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Antonio Rocha
Quando eu era pequeno, ainda sou, ou melhor, quando eu era criança, ao
mesmo tempo que eu era muito tímido, vez por outra eu queria me sobressair das
situações.
Algumas coisas que eu fazia, às vezes, as pessoas me diziam; “O Rocha é maluco”, “O Rocha é doido”.
De certa maneira eu até gostava de ser assim um pouco diferente.
Então, lá perto da minha casa, quando íamos para a Escola a pé, meninos
e meninas caminhando na ida e na volta, víamos muito aquela planta chamada “Comigo
Ninguém Pode”. Eu adorava esse nome, me identificava muito com ele. Misturava
com os filmes de Hércules e outros semelhantes.
Queria ser invencível, mas eu sabia que eu era fraco, não sabia nem
lutar, briguei umas duas vezes desajeitadamente. Não houve nem perda nem vitória,
mas crescimentos, amadurecimentos.
Muito cedo eu descobri a vontade literária e dei tratos à imaginação.
Tinha desde então a consciência de que estaria sempre aprendendo.
Muitos diziam que a citada planta era venenosa. E para fazer jus ao meu
apelido de maluco eu, belo dia, resolvi provar para saber se a mesma era
veneno, se eu ia morrer etc. De certa maneira, talvez já intuindo as lições
budistas e espíritas que em muitos aspectos se assemelham eu tinha um certo
fascínio da morte, pela morte.
Eu tinha vontade de ir lá do outro lado e depois, naturalmente voltar
para contar o que vi e dizer para todos que a Comigo Ninguém Pode não era tão
venenosa assim.
Dito e feito. Um dia tirei um talo da mesma e mastiguei bastante. Não
engoli, apenas mastiguei como um chiclete. Joguei fora, cuspi, o caule amassado
e devo ter cuspido também o líquido. Não me lembro de ter engolido o suco da
planta.
O que eu senti é que toda a minha boca ficou dormente várias horas e em
torno dos lábios ficou roxa. Acredite se quiser, mas não morri. Por um lado
fiquei alegre por não ter morrido. Também não quis repetir a dose nem fazer uma
overdose.
Tem uma explicação. Naquela época, às vezes, as crises de asma eram tão
fortes e não tinham os remédios que tem hoje que eu pensava assim: “talvez se eu morresse passava tudo e eu não
sofria tanto”. Em função dessas crises, algumas vezes penso que estive bem
perto de desencarnar como falam os espíritas.
Hoje, reflito que, nesse aspecto eu dava muito trabalho para os meus
Guias Espirituais e Anjos da Guarda. Ainda bem que, como sempre disse, eles vão
com a minha cara e me ajudam a ultrapassar essas mancadas e autodesafios.
Gratidão Infinita a eles. Agradecimentos imorredouros.
Claro que, por outro lado, fiquei um pouco envaidecido: “Nem a Comigo
Ninguém Pode” me derrubou. Mas preferi levar a atitude como um fato “desmiolado”,
como se dizia antigamente. Digamos... eu era um pouco pirado.
A outra aventura foi com outra planta chamada “Arrebenta Cavalo”.
Também diziam que se os cavalos comessem os estômagos deles iriam para o espaço
e eles morreriam. De fato eu olhava, observava os cavalos soltos nos pastos e
terrenos baldios e notava que não comiam as tais plantinhas.
Não tive dúvidas, provei uma vez, gostei do frutinho vermelho, como se
fosse um mini-tomate e essa então eu comia sempre. Durante meses ou anos,
sinceramente não lembro bem, com freqüência eu comia, mastigava e engolia a
frutinha.
Hoje penso, será que aquilo era alguma droga, algum alucinógeno? Ou
tinha algum nutriente que me faltava na alimentação? Não sei, depois, quando me
mudei para o Gama, DF, parei com essas loucuras.
Novamente me dava uma certa vaidade boba. Nem o Arrebenta Cavalo me
arrebentou o estômago. Teria eu estômago de Avestruz que come de tudo e não
morre? Emocionalmente falando, psicologicamente falando, algumas vezes engoli
sapos, simbolicamente, mas aí eu já estava escolado. Se bem que, recentemente
vi e li com tristeza que uma baleia ao morrer na beira da praia os pesquisadores
encontraram em seu estômago quilos de plásticos e outros lixos da sociedade de
consumo que jogam nos mares.
Ainda bem que nunca me atrevi a comer plásticos e outras tecnologias
modernas. O Budismo me curou!
Popularmente se diz que “vaso ruim não quebra” e eu ficava, às vezes,
me perguntando, “será que eu sou um vaso
ruim”?
Acho que não, nesta vida não prejudiquei ninguém, mas quem sabe nas
anteriores? Espero que não...
E tem uma meditação bonita da Perfect Liberty que consiste em pedirmos perdão
aos nossos antepassados, de outras vidas. Se fizemos algo contra eles, que nos
perdoem. É de fato um treinamento bonito e poderoso. Ficamos pedindo perdão a
todos os antepassados desde os primórdios da humanidade.
Acho que, neste quesito, estou quites. Como se falava antigamente.
Rocha,
ResponderExcluirEntão tinhas esta mania, de comer plantas e frutos considerados venenosos?!
Bah, mas que guri arteiro!
Certamente uma seita diria que tens o corpo fechado, enquanto dizes que o teu anjo da guarda era quem te protegia, assim como teus Guias Espirituais.
Eu apenas modificaria o nome dos teus Guias para Estomacais, haja vista não teres perecido envenenado!
Brincadeiras à parte estás conosco e por muito tempo ainda, até porque paraste de ingerir o que é estranho para nós, os humanos.
Fico imaginando se seguisses nessa tua mania, o que não experimentarias hoje em dia:
prego, gilette, pneu, tijolo ...
Ainda bem que foste curado pelo Budismo.
Um forte abraço.
Saúde e paz.
1) Amigão Bendl, vc tem razão, ainda bem que fui curado. Era influência daqueles filmes de Hércules, do Sansão bíblico e outros mais.
Excluir2)Aproveito para agradecer ao Mano pela ilustração: gostei muito e identifiquei a letra B como um dos meus sobrenomes "Borba" e assim virei o "Super Borba".
3)Bom feriadão para todos (as).
Olá Antonio,
ResponderExcluirVocê é o Menino Maluquinho do blog. Nunca pensei conhecer um budista tão "porra louca". Desculpe a expressão mas não encontrei outra tão descritiva quanto. Ē condição para ser budista?
Preocupa-se em ter dado muito trabalho para seus guias espirituais. Mas imagino o trabalho que deu para seus pais, aqui mesmo no seu mundo físico. Eles viveram tempos perigosos com você e devem ter ficado um pouco enlouquecidos.
Com certeza sofreu muito com as crises de asma (tive experiência disso na infância,mas nem por isso andei experimentando ervas desafiadoras) e sua mãe com você. Não tem que perdoar pessoas do passado mas viver uma vida em regime de pedir perdão.
Como é criar uma filha depois de uma infância tão livre? Liberdade total?
SuperBorba, adorei seu texto. Me diverti à bessa e até invejei um pouco. Penso que você não ERA um pouco pirado, mas É até hoje.
Obrigada. Fique longe da netinha! Não ensine nem aprenda coisas com ela...
Ate muito mais.
1) Isso mesmo Ana, acho que sou piradão até hoje, apesar da altura não ser tanta assim.
Excluir2)Criei minha filha muito bem, tinha a Heloisa para me colocar com os pés no chão. Outro dia o acupunturista nissei, filho de japoneses me disse: "Tua mulher é uma santa para estar com vc há mais de 40 anos !"
3)A Netinha está longe, agora na Bélgica, minha filha e meu genro sabem que sou um "louco manso e vacinado".
4) Abraços divertidos !
Mestre Antonio, parece que além de budista você foi também (e talvez ainda seja) um mestre das traquinagens, como dizia minha avó...
ResponderExcluirEu dei muito trabalho a meus pais, mas nada pelo lado dessas experiências "gastronômicas". Seus guias espirituais devem ter pedido para receber horas extras...
Temos um ponto em comum, também sofri com a asma quando garoto. Minha mãe me levou a um alergista muito considerado na época, que fez uma infinidade de testes e comunicou que eu era alérgico a poeira, especialmente de livros e de serragem, a mofo, a chocolate, e a sei lá quantas coisas mais. Como eu já vivia dividido entre as estantes da biblioteca de meus pais, a oficina de marceneiro na garagem lá de casa e a câmara escura de fotografia ao lado, e adorava chocolate, cheguei à conclusão de que não havia nada a fazer e o jeito era tocar para a frente assim mesmo. Depois de algum tempo acho que a asma chegou à mesma conclusão, e há perto de cinquenta anos não me visita mais.
Imagino que a esta altura seus guias espirituais já estejam acostumados com suas "aventuras" :)
Um abraço do Mano
1) Amigo Mano, outro dia cheguei a conclusão que "vim à vida a passeio".
Excluir2)Meus Anjos da Guarda e Guias Espirituais tem uma paciência de Jó comigo. O melhor de tudo é que, vez por outra digo "eles vão com a minha cara".
3)Abraços Belo Horizontinos (gosto muito desse nome BH).
Antonioji
ResponderExcluirSendo fresca e regada com um bom azeite, traço qualquer verdura. Sou apreciador das ervas, de rúcula, agrião, espinafre, nabiças, couves e dos “grelinhos”, os quais inclusive ilustro para você não pensar que estou de sacanagem (rsrs)
https://www.publico.pt/2012/09/08/jornal/tem-grelinhos-tem-grelinhos-tem-grelinhos-no-quintal-25169942
Confesso que já experimentei algumas estranhezas animais– jacaré, tartaruga, tatu, tanajura, gafanhoto, piranha e cobra - mas desse enredo suicida “comigo ninguém pode”, estou fora.
Quem sabe antes de ter sido um padeiro etrusco você não foi um daqueles coletores ancestrais, um curandeiro das cavernas beliscando o reino vegetal para inventar, ao mesmo tempo, a gastronomia e a medicina?
Seja como for e assim sempre de bem com a vida e tranquilão, tenho a impressão que o Super Borba, como dizia a senhora minha mãe, "é uma alma velha”.
Namastê!
1)Salve Pimentel, concordo plenamente com vc e sua digníssima mãe.
ResponderExcluir2)Agradeço a todos vcs e ao Mano, em especial, que permitiram a revelação hoje do Super Borba...
3)Moacir, daqui a pouco estarei postando comentário em seu último artigo, coisas do bimestre escolar que me exige tarefas burocráticas.