Ptolomeu - Mapa da Taprobana (imagem Wikipedia - wikimedia commons) |
Moacir Pimentel
Quando eu voltei para casa, para a pátria minha
“tão pobrinha” como dizia o poeta, após dez anos de autoexílio e passei a
contar as minhas andanças e a mencionar “Sri Lanka” via de regra as pessoas
retrucavam:
Hein?! Sri...o
quê? O que é isso? Onde é isso? Como assim? Por que?
Sucede que a ilha já era conhecida
dos gregos e dos romanos, que a chamavam de Taprobana e foi assim que Luís Vaz de Camões a cantou em Os Lusíadas o poema
que dedicou ao povo português:
“As armas e
os Barões assinalados
Que, da
Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram
(...)”
Taprobana era o nome de uma pequena ilha tropical localizada no Oceano Índico aos pés da Índia que só
ultrapassavam os que possuíam imensa perícia náutica e onde os navegadores portugueses
realmente edificaram um reino luso oriental.
Chamada durante muito tempo de “Ceilão”, desde 1972 ela foi rebatizada
de República Socialista Democrática do
Sri Lanka. No idioma sinhala, a
língua da maioria do seu povo, Sri Lanka significa Ilha Abençoada.
Concordo com o sobrenome. Mas
penso em Sri Lanka como uma ilha, em termos femininos, e portanto me soa
estranho falar dela como “o Sri Lanka”. Ela é simplesmente uma festa para todos
os sentidos, seja na natureza, na arquitetura, na cultura, nos locais
históricos, nas experiências culinárias ou no design. Assim também é a Índia.
Porém a Índia é sinfonia e a Ilha
Abençoada é adágio.
Enquanto que para ocidentais a
primeira é um destino mais exótico, Sri Lanka é estranhamente menos
intimidante. A maneira certa de se conhecer os dois países é começar, como
fazemos com os queijos, por aquele de sabor mais suave. Só que eu fiz o caminho
inverso e, talvez por isso mesmo, chegar essa ilha paradisíaca foi como entrar
no pátio do recreio, depois de alguns meses indianos. (rsrs)
E foi assim que eu me senti em todos os lugares desse país de belezas
estonteantes – bem vindo. Eu sou um sujeito que teve a sorte de viver em vários
países e continentes e portanto julga lugares pelo parâmetro
"Eu poderia viver aqui?"
Sim, eu poderia viver e ser feliz nessa ilha abençoada onde vislumbro,
para começo de conversa, a melhor das infraestruturas, ou seja, altos índices
de alfabetização e um nível de educação elevado.
Não é tarefa fácil teclar sobre um país tão diferente do nosso, tão rico
de espiritualidade e de tesouros históricos, mas vale a pena tentar e começando
por um dos seus oito recantos tombados pela UNESCO como Patrimônio da
Humanidade.
Com
uma imagem do Sri Dalada Maligawa, ou seja,
do Templo
do Dente Sagrado, na lendária cidade de Kandy, a eterna capital da região
central e produtora de chá de Sri Lanka. Trata-se de um dos mais famosos
cartões postais do país e nos mostra o templo budista localizado no conjunto arquitetônico do palácio real do antigo Reino de
Kandy. O templo abriga um tesouro sagrado: um dente do Senhor Buda.
O templo do Dente de Buda (imagem Wikipedia - wikimedia commons) |
Desde os tempos antigos, a
relíquia tem desempenhado um papel importante na política local, porque se
acreditava que quem o possuía também detinha o domínio do país. Na real e durante
milhares de anos, a posse do dente forneceu legitimidade aos reis sinhalas para governar o
país.
Durante o festival anual – eu
o assisti em 1982 - a relíquia desfila através das ruas iluminadas por tochas,
acompanhada por dançarinos, músicos e, é claro, pelos elefantes ricamente
paramentados.
Gostei muitíssimo desse templo
visitado por peregrinos de todo o país: casais recém-casados, mães trazendo
seus filhos, idosos sendo ajudados pelos familiares. Só que nele me senti como
um intruso desajeitado por nada saber sobre a religião, um tolo cheio de
dúvidas e dedos, apenas um turista tirando fotos. Mas então uma família vestida
de branco me ofereceu algumas flores explicando-me como reverenciar o Senhor
Buda e percebi que ali eu era um hóspede.
Dizem que a Ilha
Abençoada hoje em dia se ocidentalizou, que estrangeiros são donos dos
cento e oitenta quilômetros à beira mar da costa sul da ilha. O certo é que o
turismo mais do que dobrou - desde a guerra civil de vinte e seis anos terminou
em 2009 - nessa ilha em forma de lágrima no Oceano Índico com milhões de
visitantes chegando todos os anos.
Ao que parece não foram só os
meus colegas mochileiros dos anos oitenta que se encantaram com maravilhas
naturais e culturais do país mas todos os tipos de pessoas de todas as fachas
etárias e todas as esquinas do vasto mundo.
E o que é que Sri Lanka tem?
Eu creio que seja a beleza
tranquila da ilha aquilo que atrai a maioria dos visitantes. As vacas e cães
atravessam calmamente as rodovias, os búfalos pastam ao lado de stupas budistas, os elefantes de
antigamente vagueavam livremente pelos campos de arroz e os donos das
guest-houses- ainda hoje em dia! - avisam aos hóspedes para manter suas janelas
fechadas contra os ladrões contumazes do pedaço: os macacos.
São belos e cativantes os
Parques Nacionais, os templos budistas e hindus, as ruínas de reinos e cidades
antigas como Sigiriya e Polonnaruwa e Anuradhapuram, as lindas plantações de
chá de Horton Plains, as cerimônias diárias do pooja ao por do sol quando dançarinos rodopiam com seus sarongues
vermelhos e dourados antes de comer fogo, as belas cavernas budistas sagradas, os elefantes e leopardos, as magníficas baleias azuis ao largo das costas
sul e leste e os pássaros multicores, as mansões coloniais com suas varandas
arqueadas convertidas em pousadas, os mercados, as aconchegantes guesthouses
com pequenas piscinas escondidas em seus pátios floridos e pomares de
mangueiras, os trens chocalhando através
de florestas tropicais ou serpenteando à beira mar, os táxis-motos chamados de tuk-tuks
ziguezaguendo por todos os lados.
Depois são famosas as praias
de Sri Lanka, enseadas em forma de meia-lua de areia branca emolduradas por
bungalows coloridos e coqueiriais e bosques de bambu. Uma consequência
involuntária da guerra civil foi a falta de desenvolvimento do litoral onde, em
2009 pelo menos, ainda se podia encontrar praias desertas e passear em velhos barcos,
que pareciam fugitivos de um dos museus marítimos da ilha e encontrar
pescadores, de anzol na mão, empoleirados em palafitas de madeira no meio das
ondas.
Quem visita o país descobre um
povo hospitaleiro. Jamais esquecerei de como uma família tamil de Kandy cuidou
do desconhecido viajante cabeludo que eu fui, me alimentando e medicando com
seus remédios naturais ayurvédicos, me entupindo de chás e de mel com
gengibre, durante os dias que fiquei de cama derrubado por uma das mais
debilitantes gripes que já tive na vida. E não é que a tal medicina herbal
funcionou?
Em Sri Lanka, assim como na
Índia, as pessoas nos encaram sem timidez e não é difícil entabular “conversa”.
Basta sorrir e dizer:
- Hello!
Em seguida, os nativos nos metralham com perguntas
disparadas em série, sempre as mesmas, e em uma idêntica ordem de importância:
- How are you? What's your
name? Where do you come from? Are you married? What do you do for a living? How
much money do you make a month? What's your religion?
Porém jamais fui discriminado
por não ter religião, pelo meu deus sem nome ou teto. Muito ao contrário, meus
hospedeiros ficavam felizes pela chance que a vida lhes dava de me “converter”.
(rsrs) Trata-se de um povo religioso para o qual seja qual for a
fé que se pratique a peregrinação é uma atividade importante.
Ouvir um mesmo santuário ser
descrito por membros de diferentes etnias e crenças, era engraçado, pois as
“traduções” jamais batiam . É o caso do complexo de templos dedicados ao deus Kataragama,
o mais popular dos santuários da ilha que é reverenciado por budistas e hindus,
mas é visitado por membros devotos de todas as religiões inclusive os
mulçumanos.
Outra evidência desse
sincretismo estranho é a Montanha das
Borboletas, localizada no umbigo do país, que é mencionada com nomes
diversos por cingaleses, tamils e mulçumanos. Do alto dos seus mais de dois mil
metros ela é mais conhecida como Sri Pada
- a “Pegada Sagrada” – ou como “Pico de Adão” em referência a uma
formação rochosa que, na tradição budista é considerada uma pegada do Buda
durante uma de suas visitas lendárias a Sri Lanka, na narrativa hindu é
descrita como o rastro do deus Shiva, na história islâmica é traduzida como uma
marca deixada pelo pé de Adão quando foi lançado do paraíso e, last but not
least, para os cristãos teria sido cometida por São Tomás.
Em 1982, absolutamente em
forma, eu fiz a “peregrinação” do Pico de Adão suando a cada um dos seus mais
de cinco mil íngrimes degraus e os nascer e por do sol que vi lá de cima
valeram cada passo.
A montanha é um lugar sagrado há
mais de mil anos tendo sido descrita por viajantes famosos – incluídos Marco
Polo e Robert Knox - com diferentes graus de imprecisão fantasiosa. Mas a
subida de quase dez horas de duração é feita à noite tanto para que os peregrinos
não sofram sob o sol inclemente quanto para que possam contemplar o amanhecer
livre das nuvens sobre as longas vistas.
A maioria dos visitantes
escala a montanha durante a “temporada de peregrinação” que vai de dezembro a
maio, quando os degraus da montanha são fortemente iluminados e há pequenas
barracas comercializando água e chá e alguns alimentos para atender à multidão
de peregrinos exaustos que, literalmente, terminam a subida se arrastando.
É possível escalar a montanha nos
outros meses embora sem as luzes e os refrescos e, é claro, carregando uma potente
lanterna. Portanto, na meia e idade e sem logística, em 2009 nos demos por
felizes de fotografar a montanha tomando uma boa xícara de chá nas vizinhanças
de Nuwara Eliya.
fotografia Moacir Pimentel |
A história de Sri Lanka é toda assim como essa foto
: começa envolta em névoas e em lendas. Algumas das mais remotas citações à
ilha se encontram no poema épico indiano Ramayan
cujo texto descreve como o herói Rama conquistou grande parte da ilha no
intuito de resgatar sua amada esposa, Sita, que fora raptada por Ravana, o
soberano do Reino de Lanka.
Com a chegada a Lanka do povo do príncipe Vijava,
do Norte da Índia, foi estabelecida na ilha a etnia sinhala, formando-se então
as primeiras bases de agricultura e comércio. Foi desses primeiros povoamentos originais
que floresceu a cidade de Anuradhapura e a linhagem que governaria Lanka por
vários séculos. Dizem que no terceiro século AC, outro príncipe indiano de nome
Mahinda que era discípulo de Buda, visitou Anuradhapura com um séquito de
monges, abrindo definitivamente a ilha ao pensamento budista.
Acredita-se que os cingaleses que migraram para a ilha de Lanka vindos do
norte da Índia, levaram na bagagem a língua indo-ariana e uma versão do
bramanismo. Enquanto que, oriundos do sul da Índia, os tamils se radicaram ao
norte de Lanka e, junto com eles, o hinduísmo e a língua dravidiana.
Os sinhalas, os tamils e vários outros povos invasores construíram reinos
poderosos com avançados projetos agrícolas e elaboradas instituições
religiosas, reinos esses que em vários períodos da história da nação se
unificaram sob um só comando.
Devido aos portos importantes para as rotas do comércio naval entre o
ocidente e o oriente e às mercadorias atraentes os comerciantes árabes foram
atraídos para a ilha e fizeram dela o seu lar acrescentando o Islã às religiões
locais.
Da mesma forma, no início do século XVI, lá chegaram os comerciantes
portugueses que introduziram o cristianismo em Sri Lanka. Em 1638 o rei de
Kandy expulsou os portugueses com a ajuda dos holandeses que, em seguida,
controlaram todas as províncias - menos o reino de Kandy - até que foram
expulsos pelos britânicos em 1796. Em 1815 os britânicos derrubaram o último
rei de Kandy, o derradeiro dos reinos sinhalas, rebatizaram a ilha com o
nome de Ceilão e a dominaram como colônia britânica até 1948, quando concederam
a independência ao país. Os sinais
atuais dessas culturas e tradições ainda podem ser vistos a cada curva da Ilha
Abençoada.
Trinta anos depois a Constituição foi refeita e o
governo proclamou o Sri Lanka uma república socialista democrática. Em 1983
começaram ao norte da ilha – nas áreas povoadas pela etnia tamil - uma onda de
violência que matou mais de uma centena de milhares de pessoas em uma das mais
demoradas guerras civis do mundo contemporâneo, com ações terroristas nos
principais pontos do país, destruindo casas, templos e centros comerciais.
Após vinte e seis anos de conflito um tratado de
paz foi assinado entre o governo central do Sri Lanka e o Exército dos Tigres
para a Liberação dos Tamils trazendo um novo alento para a população cansada de
guerra. Trechos inteiros do país foram então reabertos ao turismo mas com uma
ostensiva presença do exército que a gente ainda percebia em 2009 nos postos de
controle e nas revistas de constantes de carros e ônibus e trens nas principais
estradas.
Mas essa já é outra conversa...
Olá Moacir,
ResponderExcluirQue pena! E já é outra conversa!
Fui só abrir o Conversas e já parei no mapa. E aí...não parei mais. E aí...aconteceu de novo, acabou antes.
Ficaria lendo por horas suas aventuras na ilha abençoada. Realmente você é um privilegiado. E que sinais o levaram para lá?
Enquanto espero os outros capítulos da série releio e penso se ainda é assim, com povo pacífico, amoroso e paisagens idílicas.
Até muitos e sempre mais.
Caríssima Donana,
ExcluirQue bom que o prefácio acabou antes! Durante as minhas aventuras na estrada - que passou por essa ilha abençoada- foi preciso aprender a viver no aqui e no agora, a ser feliz onde estava e com o que tinha, a fazer amigos que, em seguida, seriam só bytes de memória, a curtir emprestadas histórias, música e mesa desconhecidas, sempre de passagem. A gente entende que a vida é isso: uma viagem.
Quanto aos “sinais” e/ou aos motivos que levaram esse “privilegiado” mochileiro a visitar três vezes Sri Lanka so sorry mas a Redação não gosta de spoilers e então os esclarecimentos só serão dados nos próximos capítulos da franquia (rsrs)
Finalmente eu acredito que se uma guerra civil longa e cruel e um tsunami avassalador não foram capazes, como veremos, de fazer esse povo “perder a ternura”, nada mais o fará.
“Até sempre mais”
E eu vou aprendendo com todos vcs do Conversas com o Mano
ResponderExcluirConhecendo outros lugares e sabendo das belezas pelo mundo
Viajando sem sair de casa
Lindas as fotos
Lembranças que enriquecem a vida !
Obrigada Moacir
Léa,
ExcluirMuito obrigado lhe digo eu pelas tão boas e certas palavras: nas Conversas, sem sair da poltrona, aprendemos e caminhamos e “enriquecemos” uns com os outros. Se eu tivesse que resumir - e a esta altura da festa você já sabe que a síntese não é o meu forte (rsrs) - o legado das minhas andanças, eu pediria ajuda aos versos do Mestre Antônio Machado:
"Caminhante, são suas pegadas
o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho,
se faz caminho ao andar".
Um abraço
1)Parabéns Pimentel, bela crônica. Você é um afortunado, passeou e viveu na Ilha.
ResponderExcluir2)Em 1970 tornei-me aluno de um monge budista do Sri Lanka que morava no Rio. Depois conheci outros cingaleses (como falávamos)e até hoje tenho especial admiração por este pequeno país.
3)Abraços de bom feriadão !
Antonioji,
ExcluirSim eu me considero afortunado: ver o mundo foi o meu sonho de menino. Também tenho um grande afeto pela pequena ilha , tanto que para lá voltei assim que me foi possível. Escrevendo sobre Sri Lanka o Budismo é incontornável e eu espero ter conseguido expressar, nos próximos capítulos, o pouco que dele vi e aprendi. Por favor, fique à vontade para me orientar sempre que avaliar que captei e/ou “traduzi” a paisagem budista de maneira errada.
Namastê e abração
'Sri...o quê?' é exatamente o que eu teria perguntado kkk Quando vi as fotos e li 'Ceilão' fiquei contente porque pensei que já conhecia o país do filme Ana e o Rei com a Jodie Foster, uma das minhas atrizes preferidas. Mas a história era no Sião! Sei tão pouco sobre a Ásia que acho melhor só dar opinião depois de você contar mais sobre este paraíso na Terra, onde só os macaquinhos são ladrões kkk Obrigada!
ResponderExcluirMônica,
ExcluirEm "Sri o quê" os macacos são onipresentes e, infelizmente, roubam adoidado: de comida no prato a peças de roupa no quarto (rsrs)
Você sabia que Anna e o Rei não foi filmado na Tailândia mas em Penang, na Malásia? Jamais ouvi falar de um filme cujo roteiro fosse sobre a Taprobana mas usaram a ilha como cenário para muitos enredos cinematográficos famosos como, por exemplo, Indiana Jones e o Templo da Perdição e a Ponte do Rio Kwai. No começo dos anos 80 os nativos comentavam que um filme do Tarzan - no qual a Jane era a deslumbrante Bo Derek - fora rodado por lá. Mas esse eu não assisti (rsrs)
Sri Lanka não é um “paraíso” mas chega perto e cada parágrafo desse post mereceria outro para chamar de seu. É o caso, por exemplo, da cidade de Nuwara-Eliya - de onde eu cliquei a Montanha das Borboletas - que é uma joia encravada nas montanhas, rodeada por cachoeiras e plantações de chá, a paisagem característica da região central do país. O clima ameno e as casas de estilo vitoriano construídas pelos colonizadores ingleses ansiosos para fugir do calor das planícies à beira mar garantiram-lhe o apelido de “Pequena Inglaterra”. Maravilha!
Por fim, não invente de nos privar de seus ótimos comentários durante os meus capítulos como “mochileiro do bem” (rsrs)
“Obrigado!” e abração
Tudo o que o ilustre Autor Sr. MOACIR PIMENTEL escreve, mas para mim, especialmente seus Relatos de Viagens, me são duplamente saborosos.
ResponderExcluirÉ que na minha juventude, gostando muito de História/Geografia e Economia Politica,tambem tive veleidades de pegar a mochila e rodar o Mundo, mas por certa falta de coragem e minhas circunstâncias não fui além de parte do Sul do Brasil e da Província Cisplatina,(Uruguai), que para nós era uma continuação do Rio Grande.
O Sr. MOACIR PIMENTEL nos conta dessa Cosmopolita e linda Ilha de Taprobana, já cantada em poesia pelo maior dos Poetas de Língua Portuguesa o insuperável LUIZ VAZ DE CAMOES, nos Lusíadas, também chamada Ceylão e atualment Sry Lanka ( Ilha Abençoada).
E o ilustre Autor finaliza fazendo o maior dos elogios que um Viajante Internacional pode dizer: "Eu poderia viver lá".
Muito Obrigado pela excelente Leitura.
Abração.
Prezado Bortolotto,
ExcluirSe fomos companheiros nos sonhos andarilhos então seja mais bem vindo ainda a bordo! Não pense que foi fácil botar o pé na estrada. Minha família não acreditava nem um pouco na conversa do Tolkien de que "nem todos os que vagueiam estão perdidos"(rsrs) Sem patrocinadores, eu tive que fazer, enquanto estudava na Itália todos os trampos imagináveis e mais alguns: colhi tomates e azeitonas, lavei vidraças, banheiros e pratos, fui garçom, barman, guia turístico, cuidador e motorista de um idoso, ajudei na pesca de sardinhas em alto mar. Para viajar eu encarava qualquer bico.
Aí no último ano da pós e tendo já poupado o suficiente para fazer o “giro del mondo a basso costo”, conheci a mulher certa na hora errada. Complicado! Mas a minha então namorada - hoje a avó dos meus netos - me apoiou.
O fato é que a maioria de nós tem receio dos riscos de uma tomada de decisão fora dos padrões. Dizem que o medo mata mais sonhos do que o fracasso seria capaz. E viajar é exatamente experimentar o que, via de regra, só se sonha.
Muito obrigado pelo generoso comentário e abração.
Moacir,
ResponderExcluirO seu belo artigo e estas fotos de sonho me fizeram recordar os romances da coleção de Pearl S. Buck que li muito novinha porque minha mãe era fã da escritora americana. Não sei quantos li e faz tanto tempo que nem lembro mais dos enredos a não ser que se passavam na China e outros cantos da Ásia. Amei a descrição ecumênica da Montanha das Borboletas e acho que vai ser muito bom conhecer a ilha tendo você como guia.
Um abraço para você
Flávia,
ExcluirDa lavra de Pearl Buck só li Terra Abençoada. Antes de seguir para a Ásia devorei dois livros fantásticos do James Clavell : Tai-pan e Xógum. Recomendo-os. Mas Sri Lanka está muito mais próxima da Índia do que das paisagens físicas e espirituais e mentais da China e/ou do Japão narradas nesses livros.
Sim, a espiritualidade permeia a história e a cultura dos ilhéus, cuja visão de mundo é mais holística do que a ocidental. Sim, eles são crentes praticantes e visitam compulsivamente seus santuários de quietude tal que até um agnóstico como eu não tem como não apreciar. O não significa que, defronte das centenas de templos, espremidos no meio das multidões de peregrinos não nos deparemos com mulheres vestidas com saris coloridos e/ou homens com camisas brancas e sarongues, tentando descolar algum dos turistas sem noção:
“Hello, Mister! 500 rúpias e eu faço uma oração especial para você arranjar uma boa esposa. Apenas 500 rúpias! Ok, 1.000 se você também quiser filhos." (rsrs)
Aqui entre nós e baixinho: gente é gente como a gente seja lá onde for. Penso que no nosso mundo caótico buscar a paz interior em lugares considerados sagrados é algo compreensível. Mas pessoas em todas as latitudes, tanto de fé quanto sem fé, são capazes de espiritualidade e talvez a paz esteja muito mais perto de casa do que nós pensamos.
Outro abraço para você
Os relatos de Pimentel sobre suas viagens pelo mundo, indiscutivelmente me deixam com água na boca!
ResponderExcluirMesmo que o antigo Ceilão hoje seja conhecido como Sri Lanka, o Sião como a Tailândia (O Rei e Eu, notável filme musical) e a Birmânia como República do Myanmar, os detalhes publicados são encantadores, a ponto que imagino esta ilha em frente à Índia como paradisíaca, deixando de lado o Caribe!
Aprecio os textos referentes às viagens de Pimentel.
O nosso amigo tem o dom de registrar o que existe de bom nas localidades visitadas, de belo, de inebriante, de mágico, o que vale a pena ser divulgado, e não o que seria ruim ou inaceitável, em razão de modos e costumes diferentes dos nossos.
Outra ilha que teria essas características citadas do Sri Lanka, onde certamente o nosso globetrotter dever ter perambulado é Madagáscar, no sudeste do Continente Africano, antiga República Malgaxe.
Madagáscar e as ilhas Comores são os únicos pontos da Terra onde há sobrevivência de lêmures, pequenos e belos animais que pertencem à ordem dos primatas. Ainda são existentes em Madagáscar mais de quarenta espécies de primatas!
Dito isso, parabéns pelo artigo, e pelo relato dessa viagem exuberante, que tanto enaltece a experiência e o sentido da vida quando consegue constatar pessoalmente a beleza deste mundo, e das pessoas que são passageiras nesta nave chamada Terra.
Abração, Pimentel.
Bendl,
Excluir“Com água na boca!” Caramba! Esse é um grande elogio! Até agora só tinha lido você “babando” diante de bifes à milanesa, ovos fritos e maionese! (rsrs) Muito obrigado! Quanto a Madagáscar vou ficar devendo até chegar lá e mesmo que o Ceilão, o Sião e a Birmânia tenham sido rebatizados com novos e feios nomes, conservam um charme antigo e o ambiente misterioso daqueles filmes que assistíamos dos tempos coloniais e/ou de Guerra.
Na continuação da franquia você lerá aspectos não tão “inebriantes” da ilha que, no entanto, muito me divertiram e, bem assim, alguns de seus estranhos costumes exatamente por serem diferentes dos nossos.
Dia desses você nos teclou uma definição que, de tão boa, eu usei em um futuro post, dando-lhe o crédito, é claro. Você afirmou que “viajar plenamente é aproveitar o tempo para perscrutar o desconhecido, para encontrar as minúcias, as particularidades”. E hoje a completou com chave de ouro : “É constatar pessoalmente a beleza deste mundo e das pessoas que são passageiras nesta nave chamada Terra.” Bravo!
Abração
Muito bom. Um cenário pós guerra não seria a minha primeira opção turística mesmo que fosse este nirvana e tivesse a 'melhor das infraestruturas' que você acerta ao definir como sendo o 'nível de educação elevado'. O que me impressiona nos posts sobre os países exóticos que você conheceu é a sua capacidade de se adaptar e de se sentir em casa. Eu não conseguiria relaxar e passear sem receio de pisar numa mina, rs.
ResponderExcluirMárcio.
ExcluirEstive na ilha em três momentos diversos: 1980, 1982 e 2009 poucos meses depois do fim da guerra. Note que a guerrilha reivindicava um Estado tamil separado no Norte e Leste do Sri Lanka. Sempre a partir dessas regiões os Tigres atacavam, promovendo assassinatos de autoridades, ataques aéreos suicidas, lançando caminhões de explosivos contra quarteis, templos e escolas e cidades com imensas baixas civis. Sim, após a derrota eles deixaram o seu derradeiro bastião, a última zona de guerra - pouco menos de dois mil quilômetros quadrados na selva ao Norte do país - contaminada por minas terrestres. Só que desta área ninguém podia chegar perto. Nós só visitamos o Sul e o Centro de Sri Lanka e já não havia qualquer razão de preocupação com nossa integridade física.
Na década de 80, é claro que eu andava ligado: tudo o que eu possuía no vasto mundo, estava na mochila e no meu money belt, amarrado em volta da minha cintura, por baixo dos jeans. Mas eu compartilhei caminhos com dezenas de mochileiros como eu, das mais diversas nacionalidades e havia uma cultura de andarilhos, uma comunidade de viajantes com uma ética de estrada e princípios de solidariedade. Não era exatamente um estar em casa, à vontade, mas viajando a cabeça abre, a visão melhora, os valores se alargam e a convivência com tantos “conterráqueos”, com gente igual a mim, apesar das diferenças de cor, etnia, cultura, religião, nacionalidade e latitude foi um grande aprendizado.
Obrigado por participar!
Pimentel,
ResponderExcluirOs seus artigos sobre viagens são sempre muito interessantes pelas informações que oferecem da história, cultura e tradições dos países que visita. Mas é quando descreve as suas interações com os habitantes que você supera qualquer guia turístico e eu tenho a impressão de estar viajando ao seu lado respondendo a perguntas indiscretas ou recebendo um tratamento de ervas radical do povo de Sri Lanka. Parabéns!
Sampaio,
ExcluirEspero que você aprecie esse diário de bordo porque enquanto mochileiro eu realmente vivi o cotidiano do povo nos países por onde passei e foi isso que tentei descrever aqui : seus costumes, refeições, música etc. Aliás quem quer realmente conhecer um país desconhecido ao chegar lá, seja lá onde lá for, tem que esquecer os guias turísticos e aprender com a alma nativa.
Obrigado e abração