Casamento da Marli e do Chico (acervo Francisco Bendl) |
Francisco Bendl
Quando um
casal se une em matrimônio, além do amor que os motivou a viver juntos,
indiscutivelmente o humor se faz necessário nesta relação que pretende ser
longa e, supostamente, a única.
Não acredito
que dois resmungões, dois mal humorados, consigam viver uma existência exitosa.
Torna-se impossível, ainda mais se imaginarmos que um ou outro ou ambos,
acordem pela manhã com o mundo atravessado em suas gargantas!
- Bom
dia, meu carma.
- Sai
prá lá, velho chato!
Quando eu me
casei, há quase quarenta e oito anos, afora o amor e paixões que eu tinha pela
Marli – e ainda sinto, porém agora estáveis tais sentimentos -, prometi
que eu lhe daria uma vida de emoções.
Percebi
nesta declaração que seus olhos brilharam, imaginando aos vinte anos quais
seriam essas emoções prometidas...
Dez anos
depois, os três filhos já crianças, ela se aproxima de mim e diz:
- Chico,
cumpriste com a tua promessa, de me dares uma vida de emoções!
Animado pelo
reconhecimento, empolguei-me:
- Eu
não te disse?!
- Sim,
só que estas emoções não seriam em forma de hoje estarmos morando e amanhã uma
ação de despejo; um dia se tem dinheiro para comprar alimentos, depois não se
tem; agora as roupas dos filhos são transferidas do primogênito para o do meio
e deste para o caçula, a ponto que o mais velho está quase nu!!!
Ela
continuava a me dizer o quanto estava feliz:
- Eu
tenho vergonha de ir trabalhar de chinelos de dedo, usando o mesmo vestido e
blusa! Quando que vais dar um jeito nisso, homem do inferno?!
- Amada
minha, e vivermos de um modo sem graça, sem emoções, sem altos e baixos?!
- Que
altos e baixos, se eu só conheço os subterrâneos da vida?!
O humor tem
sérios inimigos, aprendi com o tempo, principalmente quando a mulher não nos
entende!
Mas a
situação melhorou, e já podíamos residir um ano no mesmo endereço, sem maiores
sobressaltos.
Certa feita,
inventei de entrar em casa correndo, esbaforido, berrando;
- Ganhei
na loto, ganhei na loto! Arruma as malas!
- É
para pegar roupas de inverno ou de verão?
- Todas,
pois tu vais embora!!!
Mais uma vez
fui alvo da incompreensão da amada esposa quando vi que as minhas duas cuecas e
um par de calças voaram da sacada até a calçada!
Tive mais
trabalho do que eu supunha para a Marli entender as brincadeiras, e mais ainda
me preocupei quando ela exclamou:
- Não
preciso ganhar prêmio algum para que alguém me leve desta casa, choramingou!
Querendo me
chamar à atenção, continuou:
- E se
eu soubesse que tu eras tão pobre, eu não teria me casado contigo, para passar
o trabalho que estou tendo nesta vida, reclamava.
Eu não podia
permitir que o ambiente ficasse tão negativo e contra mim.
Contra-ataquei:
- É,
mas não foi por falta de aviso!
- ???
- Eu
sempre te disse que tu eras tudo que tenho!!!
A Marli
sorri fácil. Seus olhos esverdeados mostram o quanto ela se diverte comigo, a
ponto que diz que eu ainda consigo fazê-la dar boas gargalhadas, apesar de o
seu humor ser instável.
Ontem, antes
de deitar, ela se olha no espelho e comenta:
- Estou
tão feia, magra, acabada ... preciso de um elogio, Chico.
- Marli,
a tua visão está ótima!
Escapei por
pouco de receber a escova na cabeça!
Volta e
meia, certamente pelo convívio, ela me prega uma peça.
Dia desses,
eu alternava o jogo de futebol com um filme para MUITO adulto.
Lembram do
Império dos Sentidos?
Sexo
explícito, cenas que nunca se vira antes ...
Pois a Marli
ia e vinha, e eu para disfarçar disse:
- Não
sei se vejo o jogo ou o filme.
- Por
favor, assiste ao filme!
- Por
quê?!
- Futebol
tu sabes jogar!!!
Ainda estou
em dúvidas se ela foi irônica, sutil ou quis me dar um recado, não sei.
Os primeiros
anos de casamento foram naturalmente os mais divertidos.
Bastava eu
chegar de viagem ou após um dia de trabalho, que dávamos início ao rala e rola,
como se diz.
Lembro-me
que estávamos no sofá, quando o vizinho do prédio ao lado estava nos vendo.
Ela
envergonhada, claro, não sabia o que fazer e, braba, exclama:
- Temos
de comprar uma cortina rapidamente, pois e se este imbecil me vê trocando de
roupa ou vindo do banho nua?
- Amoreco,
se ele te ver trocando de roupa ou nua, ele é que vai comprar a cortina!
A
consequência foi um terrível golpe baixo!
Com o tempo,
alguns hábitos se tornam arraigados. Momentos que queremos e precisamos para
nós mesmos.
O meu era
ler o jornal aos domingos pela manhã, atento, compenetrado.
A Marli
estava na janela do apartamento, onde volta e meia observava o casal de
vizinhos da frente.
Foi quando
ela se dirigiu a mim, que não lhe dava a atenção devida e se sai com esta:
- Chico,
percebeste como mora o casal da frente? Parecem dois namorados. Todos os dias
quando ele chega em casa, ele traz flores para ela, abraça-a, e os dois ficam
se beijando apaixonadamente. Por que não fazes o mesmo?!
- Marli,
dá licença, eu mal conheço essa mulher!!!
Segundos
depois o meu jornal estava em chamas!!!
Falando
sério, agora:
As mulheres
são fontes inesgotáveis de doações delas mesmas quando abdicam de suas
existências pessoais em favor de outro ser humano, pois me vem à mente os
filhos deficientes, que somente as mães conseguem dar-lhes amor porque o pai
invariavelmente abandona a família nessas circunstâncias, os dependentes
químicos, e situações que exigem grande resistência ao sofrimento – distantes
obviamente, da trágica condição de irreversibilidade de algumas -, e me
lembro também dos presídios durante o horário de visitas.
Filas
enormes de pessoas portando sacolas contendo alimentos, bebidas, roupas,
cigarros, remédios, correspondências, e a maioria delas é de mulheres.
Lá estão as
mães, irmãs, tias, namoradas, esposas, madrinhas, vizinhas, filhas, as avós,
que conseguem superar suas idades avançadas para levarem aos netos o seu
carinho, apoio, afeto e, principalmente, o perdão a esses homens privados da
liberdade como punição pelo que fizeram à sociedade, e vejo poucos homens na
fila, meia dúzia, se muito.
Demonstrações
incontestáveis de amor incondicional, onde novamente são as mulheres que
suportam o sofrimento com estoicismo, denodo e amor, com muito mais galhardia e
coragem que nós, os homens, o tal sexo forte.
Mulheres,
seres especiais, notadamente as mães, exemplos vivos de sentimentos que os
homens não entendem, que não conseguem dimensionar, e que estão à frente desses
acontecimentos que exigem solidariedade, conforto e compreensão para quem delas
tanto precisam.
Sempre as
mulheres, as benditas mulheres.
Na tentativa
de ser agradecido à Marli pelo que representa para mim e nossos filhos, certa
feita perguntei-lhe se jamais havia pensado como teria sido a criação do mundo
ou do Universo, se no lugar de um Deus houvesse uma Deusa.
Pois, reza a
Bíblia, o castigo que Deus infligiu às mulheres quando Eva, induzida pelo
demônio, come o fruto proibido, desobedecendo ao Criador e levando Adão a
cometer o mesmo erro.
Conforme diz
a coleção de livros religiosos, o Todo Poderoso condenou o homem a ganhar o pão
com o suor do seu rosto e a mulher a parir com dor.
Não houve a
segunda chance.
Deus foi
implacável, e expulsou o casal do Paraíso.
Pois bem,
como que ela – a Marli - teria imaginado o mundo sendo obediente e
cultuando uma Deusa, perguntei-lhe?
- Bom,
em princípio, eu não teria feito o homem do barro. Eu usaria outro material,
mais resistente, mais sólido, que quando chorasse não se derretesse todo –
alfinetou.
Sem perder a
chance, rapidamente contestei-lhe:
- E de
onde que vocês, mulheres, viriam, pois na obra de Deus a mulher surgiu de uma
costela de Adão!?
- Evidente
que a Deusa não iria utilizar o material que fizera o homem, pois teria feito
as mulheres através de um modelo exclusivo, mais maleável conforme o clima,
mais precioso, mais elegante, e que jamais o tempo iria plantar as suas rugas.
Afinal de contas, a mulher daria sequência à criação!
Achando eu
interessante a criatividade quanto às formas como Adão e Eva teriam sido
elaborados, continuei:
- Só
isso?
- Não,
claro que não – a Marli responde rápida. Indiscutivelmente a Deusa nos teria
dado vida no céu, sob sua permanente proteção e carinho, embaixo de suas
imensas e impermeáveis saias e cores da moda. O filho que não a obedecesse, que
errasse novamente e mais uma vez não agisse de forma correta, quem sabe levaria
uma palmada ou não comeria sobremesa ou deixaria de ver o futebol na TV, haja
vista que a nossa interminável paciência e imensurável compreensão (das
mulheres), jamais a Deusa iria aplicar a punição de fazê-los descer à Terra
para viver com o demônio, e justamente a sua obra maior, o casal de humanos!
E quanto ao
capeta, indaguei?
- Ai
dele, do danado, se ele se metesse à besta com um dos Seus filhos. Seria
esmagado sem dó nem piedade por Ela, a Deusa, a Mãe de todos!
- Então
a humanidade se veria livre das tentações do demônio - eu quis saber?
- Indiscutivelmente
que a humanidade seria melhor, pois resguardada do mal desde o início, amada a
partir de sua criação e não jogada à própria sorte, ameaças de fogo eterno,
castigos horríveis ou de retornos intermináveis a novas vidas como aprendizagem
ou desenvolvimento espiritual se não obedecer, servir e amar ao seu Deus (?!),
nosso futuro seria mais esperançoso, nossas vidas teriam mais sentido, os
sofrimentos infinitamente menores, afinal de contas já estaríamos vivendo no céu,
portanto seria somente uma questão de nos adaptarmos ao ambiente – falou com
firmeza!
Comecei a
achar interessantes seus argumentos, pois a minha intenção inicialmente era
imaginar uma situação hilária, com Deus sendo substituído por uma Deusa, e na
ótica de uma mulher!
No entanto,
a Marli comentava a respeito dessa fantasia com alegações muito fortes, que me
deixavam impressionado com as suas razões.
Sem que eu
perguntasse, ela seguiu:
- Olha,
Chico, a história da religião monoteísta se mistura à história da mulher, pois
este mesmo Deus que a punira impiedosamente no passado, iria precisar dela e de
seus préstimos mais adiante e, simplesmente, para ser a mãe de Seu Filho!
- De
fato, Deus poderia...
- Ouve,
não fala – advertiu. Se nós, mulheres, tivéssemos o espírito masculino,
certamente Maria teria aproveitado a ocasião quando foi comunicada pelo Arcanjo
Gabriel de que seria Mãe de Jesus para negociar com o Todo Poderoso, no mínimo
para que a liberasse das dores do parto!
- Bem
colocado.
- Eu
disse, fica quieto e ouve! Maria consentiu e se manteve calada, respeitosa. Não
só sentiu as dores do parto como sofreu terrivelmente com o caminho que seu
Filho iria trilhar.
- Posso
fazer uma observação?
- Não!
Deus é masculino. Seus critérios de justiça e sentimentos pra com os humanos
são discutíveis, em meu juízo, respeitosamente, pois o Criador quase que
aniquilou com a humanidade em algumas ocasiões, tais como o Dilúvio e depois
Sodoma e Gomorra!
- Bom,
na condição de pai ele teria de punir os filhos que teriam ido para o caminho
do mal...
Ela não me
respondeu, e proferia as suas palavras com muita convicção:
- Sem
querer ser herege, Chico, ouvimos desde crianças sobre o desentendimento
celestial entre Deus e Lúcifer – este último tendo se rebelado contra a vontade
divina -, que este seu anjo resplandescente fora condenado a ser o senhor
das trevas, o diabo, sendo o seu destino habitar este planeta, a Terra.
- Sim,
e daí?
- Tu
não tens jeito, né? Espera eu terminar... que coisa! Tem um mistério, presta
atenção: Não sabemos se foi uma função que Deus determinou ao amaldiçoado ou
foi opção do próprio demônio, que os homens e as mulheres seriam
permanentemente tentados a se desviar do caminho da salvação pela besta, em
razão exatamente da liberdade que o belzebu iria desfrutar e poder de
influência que lhe seria característico sobre a humanidade. Não temos
conhecimento se foi ordem de Deus para o diabo agir dessa forma ou se foi
esperteza demoníaca nos atazanar a vida!
Nessas
alturas, eu me encontrava extasiado com as explicações, mesmo que fruto de sua
imaginação, mas que havia questões que geravam dúvidas era indiscutível.
Arrisquei
indagar:
- Sim,
mas como que Deus resolveria o problema do diabo?
- A bem
da verdade é que Deus poderia ter resolvido o imbróglio com satanás desde o
início, se quisesse. Bastaria que tivesse vontade de exterminar com o
desobediente e maldoso ou enviá-lo para outro lugar no Universo, menos aqui, na
Terra, mas Ele não agiu dessa forma. Não só a vida do capeta foi poupada (por
muito menos o Senhor dos Exércitos dizimou milhares de humanos) como foi
permitido que este ente impuro tentasse até mesmo a vida do Filho de Deus no
deserto por quarenta dias e noites!
Envolvido
neste raciocínio, que eu ouvia como sendo original, curioso, dei sequência ao
exclamar:
- Por
que Deus agiu dessa forma?
- A
figura divina de Deus é masculina, repito, assim como a do diabo. Não existe o
gênero feminino simbolizando diretamente o mal, não há a “diaba” ou a “demônia”.
Todavia, tanto o bem quanto o mal são
simbolizados como figuras masculinas, isto é, se por um
lado o amor divino que Ele tem por nós acarreta
algumas contradições e dúvidas, o mal
é
absoluto, sádico, covarde e permitido, o que é infinitamente pior!
A Marli
continuava, empolgada, caminhando de um lado para outro fazendo as suas
observações quanto à criação, se elaborada por uma Deusa:
- Razão
pela qual ao nos criar – a meu ver – certamente deveria ter sido diferente o
local da nossa criação, deveria ser no céu, livre do satanás e seus poderes
maléficos (se alguém apressadamente disser que o Paraíso era o melhor lugar
feito por Deus para nós, lembro que o demônio já o habitava, tendo sido no Éden
que a pobre da Eva foi enganada pelo belzebu que se travestira de cobra). Lá em
cima avaliaríamos muito melhor a situação do diabo e, diante desta ameaça
permanente de eterna danação, dificilmente no céu iríamos pecar, ainda mais ao
lado do Senhor a nos orientar quando necessário e proteger!
O assunto
tinha ido longe demais, pensei.
A Marli está
divagando muito e, lá pelas tantas, vai sobrar pra mim algum tipo de “castigo”,
eu previa!
- Tá,
agora chega dessa tua Deusa, afirmei.
- Não
tá gostando, é? Pois vou continuar, e tu vais me ouvir até o fim!
Lamentavelmente não foi desta maneira que surgimos à vida, longe do demônio e
ao lado do Pai. Fomos feitos na Terra, onde já habitava o gramunhão, o mal
personificado mas, surpreendentemente, com liberdade de ação e propósitos para
prejudicar a obra mais recente de Deus e colocada no Paraíso por Ele, Adão e
Eva. Insinuar-se para a coitada da mulher em forma de serpente para
enfeitiçá-la não foi complicado – aliás, não consigo entender esses poderes
concedidos ao satanás, inclusive de se transformar no que quiser. Deveríamos
ter esta mesma condição para enfrentá-lo, no mínimo, ou seja, cada vez que ele
se apresentasse do jeito que imaginasse poderíamos também alterar a nossa
aparência ou, investidos de autoridade na defesa da criação divina, repeli-lo
com força e determinação sempre que necessário. Quem dera que portássemos as
mesmas armas do demônio, claro que eficientes somente para enfrentá-lo, inócuas
contra nós mesmos. O resto já sabemos com relação ao nosso castigo como homens
e à desafortunada Eva.
Colocando as
duas mãos nos cabelos e empurrando-os para trás, como que atribulada por algum
pensamento desconfortável, a Marli saiu-se com esta:
- Pobre
mulher. Naquele momento crucial ao ser expulsa do Paraíso, humilhada e
envergonhada, Deus talvez não tenha se dado conta o suficiente da importância
que a mulher teria para os seus planos no futuro, haja vista que ela seria
simplesmente o agente que Lhe possibilitaria materializar o Espírito Divino em
homem, uma parte Sua transformada em matéria, e que Ele havia condenado
inapelavelmente a parir com dor. Sem maiores análises de Deus quanto à punição
que dera à mulher quanto a ser exagerada ou até mesmo desnecessária – afinal de
contas o mentor intelectual do destino da Eva tinha sido o satanás, que também
provocou que a cobra pagasse o pato e que fora inescrupulosamente usada por ele
com explícita má intenção, o dissimulado e perverso ser das trevas não foi
punido, sequer admoestado! Deus foi injusto, pois utilizou dois pesos e duas
medidas. Ora, enquanto Lúcifer tinha sido criado no céu e desceu para este
planeta depois de errar contra Ele, nós, humanos, Deus já nos criou na Terra, e
só subimos ao céu se não errarmos, e com toda a pressão e invencionice do
safado a nos dificultar o objetivo. Deus simplesmente nos deixou convivendo com
o satanás nos seus próprios domínios e sujeitos às tentações e influências do
maligno!
Querendo
terminar com a ilusão que eu sugerira, cujo desenvolvimento me surpreendeu,
arrisquei:
- Só se
deixa tentar pelo satanás quem quiser ou que se deixa seduzir...
- Tens
razão. Quem pode me dizer que tu não és o capeta em forma de gente, Chico?!
Fiquei na
sala, sentado na minha poltrona, assistindo TV, quando tive uma ideia
brilhante:
- Marli
– e olhei para ela com um semblante sugestivo -, erguendo as sobrancelhas
e esfregando as mãos, quem sabe hoje à noite trocamos de posição, eim, eim?!
- Grande
ideia, Chico, genial! Tu ficas lavando a louça e eu sentada no sofá!!!
Aborrecido,
frustrado, afinal das contas eu inventara a história da “deusa”, isto é,
impulsionei algum desejo reprimido de a Marli querer justiça para as mulheres,
pensei na última tentativa de eu lucrar um pouco com a história.
Esperei que
ela deitasse, sedutora na sua camisola e cabelos soltos, aquele cheiro próprio,
inebriante, aproximei-me e disse sussurrando em seu ouvido:
- Marli,
minha amada, minha deusa, estou sem cueca...
- Não
te preocupes, amanhã coloco uma na máquina para lavar, e agora me deixa dormir!
Ah, essas
mulheres, imagino se fossem mesmo deusas - pobre de nós, frágeis
homens!
1) Algumas crônicas do Chicão publicadas aqui, tem o teor de um bom humorista, esta é uma delas.
ResponderExcluir2)Leitura cativante. Parabéns Bendl !
Rocha, meu amigo e professor,
ExcluirGrato pelo comentário.
E mais ainda porque gostaste do texto, que foi escrito com humor, de modo a aliviar as tensões ultimamente.
E nada melhor do que o autor servir de exemplo ou de modelo para as brincadeiras.
Assim, inexistem os mal-entendidos, os pedidos de desculpas pelos exageros ou registros indevidos.
Um grande abraço.
Saúde e paz.
Prezado Escritor Sr. FRANCISCO BENDL,
ResponderExcluirMuito elegantes os noivos na Cerimônia do Casamento. Parabéns.
Realmente o Bom-Humor é fundamental na importante relação Familiar, e em tudo na Vida. Eu até só voto em Candidato que tenha Senso de Humor.
Sabemos que o ilustre Escritor Sr. FRANCISCO BENDL, junto com sua Esposa, a Profª D. MARLI, ele que foi Graduado no Exército, depois Vendedor e Distribuidor de Produtos Médicos e Veterinários por todo o Sul do Brasil e partes do Uruguai e Argentina, que criou três excelentes Filhos, todos com Curso Superior, um Médico inclusive, não que os Outros sejam menores, mas o mais importante, TODOS excelentes Filhos, não deu a Profª D. MARLI, só EMOÇÕES das qualidades descritas. A maioria foram EMOÇÕES POSITIVAS, e ainda são cada vez mais, depois de 48 anos de casados.
Parece que no começo, quando a Ciência Biológica era pouco desenvolvida, os Homens não sabiam como as Mulheres tinham Filhos, e ter Filhos era fundamental para a segurança e produção da Família/Clã/Tribo, e se desenvolveu o Regime de Matriarcado. Deve ter havido abusos, pois o Poder Corrompe e o Poder Absoluto corrompe absolutamente ( Lord ACTON), e nesse tempo quem mandavam eram as Matriarcas, e os Homens obedeciam.
As imagens de deuses daquela época eram Femininas.
Com o progresso da Ciência Biológica, os Homens descobriram, provaram, que tinham influência fundamental da produção de Filhos, mesmo que só num contato inicial, e a partir dai, houve reação, e o Regime virou para o Patriarcado. As imagens de deuses daquela época eram Masculinas.
Foi só recentemente, com o grande Povo Hebreu, que esclareceu-se que D´US é Espírito, e não pode ter representação em imagem.
Então hoje, sob o Único D´US Espiritual, SEM IMAGEM, devem mandar e obedecer, tanto o Marido como a Esposa.
Aqui em casa, quem manda sou eu. Ontem eu queria ir no Futebol e minha Esposa no cinema. O filme até que foi bom.
Abração.
Mestre Bortolotto,
ExcluirMuito obrigado pelo comentário, e final semelhante ao meu, no texto!
Temos mesmo de obedecê-las, de atendê-las, de fazer o que querem.
As mulheres são simplesmente a razão pela qual a humanidade ainda existe, pois se dependesse de nós, os homens, nós já nos teríamos eliminados através de guerras, revoluções, domínios, vaidade, poder e superioridade.
Os preconceitos estão aí, que comprovam o que digo, que ainda hoje colocam os seres humanos como inimigos ou inferioridade na ótica dos presunçosos e arrogantes, prepotentes e orgulhosos.
Quase completando meio século de casado, posso afirmar a respeito da importância da mulher tanto trabalhando fora de casa - a Marli foi professora -, quanto dentro de casa - ela ainda quando chegava colocava a casa em ordem, além do carinho aos filhos!
Logo, a dedicação, a vontade de que o seu lar seja perfeito, o cuidado com as relações entre pai e filhos - ainda mais no nosso caso, que eram três filhos homens -, a disposição para atender a todos e sempre com muito amor, indiscutivelmente a mulher merece mais do que a nossa consideração e respeito, mas o reconhecimento que ela é superior ao homem em todos os sentidos, inclusive caráter e personalidade.
Mestre Bortolotto, um grande e forte abraço.
Muita saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Amigo Chicão, como já começaste a responder aos comentários, concluo aliviado que escapaste indene à leitura que sem dúvida dona Marli fez do teu artigo.
ResponderExcluirPelo menos sabemos que ela não incendiou teu computador como fez com o jornal.
Com a autoridade dos meus quarenta e seis anos de casado, uno-me a ti e ao Flávio na convicção de que somos nós, os maridos, que mandam em casa, como muito bem demonstrou o nosso amigo em seu comentário :)
Um abraço do
Mano
Amigo Franciso, o grande,
ResponderExcluirRi muito com o seu post, é a sua cara.
Para levar um casamento tem se mesmo que ter bom humor e generosidade. Amor só não basta. Já diziam os antigos, quando a necessidade bate à porta, o amor sai pela janela. E no item generosidade nós as mulheres seguramos o recorde. Será fruto da educação ou faz parte de nosso íntimo carne e sangue?
Quanto ao deus mulher, ufa!, isso dá conversa para a vida que nos resta.
Fique sempre aqui conosco!
Obrigada.
Até mais.
Aninha,
ExcluirO teu marido quando me convidou para participar deste blog extraordinário não tinha ideia da sarna que arrumara para si!
Enquanto não me expulsarem, continuarei a postar meus comentários e uma que outra crônica, com a devida permissão da diretoria.
Acredito que a próxima será séria, para pensarmos a respeito.
Muito obrigado sempre pelas tuas opiniões abalizadas sobre o que escrevo, pois se é em homenagem às mulheres, ninguém melhor do que vocês para dizerem se apreciaram ou detestaram.
A intenção é alegrar, confesso, mas às vezes decepcionamos, frustramos, e não apresentamos um trabalho que esteja de acordo com o objetivo.
Enfim, pelo menos não se está arrumando encrenca!
Um grande e forte abraço.
Espero que tu estejas te recuperando bem, e estejas te cuidando, claro.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Caríssimo Mano,
ResponderExcluirA partir de um certo tempo de casado atingimos tamanha estabilidade, que jamais teremos problemas com a esposa, ainda mais se o texto for em homenagem a ela.
Observa, as mulheres são tão inteligentes que nos fazem pensar que mandamos quando, na verdade, elas é que nos comandam!
A questão é que elas têm razão, se queremos que uma relação seja durável, em consequência salutar para os filhos, que terão um lar onde irão se criar e se desenvolver na presença do pai e da mãe.
Precisamos reconhecer nossos limites, pois os delas são muito maiores, então que elas tenham sempre a última palavra, que decidam, que digam o que é melhor ou não para a família.
Grato pelo teu comentário.
Um forte abraço, meu amigo.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Chicão,
ResponderExcluirChego atrasado mas muito me diverti com o seu post e os comentários.
Parabéns pela foto e pelo senso de humor no casamento e no artigo.
Devo confessar, primeiro, que que milito no time e no filme do Bortolotto e, segundo, que eu não escaparia "indene" de umas valentes escovadas caso fizesse a metade das suas piadas (rsrs) Porém a sua senhora fez aqui algumas reflexões interessantes, inclusive sobrevoando o paradoxo de Epicuro. Mas ao falar de "um deus masculino", embora bíblico, ela acertou na testa de um tema sobre o qual tenho rascunhado. Sou de opinião de que os humanos, ao compreenderem a própria finitude, inventaram uma vida após a morte, os deuses, a arte e a mentira (rsrs). Sucede que - de acordo com teorias acadêmicas recentes - nos nossos primórdios "deus" era sim feminino. Ou pelo menos a humanidade reverenciou sim o princípio sagrado do feminino e o mistério da maternidade, cultuando uma Deusa fértil ou uma Grande Mãe Terra. O grande número de descobertas arqueológicas de estátuas de “Vênus pré-históricas” e de Vs pintados nas paredes das cavernas, comprovam o predomínio das imagens femininas “divinas” no Paleolítico e sugerem que as sociedades caçadoras/coletoras tinham uma organização matriarcal sobre cujos escombros, mais tarde, surgiu o patriarcado. E com ele , é claro, os "deuses masculinos".
Os porquês de, gradualmente e em diferentes partes do mundo, a ordem social ter sido invertida, moram em uma futura "franquia" a ser finalizada. Mas adianto que, como tão bem colocou o Bortolotto, tudo aconteceu depois que os caras chegaram à compreensão da causa sexual da paternidade. A percepção de que a mulher não tinha filhos por geração espontânea e/ou divina mas que, muito ao contrário, sem a modesta participação masculina a reprodução não rolava, foi tão transformadora da sociedade ancestral como tinha sido antes a descoberta do fogo. O certo é que as mulheres foram perdendo o mistério e a liberdade, passaram a ser alijadas da vida produtiva, patronizadas e controladas e destinadas às delícias do lar. A posse masculina prevaleceu. É que com os estoques de alimentos e os rebanhos surgiram as posses e a tal da herança que, por óbvio, homem nenhum queria deixar para os filhos dos outros (rsrs) Milhares de anos depois estamos vivenciando a reação feminista extremada:
"Homem bom é homem morto!"
Pobres de nós!(rsrs)
Abração
Pimentel,
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário.
Na verdade, a mulherada sabe do seu poder, e que é muito mais importante do que o homem na contexto da humanidade.
A começar que os nobres sentimentos lhes pertencem, enquanto para nós restam as guerras, o ódio, a supremacia, a vaidade, a superioridade falsa, o litígio, o desforço pessoal.
A mulher é o algodão entre cristais, e nós somos o elefante nesta loja.
Não é por nada que, nas guerras, as duas vítimas são a mulher e a verdade!
Ainda pesa em nosso favor, que elas precisam de nós à permanência do ser humano neste planeta, à continuação da espécie, caso contrário já teríamos sido excluídos do mundo delas!
E mesmo com tantas divulgações sobre a maneira como a mulher é maltratada pelo homem, ela continua sendo tratada com violência, humilhada, violentada, abusada e explorada.
Enfim, a lamentar que o homem não tenha acompanhado o desenvolvimento científico e tecnológico, vivendo ainda uma fase onde a brutalidade resolvia a maioria dos problemas, porém jamais de relacionamento entre ambos, homem e mulher.
E, se ressentem em demasia quando existem, os filhos.
Invariavelmente os que mais sofrem as consequências de casais que se separam por causas de interferências no lar, desde um "novo amor" até as dificuldades financeiras.
A constituição de uma família, de um lar, hoje em dia, tem sido o maior desafio para o casal.
As pressões são muitas, as dificuldades também, a conduta do casal é muito exigida.
Logo, gente que tem décadas de casamento com o mesma mulher ou homem, filhos já adultos, e netos, hoje desfrutam de uma situação ímpar, onde a estabilidade emocional foi fundamental à estabilidade dessa união.
Não que eu seja contra a separação, ainda mais quando inevitável, mas entendo que os esforços devem ser no sentido de que esta relação seja mantida, principalmente se houve filhos, que precisam ser preservados.
Enfim, a meu ver, a cada ano que vivemos o mundo está mais difícil, mais complexo, mais complicado.
Um forte abraço.
Saúde e paz.