As 81.258 matrizes de madeira para impressão completa do Tripitaka, entalhadas uma por uma no século XII pelos monges do Templo de Haeinsa (imagem Reddit) |
Antonio Carlos Rocha
Outro dia, bem na hora do almoço, encontrei com o Bispo Cardoso e sua
esposa, Lúcia, do Templo Hoshoji, Itaguaí, RJ, Budismo Primordial HBS.
O encontro foi no Clube Renascença, no bairro carioca do Andaraí, RJ.
Era uma reunião com vários amigos em comum.
Na ocasião Hakuei Cardoso me entregou o livro “Coletânea de Versos do
Budismo Primordial”, edição bilingue japonês português, 464 páginas.
Lembrei ao Cardoso que, dois anos antes das Comemorações do Centenário
da Imigração Japonesa, eu fui iniciado no Rio como Gakutô (auxiliar sacerdotal)
pelo então bispo Kyohaku Correa, de Curitiba, PR, e recebi o nome “Hakuan” que
dizia-me ele, significava Serenidade.
E é assim, com serenidade e alegria que tenho me conduzido no
aprendizado desta senda. Falei para ele, Cardoso, que as duas primeiras sílabas
“Haku” dos nossos nomes, eram as duas últimas do nome do nosso professor
Kyohaku, Odoshi, preceptor e mestre, uma seqüência que vem de Nichiren e por
sua vez do Buda Sakyamuni.
Correa é formado em Língua Japonesa no Japão, onde viveu onze anos
consecutivos, tem mestrado na área, tradutor gabaritado, portanto, um grande
mestre, além de ser agora Bispo Superior da HBS. A característica desta ordem é
que os religiosos(as) podem casar, ter filhos, constituir famílias, trabalharem
normalmente etc.
O livro em questão foi escrito por Mestre Nissen (1817-1890),
consagrado poeta e monge fundador da HBS (Honmon ButsuryuShu = Budismo
Primordial). Antes da HBS, ele foi monge Zen e Nichiren, não lembro as
linhagens.
Ao longo da vida Nissen escreveu 3.380 versos, no estilo Waka, trinta e
uma sílabas. Ele ia estudando as Escrituras Budistas e reescrevia na forma
poética. Deste modo temos uma panorâmica do Tripitaka e do Sutra Lótus. O
volume traduzido no Brasil tem 1.772 versos.
Aos poucos, mediante a permissão e paciência de vocês, irei comentar
algumas pequenas estrofes, uma de cada vez.
É um belo trabalho de Literatura. E, o que significa aquela sigla do
título? São as inicias do meu nome completo. Literariamente fiz um acróstico.
Abraços Primordiais!
Prá quem como eu, que é fascinado por biblioteca - não abro mão do livro, e me nego a ler pela Internet -, o artigo do professor Rocha é primoroso!
ResponderExcluirMas eu queria me ver no meio dessa quantidade de livros fantásticos, reproduzidos na gravura, e caminhar entre as prateleiras imensas e poderosas onde os livros estão depositados e expostos.
Claro, eu precisaria falar japonês, me aprofundar no idioma nipônico, mas não tenho mais tempo.
Pois este texto em tela, comprova o quanto o Blog do Mano é primordial para nosso deleite, para nossa cultura, nossos conhecimentos, e a satisfação de ler postagens como esta, a respeito de livros, primordiais para nosso desenvolvimento.
Forte abraço, Rocha.
1)Este é um dos vários motivos que explicam a minha admiração pelo Chico Bendl, estou gratíssimo por suas honrosas palavras.
ResponderExcluir2) Agradeço também ao Mano pelo seu ótimo espaço virtual que sempre nos brinda com textos de vários colaboradores maravilhosos, e as ilustrações que Wilson encontra são "Nota 10" como a de hoje.
3)Chicão, amigo, convido vc para, na próxima reencarnação/renascimento estudarmos desde cedo o japonês e assim podemos ler, pesquisar e consultar na biblioteca acima.
4) Quem deve gostar é a Ana, tantas xilogravuras...
5)Abraços em todos (as).
Olá Antonio Hakuan,
ResponderExcluirPara conquistar essa serenidade é preciso ter muita serenidade. Que filosofia complicada! Não sei se guardo os nomes, as hierarquias ou entendo o texto.
As mais de oitenta mil matrizes de xilo para impressão e a biblioteca onde estão conservadas desde o século XII devem ser uma das maravilhas do mundo.
Privilégio de poucos.
Conversar com você é realmente tomar conhecimento de coisas bem desconhecidas.
E viva a serenidade nesses tempos conturbados! E viva a Alegria para seguir por esses caminhos nossos, mais de muitas vezes tristes, sem largar tantos pedaços no caminhar!
Até mais.
1)Oi Ana, obrigado pelas palavras.
Excluir2)As matrizes estão no Japão e em um mosteiro da Coreia do Sul.
3)Bom domingo para todos (as) com muita paz, serenidade e alegria.
Antonioji,
ResponderExcluirEu sou fascinado pela Ásia - com ênfase pelo seu sudeste- pelas velhas matrizes de madeira para impressão, pelas belas caligrafias chinesa e japonesa, pelas crenças milenares, pelas preces em forma de bandeiras coloridas, por templos budistas no topo de montanhas, no meio de florestas, à beira de rios ensolarados e/ou arrozais e assim por diante. Já li sobre o oriente romances, livros de guerra, relatos de viagens, poemas épicos e, é claro, o Tao Te Ching e a Arte da Guerra dos prezados Lao-Tzu e Sun-Tzu e/ou - dizem! - alguns ghost writers (rsrs) E já perambulei por tais paragens o suficiente para saber que de tudo isso eu nada sei. Aquilo é outro universo!
No entanto tenho o maior respeito por quem faz o que eu não seria capaz de fazer, por quem realiza tarefas muito além das minhas habilidades como, por exemplo, entender a mente oriental, acreditar, reescrever as escrituras budistas na métrica e no ritmo de milhares versos e, mais difícil ainda, traduzi-los para o português como fizeram os Mestres Nissen e Correa. Portanto vou aguardar, ler, aprender e comentar com muito interesse todas as estrofes que nos apresentar. Obrigado e namastê!
1) Salve Pimentel, vc é um afortunado, andou pela Ásia...
Excluir2) Os dos mestres citados são, realmente, impressionantes em matéria de conhecimento. o Nissen era japonês e o Correa é brasileiro, mora atualmente em Lins, SP.
3)Aos poucos, vez por outras, irei citar aqui alguns destes versos.
4) Obrigado e abração. Bom domingo de harmonia !