o templo budista local".
5)E todos ríamos contemplando a calota de gelo formada na popa da belonave !
Antoniusji,
ExcluirRecordar é viver e como viver é bom demais é preciso cuidar bem dos nossos bytes de memória. Joguei no Google e encontrei a montagem da faixa de pedestres zebrada da Abbey Road a qual você se refere
https://i.pinimg.com/474x/79/a5/fe/79a5fe90ec6a0963b5179b4f92a9881e.jpg
E me recordei de como eu era beatlemaníaco aos quinze anos e de uma fake news que rolou pouco antes do disco Abbey Road ser lançado. Como o Paul andava sumido das colunas e palcos, a galera inventou que o cara tinha morrido em um acidente de carro! Sério! E que os colegas de banda estavam escondendo o fato ajudados por um sósia do falecido de quem os tablóides forneciam inclusive nome e endereço. Quando a icônica capa o álbum foi divulgada os rumores atingiram o ápice porque a foto passou a ser usada pelos teóricos da conspiração como prova da morte do pobre Macca.
É claro que as “pistas” eram um tanto tênues: na foto Paul aparecia de terno, olhos fechados e sem sapatos - igualzinho a um cadáver ao ser enterrado - e segurava um cigarro na mão direita apesar de ser canhoto. A posição dos outros três Beatles na imagem também foi considerada significativa: John Lennon, barbudo e vestido de branco, representava Jesus Cristo. Ringo Starr, de terno preto, personificava o pastor no funeral e os jeans de George Harrison fizeram dele o coveiro (rsrs) Quando o suposto defunto finalmente apareceu em público e deu uma entrevista negando que tivesse ido dessa para outra melhor, foi uma festa e, é claro, Abbey Road bombou.
Jamais cheguei a Londres de navio por Tilbury, muito menos através de água geladas, mas sei que há evidências arqueológicas da ocupação romana nas docas onde você desembarcou e que desenhos antigos juram de pés juntos que o serviço de ferry, a primeira balsa de Londres, começou a ser operada bem ali pelas famosas barcaças do Tâmisa. A curva e a estreiteza do rio tornaram um local adequado para a construção de um forte. Há valentes anos visitei a fortaleza construída por Henrique VIII mas muito bem preservada com direito a fossos, molhes, baluartes, bastiões e armazéns.
Obrigado pelo ótimo comentário, boa semana de trabalho e namastê!
O melhor do post foi a sua canção biográfica, rs. A foto batida da Roda é fantástica e nada mais característico da cidade do que o contraste entre o Shard e a Ponte. Londres é tudo isto que você diz mas nunca pensei nela nestes termos porque não consigo escrever uma linha literária.Tiro o chapéu para o texto. Keep Walking
ResponderExcluirMárcio,
ExcluirÀs vezes eu penso que seríamos muuuito mais equilibrados se não nos déssemos tanta importância e respirássemos fundo todos os dias enquanto vemos " the sun going down and the world spinning 'round" (rsrs)
E não apenas você não nasceu para ler e escrever. Acontece que a mente emergente humana não evoluiu para brincar de pretinhas mas sim para caminhar, fazer fogueiras e filhotes e ferramentas de caça e assim por diante. Ou seja, a capacidade de ler/escrever, de produzir e traduzir uma linguagem escrita, diferentemente daquela de verbalizar, não foi uma adaptação nem nos conferiu vantagens evolutivas. Isso significa que as leitura/escrita são atos de improvisação: quando escrevemos, na verdade você estamos usando partes do cérebro que foram projetadas para fazer outras coisas. Por isso é tão complicado: acontece com todas as novas "tecnologias" (rsrs)
Mais importante do que como escrevemos é talvez por que o fazemos. Por quais cargas d'água textamos, pintamos telas, esculpimos coisas, fazemos música, representamos estórias? Talvez os nossos primeiros ancestrais a fazer artes tívessem cérebros diléxicos (rsrs) Ou quem sabe o Ferreira Gullar tinha alguma razão quando poetou que " a arte existe porque a vida não basta"?
Muitíssimo obrigado por participar.
Sempre é fascinante lermos e vermos as belas fotos de Londres-UK de Autoria deste Viajante do Mundo, excelente Escritor e hábil Historiador Sr. MOACIR PIMENTEL.
ResponderExcluirComo é agradável ver Londres pela vista experiente e curiosa do Sr. MOACIR PIMENTEL, e quanto trabalho deve ter lhe dado essas Obras. Por isso lhe agradecemos muito.
É realmente fascinante a integração em Londres do Tradicional ( Ponte da Torre do Arq. Sir HORACE JONES) com a belíssima e moderna Pirâmide de Aço e Vidro ( London Bridge Tower do genial Arquiteto RENZO PIANO de 310 m altura). E tudo compondo um Todo Harmônico.
Ainda mais para mim cujo Filósofo preferido é JOHN LOCKE, e Economista preferido o sólido e sagaz ADAM SMITH.
Muito Obrigado e um Abração.
Prezado Bertolotto,
ExcluirPor uma dessas coincidências da vida – ou quem sabe por “transmimento de pensação” como diz minha caçula - durante o final de semana entrei no Google para me informar sobre um recém descoberto retrato de Maquiavel supostamente pintado por Leonardo Da Vinci e terminei me deparando com outra descoberta: a de um manuscrito inédito e surpreendente de John Locke sobre a tolerância religiosa de nome "Razões Para Tolerar Os Papistas Igualmente Como Os Outros" (rsrs) Terminei a apressada pesquisa sem me inteirar do conteúdo do artigo mas com vontade de reler o Ensaio acerca do Entendimento Humano, que forneceu fundamentos filosóficos para uma certa revolução científica sobre a qual, no momento, estou teclando.
O pragmático Locke personifica o espírito inglês ao tentar nos ensinar a pensar por nós mesmos, a pesar evidências empiricamente, a manter a crença dentro de limites e a colocar tudo à prova da razão, com um método de observação cuidadoso que seria adotado por pensadores posteriores tão diversos quanto Jefferson e Darwin. Pode-se rastrear a influência do filósofo, através do Ensaio, também na literatura, na prosa e poesia de Pope, na ficção de Laurence Sterne e, muito principalmente na escrita do grande Dr. Johnson. Com certeza o cara tinha bom senso, algo raro nos dias de hoje: "Eu sempre pensei que as ações dos homens fossem os melhores intérpretes de seus pensamentos" (rsrs)
Quanto ao economista Adam Smith poucos foram mais criticados do que esse professor de filosofia moral que na morte virou garoto propaganda dos fundamentalistas do livre mercado, daqueles que compreendem preço, mas não valor. Uma das coisas que faz da Riqueza das Nações uma boa e atual leitura, é que Smith é um crítico magistral dos governos de sua época e um excelente comentarista das imensas dificuldades de reorganizar o caos das finanças públicas (rsrs)
Por fim, quanto mais conheço o nível das suas leituras mais lhe agradeço por aquela que faz dos meus arrazoados.
Abração
Moacir,
ResponderExcluirVocê finalizou o passeio por Londres com chave de ouro. As canções foram um plus encantador. Eu li o artigo até o fim e depois li de novo parando nas fantásticas fotos querendo saber se primeiro você escreve e depois escolhe as imagens ou se são elas que inspiram as palavras. Mas isto não tem a mínima importância porque a combinação é perfeita e "há de ser eternamente uma alegria”.
Um abraço para você!
Flávia,
ExcluirNo caso específico dessa "minissérie", como diz o Sampaio, a minha maior preocupação foi que tivesse começo, meio e fim coerentes, ou seja, que não se afastasse muito de onde começou: 84, Charing Cross Road. Tomara que eu tenha conseguido unir as pontas soltas e reunir em um mix legível as duas cidades: a da Helene e a minha.
Devo confessar, porém, que a primeira coisa que faço ao decidir teclar sobre um determinado lugar é transferir as fotos que já fiz dele de um HD externo para uma pasta no computador. E viajar de novo. Quando comecei a misturar fatos e fotos nessas paragens exagerei na mão e o sábio Sr. Editor teve que impor um limite de ilustrações por post (rsrs) Tudo bem que certas fotos dizem mais do que mil pretinhas, que certas imagens simplesmente têm que estar nesse ou naquele artigo, mas penso que, pelo menos por aqui, a conversa é e será sempre mais importante.
Outro abraço para você
Pimentel,
ResponderExcluirFoi uma das suas melhores minisséries. Aprendi mais sobre Londres aqui do que nos quatro dias que passei na cidade. Parabéns e obrigado pelas agradabilíssimas leituras e respostas atenciosas.
Sampaio,
ExcluirSou eu quem agradece - e nunca o bastante - pela sua leitura atenta e questões pertinentes. Sabe? Ainda fico feliz feito criança em festa dos super heróis quando me deparo com um post meu publicado, ilustrado, lido e comentado. Imagine uma franquia finalizada!
Mas não consigo deixar de me surpreender um poucachinho porque sejam quais forem os seus objetivos a curto, médio e longo prazo, tenho certeza de que a leitura das minhas “agradabilíssimas” minisséries não lhe será de serventia para atingí-los (rsrs)
E, no entanto, você continua lendo motivado por nada mais do que sua curiosidade para descobrir um pouco mais sobre o que estou teclando, para aprender, para saber as respostas, mesmo que elas não lhe tragam benefícios óbvios. Vale nos questionar se teríamos evoluído do reino animal não fora ISSO, essa nossa vocação para o aprendizado e o compartilhamento de experiências.
Mas, com certeza, não existiriam rascunhadores amadores se não tivessem leitores fiéis e incentivadores exagerados(rsrs)
Muito obrigado.
Moacir, foi uma excelente franquia que partiu da descrição de um filme que me é muito caro, com boas pinceladas de literatura provocadas por ele, e continuou para uma belíssima descrição da Londres da Helene que se transformou na descrição da Londres dos seus olhos e do seu coração.
ResponderExcluirFalar sobre a sua capacidade para nos mostrar o vasto mundo seria chover no molhado, espero (e atrevo-me a dizer que nós todos) continuar a ler as histórias do viajante que soube não perder a alma do antigo mochileiro.
Um abraço do Mano
Wilson,
ExcluirDesde a sua sugestão para que eu teclasse uma resenha do filme 84, Charing Cross Road eu percebi que após conversarmos sobre esse enredo seria possível seguir em frente e visitar Londres com a Helene. Misturar a visão dela com a minha e, de quebra , usar as minhas fotos para pontuar o texto foi um desafio iniciado em março de 2017 e fico muito feliz de saber que o Sr. Editor aprovou o resultado.
Eu não saberia quantificar quanto da alma do mochileiro eu consegui reter pela estrada, mas tenho impressão que sobrou um poucachinho de curiosidade e todo o afeto que o moleque sentia pelo vasto mundo. Portanto, desconfio que você e o leitorado do nosso Conversas continuarão lendo as minhas viagens e que ainda levantaremos muitos parting glasses - "ufa!" - ao fim de muitas outras looooongas franquias. E o resto?
Obrigado pelo espaço, pelas força, paciência, sugestões, leituras críticas, traduções poéticas, ilustrações e, é claro, comentários (rsrs)
Abração
Olá Moacir,
ResponderExcluir"...às vezes falta-me o grão para produzir a pérola".
Você disse em algum comentário, e não é o seu caso. Deve nunca ter sido.
Sua franquia londrina, de Charing Cross a Keats, escrita com paixão pela cidade e sua literatura, agasalhada nas belas fotos e ainda ancorada em trilha sonora embrulha meu sonho de Londres em macio papel de seda e fita colorida. Que quando sentir saudade posso desamarrar a fita e abrir o papel e sonhar de novo. Gratidão!
"...onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve
Cheio de sonhos e de calmo alento."
Acho que voce nos trouxe isso, para todos do blog.
Vou sentir saudade. Mas não tristeza porque certamente muita coisa boa vem por aí.
Acho que estou na ponte preferida vendo por de sol ou naquele jardim rodeado de bancos lendo Keats para agradecer mais uma vez.
Até sempre mais.
Caríssima Donana,
ExcluirDesde que comecei a frequentar essas conversas fiquei muito mais rico de pérolas: as suas artes encantadas! Como responder e agradecer esse seu tão delicado comentário sobre as coisas pequenas: a beleza das pontes, do sol se pondo sobre rio, dos velhos bancos, da imagem de Londres como um pacotinho de presente embrulhado “ em macio papel de seda e fita colorida” que a fará sonhar sempre que quiser? Não sei, mas tenha certeza que sempre que eu estiver por lá, ou pensar na cidade, por causa dessas pretinhas a senhora estará por perto.
Penso que nesses nossos tempos sombrios a franquia de Charing Cross ao Keats – de cuja poesia a Helene não gostava (rsrs) – merece ser finalizada com o trecho de abertura completo do poema Endymion na tradução de Augusto de Campos :
"O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da aragem
Que ameniza o calor; musgo, folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos, sementes,
E a grandeza do fim que aos imponentes
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem do céus e alenta a nossa vida."
“Até sempre mais”
Prezado Pimentel,
ResponderExcluirElogiar mais esta tua descrição sobre Londres seria pleonasmo, eu estaria sendo redundante, repetitivo.
Indiscutivelmente mereces os parabéns mas, como posso diferenciar o devido reconhecimento à excelência das tuas postagens, se não através de palavras, e as mesmas de sempre?!
Parabéns.
Obrigado por compartilhares conosco as tuas viagens em ritmo de aventuras, e que possuem o condão de noas fazer sentir que as tuas andanças sempre tiveram a nossa presença e, Londres, é nossa velha conhecida.
Abração.
Saúde.
Prezado Bendl,
ExcluirNada é mais importante nessa vida do que compartilhar. De nada adianta ser, ter, sentir, saber se não expressamos nada isso. Na internet, por enquanto, as palavras ainda nos servem de expressão, se bem que estejam sendo rapidamente substituídas por mensagens de voz e/ou emojis (rsrs) Portanto as suas pretinhas nas minhas caixas de comentário serão sempre mais do que bem vindas. Obrigado pelas leitura e crítica honesta e certamente pelos elogios exagerados. É a sua participação e comentário que torna um post meu diferenciado.
Abração