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08/02/2018

O GALO E A BARRICA – uma ode em três capítulos (I)


I - O Retorno ao Ocidente
(imagem Domingos Ferreira)

Domingos Ferreira
O galeão “Príncipe Real” avançava lentamente, tocado por um vento terral vindo das costas d’África, entrando suave pela alheta de boreste, e que o afastava do continente negro, em demanda ao Brasil. O capitão Nuno Álvares de Noronha conseguira dormir um pouco, após ter afastado as muitas lembranças dos dias anteriores. Era noite alta e escura, já no quarto d’alva. O navio todo ressonava e só se escutavam eventuais ordens de governo gritadas pelo contramestre, do chapitéu do castelo de popa, para os quatro homens que guarneciam a cana do leme, dois conveses abaixo.
Era o ano da graça de 1647. O navio viajava havia mais de seis meses desde Macau, tendo Lisboa como destino e Rio de Janeiro como próxima escala. Em sua longa derrota, aportara em Colombo, Goa, Cochin e Moçambique. Tivera sorte de montar o Cabo da Boa Esperança com bom tempo e poder costear na aproximação de Luanda.
Na “Carreira da Índia”, tal era a rotina cumprida pelos navios portugueses destinados ao Extremo Oriente, como correio e apoio logístico. Eram galeões rápidos e bem artilhados. O “Principe Real”, 550 tonéis, três mastros e três conveses, impunha respeito com seus 34 canhões e 380 tripulantes. Tais navios, obras-primas da construção naval portuguesa, não transportavam cargas oriundas das inúmeras feitorias lusas espalhadas pelos mares navegados.       Essa tarefa era reservada às grandes naus, aperfeiçoadas nos mais de dois séculos de penosas e fantásticas navegações.
As visitas periódicas dos galeões possibilitavam ao Conselho Ultramarino, em Lisboa, exercer o controle das províncias portuguesas. Serviam também para transporte de tropas e de autoridades civis e eclesiásticas. Neles, viajavam o ouro, a prata, as porcelanas e as pedras preciosas. Carregavam grande quantidade de canela e da valiosa pimenta do reino, usada como moeda para variados negócios e salário das tripulações. Transportavam ainda indígenas e animais exóticos, dos muitos territórios lusos, conquistados com engenho e arte desde o início do século XV.
Na frugal câmara do capitão, além do beliche em um canto, de um baú de roupas e de um varal para secá-las, havia uma mesa para refeições, presa na antepara. Sobre ela, ficava a carta náutica do Atlântico Sul, riscada em um couro de carneiro, e poucos instrumentos rudimentares de navegação. Uma prateleira próxima guardava alguns livros, “Os Lusíadas” dentre eles. A antepara oposta apoiava um pequeno altar, com a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes e uma lamparina, mantida acesa a duras penas. Três vigias, uma em cada bordo e outra no espelho de popa, garantiam ventilação e luz do sol. O ambiente era impregnado de um cheiro forte, mistura de suor, fumaça e óleo de peixe. O capitão vivera ali nos últimos quinze meses, desde a partida de Lisboa para Macau. Sem banho.
Uma barrica enorme, com seis palmos de pé e quatro de diâmetro, feita de teca finamente lavrada, dominava o outro canto da câmara. Era um valioso trabalho chinês. Estava fixada a um forte pé de carneiro a ré, por cintas de ferro batido, cravadas a ficar. A tampa de madeira grossa era meio roscada na abertura superior da barrica e atracada por um aldrabão de ferro, em cujo furo passava um cadeado de respeito. Tal arranjo, acabado com muito breu, garantia a vedação, impedindo o vazamento da salmoura contida na portentosa barrica. Isso era essencial para a preservação do corpo de Dom Fernando de Souza Álvares, ex-governador de Macau, ali mergulhado. Assim se cumpriam as disposições régias sobre o enterramento opcional em solo português, dos nobres e altos funcionários da coroa, falecidos nas províncias.
As instruções para a viagem, recebidas em Portugal, ordenavam a Nuno fazer um levantamento da situação em Luanda, no retorno a Lisboa. Ela estava em mãos holandesas desde 1641, com grandes prejuízos para o tráfico de escravos, explorado pelos portugueses por mais de meio século. Para tanto, havia a bordo alguns tripulantes oriundos da região, com vivência no sórdido e lucrativo negócio negreiro.
O “Príncipe Real” desembarcou quatro deles em uma praia abrigada próxima a Luanda, na madrugada anterior a chegar à vila. Eram três marinheiros negros, chefiados por um branco, ajudante do escrivão. Eles teriam três dias para se integrar à população e percorrer a vila e cercanias, observando tudo de interesse para o comércio de escravos e para a defesa da praça. O galeão se manteria ao largo e os apanharia no mesmo local e horário do desembarque.
O arranjo funcionou e os homens foram recolhidos como acertado. Entretanto, faltava um dos marinheiros, figura popular a bordo. Nuno esperou até quase o amanhecer e só aproou ao mar alto com o sol já de fora. Pouco depois, ouviu o grito do vigia, no cesto de gávea, alertando para a aproximação de um navio, logo identificado como galeão holandês, vindo da direção de Luanda.
A rápida reação do capitão Nuno, bom conhecedor de armamento, foi ordenar o preparo do “Príncipe Real” para combate. Finalmente, surgira a oportunidade tão desejada por ele desde a China. Adestrara-se bastante para melhorar a cadência de tiro e a precisão dos canhões, mediante frequentes exercícios, durante as longas travessias. Assim, contava dispor de respeitável poder de fogo, bem como aferir as qualidades da afamada pólvora chinesa, comprada em Macau em grande quantidade.
Um vento médio soprava para terra e levantava pequenas ondas. Isso aproximou rapidamente os dois navios, em rumos opostos, quase paralelos. Nuno esperou o holandês abrir fogo, o que se deu com os dois canhões de proa. Os tiros foram curtos, com fumaça escura, indicando pólvora fraca. O “Príncipe Real” guinou para fora, abriu distância para aproveitar-se do maior alcance dos canhões, ganhar barlavento e ter melhor condição de manobra. O holandês manteve o rumo e deu a primeira bordada com os canhões de bombordo, fraca e descoordenada, sem atingir o português.
Nuno guinou para dentro, em rumo oposto e paralelo ao do inimigo, fora do alcance dos canhões dele. Ao marcá-lo pela bochecha, o “Príncipe Real” abriu fogo com uma estrondosa e simultânea bordada dos 14 canhões de bombordo. Antes de a fumaça se dissipar, vomitou fogo com outra bordada pelo través, e mais uma pela alheta, conforme se cruzavam os navios. Em seguida, inverteu o rumo e ia sair em perseguição do inimigo. Não precisava. Ele estava à matroca, dois mastros quebrados, a vela grande n’água e rombos no costado. A pólvora chinesa era um sucesso.
O Capitão Nuno acordou com o canto do galo, companheiro das galinhas no cercado do convés do castelo, responsáveis pelos ovos e canjas da dieta das autoridades. Em seguida, ouviu um pigarro forte, vindo da direção da barrica. Era Dom Fernando, que também despertara com o canto do galo. Uma voz clara e forte falou:
- Ó Nuno, fizeste-o muito bem ontem. O maldito holandês teve o merecido!
Ao que o capitão prontamente retrucou, com falsa modéstia:
- Ora pois, senhor meu tio. Deveu-se isto à qualidade da pólvora chin.
A conversa prosseguiu com grande naturalidade. Nuno deitado no beliche e a barrica firme no seu lugar. Esse diálogo se iniciara logo após a saída de Macau. Na primeira vez em que Dom Fernando falara, o capitão levara um grande susto, mas foi tranquilizado pelo seu parente e amigo. A partir daí, passaram a conversar com frequência, a iniciativa sempre do nobre, e que não ocorria toda noite.
O primeiro canto do galo era sinal para o início das conversas, sempre encerradas antes do amanhecer. Às vezes, se o galo insistisse em cantar, o morto se calava subitamente, por mais interessante o assunto. Era comum ocorrerem discussões acaloradas entre os dois interlocutores. Então, uma pálida luminescência envolvia a barrica e dela surgia o ectoplasma de Dom Fernando, em pé, gesticulando. O nobre apreciava tais momentos, por poder esticar o corpo, sempre curvado na barrica.
A travessia para o Rio de Janeiro duraria cerca de seis semanas, conforme os ventos e as correntes. Nuno aproveitou para redigir o relatório sobre Luanda, destinado ao Conselho Ultramarino em Lisboa. Uma cópia seria para o governador do Rio de Janeiro, o famoso Dom Salvador Correia de Sá e Benevides. Outra permaneceria a bordo do “Príncipe Real”. Para tanto, passaram a ocorrer reuniões na câmara, com Nuno, o escrivão e seu ajudante redator, e os dois marinheiros que o acompanharam em Luanda, logo dispensados. O ex-bispo de Goa, Dom Manuel de Castello Branco, o mais ilustre passageiro vivo, comparecia com sua experiência, a convite do capitão.
As informações coletadas e o ataque pelo galeão dos holandeses indicavam que eles não tinham a menor intenção de sair de Luanda. Havia alguns navios armados no porto, além de tumbeiros lotados de escravos, prontos a zarpar para as Américas, o Brasil em especial. Os dois fortes do porto tiveram as defesas melhoradas e foram aumentados o número e o calibre dos canhões. A tropa também recebera reforços.
Nuno e seus parceiros de reunião logo concluíram que a chegada de tais notícias no Rio de Janeiro e em Lisboa certamente iria provocar o envio de outra expedição, para tentar expulsar os holandeses. Seria a terceira, após o fracasso de duas anteriores, em 1645, oriundas de Salvador e do Rio, as quais pecaram por mau planejamento e meios insuficientes. Desses esforços, ficou famosa a trágica experiência de duas centenas de expedicionários baianos, aprisionados por nativos, aliados dos holandeses. Tratava-se da poderosa tribo dos Jagas, terríveis antropófagos. Segundo quatro sobreviventes, os jagas se alimentaram desses homens, por cerca de três meses, em festivos banquetes.
As condições políticas para uma nova investida sobre Angola eram bem melhores em 1647, com a “Restauração”, separando Portugal da Espanha em 1640, e a entronização de D.João IV, em 1641. Seria necessário reunir mais forças que nas incursões anteriores, em número e armamento dos navios, e em quantidade, equipamento e preparo da tropa. Também, importava definir de onde partiriam os navios, quem os aprestaria e comandaria, e como financiar a operação. Rio e Salvador eram opções óbvias, mas com carência de navios e de pessoal capacitado.  Devido à longa ausência do “Príncipe Real”, havia dúvidas se os holandeses continuavam em Pernambuco. Por fim, Lisboa seria outra solução, porém, afogada nas reverberações européias da “Restauração”, tenderia a delegar a tarefa, como o fizera antes.
Todas essas incertezas dominavam o pensamento do capitão Nuno, durante a redação do relatório. Além do mais, os poucos membros do grupo que o ajudavam nisso não tinham qualificações para opinar sobre tais assuntos. O próprio bispo de Goa estava desatualizado, pois passara quase dez anos na província. Só restava a Nuno apelar para Dom Fernando, de dentro da barrica.
Assim foi feito, para grande espanto do religioso, que não podia recusar a sugestão de Nuno para incorporar o tio ao grupo. Afinal de contas, o bispo representava Deus naquela casca de noz, balançando no imenso oceano. O resultado surpreendeu, com a sabedoria política da igreja como lastro para ponderar os argumentos. Além disso, passado o ilógico pavor do prelado, ele e o falecido se tornaram mui amigos. Tudo facilitado pela anuência do bispo em não perguntar ao morto sobre a “vida do outro lado.” D. Manuel manteve a palavra, apesar de “morrer” de curiosidade.
O galo cooperou e muitas madrugadas da travessia foram ocupadas em discussões na câmara do capitão. Dom Fernando era adepto de deixar o problema com Lisboa. Já Nuno, tendo escalado no Rio na vinda, defendia que a tarefa seria melhor cumprida a partir de lá. Ele sabia ser esse o pensamento de Salvador de Sá, baseado em que a maioria dos tumbeiros, vindos de Angola carregados de escravos, desembarcavam os infelizes naquele porto. O lindo Rio era a sede do tráfico para o Sul e Sudeste do Brasil, e o governador tinha grandes interesses nele.
O “Príncipe Real” fundeou em frente à cidade do Rio de Janeiro, com a Ilha das Cobras pelo través, em uma límpida manhã de outubro de 1647. Salvador de Sá veio a bordo, ansioso por novidades. O capitão e o bispo foram hospedados por ele, no Morro do Castelo. A pesada barrica, com Dom Fernando dentro, foi também para lá, por razões cerimoniais alegadas pelo prelado e por Nuno. Isso exigiu uma grande faina para colocá-la em um carro de boi, puxado por duas juntas, que gemeu penosamente na Ladeira da Misericórdia, até o topo do morro. O galo também foi, calado...


5 comentários:

  1. Flávio José Bortolotto08/02/2018, 15:03

    Bonita descrição histórica, feita por esse bom Escritor Sr. DOMINGOS FERREIRA, da viagem do Galeão Português "Príncipe Real" de 550 Toneladas, 3 Mastros, 3 Conveses, 34 Canhões e 380 Tripulantes, das Índias para Lisboa - Portugal. Ano 1647, época das Guerras Holanda X Espanha. De 1580 - 1640 o Império Português foi incorporado ao Império Espanhol, e a Holanda antiga Colônia Espanhola tinha invadido e ocupado Pernambuco, partes do NE Brasileiro e Angola na África. Em 1640 Portugal recupera sua Coroa na Pessoa do Duque de Bragança que assume como D. JOÃO IV e faz um Tratado de Paz de 10 anos com a Holanda, velha sócia de Portugal desde os primórdios do Comércio do Açúcar, mas os Holandeses não desocupavam Pernambuco e Angola, etc. Teve D. JOÃO IV que fazer uma Guerra Indireta à Holanda, via Independentes Brasileiros contra os Holandeses em Pernambuco, e usando a Esquadra de Guerra do Gov. do Rio de Janeiro SÁ E BENEVIDES na 3ª Tentativa, atacar a reocupar Angola- África. Guerras empreendidas com sucesso, e aí se formou a "Nacionalidade Brasileira".
    Bravamente comandado pelo Capitão NUNO ÁLVARES DE NORONHA, o Principe Real operava perto de Luanda- Angola buscando Informações para depois transmiti-las ao Gov. do Rio de Janeiro SÁ E BENEVIDES, quando encontra Galeão Holandês, manobra então brilhantemente para fora ficando a Barlavento ( tendo o vento a seu favor ), e usando muito bem sua bem treinada Artilharia equipada com excelente e bem seca Pólvora Chinesa, logo põe a pique o Galeão Holandês.
    Googlei e aprendi que naquela época, +- 1650, os combates navais não eram mais decididos em abordagem, mas exclusivamente pela Artilharia.
    O alcance útil dos canhões navais da época era de 500 m e o ideal era atirar a 250 m, e nessas curtas distâncias, um erro de navegação era fatal. Combatia-se realmente de perto, e quase tudo dependendo do vento.
    Parabéns, Sr. DOMINGOS FERREIRA.




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    1. Estimado amigo Flavio Bortolotto
      Muito obrigado por suas detalhadas e gentis observações. Esta fase da nossa história é muito pouco conhecida. O Oceano Atlântico sempre foi teatro de relevantes acontecimentos de nossa colonização, desde o início das primeiras investidas portuguesas, com a conquista de Ceuta,em 1415, no NW da África.
      A Reconquista de Angola, dois séculos depois, foi uma parte importante do esforço português para manter o controle do imenso patrimônio de que desfrutou até o século XX.
      As segunda e terceira partes deste texto procuram completar, com leveza, o que se passou.
      Um forte abraço
      Domingos

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  2. Wilson Baptista Junior09/02/2018, 10:09

    Domingos, um belo começo para a trilogia, escrita com a sua costumeira verve e competência. Como, pelas injunções de ser o editor, já conheço os próximos dois capítulos, peço sua licença para só comentar no final, por meio de estragar a antecipação dos leitores :)
    Um abraço do Mano

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  3. Estimado Mano
    Por favor, tenha a maior liberdade para comentar meus textos.
    Encaro como uma colaboração importante.
    Abraço
    Domingos

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  4. Moacir Pimentel11/02/2018, 09:58

    Prezado Domingos,
    Desculpe o atraso mas nas paragens onde me encontro a internet nem sempre dá o ar da graça dela. O que eu aprecio na sua prosa, além das ricas informações, é a linguagem saborosa – “vento terral, alheta de boreste, chapitéu, cana do leme" e que tais - que funciona como pimenta do reino e aguça a atenção e, mais ainda, é algo não pode ser ensinado : você respira e vive a narrativa em vez de só escrevê-la. Cria um mundo e o povoa de pessoas, costumes, configurações, necessidades e desejos e fatos históricos. De tudo, o que fica desse ótimo post é o cenário criado por você: a câmara do capitão, os seus móveis, a carta náutica de velino,“Os Lusíadas” – os livros são os melhores companheiros de viagem! - o altar, a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, a lamparina, as três vigias, o cheiro forte de corpos há quinze meses sem banho e a barrica chinesa de teca.
    E nesse palco as conversas geopolíticas que rolavam ao primeiro canto do galo – no “quarto d’alva”! - entre a voz ou o ectoplasma de Dom Fernando, o ex-governador de Macau e Nuno Álvares , o capitão do galeão “Príncipe Real” e Dom Manuel, o representante de Deus naquela balançante "casca de noz", enquanto nela viajavam de Macau à Lisboa, com as mais variadas escalas e o objetivo de garantir ao Conselho Ultramarino de Lisboa, uma munição muito mais valiosa do que a pólvora chin: informação.
    Ou seja, você relata o vasto mundo enquanto descreve pessoas na tradição mais antiga e grandiosa que a ficção conhece, nos arrastando em “viagens” históricas, em busca de aventura e maravilhas, sabendo muito bem que tudo isso não se encontra no destino mas simplesmente na jornada e nas suas "conversas".
    Obrigado, abração e bom Carnaval!

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