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Antonio Rocha
O título de um ótimo livro que li é Misoginia Medieval, o subtítulo
completo: “E A Invenção Do Amor Romântico Ocidental”, autoria de R. Howard
Bloch, professor da Universidade da Califórinia, publicado pela editora 34, em
1995, 280 páginas.
Diz-nos o autor: “A noção de fascinação romântica que governa o que
dizemos sobre o amor, o que dizemos àqueles que amamos, o que esperamos que
eles nos digam (e dizer que eles dizem), como agimos e esperamos que eles ajam
não existia na tradição judaica, germânica, árabe ou hispânica, na Grécia ou na
Roma clássica, ou no início da Idade Média. O amor romântico tal como o
conhecemos não surgiu até aquilo que algumas vezes se chama a renascença...”.
O professor Luiz Costa Lima (PUC-RJ), afirma: “Publicado originalmente
em 1991, o Misoginia Medieval é um dos livros mais conceituados que as ciências
humanas produziram nas últimas décadas”.
Misoginia, o dicionário nos diz que é “repulsa ao sexo feminino”, mas,
sabiamente, as mulheres conseguiram reverter esse quadro e hoje imperam na
mídia, na política e breve em outras áreas, principalmente em dias de carnaval
carioca.
Para fascinação de todos nós que nos maravilhamos com as divinas formas
dos corpos femininos.
Ou seja, o romantismo se tornou um estilo de época da Literatura, a indústria
do cinema e da cultura de massa: radionovelas, fotonovelas, telenovelas
estimulou muito a ilusão e fantasia romântica.
Isto é, romantismo é uma coisa, amor é outra.
Certa amiga costuma dizer, na faculdade. “Amor Romântico e Amor
Platônico são semelhantes, quase sinônimos”. E quando alguém pedia maiores
explicações ela dizia sorrindo: “O amor platônico é muito plá... e pouco tônico”.
Fica só blá... blá... blá...
Mas eu concordo com o Dalai Lama, quando afirmou em um de seus livros
recentes traduzidos no Brasil: “As mulheres vão dominar o mundo”. E eu concordo
plenamente.
Homem só sabe fazer guerra... se bem que tem algumas amazonas que também
adoram um conflito...
Essas incompletudes, talvez não sejam nem só dos homens, nem só das
mulheres, mas da espécie humana.
Antonioji
ResponderExcluirPenso que essa resenha não começou na Idade Média embora seja preciso admitir que com os cintos de castidade o amor devia ter dificuldade de ser mais do que romântico (rsrs) Hoje já se sabe que a paixão é alimentada pela ocitocina, um hormônio liberado pelo cérebro nos orgasmos, no parto e na amamentação. Tudo pela sobrevivência da espécie. Mas os hormônios não explicam porque nos apaixonamos por essa e não por aquela mulher, nem a tal da "química" nem muito menos qual é o gatilho da paixão. Porém....
A representação mais antiga de um casal amoroso mora no Museu Britânico, tem cerca de onze mil anos e se chama Os Amantes de Ain Sakhri. A estatueta, que foi escavada em uma caverna no deserto da Judéia, à primeira vista parece uma pedra, um seixo, mas trata-se de uma reflexão sobre o amor físico e retrata claramente duas figuras em um abraço e, seja de que lado você a olhe, tem forma fálica.
https://en.wikipedia.org/wiki/Ain_Sakhri_Lovers#/media/File:Lovers_9000BC_british_museum.jpg
O formato e o conteúdo da escultura parecem refletir a compreensão da necessidade da participação masculina na reprodução, que antes era percebida como um "milagre" exclusivamente feminino do qual não participávamos. Ora, o artista desconhecido que cometeu a estatueta dos amantes era membro de um dos primeiros povos a domesticar os grãos e os animais. Sucede que o advento da agricultura teve profundas implicações em como os humanos viviam e mudou radicalmente a maneira como eles pensavam.
Toda a iconografia sagrada anterior à agricultura é de deusas grávidas - as Vênus pré-históricas - o que nos faz supor, baseados na lógica, que nos seus primórdios a humanidade se organizou em cavernas matriarcais. Os deuses masculinos foram criados justamente para explicar o comportamento animal, a fertilidade e os ciclos sazonais das colheitas. Portanto eu estou entre aqueles que acreditam que foi nesse ponto da estrada, quando se tornou agricultor, se descobriu capaz de gerar filhos da sua semente e de ter herdeiros para os seus estoques - sacos de grãos e barris de cerveja! - que as ideias de posse e de herança falaram mais alto e o homem inventou o patriarcado no qual durante milênios as senhoras foram, infelizmente, condenadas a exercer uma cidadania de segunda, sob a tutela de seus donos: pais e/ou maridos. Torçamos para que a atual guerra dos sexos tenha um desfecho pacífico e que possamos continuar a namorar (rsrs)
Abração
1)Obrigado Pimentel, muito bom o seu comentário.
ResponderExcluir2)Como eu levo tudo para o lado espiritual, aprendi e concordo, que o "gatilho da paixão" está no carma, nas vidas anteriores, porque escolhemos essa e não aquela... os textos dizem que firmamos um "acordo", como se fosse um "contrato" antes de renascermos:
- Ó, vamos repetir a dose e aparar esta ou aquela aresta e tal...
E assim vem os filhos, netos e parentes, amigos etc. Quando surgem problemas também tem a ver com o "outro lado". Parece muito teórico ou fantasioso o que estou escrevendo, mas só vamos ter certeza na outra dimensão.
3) Abraços de boa semana.
Olá Antonio budista,
ResponderExcluirSó para completar o que disse a sua amiga do " muito plá e pouco tônico", uma frase que li há tempos num viaduto em São Paulo, "Para curar um amor platônico nada melhor do que uma transa homérica".
Não estamos mais nessa fase de amores e transas muito filosóficas, mas gosto de escandalizar filhos e noras e irmãs quando perguntam ao telefone se estão atrapalhando, dizendo que estávamos fazendo sexo selvagem! (rsrsrs)
Verdade é que nós mulheres, apesar de todo nosso progresso nas fitas e nos fatos, nos emocionamos com uma estória romântica. Como bem escreveu Adélia Prado "Nem me adiantou envelhecer,
partes de mim seguem adolescentes
estranhando privilégios."
Não sei se acontece o mesmo com vocês homens, tanto tempo reprimidos!
Obrigadinha de todo.
Até mais.
1)Obrigado Ana, seu comentário me fez lembrar uma frase que já citei em outros lugares, não sei se já falei aqui no blog do Mano:
ResponderExcluir2)"As mulheres vão dominar o mundo" = Dalai Lama.
3)Então li uma mulher comentando: talvez não seja bom, pois algumas mulheres são muito cruéis.
4) Ponderei... pode ser bom ou ruim, o futuro dirá...
5)Abraços de boa semana para todos (as).
O Dalai Lama já foi melhor em outros tempos.
ResponderExcluirA afirmação que fez, que as mulheres dominarão o mundo, é digna de quem as desconhece totalmente, querendo apenas inverter a situação atual no mundo, que são os homens que mandam, então esse caos que vivemos.
Homens e mulheres é que deveriam comandar as suas vidas e, em consequência, CONTROLARIAM o mundo muito melhor do que está atualmente.
Atribui-se à mulher, hoje em dia, uma carga de trabalho insuportável.
Além de trabalhar fora, cuida da casa, dos filhos, lava, passa, cozinha, paga as contas, e precisa esperar o marido em condições de ainda exercer no sujeito atração para as obrigações conjugais!
É muito para uma pessoa só, além de se ver traída e mal tratada pelos seus companheiros ou até mesmo maridos.
Não é da natureza feminina esse domínio masculino, essa superioridade imposta à força.
A mulher é muito mais sutil, inteligente, sagaz, esperta, e sabe manipular o homem quando quer.
De certa forma, ela domina mesmo aquele que se acha o mais importante sujeito do mundo, pois usa seus atributos naturais para fazê-lo ronronar como um gato!
Dalai Lama, que somente viveu entre homens, pois é um monge, desconhece a mulher, a sua força, eficiência, eficácia, comparando-a com os homens quando tiver o poder, mas ela já o tem, apenas não o exerce porque não quer.
Valeu, Rocha, mais um artigo interessante dos tantos que tens postado.
Um abraço.
1) Oi Bendl, obrigado pelo comentário.
Excluir2)Vamos aguardar o futuro e vamos ver quem vai dominar ou se serão: homens e mulheres, equilibrados no domínio.
3)Abração
Prezado Prof. Dr. ANTONIO ROCHA,
ResponderExcluirDesculpe o atraso, mas quando o Assunto é o Amor Romântico que apareceu +- na época da Renascença, e escrevem Pessoas de um calibre como o Sr. MOACIR PIMENTEL, Sra. ANA NUNES, Sr. FRANCISCO BENDL, etc, toma tempo argumentar.
Aparentemente o Amor Romântico, exemplificado pela Literatura de Lancelot & Guinevere, Romeu & Julieta, etc, era essencialmente "paixão".
Para as antigas Civizacoes Grega e Romana, especialmente os Judeus que através do Cristianismo, que no início foi uma Seita Judaica, como os Fariseus, os Saduceus e especialmenteos Essênios, o casamento, embora exigindo a concordância dos Noivos, era pragmático e não Romântico, concretizado num Contrato entre as Partes, o Ketubá.
A nós nos parece que os Judeus e Cristãos antigos tiveram o enfoque mais correto da questão: Amor Matrimonial.
Porém é inegável que o Amor Matrimonial Romântico gera uma Literatura, muito mais comercial, de ótima vendagem de Livros.
Abracao.
1)Concordo plenamente Mestre Bortolotto e em tudo isso vejo a força da Literatura, muito grande.
Excluir2)Aliás, respeitosamente, sempre digo que O Criador que tem muitos nomes é um amigão,simpatizante das boas Leituras, pois Ele, ao longo dos milênios escolheu as Artes Literárias para se manifestar nos variados Livros Sagrados das Religiões.
3)Deus tem bom gosto, convenhamos.