Pablo Picasso - Femme et un vase de fleurs (1909) |
Moacir Pimentel
Enquanto
Braque fazia as cubices dele privilegiando paisagens e natureza mortas, durante
o ano de 1909, Picasso formulou uma série de representações da sua companheira
Fernande. Com seus olhos escuros e amendoados, o lábio superior polpudo, o
queixo pontudo e a farta cabeleira trançada, Fernande foi uma presença crucial
na arte de Picasso.
À moça é
creditada uma profunda indolência e interesses focados em chapéus, perfumes e
vestidos. Pelo menos é isso que Gertrude Stein nos diz no livro Alice B. Toklas, no qual a escritora
assume a personalidade e a voz da sua companheira - a Alice do título - para
contar a própria história. Gertrude descreve Fernande como “sempre bonita, mas
pesada”. Será? Na verdade a garota escrevia bem demais, tinha espírito e é nos
seus escritos que se encontra o registro mais preciso da vida de Picasso
durante esses anos de formação cubista.
As telas que
o espanhol cometeu no ano de 1909 formam um conjunto que se destaca na história
do retrato, abrangendo praticamente todos os meios. Uma devoção tão intensa
assim a uma única modelo foi algo inédito no trabalho de Picasso. Mesmo que, da
coleção, apenas umas seis telas representem claramente a moça e possam ser
chamadas de “retratos”, o conjunto da obra impressiona.
Tenho
certeza que à primeira vista você vai pensar que a Fernande que mora nessas
telas é prima legítima do Alien, aqueeeele oitavo passageiro (rsrs) Isso se
deve, em parte, à necessidade de posse que Picasso tinha de tudo onde seus
olhos batiam. Ele estava experimentando um estilo novo e, em parte, ao fato da mão ter pesado demais nas figuras que veremos a seguir, primitivas e inumanas, ainda o resultado que
a arte tribal africana tivera no artista.
Mas o que
confere às presentes imagens sua força é o que Picasso faz com elas: a
liberdade imprudente com que o pintor as incorpora na sua visão pessoal e as
liberta para que sirvam às suas próprias necessidades estilísticas e psíquicas.
Não se sabe se fazia isso de maneira consciente – afinal o toureiro tem fama de
machista! – mas sem dúvida esse cara tinha necessidade de dominar suas senhoras
e não somente com a força avassaladora de sua potência artística. Outras
mulheres tiveram suas formas esfaqueadas pelos maridos pintores de forma bem
mais suave e morna. Um exemplo de cubismo caridoso? Madame Jean Metzinger.
Jean Metzinger - Portrait de Madame Metzinger (1911) |
Pois é. Só
que o prezado Jean Metzinger não era um Picasso que, de quando em vez, fazia de
suas companheiras viragos ameaçadoras ou criaturas de frente e de perfil a um
só tempo, lua cheias e quartos minguantes. Era como se o espanhol almejasse
retratar não apenas as peles, a aparência invariavelmente bela, mas a
totalidade das suas criaturas, capturando a menina, a mulher, a velha, a mãe, a
fêmea, ontem, hoje e amanhã, por dentro e por fora, de frente, de perfil, de
bruços e “de ladinho”, “inteira e aos pedaços”, como diz a Donana. Além disso
também precisava expressar, nas tintas, o que sentia por elas, tudo junto,
misturado, ambivalente, plurifacetado porque Picasso era Picasso e, de sê-lo, o
cubismo foi a sua linguagem ideal. Simples assim.
Mas ao
observar tecnicamente as primeiras telas verdadeiramente cubistas do espanhol a
gente entende, de saída, que Georges Braque largara na frente na “cubismonização”
geral de paisagens e naturezas mortas. Em seguida se percebe que o cubismo
emergente de Picasso, nesse estágio, estava concentrado de maneira incomum na
fisionomia e no clima emocional da sua amante, talvez um dos maiores amores da
vida dele. E mais: que nascia repleto de superfícies crispadas e de sentimentos
complexos e com uma tristeza como pano de fundo.
No ano
fecundo de 1909, Picasso produziu cerca de sessenta imagens cubistas femininas
em vários formatos - cabeça, busto, meio corpo, corpo inteiro e reclinado - que
possuem claramente atributos de Fernande. Ela sempre esteve lá, uma presença
física no estúdio e então ele a pintou ou desenhou ou aquarelou bordando,
lendo, cozinhando, escrevendo, costurando, dormindo, em devaneio ou reclinada
nua no sofá.
A
fragmentação das imagens torna a identidade da moça difícil de reconhecer. Mas a
postura ereta, a pose, o cabelo preso em um coque e/ou em uma longa trança, os
ossos faciais, a estrutura dos músculos dos ombros, tudo isso identifica essa
figura onipresente como Fernande. Embora as características da amada o
inspirassem, essas imagens não são retratos no sentido tradicional e o nome da
garota raramente é mencionado nos títulos das obras.
O que todas
as pinturas de Fernande têm em comum são as credenciais histórico-artísticas
impecáveis, o fato de serem composições complexas mas altamente resolvidas,
executadas em uma época em que tanto Picasso quanto Braque estavam elaborando
uma nova linguagem formal radical baseada em pontos de vista mutáveis e planos
facetados.
Mesmo que as
imagens que o espanhol fez da companheira representem um momento seminal na
evolução da arte moderna, a importância delas é menos individual do que como
parte de um todo estupendo que foca um único tema e investiga uma única ideia.
Picasso não tratou de nenhum outro assunto com tal escrutínio durante esses
anos pré-guerra, e esses bustos e corpos inteiros nos quais Fernande aparece
como modelo e/ou como tema constituem a primeira das inúmeras futuras “séries”
do artista.
A arte que
Picasso cometeu depois das Senhoritas d'Avignon, a sua grande explosão
fetichista povoada por prostitutas nuas e desfiguradas com faces ameaçadoras e
mascaradas, sugere que o toureiro saltara para a tal da quarta dimensão antes
de olhar para os lados e que estava tentando encontrar seus caminhos em um
universo desconhecido.
Esses
trabalhos estranhos também nos fazem pensar nos de Gerorges Braque, no quanto o
francês era tão bom quanto o catalão porque, a essa altura da busca de Picasso,
enquanto nas suas telas a ilusão do espaço tridimensional estava começando a
ceder espaço à franqueza bidimensional, Braque já quebrara as paisagens e as
naturezas mortas em facetas afiadas e retangulares, marrons e bronzeadas, já as
reorganizara sobrepostas em um plano raso ao invés de recuar para longe e, de
quebra, Dona Abstração já piscava o olho, de longe, para o francês.
As cubices
desses dois só podem ser compreendidas se confrontadas, mas eles foram
coerentes ao longo do tempo, com as tentativas e erros e com os insights de
cada um a partir de duas fontes que, a princípio, formam um par improvável. A
primeira foi a arte de Paul Cézanne, com suas perspectivas fraturadas e o
estilo analítico de observação.
Georges Braque - Grands arbres à L'Estaque (1908) |
A segunda,
um pouco mais estranha, foi a figuração estilizada da arte africana que
ofereceu primeiro a Picasso e depois a Braque os meios para sair dos confins da
representação e sacudir as fundações da pintura ocidental.
Olhando para
as artes deles, lado a lado, nos fica claro como o sol do meio dia que Braque
ganhava todas quando o jogo era brincar de Tio Cézanne, aplicando as lições do
Mestre sobre perspectiva e nivelamento. Por outro lado, o estudo de Picasso
sobre a arte africana fora mais profundo e seria vital para que eles
inventassem uma nova linguagem pictórica.
Na arte de
Braque os retratos aconteciam de quando em vez enquanto a arte do retrato
ocupava um lugar especial, talvez central, no trabalho de Picasso. É por isso
que o espanhol começou sua aventura cubista com essas pinturas de Fernande em
um dos capítulos mais angustiantes na história da arte.
Os retratos
dessa mulher destacam-se não como um passo à frente mas como um sprint em
ziguezague, um surto que mostra Picasso quebrando e extraindo o código das
Senhoritas e lutando para elaborar um vocabulário formal, flexível e ampliável,
que o libertaria definitivamente para retratar a realidade de novas maneiras.
Para o
pintor, naquele momento, os objetos eram uma multiplicidade de formas planas
coloridas com as quais ele queria fazer uma arte pura, cerebral e conceptual
através da reconstrução das formas naturais segundo a lógica e a geometria,
rejeitando a simples cópia ou representação da aparência visual e sensorial dos
objetos e, bem assim, os registros sequenciais de que falava o “professor”
Poincaré. Traduzindo: Picasso, como sempre, queria tudo e ao mesmo tempo (rsrs)
Ele
precisava por alguma ordem nas diferentes perspectivas de um mesmo objeto,
sistematizar a simultaneidade nas tintas, enfim, normatizar a representação
quadridimensional que inventara. O sucesso teve um custo que foi além da arte,
e explica em parte a qualidade lenta e apática da modelo e o temperamento
melancólico dos trabalhos.
De qualquer
forma, esses estudos de cabeça e figura de Fernande dão à pintura de retratos uma
estranha dimensão paisagística, muitas vezes reforçada por fundos montanhosos e
uma paleta de verdes, cinzas e marrons que nos remetem ao ar livre, aos
planaltos remotos ao sul de Barcelona onde nasceram.
Pablo Picasso - Figure dans un fauteuil (1909) |
Enquanto
casado com essa jovem mulher, na grande maioria de suas composições Picasso
simplesmente absorveu o corpo e a face da companheira tão completamente no seu
vocabulário visual que todas as mulheres que pintava se tornavam, por assim
dizer, Fernandes genéricas. Mas as imagens cubistas de Fernande, na realidade,
nos dão testemunho não dela, da mulher, mas da luta de Picasso às voltas com
uma ambição formal difícil: traduzir sua visão instável em uma sólida peça de
escultura que, como se não bastasse, deveria ainda ser expressiva.
Essas obras
são uma revelação do processo de desconstrução/ reconstrução de Picasso, uma
narrativa de como foi inventada a linguagem cubista. No Museu Picasso de Paris,
alguns estudos e esboços preliminares que o artista fez antes de pintar essas
telas nos mostram novas equivalências, como a forma de um obelisco sendo
trabalhada para servir de nariz e a de um livro aberto sendo planejada para
virar uma boca. Por favor dê uma olhada no rosto abaixo:
Pablo Picasso - Femme assise (1909) |
O lábio
superior dessa moça é um livro aberto! Tais formas quase abstratas pelas suas
colocação, torção e inclinação foram usadas na figura como feições e de forma a
produzir um poderoso efeito. A direção do olhar, a inclinação da
cabeça/montanha versus a inclinação do nariz/obelisco versus a inclinação do
lábio/livro produzem curiosamente uma pensativa e melancólica mulher. A tela
foi batizada de Mulher Sentada e pertence a um subgrupo de mais cinco composições,
nas quais as feições carnudas de Fernande foram transformadas em formas duras e
angulares interligadas com um enorme pescoço bifurcado.
Não há
dúvida de que os esboços desses detalhes faciais isolados revelam os esforços
de Picasso para encontrar formas fluidas mas sólidas o suficiente para inspirar
retratos esculturais. O fato é que o toureiro fez de Fernande a sua imagem
culminante e levou essa imagem a novos extremos, enquanto lutava para reter
elementos de semelhança ao pintar a moça de forma cada vez mais cubista.
Mas, com
certeza, dessas tintas vanguardistas brota um olhar torturado que sugere as
ansiedade, tristeza e melancolia de Fernande, como cabalmente demonstrado
também pelo quadro Mulher em uma Poltrona, abaixo, no qual ao enfatizar a
posição descendente da cabeça da amante, Picasso dotou a figura com uma aura de
melancolia, uma qualidade expressiva raramente encontrada em obras cubistas.
Pablo Picasso - Femme nue dans un fauteuil (1909) |
A Mulher em
uma Poltrona, em particular, é um clássico exemplo da melancolia na arte do
retrato, diretamente proporcional ao ângulo mais ou menos reduzido da cabeça
das modelos. Picasso criou aí uma torção e um peso que emprestam ao pescoço da
moça uma monumentalidade quase arquitetônica, ressaltando além da impressão
de tristeza uma visível tensão.
Porém a
pergunta é: essa melancolia de Fernande sugerida de novo e de novo nessas telas
seria uma experimentação pictórica ou seria real e, se positivo, qual teria sido
a sua causa? Com a palavra Fernande:
“A vida é miserável. Pablo é rabugento e nele não posso encontrar
qualquer apoio moral ou físico”, escreveu a garota para Gertrude Stein
durante o verão de 1909.
Tudo bem que
durante nessas férias que passou na Espanha, Fernande teve uma infecção renal e
passou muito tempo sentindo dores fortes, incapaz muitas vezes de sair da cama.
Mas nas suas cartas ela confessa estar deprimida e sentindo-se negligenciada
pelo amante. No entanto esses retratos são tão obsessivos e a obra de Picasso
tão autobiográfica que eu confesso cogitar se por acaso essa tristeza era só
dela.
Fernande foi
a única mulher com quem Picasso esteve profundamente envolvido na pobreza, que
o conheceu e amou antes do cara se tornar “O Senhor Picasso” da História,
quando ele ainda era capaz de um tipo de intimidade que sua ambição e talento
logo tornariam impossíveis. O casal pode ter percebido nas sombras e silêncios
cada vez mais profundos entre eles, nas suas antigas afinidades cada vez mais
desvanecidas, que a mudança estava a caminho, que o fim viria em breve devido
ao poder da linguagem dos retratos que estavam sendo cometidos. Pobre Fernande!
Como se não
bastasse a distração do companheiro, o processo artístico recém inaugurado por
seu amado transformara a imagem de tinta em algo que não mais resultava da
observação do objeto que, no caso, era o seu lindo corpo! - e grande arma! -
mas da imaginação borbulhante do sujeito. Na verdade Picasso já não mais
precisava trabalhar com modelos, ao vivo e a cores. Em vez disso, a figura
feminina tornara-se para ele um meio de experimentar com a forma. Ele também
silenciou as cores: as sombras usadas para a figura e aquelas que descreviam o
seu entorno e/ou a paisagem circundante saiam da mesma paleta e o resultado é
uma cromaticidade harmoniosa nessa carnificina cubista do corpo de Fernande.
Mas então,
no meio do baile, Picasso mudou de rumo de novo. E as suas figuras,
posicionadas centralmente, passaram a nos serem mostradas olhando fixamente
tanto para a frente, quanto para a direita ou para a esquerda. Simultaneamente.
Ou seja, nós as enxergamos múltiplas. Veja como apesar de percebermos, à
primeira vista, essa mulher abaixo de frente, é a sua versão de perfil que está
em primeiro plano, à direita da tela, muito mais nítida e finalizada.
Pablo Picasso - Femme aux poires (1909) |
É como se o
pintor tivesse se movido em torno e acima da companheira e analisado todos os
seus ângulos e capturado dela não apenas uma visão, mas muitas, sucessivas, de
uma pluralidade de pontos de perspectiva, de todos os lados e ângulos, cada
aspecto, cada reentrância e protuberância, cada elemento em momentos diversos
no tempo e a reconstruído, fundindo todos o vislumbres que tivera da moça de
uma só vez em uma única imagem que, facetada, representa a essência completa do
tema, se não todas as características da Fernande.
Estamos
falando novamente de Senhoritas Espaço-Tempo, de uma quarta dimensão, de
plurivisão, de múltiplos pontos de vista, de aspectos fragmentados e
equilibrados pela geometria, de sensações táteis e motoras, da inteligência
subjugando os sentidos, de todas as nossas faculdades, das personalidades
interferindo no espaço pictórico e transformando a imagem, de uma passagem
entre dois espaços subjetivos - o do criador e o do observador - para se
inventar uma imagem total, uma nova verdade, nascida tanto da percepção quanto da imaginação.
Até hoje,
mais de cem anos depois, esses retratos chocam os nossos pobres olhos. Os
planos prismáticos e agitados, a reformatação do rosto para se tornar uma
grande quantidade de superfícies assimétricas, a angularidade usada para
mostrar várias perspectivas simultaneamente, a figura que nos examina através
dos olhos vazios, são características um pouco desconcertantes. Mas ele atingiu
seu objetivo, essas imagens são esculturas.
Pablo Picasso - Tête de femme (1909) |
Claramente,
Picasso dividiu-se em três dimensões, em parte para obter uma ideia mais
precisa da integração da figura e do espaço. Mas essa Fernande aí de cima não é
tridimensional. Consigo percebê-la de frente, e duas vezes de perfil: o direito
e o esquerdo se unindo como em um beijo. O que vemos nessa tela é a
profundidade obtida por diversas perspectivas simultâneas, é o movimento em
profundidade, ou o tempo, ou o espaço-tempo, a quadridimensionalidade
conquistada pela apresentação simultânea de múltiplos aspectos de um objeto na
página bidimensional.
Parece até
que o cara apalpou a moça, que a examinou e/ou explorou através do toque, que
sentiu seus exatos tamanho ou forma ou firmeza ou volume real. Essa pintura é
um produto da experiência, da memória e da imaginação do toureiro, mesclando
uma série complexa de elementos do passado e do presente, da memória e da
visão, da real e do virtual, do que é tátil e do que é criado. Picasso começou
aqui a reduzir tudo a facetas. Em alguns trabalhos ele trata os planos como
manchas de cores suaves e sem bordas que lembram aqueles músculos expostos nos
estudos anatômicos de Rembrandt. Em outros, ele envolve as facetas em linhas
duras e nítidas, como se tivessem sido esculpidas em pedra.
Essa Cabeça
de Mulher de tinta é caracteristicamente composta de formas geométricas
desconexas, o que cria, paradoxalmente, a ilusão de se estar vendo Fernande como
uma escultura tridimensional. Não é de surpreender portanto que, depois de
fazer um estudo tão completo de como renderizar em uma superfície bidimensional
uma mulher quadridimensional, Picasso tenha tentado ampliar a experiência,
aplicando a metodologia à escultura tridimensional (rsrs)
Ao retornar
a Paris em setembro de 1909, ele esculpiu uma cabeça em gesso e a fez moldar em
bronze e pronto: nascia a agora famosa Cabeça
de Mulher (Fernande) considerada a primeira escultura cubista.
Traduzindo
drasticamente as facetas ordenadas do cubismo em três dimensões, essa escultura
transforma seu tema em um redemoinho de pequenos picos e vales que nunca
permitem que o olho encontre um local de descanso ou paz, nem qualquer
perspectiva única e unificadora. Os planos e torções dão ao rosto um ar
atormentado, quase cego, como se tristeza fosse o seu sobrenome.
Pablo Picasso - Tête de femme - Fernande (1909) |
As pinturas
que acabamos de ver são os primeiros retratos cubistas puros de Picasso. Embora
a escritora Gertrude Stein teimasse que também as paisagens que o artista
pintou nesse mesmo verão foram as primeiras cubistas, não é verdade. O fato de
Gertrude amar por demais o toureiro, não a desculpa por essa injustiça para com
as paisagens cubistas que Braque pintara um ano antes. Mas veremos as telas do
encanto da escritora e, bem assim, o local onde o espanhol encontrou o caminho
do cubismo na nossa próxima conversa.