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05/07/2018

Não seremos os primeiros embaixadores da Terra...

Concepção da exploração de Marte (imagem NASA)

Wilson Baptista Junior
Até hoje ninguém pode dizer com certeza, convicções religiosas à parte, como começou a vida na Terra. Existem diversas teorias mas nenhuma ainda com provas irrefutáveis.
No século XVI o francês Benôit de Maillet, que foi um dos precursores da teoria evolucionária de Darwin, escreveu que a vida na Terra começou nos mares costeiros e daí evoluiu para a terra firme, e que os primeiros organismos vivos do mar se originaram de “sementes” ou “esporos” invisíveis existentes no espaço - o que por sua vez deriva das ideias do grego Anaxagoras, que no século V antes de Cristo escreveu que todas as coisas existiam desde o começo dos tempos, mas sob a forma de “sementes” infinitesimalmente pequenas e que estas sementes existiam todas misturadas e depois foram se separando, agrupando e formando as coisas (esta ideia de Anaxagoras é a primeira descrição que se conhece da teoria atômica, escrita mais de dois mil anos antes de sua elaboração moderna).
O desenvolvimento da teoria dos esporos, conhecida como “panspermia”, do grego “pan” (tudo) e “sperma” (semente), levou eventualmente à concepção de que a vida foi trazida para a Terra através do espaço, ou por microorganismos de outros planetas trazidos em meteoritos ou, para alguns, intencionalmente por seres extraterrestres avançados.

Esta teoria, muito combatida a princípio porque se julgou que não existiriam microorganismos capazes de sobreviver às longas viagens no ambiente hostil do espaço, foi revivida há alguns anos quando pesquisadores da NASA julgaram ter encontrado restos de microorganismos num meteorito encontrado na Antártica e originário de um impacto na superfície de Marte, e mais recentemente pelo anúncio da descoberta de bactérias aparentemente extraterrestres, em estado de hibernação, no interior de outro meteorito com a idade estimada de mais de quatro bilhões de anos: 
                                               Provável fóssil de bactéria no meteorito ALH84001 (fotografia NASA)

Os primeiros homens que saíram da Terra e chegaram a outro corpo celeste foram os astronautas americanos da Apolo 11, em 1969. Se tudo correr bem, dentro dos próximos vinte ou trinta anos os primeiros homens a chegar a outro planeta descerão em Marte, numa missão que já está sendo preparada.
Mas muito provavelmente estes astronautas não serão os primeiros seres terrestres a desembarcar em outros planetas. Uma equipe de cientistas japoneses da Universidade de Kyoto publicou um estudo em 2010 onde dizem que o impacto do asteróide de mais de um trilhão de toneladas que há uns sessenta e cinco milhões de anos atingiu o Golfo do México e provocou a extinção dos dinossauros espalhou fragmentos da Terra, levando provavelmente microorganismos terrestres, na superfície da Lua, de Marte e das luas Europa, de Júpiter e Enceladus, de Saturno, ambas contendo mares subterrâneos. E, acrescentam eles, não é impossível que fragmentos deste impacto, ou de outros grandes impactos que a Terra sofreu ao longo de sua história, tenham chegado até outros sistemas solares onde hoje estamos descobrindo planetas que podem ser habitáveis.
E se isso tiver mesmo acontecido?

Como diz Pierre Barthélémy, no seu artigo publicado no “Le Monde” que me levou a escrever este post, e que vocês podem ver no link mais abaixo, “quem sabe a gente deva considerar os extraterrestres que certos ufólogos dizem que nos visitam regularmente como primos distantes vindos em peregrinação à terra de seus ancestrais”?

Link para o estudo dos pesquisadores japoneses:
Link para o artigo do “Le Monde”:


12 comentários:

  1. Moacir Pimentel06/07/2018, 09:07

    Wilson,
    Esse é um tema fascinante. Depois das várias versões de tantos deuses e anjos alados, depois dos astronautas do Von Däniken - eu tinha praí treze anos mas jamais superei os pássaros, os aracnídeos e as linhas de Nazca (rsrs) – a "panspermia" aparece antes que saibamos como a vida começou nas nossas praias há quatro e meio bilhões de anos. Charles Darwin demonstrou que as diferentes espécies eram todas descendentes de um organismo primordial: um último ancestral comum universal de quem preferiu não revelar detalhes (rsrs) Hoje sabemos de quem se trata: uma bactéria! Isso significa que estamos nos aproximando de uma das grandes divisões da história humana: aqueles que nunca descobriram e aqueles que honestamente poderão dizer de onde vieram. Quem viveu e morreu antes de Darwin o fez ignorante da evolução das espécies. Todos os nascidos depois de Yuri Gagarin ter orbitado a Terra em 1961 fazem parte de uma espécie que pode viajar para outros mundos. A viagem espacial é uma realidade que nos permite ver o nosso planeta azul à distância e entender o quanto é único e frágil. Esses fatos mudam nossa visão de mundo, nos ensinam a valorizar todos os outros seres vivos. Tomara que nossos netos, um dia, alcancem as imensas sabedoria e evolução que a origem da vida irá revelar, saibam quem foi seu ancestral final e onde morou e , consequentemente, quais são as probabilidade da vida se formar alhures no Universo e em quais estrelas procurá-la. Quem sabe os netos deles não possam entabular uma “conversa” com nossos "primos" distantes? (rsrs)
    Aliás, eu e minha mulher passaremos alguns dias viajando mas porei a conversa em dia no retorno. Até a volta.
    Abração



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    1. Wilson Baptista Junior09/07/2018, 00:02

      Moacir,
      a viagem espacial não só nos permite ver como nosso planetinha azul é pequeno e frágil, mas, quem sabe, por nos deixar partir para outros mundos nos permitirá também salvar a nossa espécie de uma destruição extemporânea.
      Não sei qual geração de nossos quixotinhos chegará às estrelas, mas como já escrevi aqui faz muito tempo, afinal tanta coisa impossível já foi feita...
      Não vamos estar aqui para ver, mas quem sabe estaremos vendo de outro lugar, junto com todos os que nos antecederam desde Ícaro, o que tentou primeiro "sonhar o sonho impossível"?
      Um abraço do Mano

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  2. Francisco Bendl06/07/2018, 17:28

    De fato, concordo que este tema é muito interessante, reconhecendo que Mano foi muito feliz em postá-lo.

    Afinal das contas, desde que somos humanos sempre tivemos a curiosidade para saber de onde viemos, o que fazemos aqui e para onde vamos?!

    E, apesar do avanço extraordinário da Ciência e Tecnologia, ainda não temos uma teoria que nos leve a acreditar sobre o surgimento do homem neste planeta, ou seja, como que aconteceu, aonde, e que fatores se uniram para que tivéssemos hoje esta aparência e inteligência, a ponto de sermos a única espécie na Terra que é racional!

    No entanto, acredito que apenas dar o crédito à Natureza pelo nosso nascimento é conceder muitas regalias para a coincidência, para o acaso, para o improvável!
    A começar, que eu iniciaria perguntando ao cientista, as razões pelas quais os humanos foram os únicos escolhidos com inteligência e aparelho fonador, isso mesmo, é só nós que falamos dentre milhares de espécies existentes!

    Ora, tal fenômeno deveria ser desencadeado em outros animais, haja vista que em termos fisiológicos os mamíferos são iguais ao ser humano, inclusive quanto à reprodução.
    E tão porque somente o homem pensa e fala?

    Mais:
    Desde quando que a Natureza ou a casualidade, determinaram que somente o surgimento do macho a espécie não teria continuidade, e deu início à elaboração da fêmea??!!
    E nascemos juntos?
    Pois se ou o homem ou a mulher, um deles surgiu primeiro, decididamente não existiríamos!
    Então a Natureza e sua sapiência nos fizeram ao mesmo tempo?!
    E nos encontramos – macho e fêmea - facilmente?
    E sabíamos como nos reproduzir, ou seja, quem teria torneirinha e quem teria a bainhazinha e como usá-los?!

    Continuo nas minhas dúvidas:
    Desde quando que o irracional possibilitou a transferência para o racional?
    Como que se deu esta passagem, onde alguns hominídeos deixaram de ser quadrúpedes e de subirem em árvores, para o pithecanthropus erectus?

    A meu ver, por mais que a Ciência tente explicar como surgimos, a verdade é que ainda nos encontramos na teoria do conhecimento, na Epistemologia, onde existem as etapas e limites do que sabemos.
    (Continuo)

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  3. Francisco Bendl06/07/2018, 17:28

    Logo, diante de tantas questões sem resposta, mesmo com os avanços que tivemos ao longo do tempo, vejo-me obrigado a admitir que a mão de Deus ou do Criador ou das Forças Divinas, intrometeram-se no nosso aparecimento, cujo fenômeno podemos denominá-lo como transcendental, pois ultrapassa a lógica e o próprio formalismo científico.

    Não creio que a Natureza tivesse condições e inteligência para nos moldar, nos fazer pensar, nos incutir uma mente pródiga, apesar de ela nos deixar claro e insofismável que estamos à sua mercê, que ela nos é superior, pelo menos na força e no domínio deste planeta!

    Mas lhe faltaria discernimento, fundamentos para escolher somente os humanos como inteligentes, e os porquês dessa opção exclusiva, pois não vejo como uma bactéria poderia desenvolver um quociente intelectual, ao mesmo tempo que percebesse a necessidade de este ser recém surgido, de ter consigo a outra parte, possibilitando justamente a preservação dessa espécie nova!

    Pior:
    Para depois nos matar através da sua revolta usando o clima!

    Dilúvio, Sodoma e Gomorra, o Mar Vermelho engolfando os egípcios, as doenças como a Peste Negra e Gripe Espanhola, antes, a Lepra, a Sífilis, as viroses, os tsunamis, que mataram milhares de pessoas ... todos oriundos desta Natureza que não sabe o que quer de seus filhos!!!

    Logo, esta deveria ser não só uma superbactéria como detentora de inteligência universal, porém cometendo seus erros porque não permitiu que outras espécies fossem como o ser humano, no mínimo para que se defendessem do homem-predador, daquele que vê a Natureza para explorá-la e prejudicá-la, entendendo que é ele que tem o mundo nas mãos!

    Até porque, e a título de curiosidade, o nosso planeta tem sido o único com esta formação até onde vão as imagens dos nossos telescópios, onde existe a abundância de água e líquida, mais dezenas de milhares de espécies as mais variadas e exóticas!

    Por que a inexistência de planetas pelos menos parecidos?

    Decididamente a Natureza não teria como através de uma bactéria elaborar a vida que a Terra possui, tanto nas suas complexidades quanto forma de existência – mamíferos, aves, peixes ... além da flora majestosa e belíssima.

    E vou mais além, e também terminando o meu comentário de aplauso ao artigo do Mano, esplêndido, maravilhoso:
    Como que a Natureza iria compor o ser humano com sentimentos nobres e negativos?
    Capaz de imaginar o seu futuro?
    De amar, de sonhar, e de realizar?!

    Um forte abraço, Wilson.
    Saúde e paz, extensivo aos teus amados.

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    1. Wilson Baptista Junior09/07/2018, 00:01

      Chicão,
      eu cá não sei se somos mesmo a única espécie a desenvolver a inteligência e o aparelho fonador, muitas pesquisas têm indicado que talvez os golfinhos e as baleias tenham nos precedido nesse caminho, e que o Douglas Adams, entre tantos outros, pode ter tido razão quando descreveu a despedida dos golfinhos que deixam a Terra em "So long and thanks for all the fish", na sua "trilogia em cinco volumes" do Guia do Mochileiro das Galáxias...
      Eu também acredito num Criador, só já não tenho muita certeza do seu nome e de com quê se parece, e dada a sua onipotência não acredito que suas experiências tenham parado em nós. Quem sabe o que ainda encontraremos aí pelas estrelas?
      Um abraço do Mano

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  4. 1) Concordo plenamente Mano, bom artigo.

    2) Acredito em vida em outros planetas...

    3)Não precisa respirar oxigênio, pode respirar outras coisas que por aqui ainda não descobriram...

    4)E pode ser qualquer tipo de Vida, não precisa ser vida humana...

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    1. Wilson Baptista Junior09/07/2018, 00:00

      Mestre Antonio, então estamos de acordo, o Caminho do Meio deve ter mais peregrinos do que os que nós conhecemos :)
      Um abraço do Mano

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  5. Flávio Jose Bortolotto06/07/2018, 20:09

    Prezado Autor, nosso Edlitor Moderador Sr. Wilson Baptista Junior,

    Ė fascinante seu Artigo sobre pesquisas Japonesas de probabilidades de sementes de Vida terrestres terem chegado a todos os Planetas Solares e muito alėm no Universo, especialmente nos gigantescos choques de meteoros, etc.
    Também é provável que a Terra pelo mesmo processo tenha sido fecundada por sementes de Vida vindas do Espaço.
    Aparentemente o menor bloco de Vida é a célula mais simples possível, que juntando-se formam uma bactéria, etc.
    Dessa cadeia de células, bactérias, etc, forma-se a Cadeia de Vida Terrestre, da qual nós Seres Humanos somos o ápice, ou o Vértice.
    Acredito muito lógico que D’US o Eterno e criador de tudo, usando matéria Orgânica dos Seres superiores da cadeia de Vida Terrestre tenha criado o Ser Humano à sua imágem e
    Semelhança.
    Agora, tendo a Teoria Geral da Relatividade de EINSTEN confirmado que a maior Velocidade possível no Universo é “c” Velocidade da Luz, +- 300.000 Km/s, e as distâncias no Universo sendo de Anos Luz, no mínimo dezenas, centenas, milhares, milhões de Anos Luz, .... a probabilidade de contacto com Seres Superiores é infinitamente pequena.

    Abraçāo.



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    1. Wilson Baptista Junior08/07/2018, 23:58

      Caro Flávio,
      quase tudo que Einstein escreveu tem sido confirmado e reconfirmado, mas a descoberta recente de certas interações instantâneas entre partículas subatômicas afastadas, embora ainda numa escala infinitamente menor do que as distâncias interestelares, reacende a esperança de que a velocidade da luz não seja propriamente o limite para tudo o que existe.
      Aonde isso vai dar não sabemos ainda, mas o que mantém viva nossa espécie é a esperança, e quem sabe um dia, aqui ou num planeta distante, nossos descendentes descobrirão como vencer as distâncias que hoje nos parecem tão intransponíveis e chegarão às estrelas?
      Um abraço do Mano

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  6. Flávio José Bortolotto08/07/2018, 10:25

    Corrigindo: Teoria Geral da Relatividade de EINSTEIN.
    Obrigado.

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  7. Heraldo Palmeira19/07/2018, 00:44

    Mano,
    Lendo esse seu post fiquei pensando nos filmes de ficção científica que assisti na infância, toscos de dar dó, mas suficientemente criativos para nos colocar a pensar sobre o imenso desconhecido que está ai para cima. E para todos os lados, bem sabemos.

    Tempos em que The Jetsons nos levava a imaginar tanta coisa legal, pensar que o futuro - este presente meio sem graça - seria sensacional em tudo, a gente podendo sair por aí voando para todo lado naquelas pequenas e lindas naves, mas corremos o risco de ficar limitados aos carros voadores da Uber.

    Hoje, temos apenas a certeza de que o desconhecido é imenso do mesmo jeito, apesar de nossos pequenos passeios siderais. A lua continua dos namorados e o resto não cabe no meu pensamento. Abração.

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    1. Caro Heraldo,
      Não sei se aqui na Terra iremos muito além dos carros voadores da Uber (embora já tenhamos uma companhia desenvolvendo o transporte terrestre supersônico, com cápsulas levitando magneticamente dentre de tubos de vácuo), mas se pensarmos em tanta coisa que não parecia mais do que ficção científica e hoje integra nossa vida diária e que nossos filhos e netos acham perfeitamente normal e corriqueiro, como por exemplo essa maravilhosa rede mundial através da qual estamos conversando agora mesmo, acho que muita coisa mais está por vir, coisas que talvez nem imaginemos hoje, mas compartilho com você a convicção de que quanto mais avançarmos mais descobriremos que muito mais ainda haverá por descobrir...
      Um abraço do Mano

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