Capa do livro do professor Carlos Góes |
Vou contar
para vocês uma história muito antiga.
E como toda
história antiga, esta já foi contada de muitas maneiras por muitas pessoas
diferentes.
O mestre
Carlos Góes, nas suas velhas “Histórias da Terra Mineira”, contou de um jeito.
Rubens
Fiuza, em “O Diamante do Abaeté e outros contos”, contou de outro.
Wolney
Garcia, no “Nas águas do Indaiá – Uma história de ambição e ódio”, contou de
outro.
Nas
pesquisas dos historiadores do Museu Histórico de Pará de Minas vamos encontrar
mais outra versão.
E quando eu
era garoto, escutei outra ainda num longo poema declamado numa sessão do
Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais por uma poetisa e historiadora
famosa na época, dona Carmen de Melo.
Onde está a
verdade dessa história? Talvez um pouco em cada uma das maneiras em que foi
contada, talvez em nenhuma delas mas em alguma outra que um dia quem sabe ainda
ouviremos contar. Eu vou contar a que ouvi, pequenino, da boca de meu pai, que
a ouviu do pai dele, meu vovô Ziza, o Osias Baptista, que a ouviu do seu pai, o
José Marciano Gomes Baptista, o Pirula boticário, que a ouviu do seu pai, o
Cônego José Marciano Gomes Baptista (sim, Cônego, mesmo, não se espantem, eram
outros tempos, mas isso fica para outra história) e assim voltando de geração
em geração numa longa cadeia de pais e filhos que vem de lá atrás até o vosso
narrador, e, se Deus quiser, por muitas gerações ainda para a frente.
Como toda
história que veio passando de geração em geração pela tradição oral, alguma
coisa certamente foi se perdendo e alguma coisa sendo elaborada pelos sucessivos
contadores. Não haveria como ser diferente. Mas as pesquisas de outros que a
ouviram de diferentes pessoas em diferentes tempos e lugares me fazem acreditar
que ao menos a sua espinha dorsal é esta que eu vou contar para vocês.
Aconteceu
que lá pouco antes da metade do século dezoito, já lá vão pouco menos de uns
trezentos anos (eu avisei que a história era antiga...) dois irmãos (uns dizem
irmãos, outros dizem primos) portugueses vieram para o Brasil. Um deles se
chamava Manuel Gomes Baptista, e o outro João Gomes Baptista. João era abridor
de cunhos na Real Casa da Moeda de Portugal, tinha estudado arte através da
Europa por ordem do rei Dom João V, e fazia as matrizes de aço onde eram
cunhadas as moedas do rei. Do Manuel dizem que era alferes. O sobrenome deles,
Gomes Baptista, indicava sua origem de cristãos novos, provavelmente
descendentes dos mouros que em tempos idos ocuparam a antiga Península Ibérica.
Até hoje não
se sabe bem porque os dois vieram de Portugal para o Brasil, diziam os antigos
que nenhum dos dois gostava muito de falar disso. Respeitemos sua reserva, que
eles lá tinham suas razões...
Seguiram
aqui caminhos bem diferentes – o João acabou indo morar na cidade de Vila Rica de
Ouro Preto, onde continuou na sua profissão na Casa de Fundição, e tornou-se
professor – “Mestre do risco e desenho” conforme registros da época – e deve
ter sido bom professor, porque um de seus alunos, o Antonio Francisco Lisboa,
filho do Mestre Arquiteto Manuel Francisco Lisboa, foi trabalhar com o pai e depois
ficou bem conhecido sob o nome de Aleijadinho, e outro, o Manuel da Costa Ataíde,
se dedicou à pintura e ao entalhe e nos deixou maravilhosos tetos e paredes
pelas igrejas de Minas.
Página de registro da Real Casa de Fundição de Vila Rica, com iluminura de João Gomes Baptista |
João viveu o
resto de sua vida em Vila Rica de Ouro Preto, onde morreu solteiro, respeitado
e rico como sacristão da Irmandade de São Francisco e foi sepultado na campa da Igreja de São Francisco de Assis, projetada por seu antigo aluno.
Já o Manuel,
mais aventureiro, se juntou a uma bandeira que saiu de Piratininga em batelões
pelo rio que os índios chamavam “ty etê”, o “rio maior”, e que hoje conhecemos
como o Tietê, e depois se internou no sertão mineiro à procura de ouro e de
índios. Saindo do acampamento um dia, não sabemos se para caçar ou a explorar
sozinho, acostumado às bem comportadas florestas europeias o moço perdeu-se dos
companheiros naquela imensidão de mata e foi capturado pelos índios mebêngôkre,
hoje chamados de caiapós, raça aguerrida e valente, e não voltando foi dado
como perdido por seus companheiros.
Só se teve
notícia dele muito tempo depois, quando tornou a aparecer com um filho de
quinze anos, chamado de Antonio, apelidado por sua altura e largura de ombros
de Antonio Grande, rapagão mameluco de pai português e mãe caiapó, dizem alguns
que era filha do cacique, que tinha poupado a vida do nosso português pela sua
valentia na luta em que foi aprisionado.
Manuel e o
filho se estabeleceram na região do rio Indaiá (dizem uns) ou do rio Abaeté
(dizem outros); naquele tempo não se sabia bem qual era qual entre esses dois
rios, e havia quem os chamasse “os dois Abaetés”. Os dois nascem na Serra da
Saudade, e correm pela região que hoje se chama por lá de “Mesopotâmia Mineira”.
Derrubaram
mata e abriram uma fazendinha, e nos momentos de folga Manuel pegava na bateia
e ia procurar ouro no rio; o Antonio, fiel às suas origens, nadava como uma
ariranha e arpoava peixes que complementavam a mesa dos dois.
Com o tempo,
mais gente veio se estabelecer perto da terra dos Gomes Baptista, e um pequeno
povoado foi se formando a alguma distância. O lugar era passagem de tropeiros e
garimpeiros para a região dos diamantes, mais ao norte, e para os sertões da
Bahia, e o Manuel começou a comprar e vender aos garimpeiros da região e aos viajantes
ferramentas, provisões, armas, sal, pólvora e chumbo. Havia quem dissesse, mas com
certeza era gente maldizente, que as transações nem sempre eram feitas na moeda
do reino, como mandavam as severas disposições do quinto da coroa.
Às vezes, na
bateia, vinham alguns cascalhos bonitos, mais claros, e o Manuel, que em
Portugal gostava de jogar gamão, riscou um tabuleiro numa prancha de madeira e
ensinou o filho a jogar, usando os cascalhinhos claros e escuros como as pedras
do jogo. Um dia o Antonio, mergulhando atrás de peixe, viu na areia do fundo do
rio uma pedra maior, mais bonita, e trouxe-a para mostrar ao pai.
Manuel, que
na sua vida tinha visto apenas pedras preciosas depois de lapidadas e polidas
por joalheiros não fazia ideia de porque achava aquela pedra grande mais bonita
do que as outras que abundavam perto do rio, quem sabe teria rolado mais tempo
do que as outras pelo fundo dos rios, ou viesse de algum lugar diferente.
Apenas achava bonita, e guardou a pedra numa gaveta, junto das de jogar gamão.
Mas de vez
em quando, quando ia pegar as do jogo para as partidas noturnas com o Antonio,
ficava olhando para a pedra maior e a curiosidade lhe verrumava os miolos.
Um dia,
tendo que ir ao povoado, lembrou-se de um conhecido, garimpeiro também, a que
recorriam os vizinhos para pequenos trabalhos de joalheiro, tinha vindo do
reino para procurar ouro e trouxera as ferramentas de seu ofício. Alguma coisa
dele sempre haveria para fazer, ainda que pequena, numa região em que se
garimpava.
Manuel
procurou o joalheiro e, reservadamente, porque a vida aventureira lhe ensinara
a cautela, mostrou-lhe a pedra. O homem examinou-a, virou-a por todos os lados,
ficou muito tempo cismando e então pegou uma botija de vidro e esfregou nela o
bordo da pedra. Deu uma exclamação e mostrou ao Manuel o risco que tinha ficado
no vidro.
“Amigo, esta pedra é um diamante, e nunca vi antes um desse
tamanho. Se for de boa água, que não se pode ver antes de a lapidar, não há no
reino dinheiro que chegue para a comprar.”
Manuel levou
um susto, e ficou preocupado, porque naquele tempo a Coroa portuguesa taxava o
ouro encontrado pelos garimpeiros, ficando com um quinto dele, além de um outro
imposto chamado “direito de entrada” que se destinava a pagar as despesas de
pessoal, armas e manutenção dos fiscais que controlavam as estradas que vinham
das regiões das minas, e o que sobrava ficava então para os garimpeiros, mas já
os diamantes, diferentemente do ouro, eram considerados propriedade exclusiva
da Coroa e só podiam ser explorados pelos empregados do Contratador dos
Diamantes, funcionário de alto escalão
que era responsável por enviá-los para Portugal. Então nenhum garimpeiro
que os encontrasse podia ficar com eles, sob penas severíssimas.
Para evitar
a sonegação dos impostos, a Coroa proibiu a circulação do ouro em pó e em
pepitas, exigindo que todo o ouro fosse levado às “casas de fundição”, ou “casas
de quinto”, como o povo as chamava, derretido e convertido em barras gravadas
com o selo real, oportunidade em que os impostos eram recolhidos. Quem fosse apanhado
negociando com ouro em pó ou pepitas era punido, só podiam circular as barras
ou serem trocadas pela moeda do reino. Ouro em pó só se permitia em muito
pequenas quantidades, para as compras mais básicas.
Ora, não é
preciso dizer que já naquele tempo havia desvios do ouro tanto pelos
funcionários do reino quanto pelos garimpeiros, estes achando extorsivos os
impostos cobrados, e aqueles aproveitando-se das oportunidades para aumentar mais
ou menos discretamente os seus ganhos pessoais. Nada, aliás, muito diferente
dos tempos de hoje...
Como não era
possível vigiar toda a extensão dos sertões, só havia postos de guarda nas
poucas estradas reais (aliás a Coroa proibia a abertura de novas estradas por
esse motivo), muitos residentes das Minas Gerais contrabandeavam ouro em pó
para a Bahia, onde havia também casa de fundição, e com ele compravam gado para
trazer para as fazendas cá de baixo. Os criadores que vendiam o gado então “lavavam
o ouro em pó” levando-o para ser quintado e pagando os impostos devidos. A pena
para os contrabandistas, quando eram pegos, era severa: tomavam-lhes tudo
quanto possuíam e deportavam o culpado para a África.
O Manuel,
que de início já não era muito admirador da voracidade dos cobradores de impostos
do rei (o que pensaria ele então se lhe dissessem que seus descendentes, em vez
de um quinto, hoje deixariam quase metade do que ganham nas mãos e nos bolsos dos
sucessores do governo da então colônia) ficou preocupado porque com uma riqueza
imensa daquelas nas mãos, se fosse encontrado guardando-a seria condenado à
morte pela justiça real; bastava que se soubesse que a tinha que se tornaria
alvo de todos os bandidos daquele pedaço de sertão, tentar convertê-la
clandestinamente em dinheiro, além de arriscadíssimo, era impossível pelo
enorme valor que representava, e também não lhe agradava a ideia de entregá-la
às autoridades da colônia, em cuja honestidade não tinha lá muita confiança.
Resolveu
refletir um pouco e se aconselhar com o Antonio para encontrar a melhor saída,
e pediu ao joalheiro que guardasse segredo do que lhe tinha mostrado.
Só que o
joalheiro, também preocupado pelas consequências que poderiam advir, e querendo
resguardar delas sua pessoa (afinal não tinha nada com o caso mas se o pior
acontecesse seria certamente apontado como cúmplice) tão logo o Manuel voltou
para sua fazenda foi contar o caso ao padre da Vila de Nossa Senhora da Piedade
de Pitangui.
O padre, que
apesar da profissão não era lá muito bento, ou que tendia mais para ser um
santinho de pau oco, como se dizia por aquelas bandas das imagens falsas usadas
pelos contrabandistas para esconder o ouro em pó, vislumbrou a oportunidade de
se por em muito bons termos com o senhor Contratador dos Diamantes e quem sabe
ganhar uma recompensa.
A história
guardou o nome desse padre, mas não vou contá-lo aqui. Por que falar mal dos
mortos depois de tanto tempo?
Tão logo
pôde o padre, pedindo também segredo ao ourives, montou a cavalo e largou trote
para o arraial do Tejuco, no Serro do Frio, onde ficava o Contratador, para dar
notícia às autoridades da descoberta e suposto contrabando do Manuel.
Mas era
impossível guardar segredo duma viagem num povoado como aquele, e logo o Manuel
ficou sabendo da inopinada partida do padre e do seu provável destino. Juntou
dois mais dois e concluiu que o joalheiro tinha dado com a língua nos dentes.
Percebendo que não tinha a menor chance de que as autoridades da Capitania
acreditassem mais nele do que no padre, porque não teria como explicar o porque
de não ter dado conhecimento a elas de sua descoberta, e desconfiando também
que provavelmente lhe tomariam o diamante sem deixar testemunhas, para que
pudessem desaparecer com a pedra que nunca chegaria ao Reino, confiou ao seu
empregado de mais confiança a guarda da fazenda, meteu o diamante no bolso do
gibão, pendurou o boldrié com sua longa espada rapieira de guarda de sino, à
moda espanhola, que tinha conservado limpa e afiada com o maior cuidado durante
todo o tempo em que viveu com os caiapós, enfiou no cinto a pistola de fecho de
pederneira, arreou seus dois melhores cavalos e junto com o Antonio armado de
arco e flechas e adaga trataram de pegar o Caminho Novo para o Rio de Janeiro, que
passava por Vila Rica, costeava a Serra do Ouro Branco, rumava para o sul até chegar
o distrito de Santana das Cebolas, onde, em Santo Antonio da Encruzilhada,
encontrava a variante chamada Caminho do Proença, seguia o Rio Piabanha até
Itamaraty e descia a serra até o Porto da Estrela, já na Baía da Guanabara, de
onde partiam as naus levando o ouro e as cargas preciosas para Portugal.
Ocorre que o
padre, quando vinha do Tejuco para prender o Manuel no povoado, acompanhado de
uma escolta de quatro dragões, que assim se chamavam os soldados de cavalaria
da época, foi alcançado por um emissário que lhe deu notícia da partida do
Manuel, que também não houve como manter em segredo. Imediatamente cortaram
caminho para pegar o Caminho Velho, que descendo do Tejuco se encontrava com o
Caminho Novo perto da Serra do Ouro Branco, e interceptar o fugitivo antes de
chegar ao Rio de Janeiro.
Dizem os
antigos, e disso não se tem certeza, que o padre e a escolta alcançaram o
Manuel e o Antonio lá pela altura da Vila de Nossa Senhora do Carmo do
Sabarabussu, perto do Rio das Velhas, ainda no Caminho Velho.
Do que
aconteceu, então, só ficou a versão do Manuel, já que o padre e os dragões, por
razões que ficarão mais claras mais adiante, não fizeram questão de contar detalhadamente
a ninguém como foi o encontro. Mas, a acreditarmos nele, a escolta parou a uma
distância, digamos, prudente e o padre gritou: “Entregai a pedra que pretendeis roubar, ou a tomaremos à força!”.
O pai
desembainhou a rapieira e empunhou a pistola, o filho colocou uma flecha no arco, e o Manuel
respondeu: “Não somos ladrões! Se insistirdes em pagar o seu preço, que será
alto, vinde tomá-la!”
Os quatro
dragões, que esperavam uma missão tranquila de assaltar e prender um pobre
garimpeiro, viram pela frente, empunhada a braço firme, a espada rapieira do
Manuel, mais longa, mais afiada e mais mortífera do que os seus sabres de
cavalaria, a pistola engatilhada na outra mão indo e voltando do peito de um
para outro deles, e um homenzarrão moreno ao lado do espadachim com uma flecha
no arco entesado e mais três entre os dedos, à moda dos índios que disparavam
flecha atrás de flecha muito mais rápido do que os mosquetes dos soldados podiam
ser recarregados.
Como eram
razoavelmente sensatos e de qualquer maneira não seriam eles quem ficaria com o
diamante, acharam mais prudente recuarem para uma distância um pouco mais
segura.
O padre,
mais interessado no assunto, indignado e confiante no prestígio de sua batina, adiantou
seu cavalo, levantou bem alto o crucifixo que trazia ao peito e gritou: “Entregai a pedra, em nome de Deus, ou ele vos
castigará com o fogo do inferno!”
O Antonio
olhou para o pai e esticou um pouco mais o arco na direção dos dragões, e o
Manuel, olhando firme nos olhos do padre, gritou de volta: “Deus não é parte de vossos negócios sujos! Arreda ou morrerás ao fio
deste ferro!”
Vendo isso o
padre olhou para os lados à procura do apoio dos dragões, não viu nenhum, se
virou para trás e viu os quatro, a boa distância, confabulando e assistindo à
cena com um ar, como diríamos, menos interessado do que o que ele esperava ver.
Voltou para junto deles o mais depressa que pôde e pondo o cavalo atrás dos
deles apostrofou-os violentamente por sua covardia.
Aproveitando-se
disso, o Manuel e o Antonio esporearam suas montarias e dispararam pela trilha.
Os dragões, incitados pelo padre, acabaram por segui-los, mas misteriosamente
(pelo menos aos olhos do religioso) seus cavalos antes tão fogosos subitamente
pareciam incapazes de alcançar os dos fugitivos. Dispararam um ou dois dos seus
mosquetes na direção geral deles, mais para constar, e comunicaram ao padre que
o melhor que faziam era voltar para a guarnição.
O padre,
desacorçoado pelo insucesso do que esperara ser uma vitória fácil, achou melhor
não voltar ao Tejuco para não ter que enfrentar a raiva do Contratador, a quem
tinha dito, ao pedir a escolta, que a empreitada eram favas contadas, voltou
para casa, arrumou seus negócios e preparou-se para viajar para o Rio, de onde
pretendia seguir para o Reino, uma vez que seu plano tinha falhado, e denunciar
às autoridades de lá o Manuel como ladrão e fugitivo para limpar a sua barra e ainda
conseguir tirar algum lucro do episódio. Já os dragões voltaram para seu
quartel, onde há quem diga que relataram ao comandante que “em vez do garimpeiro que esperavam tinham
encontrado uma força muito superior de rebelados, e nesse caso a estratégia
militar mais indicada foi bater em retirada.” Não posso jurar pela
veracidade dessa parte, nem ficou nos registros memória da resposta do
comandante.
O Manuel e o
Antonio não esperaram para ver, e desabalaram para o litoral, dormindo o menos
possível, um de cada vez, trocando de cavalos quando ficavam esgotados e
soltando à deriva as canoas usadas para atravessar os rios, para atrasar a
perseguição que pensavam ser certa.
Chegados ao
Rio de Janeiro, tiveram dificuldade em conseguir passagem para o reino, custava
caro e o ouro de que dispunham não era o bastante. Usaram uma parte do ouro para
comprar mercadorias no porto que comerciavam na cidade, com o lucro escasso
compravam mais mercadoria e recomeçavam o ciclo, privavam-se de comida e bebida
o quanto aguentavam, até que em alguns dias conseguiram ajuntar o suficiente para
completar as passagens e puderam embarcar num navio mercante que trazia prata e
couros do vice-reino espanhol do Rio da Prata com destino a Lisboa.
Dias depois
de embarcarem chegou ao Rio o padre, que tomou passagem no navio seguinte que
largava para o reino, já elaborando consigo mesmo uma história convincente para
contar às autoridades e aparecer como um pretenso salvador dos direitos reais,
infringidos pelo Manuel por não ter entregue o diamante.
A viagem
durou quase dois meses, subindo pela costa do Brasil até a Bahia de Todos os
Santos e de lá em direção às ilhas de Cabo Verde e depois Lisboa na embocadura
do Tejo.
Desembarcados
em Lisboa, o Manuel, provavelmente pelos motivos que não achamos conveniente
registrar da partida dos irmãos para o Brasil, não achou prudente valer-se do
nome do irmão João Gomes Baptista para ter acesso à corte. Procurou alguns
antigos amigos de confiança que ainda estavam vivos, eles mexeram seus
pauzinhos e depois de algum tempo conseguiram uma entrevista com o secretário
da rainha Dona Maria Primeira.
O Manuel, na
presença do secretário, com a teimosia peculiar aos Baptistas manteve-se
irredutível na posição de que só poderia entregar à rainha o que tinha trazido
do Brasil, e depois de muita lenga-lenga o secretário afinal levou-o à sala das
audiências reais.
Imagino,
apesar de que o nosso herói não deve nem ter percebido, porque disso não deixou
notícia, o assombro dos cortesões ao verem entrar e ser conduzidos pelo
visconde secretário à presença da Rainha, as figuras do Manuel e o filho Antonio
Grande...
Não ficou
registro detalhado do encontro dos dois com a realeza – dizem os que os
conheceram que nem o Manuel nem o Antonio eram gente de falar muito. Sabemos apenas
que o Manuel dobrou o joelho na augusta presença e entregou-lhe, através das mãos
do secretário, o diamante causador de tantas tribulações, e contou-lhe tudo o
que havia acontecido desde o dia do mergulho do filho nas águas do rio, apenas talvez
cometendo alguma licença poética ao explicar que desde o início sua intenção
tinha sido salvaguardar para o reino a pedra das mãos de um padre interesseiro
e pouco confiável.
A rainha,
informada pelo secretário da vida pregressa do Manuel e do enorme valor da
pedra, perdoou-lhe suas, digamos, “pequenas indiscrições” anteriores, deu-lhe como
recompensa uma bolsa de moedas de ouro e, depois de consultar-se com o seu
secretário dos negócios exteriores, nomeou-o para o cargo, no Brasil, de
Intendente da Real Casa de Fundição de Pitangui.
Pai e filho
voltaram para o Brasil, o Manuel assumiu seu cargo e continuou fazendo explorar e ampliando
sua fazenda, que se chamou Fazenda das Gerais.
O Antonio se
casou, deram dois netos ao Manuel, que foram estudar em Portugal na
Universidade de Coimbra. Um deles se formou, e outro, que tinha o nome do pai,
abandonou o curso nas vésperas da formatura, e por isso ficou com o apelido de “Doutor
Mal Acabado”. Mas essa já é outra história que não tem a ver com a que estou
contando a vocês.
Uma das muitas
versões da nossa história diz que, quando o Manuel estava acabando de contar à rainha
a história do diamante, o padre entrou na sala de audiências, viu o homem que estava
vindo denunciar ajoelhado nos degraus do trono, e ainda tentou virar o jogo
gritando para os guardas: “Prendam este
homem!”.
Ao que os
guardas, sem saber o que fazer, voltaram-se para a rainha, e ela disse apenas: “Prendam esse padre!”
Mas, como já
disse, não posso jurar pela veracidade de nenhuma das diferentes versões. Só se
sabe com certeza que o padre acabou voltando para o Brasil de mãos vazias e
desacreditado, e ainda viveu vários anos em Pitangui, onde, dizem, morreu pobre
e desprezado pelos antigos paroquianos, que já não podiam confiar nele depois
que a história da sua trapalhada se espalhou.
Sobre o que
aconteceu com o diamante, também as versões variam. Uns dizem que foi lapidado
em mais de uma pedra, que foram incorporadas ao tesouro da rainha. A
historiadora Carmen de Melo, no poema de que falei lá no começo, declamado por
ocasião de sua posse no Instituto Histórico, contou que o diamante era o famoso
“Estrela do Sul”, mas creio que se enganava, porque o “Estrela do Sul” dizem
que foi encontrado na vila de Bagagem, que hoje tomou o seu nome e virou
cidade, bem mais para o oeste do que a região do Abaeté.
A versão
mais intrigante que já ouvi é a de que a rainha dona Maria I, que no começo do
seu reinado era conhecida como dona Maria a Piedosa, mas aí pela última parte do
século, perturbada pelas mortes sucessivas de seu marido, Pedro III e do seu
filho o príncipe herdeiro, e profundamente chocada pela decapitação do rei Luís
XVI da França na Revolução Francesa, perdeu a razão e daí para a frente foi
chamada de dona Maria a Louca, já não estava lá muito perfeitamente equilibrada
ao tempo destes sucessos e começou a duvidar de que a pedra, ainda em estado
bruto, fosse realmente um diamante. Aí chamou seu joalheiro e perguntou-lhe se
era verdade que o diamante era a mais dura de todas as pedras. Recebendo a
resposta que sim, e sem saber a diferença entre as palavras “duro” e “resistente”,
mandou que fosse trazido um malho e uma bigorna e sem dar ouvidos às objeções
desesperadas do joalheiro mandou que dessem uma martelada no diamante.
Ao ver as
fagulhas que a luz que entrava na sala fez faiscar nos fragmentos de pedra que voaram para todo o lado, o
joalheiro só pôde dizer: “Vede,
Majestade, que era mesmo um diamante”...
E agora,
pano rápido, que acho que me entusiasmei mais do que deveria no contar, já vai longa demais a
história e posso ouvir os primeiros bocejos dos meus leitores.
Até uma
outra vez.
1) Uma agradável leitura matinal na sexta-feira. Amigo Mano, conte mais, escreva mais.
ResponderExcluir2)Viajei com todos os personagens.
3) Abraços de bom final de semana.
Mestre Antonio, que bom saber que você viajou com eles. Vai ser uma turma interessante para encontrarmos quando passarmos para o outro lado, papai já deve estar se divertindo muito com eles por lá.
ExcluirCaro Wilson acredito que somos parentes muito distantes, meu Hexaavô Manuel Gomes Baptista pai de minha pentaavó Tereza Gomes da Rocha.
ExcluirBeleza de história, Mano. Antonio Grande era o Patafufo?
ResponderExcluirOlá André, bom te ver por aqui!
ExcluirNão, o Patafufo também se chamava Manuel, e o pessoal do Instituto Histórico de Pará de Minas acha que devia ser outro filho do Manuel da história que contei (a questão de quantos filhos ele teve é meio imprecisa) por causa das datas. O Patafufo tinha uma venda onde mais tarde foi a cidade, para fornecer os tropeiros que passavam por lá. A casa dele hoje é a sede do Instituto em Pará de Minas, estivemos lá.
Essa história daria um filme...
ResponderExcluirE são fatos reais (uai...)
Nós já estávamos com saudade de seus escritos, Mano!
Pois é, Guto, esses nossos antepassados aprontaram muito por aí a fora... Tem muita história por aí, mas como dizia o papai, nem todas se devem contar :)
ExcluirMANUEL GOMES BAPTISTA nos Campos de Piratininga SP, participou de uma Bandeira que subiu o Rio Tietê e infletiu para Norte em direção ao alti-plano das Minas Gerais. Lá se extraviou da Bandeira, só e depois de renhida luta contra os Índios Caiapós foi capturado e teve sua vida poupada pela valentia na luta.
ResponderExcluirFicou na Tribo +- 20 anos, quando então retornou a "Civilização" trazendo junto o filho ANTONIO GOMES BAPTISTA,de estatura gigante.
Se instalaram com Fazenda de criação de gado em terras que ficavam entre os Rios Indaiá e Abaeté.
Garimpavam nas pescarias e num mergulho mais profundo, ANTONIO achou um gigantesco diamante.
Depois de muitas peripécias a história termina na Corte em Lisboa, diante da Rainha D. MARIA, futura mãe de D. JOAO VI.
Mas, inteligentes, astutos e discretos como são os Mineiros, tenho para mim que na realidade, Pai e Filho foram mesmo para Amsterdam, não muito longe de Lisboa, grande Centro Comercial e de lapidação de Diamantes, venderam a pedra por uma fortuna e voltaram Felizes para o Brasil.
Abração.
Amigo Bortolotto, agradeço o elogio a nós mineiros, mas, embora pelas crônicas da família o pai e o filho tenham aparentemente vivido felizes depois de sua volta do reino, conservo a impressão de que foram mesmo a Lisboa em vez de Amsterdam, porque se lá tivessem ido certamente que, com as qualidades mesmas que você citou e o enorme valor do diamante, provavelmente ainda teria sobrado um bocado para os atuais descendentes :)
ExcluirMas, mesmo sem tal sobra, esse aqui atual descendente se considera bem feliz, ainda mais pela qualidade dos leitores, amigos e colaboradores que tem conseguido no Conversas.
Um abraço do Mano
Wilson, meu caro,
ResponderExcluirContar uma história também é uma arte, pois requer talento, saber ordenar as palavras, dar-lhes sentido, precisa ter expressões da época e regionais, e prender a atenção do leitor.
O texto que apresentas tem essas características, e mais algumas:
A tua habilidade em narrar os fatos contidos na história;
A forma que tu te utilizas para nos prender a atenção, e lermos a história sem interrupções porque agradável e curiosa;
Detalhes imprescindíveis que sincronizam o fato relatado com a forma apresentada;
O teu estilo.
Logo, o texto não foi longo como disseste, haja vista ter sido contado com a qualidade que o Conversas do Mano exige, e os elogios que estás recebendo acima merecidamente.
Não podes e não deves nos privar do teu talento, ao permaneceres tanto tempo sem postar um artigo de tua autoria.
Precisamos ler textos de qualidade, além de conhecermos as historias mineiras, pois quem é de outro Estado desconhece os "causos" regionais, que são muito interessantes, curiosos e divertidos.
Parabéns, Mano.
Um forte abraço.
Excelente fim de semana.
Saúde e paz.
Amigo Chicão, obrigado pelos elogios, que sei que vêm de alguém que conhece e pratica muitíssimo bem a escrita.
ExcluirAcho que o mérito do post não é meu, é dos antepassados que escreveram com a espada e a coragem uma história tão interessante e cheia de peripécias que não tive mais do que a contar para despertar teu interesse.
E quanto a escrever mais, vontade não me falta, falta mais é a inspiração, que tenho que aproveitar quando se digna aparecer...
Quem sabe ela dará as caras mais vezes?
Um abraço do Mano
Marido querido,
ResponderExcluirO seu texto está fantástico e você está frito: confessou em público que é teimoso!
Depois de tanto tempo...antes tarde do que mais tarde.
Beijo.
Você sabe disso há muuuuuuito tempo, não fiz mais do que reconhecer sua percepção :)
ExcluirEspero que continue aguentando minha teimosia por muitos anos afora ainda.
Um beijo
Wilson,
ResponderExcluirVou plagiar o velho Sêneca ao comentar que não há estórias boas e más, mas bem ou mal contadas. Pois é, você sabe muito bem como contá-las mas, como se não bastasse, essa é uma conversa danada de boa que li de um só fôlego, doido para saber como é que o Seu Manuel se safara enquanto escrevia as estórias dos seus e a História das Gerais.
Sim, eram outros tempos que você nos desenha com detalhes primorosos e habitantes interessantes como o cônego que era pai e o "abridor de cunhos" que se tornou “mestre do risco e desenho” do Aleijdinho e que, nas horas vagas, ainda era sacristão! Mas esses personagens e cenários empalidecem quando confrontados com as bandeiras e batelões, rios e sertões que outro Manuel - como esquecer o Manuelzão do "Guima" e o Manuel, o Audaz do hino dos jipeiros? - teve que enfrentar antes de lutar com valentia, ser capturado pelos caiapós, conquistar a filha do cacique e dá-lhe um neto mameluco.
A essa altura do filme a fazendinha na “Mesopotâmia Mineira”, a labuta com a bateia, os mergulhos e peixes arpoados, a venda de um tudo para os tropeiros e garimpeiros da região - sem dar muita bola para o “quinto da coroa” (rsrs) - as partidas de gamão, tudo isso, é anticlímax e a gente simplesmente sabe que os caras vão achar um diamante enoooorme! Daí em diante a coisa vira um thriller de aventura com direito à traição, cobiça, padre do pau oco, Contratador corrupto e uma escolta de "quatro dragões", que nossos heróis enfrentam valentemente com uma “espada rapieira de guarda de sino” – essa nem o Google traduziu! – uma pistola de fecho de pederneira, um arco e algumas flechas antes de fugirem para o Rio e singrar o Atlântico com destino à t'rrinha! Caramba!
Confesso que, como o Bortolotto, cogitei se os seus ascendentes tentariam vender a pedra e viver como reis no Velho Mundo. A Corte e o encontro com Dona Maria I foram um desfecho realmente inesperado mas a bolsa cheia de moedas e o cargo de Intendente da Real Casa de Fundição de Pitangui me pareceram de bom tamanho, ou melhor, do tamanho do desejo deles de viver em paz fazendo o caminho inverso desde a embocadura do Tejo até o lugar que lhes era de direito nesse mundão de Deus: a Fazenda das Gerais.
Enfim, muito obrigado por um fantástico post, pesquisado e conduzido e escrito impecavelmente mas pelo qual só lhe darei os parabéns depois que nos contar tudo sobre as aventuras do tal “Doutor Mal Acabado” se é que não fazem parte do rol daquelas apimentadas que sabemos ser melhor calar (rsrs)
Abração
Moacir, ler de você que uma história é impecavelmente escrita é, como você disse num comentário que fiz sobre os cubistas, "caso para muitos copos virados" :)
ExcluirO mais divertido de tudo é pensar que aquilo aconteceu mesmo. O tio João não era bem sacristão da igreja, o cargo de "sacristão da irmandade" seria chamado hoje de algo como "diretor administrativo" de uma entidade que era muito considerada na época. Mas, como você disse, o interessante é a parte do avô Manuel. A "espada rapieira de guarda de sino" é a versão espanhola da rapière francesa, só quem vez da guarda de tiras de ferro artisticamente entrecruzadas das versões francesa e alemã tinha uma guarda fechada, parecida com uma tigela de aço, que além de proteger a mão dos talhos protegia também dos ataques de ponta. A versão moderna é a guarda da espada usada na esgrima, no modelo italiano de punho reto que tem uma cruzeta para firmar o dedo médio.
E do "Doutor mal acabado", o pouco que sei é o que meu pai me contava, e reproduzo aqui: Os dois filhos do Antonio se chamaram, um, Antonio como o pai, e o outro José Marciano. Foram os dois estudar em Coimbra, o que indica que a família (provavelmente o avô) nessa altura era gente de algumas posses. Dizia papai que do Zé Marciano ficou um retrato, e que não era lá muito bem aquinhoado de beleza. E do outro, que não ficou para nós imagem, diziam que era o mais feio dos dois, alto como o pai e com fortes traços da avó caiapó, "moreno, de cabelos lisos e feições de índio". E era o mais esquentado dos dois, propenso a se meter em brigas sem muita provocação.
Fizeram lá seus cursos, e na hora da formatura, quando chegava a vez do Antonio receber o diploma, um dos doutores à mesa perguntou ao seu vizinho de onde tinha saído "aquele mulato", naquela época em que ainda havia escravos o termo tinha conotação depreciativa nos meios mais altos.
O Antonio ouviu, e proclamou alto e bom som que seu sangue era português e índio, e que seu avô era Intendente por favor da rainha. O doutor, incomodado por ter sido retrucado na frente dos seus pares e dos alunos na platéia, escarneceu do moço dizendo que ele não era igual aos colegas, que tinha sangue inferior e sem dúvida só estava ali por um favor muito especial não a ele, mas ao avô português.
Pra quê! Foi faísca no polvarinho, como se dizia na época. o Antonio foi contido pelos colegas para não pular para o estrado, e, talvez lembrando-se de que o irmão também estava ali para se formar, dominou o seu primeiro impulso de dar uma exemplar coça no energúmeno, arrancou a sua toga (o "balandrau" como a chamava), disse alto e bom som ao ofensor o que podia fazer com o canudo do diploma e saiu pisando duro para nunca mais voltar ali.
O Zé Marciano se formou, os dois voltaram para o Brasil e ficaram conhecidos na sua terra como "O Doutor e o Doutor Mal Acabado". Diziam alguns que não sabiam se o apelido era pelo caso do diploma ou porque ele era realmente muito feio :)
Um abraço do Mano
Mano, delicioso ler sua narrativa. Me lembrei muito do Papai contando suas histórias. Beijo carinhoso.
ResponderExcluirBala, que bom que você gostou! Como eu disse, apenas recontei a história que ele nos contava... Um beijo do Mano.
ResponderExcluirQue delícia Mano.Me deu tanta saudade do seu pai.A sua versão está mais para um Dumas.(na minha imaginação é um capa-espada daqueles!)
ResponderExcluirPois é, Titi, também tenho uma saudade danada dele. E minha versão é bem perto do que ele contava, afinal foi no tempo das capas e das espadas mesmo que aconteceu :) Que bom que você gostou.
ExcluirSabe, seu sobrinho Maneco tem o nome dele por causa do Manuel dessa história...
Normalmente não publicamos comentários anônimos, é preciso digitar o nome em "nome/url" antes de comentar para que o comentário seja aceito, mas abro uma exceção porque gostaria de saber o remetente do comentário abaixo, por favor poste de novo com seu nome:
ResponderExcluir"Caro Wilson acredito que somos parentes muito distantes, meu Hexaavô Manuel Gomes Baptista pai de minha pentaavó Tereza Gomes da Rocha"
Belo texto, mas há muitos elementos que são lenda. Manoel Gomes Baptista (o filho) não era português, mas nasceu em Barbacena como consta na certidão de batismo. Da posse dos documentos primários, inclusive cartas escritas pelo próprio Manoel Gomes Baptista e seu filho Antônio sabemos que eles estavam em uma bandeira pelos sertões do Abaeté para faiscar outo, com muitos integrantes cujo chefe era Manuel Ferraz Sarmento. Em 1792 todos eles, em comboio, foram entregar o grande diamante descoberto nas cabeceiras do Abaeté. O termo de entrega está nos arquivos da Junta da Real Fazenda de Ouro Preto. Cinco anos depois todos foram premiados.
ResponderExcluirPedro, muito obrigado pelas novas informações. A história, como eu disse, já foi contada por muitos de muitas maneiras. Poderia me indicar como ter acesso às cartas do Manuel e do Antonio? Como descendente deles, me interessariam muito. Obrigado e um abraço do Mano.
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