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04/10/2018

Sábado

imagem SunSentinel



FranciscoBendl
Sábado, 11 de agosto de 2018.
Chove muito desde ontem à noite, sem parar.
A temperatura está baixa, tendo nevado em Gramado e em São José dos Ausentes, cuja cidade tem este nome por motivos óbvios!
Agora, seis e meia, o termômetro marca 4º Celsius!
A sensação de frio é maior pela chuva ininterrupta, beirando ZERO graus Celsius.
O sábado se apresenta preguiçoso, lento, sem atração. Típico dia para ficar embaixo das cobertas, assistindo TV, e sair da cama só para as devidas necessidades, pois até o almoço e jantar devem ser feitos no berço esplêndido!
Depois do almoço, um filmezinho na Netflix ou um seriado, e o dia se foi embora.
O dia foi improdutivo, inútil?  Eu diria que não.
Merecemos e precisamos do descanso, do ócio, de se ter um momento onde nos desligamos do cotidiano e gastar o tempo em nosso proveito e deleite, e com o frio que está fazendo, molhado, que não dá para sair de casa pelo desconforto, a solução é ficar em casa absolutamente à vontade.
Assisti, à tarde, bem acomodado na minha poltrona, que é reclinável e tem apoio para os pés, um documentário vigoroso, verdadeiro, que escancarou o governo norte-americano com relação à Guerra do Vietnã (na verdade o seu final, pois comecei a vê-lo na sexta-feira, à noite).
Um dos períodos mais dantescos da nossa História, perdendo apenas em número de mortos e prejuízos materiais para as duas Guerras Mundiais.
O documentário tem a grandiosidade de mostrar o quanto o povo é manipulado pelos governantes, o quanto mentem para a população, e o poder que possuem de mandar para a morte centenas de milhares de pessoas como se não fossem seres humanos, meramente uma espécie de homens que estão para ser usados e descartáveis nessas ocasiões, onde a política é incompetente, mal intencionada e a vida alheia é sem qualquer valor!
A saga do Vietnã é mostrada sem panos quentes, começando após a Primeira Guerra Mundial quando a Indochina (Laos, Camboja, Vietnã, Tailândia e a antiga Birmânia, hoje República do Myanmar), passou a ser colônia francesa.
O documentário é dividido em dez etapas, de uma hora e meia cada uma, portanto são dezessete horas ininterruptas de filmes e imagens da época, que compõem um documento histórico importantíssimo (eu até quero ver se não há como gravar este seriado, pois somado aos livro e revistas que tenho sobre esta barbárie, eu teria um acervo poderoso a respeito).
Recomendo de olhos fechados para quem tem a Netflix, que assista este documentário, A Guerra do Vietnã, que vai se surpreender pelo que verá e ficará sabendo, diante de alguns fatos que eram mantidos em segredo pela Casa Branca.
E, nós, no Brasil, quais seriam os segredos do Planalto?!
O que estaria sendo escondido do povo?
Conversas do Mano não é um blog político, então tenho de respeitar as regras, e não vou insistir.
No entanto, os americanos perderam quase cinquenta e nove mil soldados nesta escaramuça infeliz, que durou dez anos (65/75), e tombaram mais de dois milhões de vietnamitas!
Nesta nossa nação, que pode ser considerada paradisíaca, morrem setenta mil pessoas a cada ano vítimas da violência! Se eu considerar o tempo que a Guerra do Vietnã perdurou, contabilizaríamos setecentos mil brasileiros mortos que, supostamente, vivem em paz!
E, eu, preocupado em sugerir que assistam o documentário sobre o Sudeste Asiático, se no Sul do continente americano existe uma guerra DEZ VEZES mais cruel e hedionda que a do Vietnã!!!
O sábado foi o dia que constatei, alarmado, que não somos apenas iludidos pelas autoridades, mas enganamos a nós mesmos!
Viramos as costas para a realidade. Criamos o nosso mundo à parte e achamos que estamos seguros, fortes, intocáveis.
Entretanto, o inesperado nos espreita.
A nossa Nêmesis nos aguarda em cada esquina.
Apaguei a TV, e me enfiei para baixo das cobertas até o nariz.
Agora mesmo que não saio de casa, nem para ver a neve em Gramado, aqui, ao lado, a sessenta quilômetros de onde moro!


8 comentários:

  1. Flávio José Bortolotto04/10/2018, 15:14

    Prezado Sr. FRANCISCO BENDL,

    Belo Artigo na qual o senhor num sábado de início de Agosto chuvoso, na fria Serra Riograndense, analisa a Guerra do Vietnam via série da Netflix, e faz referência a nossa situação no Brasil de grande insegurança e grande quantidade de assassinatos, maioria dos quais devido as Drogas ilegais, e disputa por controle de sua distribuição.
    Tudo isso é exacerbado por uma Economia em Recessão/Estagnação geradora de enorme Desemprego/Sub-Emprego.

    A Guerra do Vietnam foi causada pela disputa de Poder entre as duas Super-Potencias US of A e URSS, e a nossa triste situação da dependência das Drogas Ilegais, só será mitigada com redução da Demanda.

    Abração.

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    1. Francisco Bendl04/10/2018, 18:43

      Mestre Bortolotto,

      Obrigado pelo comentário.

      É aquela história: a gente envelhece, tem preguiça em sair de casa, ainda mais com frio e chuva, e se atira na TV.

      Sorte minha, que a Netflix - ainda está à disposição - havia lançado este documentário em dez partes, de uma hora e meia cada, mostrando a Guerra do Vietnã na sua absoluta realidade, inclusive o histórico, a sua origem desde os anos 20!

      Na condição que me denomino de obcecado pelos conflitos dos últimos duzentos anos, onde os maiores na história da Humanidade aconteceram, além de eu ter livros muito bons a respeito e em quantidade apreciável, mais de um mil e duzentos, gostei demais desse seriado, que recomendo.

      E fiz uma analogia entre as mortes ocorridas em dez anos de guerra, matando quase sessenta mil americanos e mais de dois milhões de vietnamitas e vietcongues, com a violência brasileira, que ceifa a mesma quantidade de vidas registradas de norte-americanos, porém a cada ano, enquanto com esses soldados as mortes se referem a uma década de conflitos (antes que eu seja chamado à atenção, de que somente dou valor às vidas dos americanos, quero dizer que os dois milhões de pessoas do Sudeste Asiático que pereceram foram em decorrência TAMBÉM da guerra interna naquele país entre o Sul - pró-Estados Unidos e, o norte, apoiado pela China e Rússia).

      Pois, mestre, após dez anos, a guerra terminou e com os vietcongues se saindo vencedores, implantando o comunismo em definitivo.

      E dois lideres incontestáveis e até mesmo admirados pelo Tio Sam, dizem respeito a Ho Chi Minh, o grande ideólogo e, o extraordinário general Võ Nguyên Giáp, que destroçou a resistência americana, ocasionando uma derrota até mesmo vexatória para os Estados Unidos.

      Diga-se de passagem, que até o assassinado senador John Kennedy - ainda não tinha sido eleito presidente, foi categórico em afirmar que o Vietnã tinha o direito de escolher o seu futuro e que tipo de regime queria para si!
      Tá no filme.

      Um forte e fraterno abraço, mestre Bortolotto.
      Saúde e paz.

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  2. Antonio Rocha04/10/2018, 18:48

    1) Oi Bendl, bom artigo histórico.

    2) Oremos pelo nosso Brasil. Não temos uma guerra declarada como foi a do Vietnã, mas temos os problemos com os tóxicos, a criminalidadde com as milícias, os maus políticos, o péssimo atendimento na saúde pública, transportes lotados, Educação exigindo soluções...

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  3. Francisco Bendl05/10/2018, 08:32

    Rocha,

    Grato pelo comentário.

    O nosso país tem a sua guerra, e de muito tempo.
    Quem a está perdendo é o povo.

    A Guerra da Coréia, que também foi pelo mesmo motivo do conflito entre os Estados Unidos e Vietnã, comunismo contra capitalismo, com os americanos também perdendo a Coréia do Norte para o comunismo, teve a participação direta da China.

    McArthur, que era o comandante das tropas do Tio Sam também nessa guerra, chegou a discutir o uso da bomba atômica nos mesmos moldes do Japão, ideia rechaçada em face de que traria a participação total da China e Rússia contra os Estados Unidos, possivelmente ampliando o combate para uma escala mundial.

    Pois mesmo com os exemplos que a História registra de milhões de mortos por culpa de ideologias arcaicas e genocidas, o Brasil se encontra diante desse impasse nessas eleições.

    Espero que não tenhamos desdobramentos após o pleito, que coloque o brasileiro contra brasileiro, e a nossa situação se agrave mais ainda.

    Um abraço.
    Saúde e paz.

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    1. Olá Francisco dos Pampas,
      Essa cadeira sua, sei não, deve ser disputadíssima pelos netos... E quando você senta nela com eles em volta deve ser uma cena e tanto. A do Mano, que não é tão desfrutável, é o lugar preferido do neto mais novo. Que, além de tomar conta dela, ainda se apropria da almofada que mora lá e diz que é dele. E por isso sempre a esconde quando chega ou antes de ir embora. E já ameaçou algumas vezes de levá-la com ele. O pai salva.
      Quando às sagas do mundo são todas cruéis e desumanas com o poder por trás, onde só perde o povo inocente com as crianças crescendo no ódio. Não vai ter fim nunca.
      Não viramos as costas para a realidade. Só ficamos um pouco de lado para sobrevivermos porque também temos nossos embates privados. E a vida continua. E ainda temos que ser felizes.
      Será que dá para desejar uma boa votação para você amanhã? Acho que não. Não com o que temos.
      Abraço. Até mais.

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    2. Francisco Bendl07/10/2018, 08:56

      Prezada Aninha,

      Obrigado pelo comentário.

      De fato, a minha poltrona é usada pelos netos porque é reclinável e tem a parte dos pés que se estende do móvel, ficando como uma cama.
      E tenho uma outra, que é a do computador, também disputada porque o micro é usado para "pesquisar".
      Traduzindo:
      Os pequenos me pedem para mostrar os brinquedos, e se deliciam com as imagens.

      Quanto aos conflitos que a Humanidade registra, tens razão ao chamá-los de sagas, onde invariavelmente o povo é quem sofre, perde, morre, e assim tem sido desde os primórdios dos tempos.

      Quanto à votação no dia de hoje, tenho dito que estamos entre a cruz e a espada.

      Precisamos mudar, alterar, estabelecer o que queremos para nós e país.
      Admito que os candidatos atuais são tão ruins quanto foram seus antecessores, haja vista não termos tido nenhum presidente nos últimos trinta anos que podemos dizer que atendeu às expectativas.

      Mas, pelo menos, temos a opção de impedir que os roubos e a exploração contra o Brasil e povo diminua, e penso que este é o caminho que devemos trilhar, caso queiramos sobreviver e termos a chance de sermos felizes como disseste.

      Um grande e fraterno abraço.
      Saúde e paz, extensivo aos teus amados.

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  4. Moacir Pimentel06/10/2018, 08:01

    Bendl,
    Você é um cara de sorte: se eu inventasse de assistir um documentário de guerra num sábado, seria um homem morto (rsrs) Mas muito obrigado pela dica. Eu muito aprecio esse tipo de leitura, filme e/ou documentário. Gostei imenso da excelente série em 10 episódios co-produzida por Steven Spielberg e Tom Hanks de nome The Pacific, sobre a odisseia de três membros do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, desde a primeira batalha contra o Japão, em Guadalcanal, até o fim da Segunda Guerra Mundial. Ela foi uma espécie de continuação de outra série anterior chamada Irmãos de Guerra - Band of Brothers - que versou sobre o conflito na Europa.
    Também são inesquecíveis, é claro, os dois ótimos filmes dirigidos por Clint Eastwood de nome A Conquista da Honra e As Cartas de Iwo Jima sobre a carnificina das batalhas nas ilhas do Pacífico. Atenção: essa foto abaixo dos marines fincando a bandeira americana naquela colina que aparece em filmes, livros e monumentos é fake, ou melhor, os soldados posaram para ela (rsrs)
    https://timedotcom.files.wordpress.com/2015/02/iwo.jpeg
    Tudo bem que um país que é bom o suficiente para se viver nele, tem que ser bom o suficiente para se matar e morrer por ele mas o mundo mudou, acabou a Guerra Fria - uma das causas do Vietnã ter sido usado como playground para as grandes potências brincarem de guerra - o Muro caiu, a União Soviética faliu, a América não é mais o país do certo e errado, nem o xerife do mundo depois do Vietnam , Iraque, Afeganistão e Guantánamo. Hoje somos cidadãos de um mesmo e finito mundo, socialmente complexo, partilhado por pessoas com todos os tipos de vivência, com crenças sociais, políticas e religiosas diferentes, onde temos de aprender a conviver, conversar e respeitar uns aos outros, dentro das leis. Se não fizermos isso, é melhor que nos prepararemos para o sepultamento da humanidade/civilização como a conhecemos.
    De resto , como teclou o Nelson hoje em O Globo sobre o nosso faroeste tupiniquim: "É duro escrever ficção no Brasil"(rsrs)
    Não percamos o senso de humor e... votemos!
    Abração

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    1. Francisco Bendl07/10/2018, 09:18

      Prezado Pimentel,

      Grato pelo comentário.

      Assisti muitos bons filmes de guerra, que sempre tiveram excelentes bilheterias.
      Um deles, que foi simplesmente notável no seu início, foi O Resgate do Soldado Ryan, de Spielberg, mostrando o desembarque na Normandia no Dia D.
      Outro bom filme foi Uma Ponte Longe Demais, assim como o terror nos campos de concentração com A Lista de Schindler.
      Há 50 anos, um dos grandes sucessos do cinema, e que volta e meia ainda passa na TV é Fugindo do Inferno, com Steve McQueen, e O Mais Longo dos Dias.

      Afora os filmes de guerra com o romantismo como pano de fundo, tais como As Pontes de Toko Ri, e o filme que tem um título memorável, que não é o seu original, mas criado pelos brasileiros, O Suplício de Uma Saudade!

      Agora, documentário sensacional foi Corações e Mentes, e o filme impactante Apocalipse Now!
      Outro filme extraordinário foi Galípoli, e o magistral Lawrence da Arábia.
      Cito também Glória Feita de Sangue, Nascido para Matar, Platoon, Os 12 Condenados, Cruz de Ferro, o notável Franco Atirador, Sniper Americano, Além da Linha Vermelha, Círculo de Fogo ...

      Concordo que estamos vivendo em um mundo complexo, e dominado por pessoas nada éticas e honradas, então os gravíssimos problemas que o planeta se defronta em seus quatro cantos.

      Um abração.
      Saúde e paz.

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