Henri de Toulouse-Lautrec - Moulin Rouge (1891) |
Moacir Pimentel
Como sabemos o
cabaret Moulin Rouge, desde a sua inauguração em 1889 imediatamente ofuscou
todos os outros concorrentes com sua combinação de espetáculos e sexo: enquanto
as famosas dançarinas se apresentavam, as prostitutas interagiam abertamente
com os clientes. O cartaz que abre o post é de autoria do pintor Henri de
Toulouse-Lautrec e lhe foi encomendado pelo empresário Joseph Oller – o dono da
famosa casa noturna - para a sua reinauguração. Isso mesmo. Em menos de dois
anos de sucesso retumbante o cabaret já não tinha espaço suficiente para
acomodar a freguesia.
Quando se
decidiu a aceitar a encomenda e a fazer tal cartaz Lautrec desafiou a opinião
de seus amigos pintores que então consideravam os posters como uma arte de
quinta. Disseram-lhe que não precisava do trabalho já que seus nobres pais lhe davam uma
renda mensal que lhe permitia viver confortavelmente. Lautrec deu de ombros
talvez porque quisesse mais dinheiro e uma boa e farta vida, mas principalmente
porque se divertia muito criando seus cartazes.
Assim, em
1891, ele projetou o primeiro cartaz publicitário da sua vida com a missão de
dar forma à fantasia de endereço novo. Ele definiu o Moulin Rouge como um novo
tipo de espaço, onde os corpos perderam suas amarras e viravam planos de cor,
blocos superpostos, em composições inovadoras de formas decorativamente
sexuais: curvas, pernas e bocas.
Na
oportunidade o Moulin Rouge estava apresentando ao distinto público Louise
Weber, a famosa dançarina de cancan cujo nome artístico foi La Goulue – A Gulosa - porque costumava beber rapidamente o
conteúdo dos copos das mesas dos fregueses. Ela se destacou entre as dançarinas
da década de 1880 e se tornou notória pela sexualidade aberta de suas
performances turbulentas - uma versão bem mais explícita do cancan - durante a
qual a moça sacudia as saias nas alturas expondo não só as suas anáguas mas as
suas rendas mais íntimas à plateia masculina delirante.
É claro que
todos também apreciavam os passos e as acrobacias de Valentin o Desossado - aí
no cartaz silhuetado em primeiro plano – um dos mais estimados personagens de
Montmartre, que de dia era um ajudante de tabelião e de noite virava dançarino,
como o companheiro de palco e de cama da bela Louise. Mas era ela a estrela,
aquela que posava para Lautrec e para fotógrafos como Achille Delmaet cujas
fotos da moça nua fizeram furor na França.
Note como o
artista dividiu o cartaz ao meio com uma linha negra formada pelas cabeças dos
espectadores admirando as duas atrações do Moulin Rouge: a figura longa de
Valentin com seu chapéu alto e a de La Goulue, cujas poderosas saias brancas
ocupam o ponto focal. Diz Dona Lenda que o cartaz “viralizou” e que os fãs da
dançarina e os amantes da arte moderna perseguiam os encarregados da colagem
dos posters nos muros pela cidade para roubar um exemplar.
O certo é que
um amigo do artista, um crítico de arte anarquista de nome Felix Feneon,
publicou um artigo no qual explicava exatamente à galera como remover os
cartazes antes que a cola secasse porque, segundo as suas próprias palavras, os
posters com suas turbulentas caricaturas e “manchas chocantes de preto e
vermelho”, eram o equivalente gráfico de uma bomba anarquista (rsrs)
Mas Lautrec
estava envolvido em algo mais subversivo do que a propaganda anarquista. Ele
apropriara-se do Moulin Rouge como seu mundo de sonhos, seu reino noturno de
sexo e de morte com uma sensualidade que deve algo a Degas, mas que era mais
livre e feliz por ser popular. O próprio fato dos seus cartazes atraírem tanto
os artistas quanto o público em geral talvez lhe avisasse que as barreiras
entre as artes estavam caindo, que a arte comercial viera para ficar, que no fin de siècle a rigidez daria lugar a
novas modas, invenções e mudanças imprudentes.
O fato é que o
cartaz Moulin Rouge que abre o post, com seus quase dois metros de altura, é a
obra mais conhecida do artista. O naturalismo de seu estilo impressionista
anterior desapareceu sob essas cores fortes, essas figuras planas com contornos
fortes e grandes silhuetas, com algumas digitais dos blocos de madeira das
impressões japonesas que ele tanto apreciava e colecionava juntamente com seu
amigo van Gogh. Tal estilo prestava-se bem à elaboração de cartazes e,
beneficiado pela novas técnicas de impressão recém desenvolvidas, Lautrec
revolucionou esse campo de atividade insuflando-lhe novas vibrações e fluidez e
veemência que captavam e traduziam a vitalidade urbana.
Como certeza
Lautrec deve muito do seu estilo ao trabalho de pioneiro de Jules Cheret, porém
os seus cartazes são uma extensão significativa das conquistas do mestre.
Enquanto Cheret linkou o cartaz com a arte do passado Lautrec o relacionou com
os futuros desenvolvimentos na pintura.
Mas seus
trabalhos não eram necessariamente uma unanimidade. Sua litografia da cantora
Marcelle Lender causou a demissão dos editores quando tentaram publicar o
trabalho em um jornal alemão. A exposição dos cartazes do artista nas Galerias
Goupil de Londres, em 1898, foi um fracasso comercial e a cantora Yvette
Guilbert ficou furiosa com o artista por causa do caso do Divã Japonês.
Pudera!
O Divã Japonês
era outra das misturas de café-concerto e cabaré de Montmartre, que fora assim
batizado por causa da sua decoração com gravuras e lanternas japonesas. Belo
dia seu proprietário, Édouard Fournier, encomendou a Lautrec um cartaz que
retratasse os cantores, dançarinos e clientes da casa, com o objetivo de atrair
clientes para um show da famosa cantora Yvette Guilbert.
Sucede que à
época o pintor estava de cabeça virada por outra diva: a dançarina Jane Avril.
E, dizem as más línguas, as duas senhoras não se toleravam. E o que fez então o
apaixonado Henri? Com certeza o inimaginável. Colocou a inimiga de sua amada na
foto e no palco, é claro, mas muito prejudicada e dedicou a obra à mulher do
seu encanto, a bela Jane Avril que ele retratou em primeiro plano ouvindo o
recital de uma rival... sem cabeça (rsrs)
Isso mesmo.
Note que no cartaz Jane aparece como a protagonista da festa e que a sua
elegante silhueta negra domina a cena, apesar dela ser uma mera espectadora
sentada na plateia ao lado de Édouard Dujardin, um escritor, editor, crítico de
arte e um dos mais queridos clientes da boate.
No canto
superior esquerdo, na ribalta, se pode ver o pobre corpo mas não a cabeça da
cantora Yvette Guilbert, a verdadeira estrela do espetáculo, perfeitamente
identificável por todos que tivessem dois neurônios pelas longas e dramáticas luvas
pretas que eram sua marca registrada e o seu corpo esquelético.
Essa foi a
primeira aparição de Jane Avril nos trabalhos de Lautrec, em grande estilo,
eclipsando a acéfala rainha da noite de direito. Jane aí no gargarejo com esse
busto arrogante, cabelos cor de laranja, olhos semicerrados e lábios vermelhos
no rosto branco... arrasou!
Ao exagerar
nos traços característicos dessas duas mulheres, Lautrec comunicou a essência
de suas personalidades e – pasme! – ainda teve a cara de pau de culpar pela degola
os artistas das gravuras japonesas peritos em decepar cabeças, corpos e membros
nas suas composições. O cartaz foi aprovado, cobriu os muros da cidade
provocando grandes gargalhadas e amargas lágrimas em Yvette até que o seu
show... bombou!
O fato é que,
por essa e outras, Toulouse-Lautrec tinha poltronas reservadas no Moulin Rouge
no Boulevard Clichy e em todos os cabarés de Montmatre, de frente para o palco,
onde ele se divertia pintando a plateia e, é claro, Louise Weber, Yvette
Guilbert e Jane Avril. Além de ser um artista, Toulouse-Lautrec era um
aristocrata, um notívago, um boêmio, um animal festivo que frequentava os
cabarés e bordéis de Montmartre como um VIP.
A litografia
abaixo foi o anúncio de outro grande show de Jane Avril em outro cabaret de
nome Jardin de Paris. À esquerda, Jane literalmente chuta alto e mostra muito,
os olhos fechados, transportada pela paixão de sua própria performance. À
direita vemos o braço de um violoncelo, agarrado pela mão cabeluda de um homem
- e, sim, Toulouse-Lautrec conscientemente fez aqui a insinuação sexual -
surgir do poço da orquestra, na borda da composição. Nesse trabalho atrevido o
artista revela seu senso de humor despreocupado, o domínio do meio e a
verdadeira apreciação pelo talento fascinante de Jane Avril.
Essa amizade
entre o pintor aristocrata do Midi e Jane, uma dançarina com os nervos à flor
da pele - que muitos diziam ter problemas mentais! - e cujas belas pernas
giraram pelo palco fazendo os homens perderem “os cadernos” e as cabeças
enquanto o seu rosto permanecia uma máscara de miséria, deu muito o que falar em
Montmartre. Nos retratos e cartazes de Toulouse-Lautrec ela foi, ao mesmo
tempo, intensamente solitária e misteriosa e descaradamente o seu maior objeto
de desejo.
A beleza óssea de Avril alimentava o artista, e o poder de Lautrec era que, quanto mais
dolorosos e menos glamorosos ele pintava os lugares e/ou as mulheres com o seu
costumeiro realismo selvagem e fantástico, mais sexy as coisas ficavam (rsrs)
Um dos últimos
cartazes de Lautrec para Jane Avril mostra-a em toda a sua estatura e esbeltez
enquanto uma serpente anima a sua dança tribal. Foi outro sucesso!
Todos esses
cartazes que exaltam tantas estrelas do café-concerto são principalmente
obras-primas de marketing que transformaram um Montmartre perigoso em um território
elegante e excitante e seguro para os burgueses, a classe média e os turistas.
Tudo sobre o design de tais cartazes clássicos como “Les Ambassadeurs” e “Divan
Japonais” e “Moulin Rouge - La
Goulue” exalavam a modernidade e Henri pode até ter sido, se visto à
distância, um avô da arte pop ou mesmo da publicidade. Mas não há nada banal ou
comercial sobre seus cartazes. Eles são humanos e verdadeiros.
Toulouse-Lautrec
enriqueceu o processo de impressão em metal e tratou o tom mais livremente.
Seus traços se tornaram mais resumidos e rápidos, seus planos mais unificados,
os contornos estupendos. Às vezes, ele salpicava as superfícies com tinta para
produzir uma grande riqueza de texturas. Ele percebeu que, para que os cartazes
fossem bem sucedidos, sua mensagem tinha que ter um impacto imediato e
contundente no transeunte. Ele os projetava com isso em mente. E deu no que
deu: os seus cartazes da década de 1890 desbancaram os de Jules Chevet, até
então o pai do cartaz moderno.
Como você pode
ver, Dona Arte perderia na pesquisa do Ibope para Dona Propaganda. Portanto o
grande triunfo de Toulouse-Lautrec foi nos cartazes, anteriormente vistos como
um caminho inferior e “comercial” para os artistas, sem o status da grande
arte.
As influências
sofridas por Henri de Tolouse- Lautrec foram tão diversas que é complicado
entender como ele foi capaz de desenvolver o próprio estilo, rodeado que viveu
pelos impressionistas e os pós, as canções esquisitas de Aristide Bruant, o
grande Degas, o submundo de Montmartre, romances realistas, a fotografia, as
impressões japonesas, e, é claro, a barulhenta e bagunçada realidade da vida
cotidiana, muito mais estranha do que a ficção. Confrontados com a real seus
cartazes são verdadeiramente abstratos (rsrs)
Embora essas
litografias também já sussurrassem algo da estética Art Nouveau, sugerindo as suas futuras curvas em conflito com a
natureza gráfica bem delineada, o estilo e o conteúdo dos cartazes de Lautrec
foram fortemente influenciados pelas impressões japonesas ukiyo-e. As pinturas e estampas de Lautrec revelam um forte atração
pela arte nipônica que ele compartilhava com van Gogh. Ele usava perspectivas
orientais, tipicamente oblíquas e descentralizadas, áreas de cores planas
ligadas por contornos fortes, as silhuetas, as composições cortadas e os
ângulos estrangeiros típicos das impressões em madeira de artistas como
Katsushika Hokusai e Ando Hiroshige.
Da mesma
forma, a promoção que Lautrec fazia dos artistas de Montmartre é muito
semelhante às representações de atores e atrizes famosos, gueixas e cortesãs do
chamado “mundo flutuante”. Por exemplo, um dos seis cartazes que ele fez de May
Belfort – a atriz irlandesa que se apresentava no Cabaret des Decadents vestida
como uma menininha e cantando com uma voz de bebê enquanto segurava um gato
preto em seus braços - pode ser comparado com uma das figuras do artista
japonês Utagawa Kuniyasu representando um ator de teatro Kabuki.
Outro poster
famoso de Lautrec é o que anunciava um livro que narrava satiricamente uma
série de episódios de corrupção na Alemanha, de nome “Babylone d'Allemagne”, de autoria de Victor Joze, o pseudônimo do
escritor polonês Victor Dobrski, amigo e vizinho de Lautrec. O artista produziu
ilustrações e cartazes para as duas novelas de Victor “Rainha da Alegria” e
“Babilônia Alemã”. O título do livro foi considerado um insulto e deixou a
galera lá em Berlim furiosa. O cartaz de Lautrec chamava a atenção para as
traseiras de quatro cavalos, o maior dos quais era observado de perto por uma
caricatura do Kaiser de plantão fantasiado de guarda(rsrs)
A ousadia do
cartaz, mais que a do livro, provocou um protesto do embaixador alemão na
França e a coisa quase entrou para a História como um incidente internacional.
Lautrec recusou-se a interromper a distribuição do cartaz e, como ele já tinha
pago pelo serviço, a editora apesar de muito pressionada pelo governo francês
não pode fazer nada. Hoje qualquer exemplar do cartaz vale uma fortuna.
Dessa
efervescência que Montmartre viveu no seu auge, quando dezenas de cabarés
invadiam um bairro que ficava fora dos limites de Paris e produzia vinho sem
imposto, tornando o local perfeito para a boemia, festas e bebedeiras, sobrou
grande arte.
Mas essa já
será outra conversa.
Devia ser muito divertido viver em Montmartre naquele tempo, Moacir. Morri de rir com as suas explicações dos cartazes de Toulousse Lautrec! Concordo que são super inteligentes e engraçados mas continuo preferindo os de Cheret, mais bonitos e românticos kkk Obrigada!
ResponderExcluirMônica,
ExcluirSim, a Belle Époque deve ter sido um tempo muito divertido e estimulante.Na realidade a comunidade artística e boêmia de Montmartre – noves fora o vinho barato local! (rsrs) - foi também uma das consequências da imensa e traumática transformação urbanística promovida pelo prefeito demolidor Haussmann em Paris, ao substituir as antigas ruas estreitas por modernos boulevardes e largas avenidas onde o movimento e a velocidade das carruagens passaram a fazer parte do cotidiano. Além disso, com o fim da guerra franco-prussiana, todos respiraram aliviados, a indústria impôs novos hábitos, o consumo se insinuou, o comércio bombou, os cartazes publicitários chegaram para ficar, as fotografias encantaram, os cafés e os cabarés lotaram e os transeuntes e as "mariposas" ocupavam as belas ruas iluminadas em busca de novos pecados (rsrs)
Para mim os posters de Lautrec representam com extrema criatividade essa “vibe” e ganham de goleada dos trabalhos do Mestre Cheret. Mas nesse caldeirão fervilhante de novidades graçasadeus tinha quem gostasse do azul e quem preferisse o amarelo, para não falar do verde resultante da mistura das duas cores (rsrs)
“Obrigado!” e abração
Moacir,
ResponderExcluirOs cartazes de Toulouse Lautrec são uma comédia de costumes e o seu belo artigo é um presente! Adorei ler sobre os cabarés e os artistas da noite, o amor dos dançarinos Gulosa e Dessossado e do pintor com Jane Avril. Mas o cartaz da cantora sem cabeça ganhou o primeiro lugar nas pegadinhas.
Observei também no poster do Moulin Rouge as silhuetas de Valentim e das cabeças dos clientes exatamente como no teatro das sombras.
Um abraço para você
Flávia,
ExcluirNas últimas décadas do século XIX as silhuetas foram uma forte “tendência”, como se diz hoje em dia, presente nas ilustrações dos livros, revistas e jornais, no teatro do Rivière, nos posters publicitários e na dita grande arte como, por exemplo, a de Degas, que tanto influenciou o trabalho de Lautrec.
https://www.wikiart.org/en/edgar-degas/musicians-in-the-orchestra-1872
As tais "sombras" e os fortes contornos e as figuras cortadas de maneiras surpreendentes foram recursos que Lautrec experimentou, técnicas que ele usou com carvão, pastel e óleo, em papel e papelão e telas, em quadros, desenhos, gravuras e peças publicitárias para descrever a irreverência da vida noturna de Montmartre. Seja na publicidade seja nos retratos ele simplesmente representou, melhor que ninguém, o submundo fascinante do bairro que era a sua casa e a sua matéria e o seu ganha-pão.
Outro abraço para você
Muito bom. Os cartazes de Lautrec são mesmo fora de série. Deu para ver a influência das impressões japonesas no cartaz da cantora francesa e como se pode fazer uma declaração de amor com o braço de um violoncelo, rs.
ResponderExcluirPimentel
ResponderExcluirParabéns por um bom artigo sobre como o pintor Toulousse Lautrec botava o humor na propaganda enquanto ensaiava a criatividade da pintura moderna.
Sampaio,
ExcluirÉ isso aí: Cheret fez cartazes publicitários eficazes de olho na arte do passado. Lautrec, em vez, se divertiu, inovou, fez tudo diferente e construiu uma obra que o coloca entre os melhores pintores da modernidade. Mas essa já é outra conversa de outra mini série.
Muito obrigado e um abraço.
Olá Moacir,
ResponderExcluirFinalmente Toulouse Lautrec a pedidos, a la carte!
Com desenhos chapados, muito coloridos e sem sombras e hachuras e nem por isso sem volume e movimento. As linhas desse cara são de uma ousadia nunca antes ousada.
Acho que ele já tinha um estilo que as influências só foram aperfeiçoando e fortificando.
É muito bom, como já disse antes, ver o que gosto e saber dos como, onde e quando. Dá quase para descobrir porque eu gosto.
Não sabia que a influência japonesa foi tão grande. Até mudei um pouco de idéia e passei a respeitá-la mais, porque em alguns artistas, como Van Gogh, não gostei dos resultados.
Parabéns pelo texto e obrigada pela sabichonice!
Até outros mais.
Caríssima Donana,
ExcluirEu gosto muuuuito das artes "desse cara". O pequeno e estiloso conde foi um gigante! E “sabichona” é a senhora ao resumir em duas frase todo o meu blábláblá – me desculpe! - a respeito dos cartazes do pequeno conde: “Desenhos chapados, muito coloridos e sem sombras e hachuras e nem por isso sem volume e movimento. As linhas desse cara são de uma ousadia nunca antes ousada”
Brava!
Concordo que é sempre muito bom descobrir “os como, onde e quando” daquilo que gostamos e/ou não gostamos embora, ao fim e ao cabo, duvido que alterem o nosso gostar (rsrs) Mas fico feliz de saber que a senhora mudou “um pouco de ideia” sobre a influência japonesa. Durante muito tempo pensei que a tal japonice morava , por exemplo, no horroroso retrato de Madame Monet de quimono.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/99/Claude_Monet-Madame_Monet_en_costume_japonais.jpg
Depois visitei Giverny e vi pitadas orientais por todos os lados: na ponte, nos chorões, nos próprios nenúfares, na coleção de gravuras ukiyo-e pendurada nas paredes da casa. E decidi que a tela da esposa fantasiada fora apenas uma piada, um comentário satirizando a nipomania que, naquele momento, contagiava a todos.
Da mesma forma não foi de saída que percebi que aquelas estupendas mulheres no banho e/ou penteando os cabelos e/ou lendo uma carta , cometidas por Degas e Mary Cassat tinham sido inspiradas pelas tintas e cores das representações voyeurísticas de garotas japonesas nas suas atividades cotidianas
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fd/Hashiguchi_Goyo_-_Woman_in_Blue_Combing_Her_Hair_-_Walters_95880.jpg
//
https://www.wikiart.org/en/mary-cassatt/the-letter-1891
Note que além de compartilhar temas semelhantes, as pinturas impressionistas e as pós e as xilogravuras japonesas comungam de uma abordagem única à perspectiva. Muitas vezes, a visão é de cima exatamente como Camille Pissarro eternizou o seu Boulevard Montmartre e Degas os seus ensaios de ballet nos permitindo ver tais cenas em sua totalidade.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/de/Edgar_Germain_Hilaire_Degas_009.jpg
E se a senhora olhar,por favor, para o canto esquerdo inferior dessa pintura de Degas descobrirá o pai daquele braço de violoncelo que o Lautrec cometeu no poster da Jane (rsrs)
“Até mais”
Caríssimo,
ResponderExcluirNessa viagem, fiquei na dúvida se eu era um dos que colavam os cartazes ou um dos que corriam atrás dos coladores. Na verdade, acho que antes de sair para colar eu tratava de reservar sempre os meus exemplares particulares. Abração.
Mestre Heraldo,
ExcluirFazer o quê quanto à poderosa lei da oferta e demanda? Diz Dona Lenda que rolava, naquelas paragens, um concorrido mercado negro de cartazes. As ótimas condições de alguns dos exemplares sobreviventes, sem ponta de cola, sugerem que os prezados "coladores" reservavam, sim, alguns exemplares novinhos em folha e descolavam uma grana dos "colecionadores"
Abração
Pimentel dá sequência aos cartazes elaborados por mestres famosos, que, ao mesmo tempo onde mostravam seus talentos, anunciavam a frenética noite parisiense.
ResponderExcluirNo último artigo que versou sobre este tema, comentei sobre Toulouse Lautrec, que vejo no texto de hoje ter sido abordado.
Logo, deixarei de ser repetitivo nos meus costumeiros elogios à obra magnífica de Pimentel, que nos informa, ensina, e nos faz gostar de uma arte muito especial, a pintura, para agradecer-lhe, pelo menos, pelo compêndio maravilhoso que já dispomos, a ponto de eu afirmar que não existe um blog tão extraordinário quanto esse em termos culturais - Conversas do Mano -, um oásis cultural.
Um forte abraço.
Saúde e paz, Pimentel.
Chicão,
ResponderExcluirPois é. Eu bem que li, mais atrás, no post do Chat Noir, o seu comentário profetizando Toulouse-Lautrec e a Art Nouveau nas Conversas. Mas para evitar spoilers preferi responder sugerindo-lhe teclar sobre as tavernas que " inspiraram Puccini" (rsrs) Saber que você, enquanto escuta as óperas do seu encanto, passou a apreciar também a pintura é o maior elogio que você poderia fazer aos meus rascunhos. Um brinde à arte - e à Anna! - e muito obrigado pelo incentivo das suas boas palavras.
https://www.youtube.com/watch?v=IDvE8uKWznc
Abração
1) O Moacir está fazendo uma ótima radiografia da vida noturna parisiense.
ResponderExcluir2) Parabéns e obrigado sempre pelo bom gosto.
Antonioji,
ExcluirNinguém fez uma melhor radiografia da vida noturna de Montmartre do que o artista em pauta: Toulousse-Lautrec.
Penso que os porquês e comos dele transformar o submundo do bairro em sua matéria dão samba e/ou motivo para outras conversas. Obrigado a você pela atenção e bom final de semana.
Abração