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10/07/2017

A Palavra

Ana Nunes

 Francisco Bendl
Diz o ditado que a palavra é de prata e o silêncio é de ouro!
Certamente o autor desta frase que muitos repetem, deve ter sido uma pessoa que não sabia se comunicar com as demais, não sabia falar em público, não pronunciava bem as palavras!
Caso contrário, os grandes oradores que enternecem os ouvintes teriam sido sempre rechaçados, jamais teriam tido a fama que mereceram.
Não discuto a excelente oportunidade que teve o mestre junto aos seus seguidores ao se aproveitar do voo da ave para dar o seu recado, pois admito e concordo que, em certos momentos, o silêncio é muito mais forte que o melhor discurso.
No entanto, a generalização pode comprometer a máxima popular, a começar por aquele homem apaixonado pela mulher de seus sonhos, e entender que aproximar-se da musa em silêncio será melhor que ficar calado ao seu lado!
Ou o bebê entender que, se não chorasse, a mãe iria atendê-lo com mais rapidez e eficiência.
Ou, então, que os entendimentos, os diálogos em busca de denominadores comuns seriam desnecessários.
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.
Se somos os únicos animais na face da Terra com aparelho fonador, que nos possibilita falar, tal condição deve ser exercida, enquanto que o silêncio deve ser usado em ocasiões muito especiais, conforme o mestre na púlpito antes de transmitir as suas pregações aos fiéis.
Aplaudo e reverencio, Rocha, mais este belo texto contendo os ensinamentos budistas, e que espero que não consideres o meu comentário como contrário ao que foi dito aos frequentadores do templo.
Eu apenas apresentei o outro lado da moeda, pois na condição de humanos a infalibilidade não é nosso atributo, pois erramos, muito, e devemos levar em conta que são três as verdades:

A minha, a tua, e a verdade propriamente dita!

11 comentários:

  1. Moacir Pimentel10/07/2017, 09:24

    Bendl,
    Começo por parabenizar o Editor por dois motivos: ter dado a esse seu belo texto o destino merecido e o ter ilustrado com mais um dos esplêndidos trabalhos da Donana.
    Não há como discordar de NENHUMA das suas palavras em defesa da palavra. O único reparo que faço ao texto é que na minha opinião seja lá quem disse que "a palavra é de prata e o silêncio é de ouro", ao contrário do seu entendimento, sabia se comunicar e mexer com as pretinhas bem demais. O ditado não inaugura uma competição entre a palavra e o silêncio tipo 8 e 80 ou tenta estabelecer um vencedor. Muito ao contrário ele talvez aponte para o fato de que o silêncio é o contraponto do som, como a luz o é para a escuridão, o dia para a noite, o mal para o bem e por aí vai. Não entenderíamos nenhum deles sem ter experimentado o seu avesso.
    Mas, acima de tudo, creio que a sabedoria popular entende que as palavras têm muita força e que uma vez articuladas não têm volta e que, portanto, não devem ser utilizadas levianamente, no calor do momento, sem prévia ponderação. Usadas assim elas geralmente não dão samba.
    Com certeza que existem a minha e a sua verdade e muitas outras e que a verdade da gema deve ser uma amálgama de verdades parciais. Para escutar e entender a verdade alheia há que entender, de saída, que ela não necessariamente ameaça ou anula as nossas. E depois parar, calar e escutar com a mente e o coração abertos e, muito principalmente, pensar antes de responder de preferência usando mais substantivos e menos adjetivos, mais fatos e menos emoções.
    Finalizo exemplificando o meu raciocínio com um pedaço perfeito do seu: " a alegria de uma casa quando existe o barulho de crianças brincando, gritando, correndo, berrando, pedindo, chorando" versus a paz que enche o ambiente quando elas finalmente adormecem e nós, exaustos, bendizemos o silêncio e pensamos :
    "Enfim sós"! (rsrs)
    Abraço

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    1. Francisco Bendl10/07/2017, 17:38

      Pimentel, meu caro,

      Muito obrigado pelo comentário, elucidativo, que dirime qualquer dúvida sobre a essência do que eu queria transmitir.

      Inegavelmente que deve prevalecer o equilíbrio entre o som e o silêncio, pois o barulho incomoda, assim como a ausência de ruído pode nos levar à loucura!

      Mas não podemos olvidar do poder das palavras, das vozes que as proferem, da forma como seus volumes são aceitos e compreendidos.

      Particularmente a minha vida nos últimos anos tem sido silenciosa, pois permaneço no escritório lendo ou escrevendo e somente durante as refeições ou quando a esposa me "visita", que eu converso

      Até mesmo ouvir música ou notícias pelo micro eu deixo de lado, mas a importância das palavras, a maneira como são ditas, mediante intonação da voz, o ser humano estabeleceu dimensões incalculáveis na amplidão de diálogos, debates, discussões, pontos de vista, atingindo patamares elevadíssimos de entendimento, como o inverso também é verdadeiro, a partir do momento que somos agressivos ou aumentamos o tom da voz!

      Um assunto eletrizante, salutar, onde não existem vitoriosos, mas darmos os devidos valores ao silêncio e ao som, e vivermos com nossos sentidos plenamente aguçados e à disposição de felicidades.

      Um grande abraço.
      Saúde e paz, Pimentel.

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  2. 1) Parabéns Ana pela ilustração, ótima !

    2)Parabéns Chicão pela reflexão. Me fez lembrar do filósofo chinês Chuang Tzu (370-287)antes de Cristo.

    3)"O objetivo das palavras é transmitir as ideias. Quando estas são apreendidas, as palavras são esquecidas. Onde poderei encontrar um homem que se esqueceu das palavras? Com ele é que gostaria de conversar" (pág. 196;A Via de Chuang Tzu, de Thomas Merton (monge católico cisterciense[beneditino]).

    4)E como vão conversar? Através do silêncio, da telepatia, da intuição, dos poderes paranormais, das mediunidades e canalizações.

    5) A Filosofia Oriental recomenda nos desapegarmos das palavras. Usá-las, mas sem apego.

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    1. Francisco Bendl10/07/2017, 17:44

      Meu caro Rocha,

      Reitero ser um admirador dos ensinamentos budistas, que tu tão bem reproduzes neste blog extraordinário.

      E, justamente, por eu me encontrar em níveis muito inferiores ao teu entendimento da espécie humana, tenho sido o contraponto de alguns dos teus textos, o contraditório, haja vista eu necessitar de esclarecimentos que tu não precisas mais, junto com nossos colegas, então as minhas perguntas, as minhas indagações, as minhas colocações questionando uma que outra mensagem.

      No entanto, confesso que a minha intenção é acirrar um debate, trazer à baila opiniões diferentes, e tentarmos encontrar um denominador comum, um padrão aceito por todos, no sentido de estreitar as nossas relações amistosas e interpessoais.

      Grato pela tua participação, Rocha, e não vejo a hora de eu embarcar para o Rio e te conhecer pessoalmente.

      Um grande e fraterno abraço.
      Saúde e paz.

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  3. Flávio José Bortolotto10/07/2017, 19:58

    Prezado Sr. FRANCISCO BENDL, também meu Mestre.

    A nosso ver, cada coisa tem a sua utilidade no momento e nas circunstâncias certas. Tanto a Palavra como o Silêncio são importantes.

    Mas se eu tivesse que escolher um dos dois, escolheria como mais importante "A PALAVRA". Me parece que a "Palavra" gera Ação, enquanto o "Silêncio" gera Imobilismo.
    Talvez seja por isso que o Ocidente valorizando mais a "Palavra", seja mais DINÂMICO, ( às vezes até para o lado errado), enquanto o Oriente se caracterize mais pelo Estático.
    Depois, foi pela PALAVRA que o Eterno, N. S. D´US, criou o Mundo.
    Logo, a PALAVRA deve ser Ouro, e o Silêncio Prata.

    Me associo ao Sr. MOACIR PIMENTEL em elogiar o belo Quadro de Autoria Sra. ANA NUNES, que encabeça o Artigo, e elogio o Prof. ANTÔNIO ROCHA que iniciou o Tema.
    Abração.

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    1. Francisco Bendl11/07/2017, 11:08

      Mestre Bortolotto,

      Obrigado pelo comentário, e também por concordar comigo sobre o que preferes, se o som ou ao silêncio.

      Se a fala não fosse tão importante não teríamos desenvolvido esta condição que somente pertence aos humanos, pois continuaríamos no silêncio e na falta maior de comunicação.

      Imagina, Bortolotto, um mundo sem rádio, sem TV, sem música, sem a docilidade e sensualidade de uma voz feminina, de um grito dando alerta sobre perigo iminente ...

      E este tipo de assunto postado é interessante porque traz à baila o debate, o contraponto, opiniões diferentes, em consequência enriquecedor.

      Um grande e forte abraço, mestre Bortolotto.
      Saliento que a tua participação neste blog extraordinário o enaltece, além de podermos dividir com uma pessoa de nível tão elevado este espaço cultural.
      Saúde e paz.

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  4. Olá amigo dissidente polêmico,
    Que ja começa a polemizar no primeiro parágrafo. Como você, também gosto quando um assunto rende e expõe opiniões diferentes.
    Eu gosto da palavra mas preciso do silêncio.
    "Saúde e paz".
    Até mais.

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    1. Francisco Bendl11/07/2017, 11:25

      Prezada Ana,

      Muito obrigado pelo comentário, em princípio.

      De fato, posso me apresentar como polêmico, encrenqueiro, rebelde, mas a minha intenção é apresentar a outra face da moeda, o outro lado da maioria dos pensamentos, as facetas diferentes dos ângulos observados.

      Neste caso, sobre o silêncio, eu trouxe à tona o som, a palavra falada, a voz, o cantar, o chorar, o lamentar, manifestações humanas que contribuíram decisivamente para nosso desenvolvimento em quaisquer setores, exatamente porque este atributo exclusivo da nossa espécie deve ser bem usado, pois o seu valor é absoluto, indiscutível, insofismável.

      Evidente que precisamos de sossego às vezes, de nos isolarmos dos outros, de podermos recuperar as forças, de pensarmos com nossos botões, de elaborarmos o pensamento para o dia seguinte, do silêncio.

      No entanto, depois vem a vontade de conversar, de falar, de contar as novidades, de se transmitir sentimentos e aversões, de se confessar sobre amores perdidos e conquistados, de situações maravilhosas e momentos extremamente tristes.

      Desta forma, vivemos muito mais falando do que ouvindo; muito mais convivemos com o som do que o silêncio; e mais preferimos que nosso dias sejam alegres do que introspectivos, sem ânimo, sem disposição, exatamente para onde o silêncio nos dirige, para o isolamento, à quietude.

      Prefiro o som, minha colega dissidente, e observa que não precisamos da política para polemizar, basta qualquer tema onde a unanimidade jamais se concretizará - aliás, pergunto:
      Existe o absoluto nesta vida com exceção da morte?

      Um forte e fraterno abraço, Ana.
      Saúde e paz, extensivos aos teus amados.

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  5. Chicão,
    Eu diria que o sentido do provérbio é que a boa palavra nasce do silêncio, da reflexão, do consultar a alma profunda, porque, como disse o Moacir, a palavra é muito forte e depois que é dita não tem mais volta. Então, a menos das emergências, quando a palavra é um grito de aviso, é pensar primeiro e dizer depois.
    Como eu já te disse antes, eu acredito profundamente na força das palavras, porque se não fosse assim não teria um blog, que é a casa da palavra escrita.
    Que você sabe usar muito bem.
    Um abraço do
    Mano

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    1. Francisco Bendl11/07/2017, 11:36

      Caro Wilson,

      Grato pelo comentário, meu amigo.

      N a verdade a minha intenção neste blog extraordinário é sempre resgatar o contraditório, o pensamento diferente, a perspectiva não discutida.

      Tem sido assim com relação às minhas postagens, onde obtenho a discussão, a crítica, às opiniões que não concordam com as minhas conclusões, razão pela qual o meu crescimento, o meu aperfeiçoamento, o meu desenvolvimento, graças aos registros que são claros em me alertar ou que estou errado ou porque não é como imagino.

      Evidente que vocês, meus amigos, devem considerar as minhas limitações, que tenho poucas luzes, então possivelmente eu não seja tão polêmico, mas irritante!

      Quanto a falar e depois pensar no que se disse, decididamente meu amigo Mano esta é a característica fundamental do político, razão pela qual o país e povo se encontram neste caos sem precedentes.

      E corroborando o teu pensamento, do Moacir e da tua querida esposa, a Ana, COMO AQUELA GENTE FALA, como berra, discute, para nada!!!

      Um grande e fraterno abraço.
      Saúde e paz, meu amigo.

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  6. Gente,
    Muito obrigada.
    Ana

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