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Francisco Bendl
Quarta-feira,
1º de agosto de 2018.
Mês que
sempre esteve envolto em expectativas e tragédias para o brasileiro, além de
longo e sem feriado algum.
O dia
amanheceu radiante.
Apesar do
sol faz frio. Neste momento, 5º Celsius às 7h!
Os dias de
inverno são muito belos, nítidos, claros, assim como deveria ser a vida do
brasileiro, em razão de nascer e viver em um país que é sinônimo de paraíso!
No entanto,
a realidade faz de nossas existências, nesta nação, que se tornem geladas, frias,
pois queremos estar na cama e nos esquentando com bons cobertores, protegidos
em nossos quartos por mais simples e modestos que sejam.
Não é possível,
o dever nos chama.
Trabalho,
compromisso, obrigação, cuidados para que não sejamos vítimas de assaltos,
muita atenção no trânsito, alerta permanente quanto ao humor do chefe, muita
paciência.
Exigências
que são excessivas, convenhamos, praticamente não nos restando qualquer opção
para que relaxemos deste estado de prontidão constante, sobre o que poderá
acontecer conosco durante um dos dias de agosto!
Devemos
estar preparados para enfrentar trinta dias que estão à espreita de algum erro
nosso, que vacilemos, que não consideramos as probabilidades.
E ouço a
abertura da Ópera Brigada Ligeira, de Franz von Suppé:
E, de modo
que eu me prepare melhor para sobreviver ao agosto – mês de cachorro louco,
como se dizia na minha época -, também ouvi, de Rossini, uma parte da ópera
Guilherme Tell, um herói suíço, aquele arqueiro que precisa acertar a maçã na
cabeça do seu filho:
Impregnado
pela música dessas duas canções, encontro-me em condições de elaborar a minha
“agenda” para esses trinta e um dias que terei pela frente, haja vista eu me
sentir vigoroso, destemido, preparado!
Penso daqui,
penso dali, repenso, paro.
Imagino
outro modo de viver o mês:
Penso daqui,
penso dali, repenso, paro... que bobagem é esta minha, de um velho aposentado
ter agenda??!!
E que
problemas terei de enfrentar, se apenas fico em casa?!
O que poderá
me acontecer, se as minhas horas na maior parte do dia são consumidas em frente
ao micro?
Dia desses
me vi escrevendo uma receita de cueca virada... (brinco com as atendentes das
padarias quando peço “ceroula do avesso”)!!!
Desfaço-me
mentalmente das músicas que me deixaram com o espírito beligerante, atiçado,
pronto para a briga!
A minha vida
é só paz, logo, agosto será rigorosamente igual.
Ouço, agora,
de Richard Rodgers, a maviosa e belíssima canção Edelweiss, com a não menos
extraordinária orquestra de André Rieu:
Se não tenho
agenda porque desnecessário, projeto os meus dias com relação às contas do mês:
Água, luz,
telefone, Internet, TV, aluguel, farmácia, supermercado, combustível, padaria,
frutas, legumes, bebidas, compras para os netos, cartão de crédito, empréstimo
bancário, uma que outra emergência ou gasto sem previsão, além de eu ter de ser
como um exímio espadachim porque o salário é pago com atraso pelo governo
estadual!
Como?!
Escrevi que
a minha vida é só paz??!!
De que
maneira vou dar conta desses pagamentos sem dinheiro??!!
Agosto se
tornou um suspense terrível!!!
Nos
primeiros quinze dias:
A última
quinzena, então:
E depois são
contas inadiáveis, improrrogáveis, que devo dar um jeito.
Preocupações
à parte, haja vista que o problema sem solução, solucionado está, volto a ter o
meu espírito tranquilo, calmo, sereno.
O coração velho
de guerra já pela metade não pode estar se aventurando com grandes emoções,
precisa ser preservado, caso eu queira viver mais algumas horas!
Em
consequência, o suspense deixado de lado... me vem à mente o país, o povo, e
meu coração palpita de novo, e bate mais forte porque estamos em ano de
eleições!
Perdi a
conta de quantas vezes votei na minha vida.
Lamentavelmente
meus sufrágios não contribuíram para que este Brasil melhorasse, logo, acho que
novamente votar não irá alterar o quadro atual, mas há sempre a esperança que
agora vai.
Bom, se
pensar no mês de agosto não me fez bem, sobre a crise brasileira muito menos.
Legal seria
sair do país, residir na Escandinávia, frio por frio...
Dar adeus
aos problemas, às dificuldades, à política nacional.
O filme
Sayonara, Japonese Goodbye, lançado em 1957, estrelando Marlon Brando, tem como
trilha sonora a música ideal para esta despedida:
Epa, péra
lá!
Não vou
poder levar a minha família. Filhos, netos, irmão, eles têm as suas vidas no
Brasil. Vai ser pior a emenda que o soneto!
Viagem
descartada.
Volto para o
Brasil, à minha casa, e meus pensamentos fixados em agosto e suas tragédias:
Getúlio se
suicidou;
Jânio
renunciou;
Juscelino
morreu;
Início da
Primeira Guerra Mundial;
Morte de
Elvis Presley;
Morte da
princesa Diana;
Lançamento
das duas bombas atômicas, em Hiroshima e Nagasáki;
Bah, mas
estou sendo ridículo em estar superestimando meus problemas, definitivamente eu
não os tenho!
O negócio é
deixar a vida me levar:
Agora,
sempre com determinação, com fé, e se a felicidade demorar para chegar, um dia
ela vem, tá escrito na palma da mão:
Passa do
meio dia, vou almoçar.
A Marli fez
uma carne assada com batatas, arroz, feijão, salada de alface, tomate e ovo
cozido, mais uma omelete de espinafre.
Mesmo quem
esteja sem fome, basta olhar na mesa os alimentos postados que devorará a
comida!
Eu estou
esfaimado, logo...
Precisei
sair, após a lauta refeição.
Peguei o
carro, liguei o ar-condicionado no quente, 25º Celsius, e sem atropelos fui à
farmácia.
Aproveitei
para lavar o carro, e iniciar um novo mês com o automóvel limpo, pois choveu
muito na semana passada.
O rodar
suave do veículo, sem a necessidade de se fazer marchas porque automático, a
lataria brilhando, um trajeto percorrido mesmo pequeno, mas agradável, me
fizeram voltar para casa animado.
Curiosamente,
eu queria a minha rotina.
Sentar-me em
frente ao micro e escrever, me distrair, anotar as observações do dia,
registrá-las.
O meu dia
primeiro de agosto está no fim. Foi muito bom. Nada diferente do que estou
acostumado a fazer nos últimos anos.
Como será a
quinta-feira?
Ora, ora...
fantástica!
Imaginemos
que será um balão mágico, que poderemos viajar para onde queremos, levando
nossos amigos para passear e nos divertir:
O Sr.FRANCISCO BENDL, lá de Rolante-RS, extremidade da próspera Colônia Alemã de Sao Leopoldo no Rio Grande, quase no alto da serra, nos conta sua rotina simplificada de um dia Primeiro de Agosto, frio de Inverno
ResponderExcluirDepois de pensar no folklore Brasileiro, que diz ser Agosto, mês mal humorado, eleva seu Espírito ouvindo boa Música Clássica, e parte para as tarefas.
Meio dia, depois de excelente almoço preparado pela Prof. D. MARLI, que também me aguçou o apetite pois sou fan de carne assada com batatas, pegou o carro, ligou o ar quente, e me recordou do meu primeiro carro um Volks 72, que tinha excelente ar quente com o qual eu varava, em perfeito conforto térmico os campos de cima da serra da BR 116, nas madrugadas de inverno cheias de brancas geadas.
Depois de compras e lavagem do automóvel, volta feliz para casa.
Como ponto culminante, o Sr. FRANCISCO BENDL recorda o tempo de escrever, via Internet, com o qual deixará a sua "marca", e que marca Literária bonita.
Abração.
Mestre Bortolotto,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e pelas palavras gentis.
Olha, escrever apenas sobre um dia de nossas vidas é complicado.
No entanto, fui guardando na memória os passos que dei neste dia, que iniciava o mês de agosto, sempre trazendo consigo certas apreensões.
E, foi conforme relatado, a minha quarta-feira, que teve altos e baixos quanto à tranquilidade que pretendemos neste estágio de vida que nos encontramos.
Aprendo que dificilmente poderemos comandar um dia que seja, pois estaremos à mercê das circunstâncias e dos acontecimentos alheios à nossa vontade.
Apesar de a música servir tanto de inspiração quanto de nos causar a paz tão sonhada ou lembranças de um passado saudoso, os compromissos que temos para subsistir ainda continuam, que, de certa forma, nos fazem agir e mantermos um estado de prontidão necessário.
Tu estás nos devendo um artigo de tua autoria, mestre.
Um forte e grande abraço.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Bendl,
ResponderExcluirDesde ontem estou lendo/ escutando o seu post, que é BRILHANTE já a partir da ilustração que o inaugura: um DJ em preto e branco. Pois é. Nada mais adequado: quem disse que você acredita nos cinzas? (rsrs)
Salve, MC Chicão de espírito imbatível apesar do frio e das contas! Muito obrigado pelo casamento feliz e bem humorado dos seus texto e trilha sonora , por essa mistura hilária dos filmes das nossas vidas ao som do Rossini, do tema de Tubarão, de Psicose, de Sayonara , de Edelweiss, do Pagodinho e do Clube do Bolinha – “Comer, comer, comer,comer, o melhor para poder crescer” (rsrs)
Lendo as suas pretinhas e ouvindo a sua música me lembrei de duas outras canções. A primeira, do grande Milton , se chama Bola de Meia, Bola de Gude e nos diz que “há um passado no seu presente, há um moleque morando sempre no seu coração e que toda vez que o adulto balança ele vem pra lhe dar a mão”. A segunda todos nós escutamos com nossos filhos sem imaginar que, um dia, seríamos os velhinhos embranquecidos do filme (rsrs)
https://www.youtube.com/watch?v=-Gsdp2zSCjY
Apesar de tudo, temos feito uma bela viagem que ainda não descoloriu: há que aproveitar cada segundo das nossas abençoadas rotinas sem esquecer as tintas!
Meus sinceros parabéns pela criatividade do texto musical, pelo talento que me fez RIR ALTO e, muito principalmente, por essa sua teimosa, rebelde e às vezes destemperada - “não se pode mesmo aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal” – mas tão rara e formidável infância.
Abração
Caro Pimentel,
ExcluirDo alto da tua brilhante inteligência, deves ter percebido que nada melhor do que rirmos de nós mesmos, e é exatamente o que faço comigo!
Se consigo extrair risadas dos meus amigos, ótimo, a intenção foi atingida.
Claro que a mensagem que eu quis transmitir é que temos de ser alegres, divertidos, mas não podemos deixar de lado nossos compromissos, além da consciência que existem pessoas sempre em piores situações do que as nossas.
Enfim, tenho em conta, Pimentel, que na razão direta de estou mais perto do fim que do começo, posso me dar o luxo de rir, de brincar, e transmitir esses momentos bons para meus amigos.
Muto obrigado pelo comentário, que me deixa envaidecido, mesmo eu sabendo que meus rabiscos estão muito longe dos teus artigos memoráveis, brilhantes, que ensinam, e não apenas divertem como os meus ou algo parecido.
Digamos que meus textos sejam uma espécie de recreio depois das aulas que nos ministras, então a leveza, a música, as brincadeiras, até voltarmos à sala de aula para dar continuidade às tuas lições tão importantes.
Um grande abraço.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Olá Francisco amigo,
ResponderExcluirJá tinha lido num spoiler descarado, mas li no blog com um frescor inesperado. Tão boa de ler esta sua crônica!
Apesar do mes de cachorro quarta-feira deve ser um dia bom para você. E feliz porque vai caminhando pelas palavras e pelas músicas.
Passa pela cavalaria, como um burgomestre atiça o Guilherme flecheiro, pensa, logo para. E uns dias tranquilos tem pela frente passeando de mãos dadas com Edelweiss pelas montanhas. Tem recaídas psicóticas para ser salvo pelas gueixas, sempre rodeado de mulheres!!! Mas elas te dão um belo sayonara mas o Zeca deixa a vida te levar. Acrescento "Vamos, com fé eu vou, com fé não costuma faiar". E num Balão Mágico dá um giro com os netos pelo mundo.
Obrigada pelo ótimo texto e pelos risos despertados.
Até mais.
Minha cara amiga dissidente, Aninha,
ExcluirObrigado pelo teu comentário.
Alegro-me que tenhas gostado.
Na verdade, do alto dos meus 68 no lombo, temos de buscar momentos que tornam a vida mais leve, mais fácil, mais amena.
E nada melhor do que rir, ouvir música, e querer que esta satisfação mesmo que momentânea seja espraiada para quem se gosta, para os amigos, e de quem aprecia entender a vida como memorável!
E como ela (a vida) se apresenta de várias maneiras, que pescaste muito bem tais nuances, entendeste o meu estado de espirito enquanto eu escrevia esta crônica, se é que posso chamá-la assim.
Música erudita, internacional, popular, para criança, samba, uma variedade de ritmos como é a nossa existência, ao termos dias bons, ruins, amargos, saudosos, excelentes, radiantes, prazerosos, inesquecíveis ... uma gangorra.
E quando nos sentimos desta forma, com a idade avançada e o dever cumprido como marido, pai e avô - ah, Aninha! -, o teclado bate sozinho, no automático, diante de tantas experiências que temos para contar, ainda mais quando reportadas ao dia a dia, ao cotidiano.
Um forte abraço, respeitoso, como sempre.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
1) Salve Chicão, agosto pra tudo, outros meses idem.
ResponderExcluir2) Morro de frio por estas bandas cariocas. Graças a acupuntura semanal estou me tornando mais resistente à Estação atual.
3) Obrigado por sua crônica falando de sua cidade e dos seus afazeres.
Salve, Rocha,
ExcluirObrigado pelo comentário.
Deverias passar uns dias no RS no inverno, pois terias a sensação do verdadeiro frio, ainda mais com chuva!
Quando te referes ao inverno carioca, confesso que acho graça, haja vista a fantástica diferença entre nós brasileiros de outras Regiões.
Enfim, características de um país com dimensões continentais.
Abração, meu caro.
Saúde e paz.