Os garotos na caverna (fotografia dos SEALS da marinha tailandesa) |
Antonio Rocha
Recentemente o mundo viu os esforços do governo Tailandês e mais a
preciosa ajuda de voluntários, para salvar um time juvenil de futebol, mais o
técnico, um ex-monge budista.
Infelizmente, um dos participantes no resgate veio a falecer, os
demais, todos foram salvos.
Pessoas de todo o mundo, independente de suas crenças oraram, torceram,
meditaram, fizeram preces para que tudo saísse de forma positiva... e deu certo
!
Uma das fotos estampadas nas mídias foi um pequeno grupo dos meninos
meditando, enquanto aguardavam o resgate.
Bonita também a solidariedade de vários países que enviaram algum tipo
de recurso para a resolução do fato.
Mas, que meditação é essa? Que ajudou as crianças ficarem mais calmas?...
É a chamada Meditação de Plena Atenção, uma importante forma de prática
budista que em inglês chama-se “mindfulness” e em língua páli, a língua que o
Buda falava no século VI antes de Cristo, “vipássana”, ou seja, visão interior.
Aos dezoito anos fui admitido no Templo Budista de Santa Teresa, RJ, e
fiz essa prática logo no primeiro dia, desde então, venho treinando a minha
mente e todo o meu ser neste exercício silencioso. Outro dia estive fazendo as
contas, quase meio século de vida meditando a Plena Atenção.
Sou imensamente grato à vida que me levou até aquele local, hoje, não
existe mais, em função dos graves problemas sociais da cidade maravilhosa
(escrevi com letra minúscula mesmo), muitos assaltos e o mosteiro está sendo
reconstruído em São Lourenço, MG, com outro grupo e outra linhagem.
Atribuímos também esta mudança à famosa impermanência, uma das
primeiras aulas que recebi com essa meditação.
A prática consiste em você ficar observando a respiração, o ar entrando
e o ar saindo das narinas, sem interferir. Se a respiração estiver rápida,
ótimo, aos poucos vai desacelerar. Se a respiração estiver calma, vai ficar
mais calma ainda... sem pressa, cada um no seu tempo.
A medicina vem descobrindo efeitos benéficos nessa Meditação e em
outras formas de meditação também. Mais adiante eu falo mais.
Mestre Antonio,
ResponderExcluirquem já esteve numa caverna (não numa destas, digamos, "turísticas", onde há luzes, corrimões e guias), mas nas profundezas tortuosas e solitárias de uma e apagou sua lanterna, conhece a sensação do que é se sentir fora do mundo na mais absoluta escuridão e num silêncio onde a única coisa que se ouve são as batidas do próprio coração. E pode sentir um pouquinho (só um pouquinho) do que deve ter sido o medo e a sensação de desamparo dos meninos tailandeses, quando viram sua retirada cortada pelas águas. Tenho certeza de que foram a calma e a dedicação do técnico e a meditação de plena atenção a que soube conduzir os meninos que lhes permitiu suportar, sem perderem a razão, os dias terríveis antes de verem a luz do primeiro mergulhador.
Um abraço do Mano.
1) Concordo plenamente Mano, hoje, as mídias internacionais estão mostrando a ordenação monástica desses meninos, como forma de Gratidão.
ResponderExcluir2) Faz parte da cultura tailandesa: todo rapaz passa pelo menos 9 semanas como monge, vivendo em um mosteiro. É um bom treinamento para a a vida.
3) Eu não sou tailandês, mas aos 18 anos entrei em um templo aqui no Rio e só saí 5 anos depois para casar com Heloisa.
4)Um período inesquecível que ensinou a paz e a calma que tenho hoje.
5) Gratidão ao Wilson, por possibilitar compartilharmos estas experiências.
Antonioji,
ResponderExcluirChamou a minha atenção durante esse angustiante resgate a saúde mental de todos : do técnico, dos meninos, de seus familiares, dos mergulhadores e voluntários. Não tenho dúvidas de que a meditação foi fundamental para o feliz desfecho. Além dos benefícios psicológicos e espirituais entendo que respirar pausada e calmamente só ajudou em um ambiente no qual o oxigênio era cada vez mais escasso. Também o espírito de grupo dessa galera é notável e acredito que os carinhas viverão no templo budista uma experiência que os aproximará mais ainda e que poderá ser de grande valia para que não passem e/ou para ultrapassem com mais facilidade eventuais sequelas pós-trauma.
Abração
1)Certíssimo Pimentel: "respirar pausada e calmamente só ajudou...". É por aí, se o oxigênio era pouco, a redução da atividade respiratória colaborou e muito para o sucesso".
Excluir2)Idem ao "espírito de grupo..." foi fundamental. Ninguém se desesperou nem lá dentro, nem cá fora...
3) Eis a vida, uns ajudando os outros. Abraços !
Olá Antonio budista do bem (pleonasmo, certo?),
ResponderExcluirEu, mais o mundo, fiquei junto às crianças pedindo às chuvas, à fome, aos esforços dos homens maravilhosos que se uniram, destemidos mas com medo certamente, que lhes dessem uma oportunidade. E fiquei esperançosa quando soube do treinador budista e as meditações.
Já contei para você que quando fazia ioga consegui um estado completamente fora do "estar" com meditação através da respiração. Só que o tempo largou tudo, crença, práticas, gotas, homeopatia, tudo. E acho que não há tempo suficiente para voltar. Mas isso não me impede de ver os efeitos nos outros, o bem que lhes faz.
Assim hoje eu vejo as imagens desses meninos, o treinador um outro menino, nem sei quem é quem, felizes e saudáveis. E fico um pouco nesse estado de "gratidão".
Obrigada e até mais pelos textos prometidos.
1)Oi Ana, de certa forma, todos nós que estávamos aqui fora, ajudamos com os nossos bons pensamentos e a torcida pra que fossem salvos.
ResponderExcluir2)Vc tem razão, muitas são as formas de manter a tranquilidade, cada um do jeito mais fácil.
3)O exercício da Gratidão pelo viver já é um excelente caminho.
Inegavelmente foi o grande acontecimento deste ano até o presente momento.
ResponderExcluirO tempo que a gurizada ficou detida na caverna, depois, encontrada, os dias que a equipe de salvamento levou para salvá-los, a morte do mergulhador, a expectativa de mais chuva ... um episódio memorável, que teve o seu final feliz.
Agora, concordo que o time mais o técnico se não fossem budistas, dificilmente manteriam a tão necessária e imprescindível calma naqueles momentos de angústia, de pavor, que estavam presos e que ninguém os encontraria, possivelmente!
E, o mais surpreendente, ao serem encontrados estavam bem de saúde, relativamente.
Claro, desidratados, com fome, mas não havia doenças ou alguém mal.
Curiosamente, este acontecimento dramático teve a sua duração paralela à Copa do Mundo de Futebol, na Rússia, onde os olhares estavam nos países que disputavam a taça, e a outra parte no salvamento também de um time de futebol, presos em uma caverna!
Logo, este esporte dominou o mundo no mês passado, mostrando que podemos viver em paz, em união, tanto pela quantidade de países que estavam disputando o torneio, quanto de mergulhadores e voluntários durante o salvamento da gurizada.
Belo artigo, Rocha, aplaudo.
Um forte abraço.
Saúde e paz.
1) Concordo plenamente Bendl.Todo o mundo ficou ligado na Copa do Mundo da Rússia e na Copa do Resgate na Tailândia.
Excluir2) Vejo também a beleza do futebol, um esporte que junta multidões e mexe com todo o planeta.
3)Obrigado pelo comentário.
Prezado Autor Prof. Dr. Antônio Rocha,
ResponderExcluirNuma situação de emergência, como as fortes chuvas de Monsões que alagaram as partes baixas do complexo de cavernas, ilhando o grupo de jovens com seu Treinador dentro, é muito útil a Disciplina Mental, no caso dada pela Meditação.
Nossas homenagens a Todos que ajudaram nesse resgate, especialmente ao Mergulhador que indo além da força humana, apesar da grande experiência, veio a falecer por falta de Oxigênio.
Abração.
1)De fato, Dr. Bortolotto, foi uma ação que envolveu vários heróis e a meditação ajudou.Pena que um tenha falecido...
Excluir2) Obrigado pelo seu comentário.