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13/09/2018

O terceiro dos cubistas

Juan Gris - La Guitarra (1918)


Moacir Pimentel
Nossos amigos Pablo Picasso e Georges Braque tiveram imitadores, é claro, alguns muito bons muitos nem tanto, mas apenas um outro pintor assumiu seriamente o desafio de se tornar um terceiro grande artista cubista: o pintor e escultor José Victoriano Carmelo Carlos González-Pérez, vulgo Juan Gris.
Como Picasso, ele era espanhol e também fez uma interpretação muito pessoal do mundo. Suas pinturas são alegres, coloridas, bem humoradas e mais abertamente lúdicas do que as dos dois cubistas pioneiros. Ele conseguiu isso pintando de uma maneira mais leve, mesmo tentando destruir o equilíbrio estático em prol de outro, mais dinâmico. E é por isso que a arte dele é tão importante.
Juan Gris chegou a Paris em 1906 e, em pouco tempo, estava morando no Bateau Lavoir, o prédio do seu compatriota. Suas primeiras pinturas datam de 1910, mas é difícil acreditar que elas sejam um trabalho de iniciante por causa da elegância, da distinção imensa que, sem sobressair, o coloca no topo do cânone das naturezas-mortas. Se ele cobriu os rastros de uma longa evolução ou se ele pulou etapas saindo, em um piscar de olhos, do território do aprendizado para aterrissar na maestria, não se sabe, mas ele era, a propósito, um aprendiz natural e estudou Cézanne minuciosamente.
Porém, apesar de ter vivido e pintado tão próximo de tantos gênios e de ser sete anos mais jovem do que Picasso e Braque e quase vinte anos mais jovem que Matisse, de quem foi muito amigo, sua cabeça era o seu guia.
Henri Matisse - La fenêtre ouverte à Colliure (1905) /
Juan Gris - Naturaleza muerta ante una ventana aberta (1915)

Em nenhum momento ele pintou como Matisse, mas usou como tema uma das janelas do mestre, dando formas simples à sua Janela Aberta, uma natureza morta defronte da sua própria janela que, do Bateau Lavoir, se abria para a Rua Ravignan e para linda praça que hoje se chama Emile Goudeau.
Essa tela, dominada por um brilho azul-celeste suave e desconhecido em Montmartre, é provavelmente o melhor exemplo de porque Juan Gris era e ainda é percebido como o pintor mais lírico do Cubismo Sintético. Toda a composição é preenchida com um humor suave que não pode ser encontrado em nenhum trabalho de Picasso ou Braque.
Ele tinha uma leveza e um virtuosismo de execução que eram bem diferentes da acrobacia desafiante de Picasso e do silêncio sagrado com que Braque conseguia revestir tudo o que fazia. Trabalhando geralmente no ramo das naturezas mortas ele conseguiu, nas de sua lavra, casar imagens do cubismo com cenas espanholas do século XVII. Suas madeiras eram mais de madeira que a madeira, seus violinos parecem tocar sem intervenção humana, seus jornais nos fazem querer virar-lhes as páginas. Uma prova dessa vitalidade é a tela de nome Pote de Gerânios.
Juan Gris - La maceta de geranios (1915)

Nela são cubistas o jornal – veja como o pintor sugere o movimento de folhear as páginas do Le Figaro repuxando o título - o tampo da mesa e o padrão obsessivo azul e branco, mas Gris aqui monitora o tempo através de outra janela aberta de uma maneira inteiramente inédita. Outra novidade na iconografia cubista é esse pé de gerânio geométrico, com folha após folha detalhada em estilo naturalista. Gris se sentia à vontade para mover todos esses elementos de acordo com o que mais lhe convinha, reordenando o mundo com uma autoridade divina e nos persuadindo de que tinha que ser assim, mesmo que nunca tivesse sido assim antes (rsrs)
Ele foi um dos artistas favoritos de Gertrude Stein, o único cubista – além de Braque, é claro! - talentoso o suficiente para irritar Picasso e foi capaz de reorientar o movimento cubista em novas direções. Ele adotou as imagens radicalmente fragmentadas de Picasso e Braque, mas transmitiu nos seus trabalhos um olhar gráfico e arrojado. As pinturas de Juan Gris são imediatamente distinguíveis das dos amigos, pela sua aparência lisa, quase comercial, e os nítidos elementos de design que revelam suas experiências anteriores como ilustrador.
Antes de se dedicar à pintura Gris estudara engenharia em Madri e descreveu sua abordagem das naturezas mortas e figuras da seguinte forma: “A minha é uma arte de síntese, uma tentativa de concretizar o que é abstrato. Considero que o lado arquitetônico da pintura é matemático, mas o seu lado abstrato, quero humanizá-lo”.
As obras de Gris mostram uma simplificação maior que as de Picasso e Braque da estrutura geométrica, uma indefinição das linhas divisórias entre os objetos e figuras e o cenário, entre os temas e o fundo. Suas construções planas sobrepostas e oblíquas, aparentemente “de mal” com o equilíbrio, podem ser bem apreciadas em duas telas famosas: o Retrato de Josette Gris e Mulher com Bandolim Segundo Corot pintadas ambas em 1916, embora eu não saiba dizer qual delas foi o prefácio e qual foi o epílogo.
Juan Gris - Retrato de Madame Josette Gris (1916) / Mujer con mandolina, según Corot (1916)

A estrutura geométrica é evidente nas composições, controlando os seus elementos mais sutis, incluindo os pequenos planos das faces, partes de todos unificados. A armadura abstrata serviu como ponto de partida embora Gris certamente tenha planejado minuciosamente essas duas representações da sua modelo preferida. Apresento-lhes pois Madame Juan Gris, a senhora do artista, aí sentada na primeira tela em uma cadeira defronte de uma parede decorada por painéis de madeira, com as mãos envolvendo o joelhos.
Esse primeiro retrato se destaca da multidão cubista porque integra magnificamente os elementos do seu primeiro plano com os do fundo. Essa façanha é realizada principalmente através do ritmo das cores que unem os diferentes planos espaciais. Os negros foram usados para significar peito, bunda e perna, bem como a proeminente sombra da figura, que serve para dar uma sensação de profundidade, tudo isso ocupando espaços no plano dianteiro. A transparência não resulta em uma ilusão de profundidade, mas se torna outro meio de unir os planos.

O segundo trabalho homenageia, nas cores e na pose, a tela Sonhadora com um Bandolim do pintor Jean-Baptiste Camille Corot e, conceitual e formalmente, combina influências dele e de Cézanne em uma mistura dinâmica de elementos pictóricos. Porém e principalmente esse trabalho ilustra as mudanças que rolaram no cubismo na sua derradeira e sintética ordenação composicional. Sim, estamos começando a falar sobre o melhor da festa: o Cubismo Sintético.

Gris nunca teve o eleitorado universal do toureiro e do francês. Muita gente boa desconhece esse outro espanhol, bem como as maravilhas cometidas por ele como, por exemplo, o seu Café da Manhã, que mora no Museu de Arte Moderna de Nova York, e que não deixa nada a dever aos melhores trabalhos maduros dos outros dois vértices do triângulo cubista: Picasso e Braque. Diante do poder, da energia e da audácia dessa imagem, vemos exatamente o que seus colegas e rivais enfrentaram.
 
Juan Gris - Desayuno (1914)
Nessa obra-prima está milimetricamente cronometrado um diálogo entre o hábil humor cubista e as grandes naturezas-mortas do passado. O efeito geral foi planejado em todos os seus mínimos detalhes e levado à perfeição: a obra é genial e revela uma energia imaginativa, uma multiplicidade de afirmações lúcidas/lúdicas e uma invenção aparentemente ilimitada.
Enquanto Braque, Picasso e Marcel Duchamp se deleitavam em destruir as convenções da pintura, o principal objetivo desse pintor era agradar aos olhos. Juan Gris também significa uma profundidade e uma força de cor que, no todo, quase foram excluídas do cubismo inicial . De onde Picasso e Braque, nos anos heroicos, tiravam a cor, Gris a colocava sem quaisquer limites e embora ele seja considerado o menos significativo e produtivo dos membros do triângulo cubista, pode também ser descrito como o mais poético deles.
Juan Gris - Naturaleza muerta con flores (1912) / Guitarra y pipa (1913) /
 Jarra de cerveza jugando a cartas (1913) / Violin y tablero de ajedrez (1913) /
 Nature morte à la nappe aux carreaux (1915) / Periodico y frutero (1916)

Na tela Tigela de Frutas, embaixo à direita da montagem, Gris já tinha incorporado de uma maneira originalíssima todos os principais conceitos do Cubismo Sintético e com grande sucesso. Analisando esta obra, é fácil reconhecer a forma geral de uma fruteira, entender a mesa com a sua sombra e identificar algumas formas coloridas como sendo pedaços de frutas.
Apesar do tratamento radical das imagens, suas composições eram bem balanceadas, suas cores atraentes e seus temas tradicionais e tudo isso ajudou a popularizar o movimento de vanguarda. Ao levantar a bandeira da cultura popular no domínio da arte, Juan Gris tornou-se um importante precursor dos artistas partidários do dadaísmo e do pop, entre eles Marcel Duchamp, Stuart Davis e Andy Warhol, isso sem mencionar os seguidores mais próximos de nós.
Ele estava entre os visionários - artistas plásticos, escritores, poetas, escultores, coreógrafos e músicos - que construíram seus caminhos entre as artes mostrando compromisso com a colaboração interdisciplinar, uma ideia que ganhou impulso e se tornou fundamental para a arte contemporânea. Ninguém entre os fundadores do cubismo arriscou mais do que ele quando chegou a hora de abrir o mundo hermético e fechado do que costumava ser chamado de “Cubismo Analítico” para o “Cubismo Sintético”, o qual vamos ver na próxima conversa...


14 comentários:

  1. Mônica Silva14/09/2018, 07:49

    Agora vai kkk Juan Gris fala a minha língua, Moacir. Amei os quadros das janelas e dos gerânios porque são alegres e coloridos e o truque que o artista fez com o título do jornal Le Figaro porque é genial. Obrigada!

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    1. Moacir Pimentel17/09/2018, 15:01

      Mônica,
      Que bom que as cubices de Juan Gris conseguiram agradar aos seus exigentes olhos (rsrs) Note que o jornal também é um elemento importante no trabalho de nome Café da Manhã. Tanto Picasso quanto Braque usaram e abusaram dos recortes de jornal, notadamente nas naturezas mortas e nas cenas nos cafés, fazendo declarações as mais diversas, inclusive políticas, através de suas manchetes. Mas nessa tela o pintor usou a palavra GRIS impressa em uma matéria para assinar a tela. A cena pintada por ele não rola em um café mas em uma casa, em um ambiente privado. A notícia não é pública, do mundo lá fora, é íntima, sobre ele mesmo. Por ser capaz de reinventar o cubismo assim, nos detalhes, é que ele irritava Picasso. O escultor espanhol Manuel Martinez Hugué - o “Manolo” tão querido pela galera de Montmartre! – costumava dizer que, de certa forma, “quem melhor explicou o cubismo foi o pobre Gris”. O fato é que essas pinturas coloridas, facilmente compreendidas pelo prezado público e muuuito vendáveis contribuíram para o sucesso da última “onda” cubista.
      “Obrigado!” e abração

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  2. Flávia de Barros14/09/2018, 11:01

    Moacir,

    Um lindo artigo. As naturezas mortas de Juan Gris são encantadoras mas como você mesmo disse as raras figuras humanas cubistas se destacam. A Sonhadora com o Bandolim é um pouco escura mas esta Madame Gris geométrica e colorida é muito interessante e me deixou com vontade de ver mais retratos pintados por ele.

    Um abraço para você

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    1. Moacir Pimentel17/09/2018, 15:11

      Flávia,
      São poucas as figuras humanas entre as naturezas mortas desse espanhol. Que eu me lembre algumas mulheres, vários arlequins e pierrôs e os camponeses da região de Touraine, a terra natal da esposa. Mais raros ainda são os retratos sendo que o mais famoso deles é aquele de Picasso, que já vimos em outro post. Mas talvez o meu favorito seja o Fumante, possivelmente um retrato de Frank Haviland um amigo e patrono dos jovens cubistas, que dá testemunho do quanto Picasso e Braque influenciaram Gris, ao cometer essa cabeça fragmentada em diferentes partes, rearranjadas geometricamente em forma de leque.
      https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/86/25._El_fumador_%28Frank_Haviland%29.jpg
      Note como o modelo é descrito de diferentes pontos de vista - de frente e de perfil - e, bem assim, que são detalhes coo o colarinho duro da camisa, a gravata borboleta e a cartola que o caracterizam. Também veja como a cabeça fatiada contrasta com as solidez e frontalidade do tronco da figura, cujos ombros e o pescoço equilibram a composição. A nota discordante nessa ordem geométrica cuidadosamente estudada e executada é a linha sinuosa da fumaça do cigarro que muda de cor ao atravessar os diferentes fragmentos da pintura. São esses grandes planos verde, azul, laranja e vermelho, ausentes das telas mais simples e planas e sintéticas que Picasso e Braque estavam produzindo à época, que diferenciam a pintura de Gris das dos pais do Cubismo.
      Outro abraço para você

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  3. Márcio P. Rocha14/09/2018, 14:44

    Pelo que entendi enquanto Picasso e Braque tinham as ideias e faziam as telas cubistas, Juan Gris inventava o design, rs. Achei muito bacana ler que um século atrás ele já acreditava na colaboração interdisciplinar, uma metodologia que julgo fundamental e não só para a arte. Infelizmente ela é difícil de implementar porque temos uma predisposição para a confirmação, isto é, uma tendência para procurar e achar só aquilo que confirma as nossas crenças e para negar ou subestimar a relevância de tudo que as contradiz.

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    1. Moacir Pimentel17/09/2018, 15:14

      Márcio,
      Bola dentro! É como se Gris tivesse pintado telas sobre o cubismo e/ou ilustrado as invenções dos vizinhos com sua visão gráfica arrojada, combinando elementos de design com os tradicionais formatos de naturezas mortas. Mas apesar disso ele fez sim algo novo e colorido, assinando embaixo do aspecto mais importante do Cubismo: que existem muitas maneiras diferentes de se olhar para tudo.
      Quanto à colaboração interdisciplinar e à teoria do “viés da confirmação”, não entendo por quais cargas d’água se é contra resolver em grupo os problemas que, isoladamente, não fomos capazes de solucionar. Mas quando e se rolam as tensões creio que a melhor estratégia é manter o foco e a disciplina, sacar da empatia e tentar compreender as razões que fundamentam as ideias alheias para encontrar a solução dentro da diversidade.
      Obrigado por participar.

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  4. Alexandre Sampaio14/09/2018, 20:27

    Pimentel,

    A leitura continua agradabilíssima. É estranho que o jovem Juan Gris tenha sido tão pouco influenciado por Picasso e Braque. Mas realmente o estilo do pintor é completamente independente e diferente de tudo que você mostrou até agora.

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    1. Moacir Pimentel17/09/2018, 15:31

      Sampaio,
      Nós já conversamos sobre a experimentação cubista de Braque e Picasso, entre 1907 e 1912, abordando, inclusive, no post anterior, o Cubismo Analítico, aquelas imagens radicalmente fragmentadas, que Juan Gris adotou, por exemplo, no retrato que fez de Picasso e/ou na Natureza Morta com Flores, de 1911, que mora ao alto e à esquerda da montagem acima e/ou nesse retrato abaixo.
      https://en.wikipedia.org/wiki/Juan_Legua#/media/File:Juan_Legua_MET_DT4462.jpg
      Note que todas as demais telas que ilustram esse post foram pintadas por ele entre 1913 e 1918. Ou seja, depois do nascimento do Cubismo Sintético que, assinado pelo toureiro e o francês a partir de 1912, foi fundamental para o desenvolvimento da pintura colorida de Gris. Como, na minha avaliação, a arte feita por ele ajuda na descrição da nova fase cubista sintética, eu a mostrei de saída, deixando de lado Dona Cronologia. Desculpe e continue lendo, por favor.
      Obrigado pelas boas palavras e abração

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  5. Olá Moacir,
    Sempre bom uma nova e sedutora conversa.
    Juan Gris alegrou a galera com seu cubismo jovem e sedutor, menos intelectual e matemático e bem mais colorido. " Nos persuadindo de que tinha que ser assim mesmo que nunca tivesse sido assim antes". Foram muitos esses persuadidos?
    Adorei o Café da Manhã, com as cores de um café da manhã. Mas conquistou-me mesmo a"Jarra de cerveza jugando a cartas" que traz até a espuma de bigodes brancos. Nem sei que cerveja é esta mas agradou-me muito. Cerveja e cartas, impagável combinação. Da cerveja ainda faço uso mas das cartas...perdi os meus parceiros de labuta.
    Daqui de longe da minha toca, num rastro etílico entre o novo e o velho, desenhos e pinturas e instalações de Afinidades Afetivas, faço votos de um feliz retorno para eu finalmente saber a diferença e arredondar os conceitos.
    Até sempre mais.

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    1. Moacir Pimentel17/09/2018, 15:37

      Caríssima Donana,
      Muito obrigado pelo comentário do qual não pude deixar de notar o horário tão gentil (rsrs) Das “Afinidades Afetivas” espero que a senhora nos tecle em breve, mas penso que cartas e copos e afetos se misturam em volta de mesas de pôquer, de canastra e de "sueca" lá na t’rrinha. Rola até mesmo um gin rummy a dois, muito de quando em vez, movido a cowboy de boa procedência (rsrs)
      Quanto ao Juan Gris penso que aprendeu rapidamente todos os truques do cubismo. Mas o fato é que a pintura dele tem uma qualidade mais clara e ilustrativa que sugere que as imagens foram intencionalmente abstraídas para fins estéticos, por uma questão de gosto. E o povo gostou! O certo é que enquanto Picasso e Braque esforçavam-se para sugerir o movimento, para captar uma sensação, uma impressão realista de uma experiência visual de várias perspectivas diferentes e simultâneas, ele não quis saber dessa busca por dinamismo e, sem abrir mão do ideal cubista de mostrar as coisas de diferentes pontos de vista, se concentrou totalmente nas sínteses. Por isso é impossível conversar sobre o Cubismo Sintético sem mencionar essas composições estáticas que Gris dividiu em seções e pintou de maneira precisa e bidimensional, aplainando completamente a arquitetura das imagens.
      Fico muito feliz que a senhora tenha prestado atenção à "Jarra de Cerveza Jugando a Cartas". Em outra das telas da montagem, a Natureza Morta com Toalha de Mesa Quadriculada, Gris faz uma referência oculta à sua Espanha natal. Note como essa linha externa clara - que Braque usaria décadas depois! - formam a cabeça de um legítimo touro espanhol (rsrs)

      https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6e/Juan_Gris%2C_1915%2C_Nature_morte_%C3%A0_la_nappe_%C3%A0_carreaux_%28Still_Life_with_Checked_Tablecloth%29%2C_oil_on_canvas%2C_116.5_x_89.3_cm.jpg

      “Até sempre mais”

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  6. Francisco Bendl17/09/2018, 09:04

    Pimentel,

    Acompanho a Ana quanto a este pintor que mostraste, Juan Gris.

    De fato, suas telas são mais coloridas, e deixaram o Cubismo mais agradável de se ver, e a genialidade de quem consegue assim pintar.

    Reitero os elogios que tenho sistematicamente registrados quanto ao teu trabalho, afirmando que é mais um dos teus excelentes artigos que copio e o armazeno na pasta que tenho referente a esta escola na pintura.

    Um grande abraço.
    Saúde e paz.

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    1. Moacir Pimentel17/09/2018, 15:50

      Prezado Bendl,
      Tenho estado em trânsito e com problemas de internet e só hoje li a sua resposta/pergunta lá no inverno dos pampas. Seguinte: se tudo sair como planejado teremos um Natal gelado. Mas antes faremos - se o Sr. Editor concordar! - um passeio virtual por paragens asiáticas (rsrs)
      Fico feliz de saber que você continua aí, firme e forte, arquivando as cubices que doravante terão cada vez mais cores.Por favor não desista: falta pouco para o fim da coleção! (rsrs)
      Muito obrigado por sua atenção, um grande abraço e saúde e paz!

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  7. 1) Texto e imagens belos. Comentários e respostas idem.

    2) "A arte de pintar é apenas a arte de exprimir o invisível pelo visível" = Eugene Fromentin (1820-1876), pintor e escritor francês.

    3)Pois é, e fico lá eu, tentando em letras exprimir o inexprimível, dificílimo.

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    1. Moacir Pimentel24/09/2018, 10:55

      Antonioji,
      Não tinha visto o seu comentário, me desculpe. Bom lê-lo de novo. Admito que as mensagens à tinta são mais abertas do que as das pretinhas no branco, mas a arte é essa angústia aí de tentar “exprimir o inexprimível” com palavras, com sons, com cores, com linhas, com formas. Se os meios são diversos o efeito é o mesmo: zilhões de traduções pois cada um de nós vai sempre entender a mensagem e/ou a falta dela de um jeito diferente (rsrs)
      Talvez a percepção desse algo “inexpremível” do qual você fala seja a essência do espírito do artista mas via de regra ela não resulta na renúncia da expressão, ou seja, em silêncio. Muito ao contrário.
      Veja o grande Fernando Pessoa que para se comunicar se fragmentou em mais de cento e cinquenta pseudônimos, em um caleidoscópio de vozes dissonantes dentro dele: como meu Mestre Caeiro perguntava-se o que era, enquanto o fantasminha do Campos matutava quem era e se posava de Reis tinha a certeza de não ser(rsrs)
      “Por isso escrevo em meio
      Do que não está ao pé,
      Livre do meu enleio,
      Sério do que não é,
      Sentir, sinta quem lê!”
      Namastê

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