Vista aérea de Aubigny - Allier (imagem Wikimedia Commons) |
Wilson Baptista
Junior
Se alguém
que nunca tivesse lido Saint-Exupéry me pedisse para recomendar um livro dele,
eu lhe diria para começar pelo “Terra dos Homens”.
Não é um
romance, como “Courrier Sud” ou “Vol de Nuit”. Nem uma fábula, como “Le Petit Prince”. Nem um relato
contínuo, como “Pilot de Guerre”. Nem
um livro sem trama, um verdadeiro tratado de moral, como “Citadelle”. É uma coleção de histórias vividas em diversas fases
da vida do escritor, que fazem uma fina análise do comportamento humano que
transparece em cada uma delas.
O livro,
dedicado ao seu camarada Henri Guillaumet (que morreria em combate aéreo pouco
mais de um ano depois da publicação), e que ganhou o Grande Prêmio de
Literatura da Academia Francesa, divide-se em oito partes: A Linha, Os
Companheiros, O Avião, O Avião e o Planeta, Oásis, No Deserto, No Centro do
Deserto, e Os Homens. E na página de introdução o autor já resume o porquê do
livro e do título, e a sua filosofia de vida:
“Mais coisas sobre nós mesmos nos ensina a terra do que todos os
livros. Porque nos oferece resistência. Ao se medir com um obstáculo o homem
aprende a se conhecer. Para superá-lo, entretanto, ele precisa de ferramenta.
Uma plaina, uma charrua. O camponês, em sua labuta, vai arrancando lentamente
alguns segredos da natureza; e a verdade que ele obtém é universal. Assim o
avião, ferramenta das linhas aéreas, envolve o homem em todos os velhos
problemas.
Trago sempre nos olhos a imagem de minha primeira noite de voo na
Argentina – uma noite escura onde apenas cintilavam, como estrelas, pequenas
luzes perdidas na planície.
Cada uma dessas luzes marcava, no oceano da escuridão, o milagre
de uma consciência. Sob aquele teto alguém lia, ou meditava, ou fazia
confidências. Naquela outra casa alguém sondava o espaço ou se consumia em
cálculos sobre a nebulosa de Andrômeda. Mais além seria, talvez, a hora do
amor. De longe em longe brilhavam estes fogos no campo, como que pedindo
sustento. Até os mais discretos: o do poeta, o do professor, o do carpinteiro.
Mas entre essas estrelas vivas, tantas janelas fechadas, tantas estrelas
extintas, tantos homens adormecidos...
É preciso a gente tentar se reunir. É preciso a gente fazer um
esforço para se comunicar com algumas dessas luzes que brilham, de longe em
longe, ao longo da planura”.
(tradução
de Rubem Braga)
Não vou
falar aqui de todos os capítulos. Apenas alguma coisa dos mais marcantes. Não,
minto, porque todos são marcantes mas alguns não há como descrever a não ser
copiando todo o texto. E para isso é melhor que vocês leiam o livro. Garanto que
hão de gostar.
A Linha
Saint-Ex
conta nesta parte o seu começo como piloto de linha, seu primeiro voo levando o
correio da França para a África através da Espanha.
Piloto iniciante,
na noite antes do voo procura o seu amigo Guillaumet, mais experimentado, para
lhe falar sobre o roteiro do voo. Com os aviões daquele tempo, o piloto tinha que estar sempre atento a algum terreno que lhe permitisse aterrissar em caso de pane. E o veterano, abrindo os mapas sobre a mesa
ensina ao novato uma Espanha diferente de todas as que os outros homens
conhecem. Não lhe fala das cidades, mas de três laranjeiras em um campo próximo
de uma delas, e lhe diz que é preciso desconfiar delas. Ou de uma fazenda perto
de outra, onde o fazendeiro e sua mulher estavam sempre prontos a socorrer os
outros. Não lhe fala do grande rio Ebro, mas de um pequeno córrego que corre
escondido sob as ervas e encharca o terreno, serpente oculta no paraíso de um campo e pronta a destroçar o avião que tente pousar ali. E de um bando de
carneiros que podem descer de repente, assustados, de uma colina e ocuparem o
prado onde o avião procura salvação.
E na
madrugada seguinte, no ônibus para o aeródromo, ao ouvir os companheiros
falarem do mau tempo que se esperava naquele dia, lembra-se do conselho de
Guillaumet na noite anterior: “As
tempestades, a bruma, a neve, muitas vezes essas coisas o incomodarão. Pense
então em todos os que conheceram isso antes de você e diga assim: o que eles
fizeram eu também posso fazer”.
Os
Companheiros
Aqui o nosso
piloto conta de alguns dos seus companheiros e do profundo sentido da amizade entre os
que trabalham juntos e enfrentam a morte para construir os caminhos do futuro.
Seu amigo
Jean Mermoz, depois de doze anos abrindo caminhos por sobre o deserto, através dos Andes
e sobre o mar, quando a travessia de Dakar, na África, a Natal, na América do Sul, parecia, já feita tantas vezes, ter se tornado já uma
viagem de rotina, desapareceu no mar, com sua tripulação, no hidroavião “Croix du Sud” (Cruzeiro do Sul).
Mermoz, que “havia decifrado as areias, a
montanha, a noite e o mar. Havia soçobrado mais de uma vez nas areias, nas
montanhas, na noite, no mar. E sempre que voltava era para partir outra vez.”
Jean Mermoz (imagem cdpresse.fr) / Mermoz e sua tripulação no Croix du Sud em Natal (imagem Wikipedia) |
E
Saint-Exupéry escreveu então sobre a sensação diferente de perder um
companheiro que só se encontrava de longe em longe, em lugares diversos do mundo,
em reencontros que podiam ser de meses em meses ou anos em anos, e que no
começo parecia que ele simplesmente estava à espera do próximo encontro:
“Mas pouco a pouco descobriremos que não ouviremos nunca mais o
riso claro daquele companheiro; descobrimos que aquele jardim está fechado para
sempre. Então começa o nosso verdadeiro luto, que não é desesperado, mas um
pouco amargo. Nada, jamais, na verdade, substituirá o companheiro perdido.
Ninguém pode criar velhos companheiros. Nada vale o tesouro de tantas
recordações comuns, de tantas horas más vividas juntos, de tantas desavenças,
de tantas reconciliações, de tantos impulsos afetivos. Não se reconstroem essas
amizades. Seria inútil plantar um carvalho na esperança de ter, em breve, o
abrigo de suas folhas”.
E diz, mais
adiante: “Esta a moral que Mermoz e
tantos outros me ensinaram. A grandeza de uma profissão é, antes de tudo, unir
os homens; só há um luxo verdadeiro, o das relações humanas.”
Outro de
seus amigos, o mesmo veterano Guillaumet que lhe tinha pela primeira vez
ensinado os caminhos da Espanha, desapareceu atravessando os Andes durante o
inverno. Durante sete dias Saint-Exupéry e um colega, em dois aviões,
sobrevoaram as rotas dos Andes à sua procura. E todo o mundo já o dava por
morto, porque naquele inverno, em meio às montanhas mais altas da América, sem
comida e em abrigo, ninguém poderia sobreviver tanto tempo, quando veio a
notícia de que ele tinha sido encontrado, vivo.
Tinha se
perdido na tempestade nas encostas do Chile, e conseguiu aterrar, já sem
gasolina, numa lagoa congelada, capotando o avião. Durante quarenta horas
esperou amainar a tempestade, num buraco cavado na neve e com uma barricada
feita com os sacos da correspondência. E quando a tempestade diminuiu, começou
a andar. Andou cinco dias e quatro noites. Sem comida, num frio terrível, as
mãos e os pés congelando, descendo vales e subindo paredes de rocha, a única
coisa que o fazia continuar era o pensamento de que, se seu corpo não fosse
encontrado sua mulher só receberia seu seguro de vida depois de quatro anos,
Então ele queria, ao menos, morrer num lugar onde a neve não o cobrisse e
pudesse ser encontrado.
E, ao final,
quando foi resgatado, tratado, e conseguiu afinal falar, resumiu sua aventura
numa frase: “O que eu fiz, palavra que
nenhum bicho, só um homem, era capaz de fazer”...
Guillaumet e Saint-Ex (imagem saint-ex/henri-guillaumet.htm) / O avião de Guillaumet sendo retirado da montanha (imagem Alchetron.com) |
O avião
Saint-Exupéry
fala do progresso tecnológico e da dificuldade de nos entendermos com ele: “Para apreender o mundo de hoje usamos uma
linguagem que foi feita para o mundo de ontem. E a vida do passado parece
corresponder melhor à nossa natureza apenas porque corresponde melhor à nossa
linguagem”.
Palavras que
ainda hoje são cada vez mais atuais à medida que a velocidade da tecnologia
aumenta vertiginosamente.
E nos diz
que o aperfeiçoamento das máquinas conduz ao desaparecimento, por baixo da superfície, de sua mecânica
aparente e que o seu uso se faz cada vez mais natural até que nos esquecemos da
máquina. Falando sobre o avião, o representante por excelência do progresso no
seu tempo:
“Além do instrumento, através dele, é a velha natureza que
reencontramos, a do jardineiro, do navegante, do poeta
(...)
(o piloto) sente que o hidroavião, segundo por segundo, à medida
que vai ganhando velocidade, vai se enchendo de poder.
(...) O piloto firma bem as mãos no comando e, pouco a pouco, em
suas palmas cerradas, recebe aquele poder como um dom. Os órgãos de metal do
comando, à medida que lhe entregam esse dom, se fazem mensageiros da sua
potência. Quando ela está madura, o piloto separa o avião das águas e o eleva
no ar com um gesto mais leve do que o de colher uma flor”.
Hoje os
grandes aviões de passageiros são todos controlados por computadores, o piloto
move com os dedos um joystick e acompanha os indicadores em telas de computador
à sua frente, e na maior parte do voo o piloto e o copiloto apenas observam
enquanto os computadores do piloto automático tomam as decisões por eles. Mas no
tempo de Saint-Ex as superfícies que controlavam o voo eram ligadas ao manche e
aos pedais de controle por cabos de aço, e o piloto sentia nas mãos, todo o
tempo, o esforço que fazia contra o ar para dirigir o voo do avião.
O avião e o
planeta
O avião,
para nosso aviador, era o mais perfeito instrumento de análise. Só ele
libertava o homem do jugo das estradas, que procuram os caminhos mais fáceis e
mais seguros e não deixam que vejamos o verdadeiro aspecto do mundo. Lá do
alto, em linha reta, podemos descobrir
“o embasamento essencial, o fundo de rocha, de areia, de sal, em
que, uma vez por outra, como um pouco de musgo entre ruínas, a vida ousa florescer
(...) Então relemos a nossa história”.
Não há como
descrever as páginas desta parte (e, na verdade, de nenhuma parte do livro). Só
lendo-as. Mas um pedaço que me tocou muito foi quando o piloto, pousado no
deserto, esperando a manhã para desenguiçar o avião, na solidão mais absoluta,
percebe a força dos sonhos ao se lembrar da sua casa de menino e da velha
governanta, e ao se lembrar delas deixa de lado a sensação de estar perdido e
sente o seu lugar no mundo:
“Meus sonhos são mais reais que estas dunas, esta lua, estas
presenças. Oh, o que há de maravilhoso numa casa não é que ela nos abrigue e
nos comporte, nem que tenha paredes. É que deponha em nós, lentamente, tantas
provisões de doçura. Que forme, no fundo de nosso coração, essa nascente obscura
de onde correm, como água da fonte, os sonhos”...
No natal do
ano em que nos casamos eu trouxe para a Ana o exemplar do Terra dos Homens que
estou relendo agora, e na folha de rosto, como dedicatória, copiei essas
linhas. Na esperança que nossa casa fosse assim, para nós e para nossos filhos.
E sinto que tem sido...
No deserto
Quando
Saint-Ex foi chefe de escala em Cap Juby, um fortim em meio às tribos
sublevadas, onde tinha como uma de suas missões resgatar os pilotos caídos e
capturados nos territórios das tribos, os guerreiros árabes apelidaram-no de
“Senhor das Areias”. Mas não pela força nem pela violência. Nos anos que ali
passou ele conseguiu compreender tão profundamente como o podia fazer um
europeu o pensamento do povo do deserto e ser aceito por eles, se não como um
igual, como um estrangeiro que sabia conversar com eles e respeitava seus
valores.
imagem eilatloisirs.com |
Duas das
histórias que ele conta neste capítulo dão a medida disso. Uma, a de El
Mammoun, o emir de Trarza, que, honrado pelos franceses, aliado deles,
respeitado pelas tribos, uma noite, sem aviso, massacrou os oficiais franceses
que o acompanhavam no deserto, roubou seus fuzis e seus camelos e foi se juntar
às tribos sublevadas, que não tinham chance de vitória contra a força das tropas
francesas.
E o aviador nos
diz porquê:
“Guerreiro decaído que se tornou pastor, ele de repente se lembra
de ter habitado um Saara onde cada dobra de areia era cheia de ameaças
escondidas, onde o acampamento destacava sentinelas em todas as direções, onde
as notícias que chegavam dos movimentos inimigos faziam bater os corações em
volta dos fogos noturnos. Lembra-se de um gosto de alto mar – um gosto que, uma
vez provado por um homem, nunca mais é esquecido.
Hoje ele erra ingloriamente por uma terra pacificada, vazia de todo
o prestígio. Hoje, somente hoje, o Saara é um deserto”.
E é por isso
que ele assassina os oficiais, seus amigos, e à procura desse bater do coração foge para uma luta que sabe que
não pode ganhar.
A segunda
história é a de dois irmãos árabes, acampados junto ao forte de Cap Juby, e do
Capitão Bonnafous, oficial meharista da Coluna de Atar, a tropa volante que
corria o deserto em camelos perseguindo os sublevados. Tomando chá na tenda de Mouyane, um dos irmãos, Saint-Ex ouve dele que no dia seguinte partiriam numa expedição
contra Bonnafous, num “rezzou” (como
chamavam os grupos armados das tribos) de trezentos fuzis. E nos conta o
escritor:
“E eu admiro este mouro que não defende a sua liberdade, porque no
deserto sempre se é livre, que não defende tesouros visíveis, porque o deserto
é nu, mas que defende um reino secreto. No silêncio das ondas de areia
Bonnafous conduz seu pelotão como um velho corsário. E graças a ele este
acampamento de Cabo Juby não é mais um lar de pastores ociosos. A tempestade de
Bonnafous pesa sobre o seu flanco e, por causa dele, as tendas serão enroladas
esta noite. E como é pungente esse silêncio para as bandas do sul: é o silêncio
de Bonnafous! Mouyane, velho caçador, sente no vento que ele caminha”.
E Saint-Ex
nos diz que, quando terminar seu tempo de serviço e Bonnafous voltar à França,
os árabes não acreditarão que ele fique por lá, pensarão
“Voltará, atormentado pela nobreza perdida, para aquela terra onde
cada passo faz bater o coração, como um passo para o amor. Pensou que aqui
apenas havia vivido uma aventura e que lá em sua terra acharia o essencial; mas
descobrirá com desgosto que as únicas riquezas verdadeiras ele as possuiu aqui,
no deserto: o prestígio da areia, da noite, o silêncio, esta pátria de vento e
de estrelas”.
No capítulo
seguinte, No Centro do Deserto, Saint-Ex conta da sua queda, com seu mecânico
Prévot, no seu avião Caudron Simoun quando tentava bater o recorde de velocidade
Paris/Saigon. Foi o acidente que deu origem ao livro “O Pequeno Príncipe”. Mas
a história contada no Terra dos Homens, em nada parecida com a do Pequeno
Príncipe, é uma história de desespero, delírios de sede e agonia. Sem comida
nem água, perdida no desastre, sem saberem onde estão e sem que ninguém mais no
mundo soubesse ao certo onde tinham caído, se deparam com a perspectiva da
morte pela sede antes de qualquer salvamento possível. Sem saber quanto tempo
ficariam ali, tentam, sem sucesso, fazer armadilhas para caçar as pequenas
raposas do deserto – a mesma que o Pequeno Príncipe cativaria com seu afeto –
para beber seu sangue. No quarto dia, tendo caminhado mais de duzentos
quilômetros, completamente esgotados e já quase abandonando a esperança, são
encontrados e salvos, por puro acaso, por uma caravana de camelos que passava.
E sobre o
pobre cameleiro que os salvou, ele termina dizendo:
“Quanto a ti que nos salvas, beduíno da Líbia, neste momento mesmo
tu te apagas para sempre da minha memória. Não me lembrarei nunca do teu rosto.
És o Homem e me apareceste com o rosto de todos os homens. Nunca nos viste, mas
já nos reconheces. És o irmão bem amado. E eu te reconhecerei em todos os
homens.
Tu me apareces banhado de nobreza e benevolência, Grande Senhor
que tens o poder de dar água. Todos os meus amigos, todos os meus inimigos
caminham em ti para mim – e eu não tenho mais nenhum inimigo no mundo”.
imagem interbible.org |
Os homens
No capítulo
final, o autor fala do espírito do homem e do sentimento escondido no fundo da
alma que o faz encontrar sua ligação com os outros e um sentido para a vida e
para a morte. Para isso, reúne algumas de suas lembranças mais profundas, entre
as quais a de uma noite quando estava no front da Guerra Civil Espanhola, junto aos
soldados republicanos de uma tropa que dali a pouco se lançaria num ataque desesperado
onde com certeza todos os que fossem à frente morreriam. Não sou capaz, e acho
que ninguém o seria, de resumir este capítulo. Se vocês tivessem que ler apenas
um capítulo deste livro, este é o que eu lhes diria para ler. Por isso vou
apenas citar dois pequenos trechos do que ele escreveu aqui:
“Nada sabemos, a não ser que há certas condições que nos
fertilizam. Onde reside a verdade do homem?
A verdade não é o que se demonstra. Se nesta terra, e não em
outra, as laranjeiras lançam sólidas raízes e se carregam de frutos, essa terra
é a verdade das laranjeiras. Se esta religião, esta cultura, esta escala de
valores, esta forma de atividade, e não outras, favorecem no homem sua
plenitude, libertam nele o grande senhor que se ignorava, esta escala de
valores, esta cultura, esta forma de atividade são a verdade do homem. E a
lógica? Ela que se arranje para tomar conhecimento da vida”.
E, mais
adiante,
“Se para nos libertarmos basta que nos ajudemos a tomar
consciência de um fim que nos liga uns aos outros, procuremos um fim que nos
ligue a todos (...) Aquele que vigia modestamente algumas ovelhas sob as
estrelas, se tem consciência do seu papel, descobre que não é apenas um
servidor. É uma sentinela. E cada sentinela é responsável por todo o império”.
Que nós também nos sintamos sempre como sentinelas.
Ainda
voltaremos a falar um pouco de alguns dos seus outros livros, numa conversa
mais adiante. Até lá.
Mano, Mano... Não deixe de escrever!
ResponderExcluirUm abraço,
Guto
Guto, meu irmão, pelo menos sobre o Saint-Ex sei que ainda vou escrever mais um pouco :)
ExcluirUm abraço do Mano
Wilson,
ResponderExcluirBravo! Penso que você foi muito feliz nesse post : conseguiu resumir duas vezes o irresumível: o livro e o resenhador (rsrs) E , de quebra,me fez decidir ler Saint-Ex. Sim, é universal e ancestral a luta humana para transformar as paragens circundantes em seu benefício e a criação de ferramentas que o permitam. O problema é que nessa labuta às vezes esquecemos do objetivo maior: a reunião em volta da fogueira em prol de uma “ pátria maior de vento e de estrelas” na qual "não se tenha mais nenhum inimigo”.
Concordo com Guillaumet que os obstáculos, os percalços e os inconvenientes fazem as melhores viagens e as mais memoráveis histórias e não, não há atalhos para se ter velhos companheiros. Da Terra dos Homens a parte que me vem à mente com mais clareza agora, é justamente a de Guillaumet que, como o homem que era, continua caminhando congelado, subindo uma após outra só mais uma montanha pensando em proteger a mulher da vida dele e aquele lugar no mundo onde com ela se cultiva e colhe sonhos.
Perfeitos os parágrafos sobre “a verdade das laranjeiras”. Somos iguais indepentendemente de latitudes. Pensei na verdade das cerejeiras orientais. Explico: os homens apelidados pelos os guerreiros de “Senhor das Areias” são chamados pelos do Oriente de “Velho Amigo”. Não é que tais estrangeiros deixem de ser bárbaros (rsrs) mas é que, como falam a língua nativa e fazem dela uma tradução exata, não podem ser levados na conversa e são portanto imensamente respeitados.
Não consigo imaginar o dia em que o homem perderá o controle do manche da máquina mas devo confessar que a "sentinela" me desorientou. Lembrava-me de tê-la conhecido , em vez, na Cidadela ali enquanto o rei tentava comunicar ao filho não fórmulas mas suas visões de como o império teria continuidade e a vida seria worth living, o governante justo e o homem sábio e realizado. Ao explicar ao garoto que deveria começar dotando mente e coração com motivações maiores que as individuais - nos meus bytes de memória pelo menos! - o cäid se depara com um jovem que adormecera enquanto vigiava. A metáfora deve ter sido usada em ambos os livros já que a filosofia de Saint-Ex não oscila em tudo que dele li - infelizmente muito pouco. Aliás, gostaria muito de ler um Pequeno Príncipe da sua lavra. Fica a sugestão.
Abraço
Moacir, se por causa deste post alguém que lê como você resolveu ler mais do que já leu sobre Saint-Ex, já fico satisfeito. E, se quando os perdemos percebemos que não há atalhos para se ter velhos companheiros, devemos ficar felizes que a vida nos dê tempo de construir mais alguns.
ExcluirQuanto às dificuldades das viagens, na estrada ou na grande viagem da vida, você, viajante, vai se lembrar do que ele diz na Cidadela: "Tenho pena daquele que acorda na grande noite patriarcal acreditando que está abrigado sob as estrelas de Deus, e sente de repente a viagem".
A sentinela aparece sim no Terra dos Homens. Muita coisa da Cidadela já está mais ou menos esboçada nos livros anteriores. A Cidadela, obra póstuma e inacabada, é um pouco como uma reunião das crenças do aviador que ele julgou que devia nos contar. E como soube contar!
Ainda chegaremos nela.
Um abraço do Mano
Certos artigos são tão magistralmente escritos, tão brilhantemente relatados, que os comentários que são feitos na tentativa de qualificá-los devidamente pela importância do conteúdo, podem não lhes fazer jus, podem não ser adequados à qualidade ímpar do enunciado.
ResponderExcluirEste, acima, da lavra do Mano, é um desses artigos irrepreensíveis, irretocáveis, que qualquer meio ou modo de se dizer dele qualquer elogio será infrutífero, pois estamos diante de uma obra feita com esmero, capricho, mas, principalmente, com muita emoção e sentimento.
Logo, como aferir a emoção e sentimentos de outra pessoa?!
Não nos resta outra opção que não seja ler, reler, e guardar o texto e as fotos como homenagem à literatura, às histórias, às profissões, à união dos homens e seus relacionamentos sadios e salutares à amizade, à admiração e respeito!
Wilson e seu blog Conversas do Mano atingiram este patamar de qualidade excelsa, de nível incomparável pelos artigos expostos, pelos temas escolhidos, pela fidelidade à mensagem dos autores recorridos.
Portanto, estamos diante de um relato primoroso, informativo, que resgata uma época romântica, diferente dessa atual, pragmática e insossa.
Eu gostaria de escrever mais do que aplaudir e parabenizar o artigo, confesso, mas na razão direta das minhas limitações – aliás, eu sequer deveria participar desse blog! -, trata-se do máximo que consigo usar do meu parco vocabulário, além de reverenciar o autor, meu amigo, e dizer-lhe do meu orgulho e honra em tê-lo nessa condição de amizade fiel e permanente.
Escrevi no primeiro texto publicado, da minha amiga dissidente, Aninha, esposa do Mano, que este oásis cultural começara muito bem o ano, com um artigo de uma mulher que todos admiramos pela sua inteligência e qualidade como escritora, seguido pelo Pimentel, depois o Ferreira e, o penúltimo, do Heraldo.
Pois bem, este ano de 2.018 será o coroamento de um trabalho magnífico do Mano, que nos coloca à disposição um espaço onde podemos expor as nossas ideias, pensamentos, conceitos, relatos, crônicas, ensaios, contos, onde os atributos do blog serão o esmero, a dedicação e os esforços para que nos possamos nos manter à altura do que pretende o nosso amigo, um local para escrever com as potencialidades de cada um, de acordo com as características de cada pessoa, conforme as peculiaridades de cada autor no que tange às suas experiências de vida e interpretação que tenha dado sobre o que aprendeu e que tenha lhe sido útil!
Magnífico!
Um forte abraço, Mano.
Saúde e paz.
Chicão, como sempre seus comentários são hiperbólicos, o que atribuo muito menos à qualidade do artigo do que ao afeto do amigo :)
ExcluirFico muito feliz de você ter gostado, e espero que goste também dos que ainda se seguirão sobre outros livros do mesmo autor. E pelo amor de Deus pare de falar que você não deveria participar deste blog, e volte a escrever para nós que os leitores estão sentindo a sua falta! Afinal, foi com seus escritos que começamos essa nova etapa que tanto aumentou o número de leitores.
Um abraço do Mano
Olá Mano,
ResponderExcluirCabeção, hein!!??
Bjok
Você sabe que não... Como diz o Moacir, é "leitura caudalosa" :)
ExcluirUm beijo.
1) Um ótimo estudo sobre a obra do meu xará Antoine de Saint Exupéry.
ResponderExcluir2)Certamente será muito consultado por alunos, público em geral, leitores e pesquisadores dos referidos livros.
3) Abraços !
Antonio, fico feliz de você ter gostado. Não sei se será tão útil como você diz, mas já ficarei muito contente se despertar em alguns dos nossos leitores a vontade de ler este autor que hoje é tão pouco conhecido por aqui. Um abraço!
ExcluirMano,
ResponderExcluirLendo esses trechos de Saint-Ex e o seu texto, fico pensando nesses homens espetaculares que desbravaram o mundo, definiram rotas, comportamentos, procedimentos e costumes baseados na mais pura bravura. E que fizeram isso com poesia profunda. Ou o que seria desistir de lembrar do rosto do homem salvador para enxergar todos os rostos de todos os homens?
Ou o que será senão poesia pura você trazer a doçura da casa sem paredes para dentro da sua casa?
Lamento que o mundo moderno, a cada dia, deixe de fazer a mais mínima ideia do que era tudo isso, todo um tempo de descobertas por tentativa e erro, todo esse universo que você tão generosamente nos resgata. É nisso que dá termos chegado a um mundo onde não existem novidades. Abração.
Heraldo, a época deles realmente foi épica. Mas, esgotadas as fronteiras geográficas da Terra, nós vimos os primeiros passos igualmente perigosos para a conquista da próxima fronteira, e a sua primeira etapa com os pousos na lua. E apesar de um longo hiato onde faltou a coragem de dedicar os recursos necessários, assistimos agora o seu recomeço e, se talvez não vejamos as próximas etapas desse caminho, nossos filhos e nossos netos com certeza verão (e quem sabe até tomarão parte) o homem chegar aos outros planetas no seu caminho rumo às estrelas. E para quem acha que é impossível, tanta coisa que parecia impossível já foi feita desde que nossos primeiros antepassados tiveram a coragem de descer das árvores para enfrentar os predadores da planície...
ExcluirUm abraço.