Gustave Doré - O Jantar de Gargântua |
Francisco Bendl
Depois de
vários sustos que levei por conta do meu coração funcionando irregularmente, os
médicos de comum acordo chegaram à conclusão que eu deveria perder peso, de
modo que eu fosse aliviado da carga excessiva que venho transportando há
tempos.
O problema é
que dizem que sou um homem gordo, e nem sempre compactuo com essas ideias.
No entanto,
quando me deparo com movimentos limitados, e entrar e sair do carro se torna um
exercício de contorcionismo, percebo que a razão não está comigo, porém ainda
imagino que existam mal entendidos a respeito.
Mas, a dieta
me foi dada, com advertência, com seriedade, e avisos graves:
- Se não
obedeceres a esta tabela, azar o teu!
Se a pessoa
está obesa é porque não tem restrições com a comida, pelo contrário, então as
dietas elaboradas pelas nutricionistas serão simplesmente desvirtuadas pelos
fofos. Aliás, exatamente com essas dedicadas profissionais que os gordos mais
são rebeldes, talvez porque não foram avisadas dessa condição inata do super
pesado para comidas sem gosto:
Saladas
(veneno puro!), baixas calorias, iogurtes, alimentos leves, regimes, fibras,
frutas... é com a nutricionista que o gordo mais se diverte, pois o que esta
lhe ordena ele faz exatamente o contrário!
E quando vai
se pesar e o peso não diminuiu, mas aumentou, já viram a cara do safado?!
- Mas como?!
Segui à risca o que a senhora estipulou na dieta, como poderia eu aumentar o
peso?!
Também, me
acompanhem:
Café da manhã do regime –
Meia xícara de granola com meio copo de leite desnatado e uma
fatia de pão integral.
Não há como
sobreviver a tanta tortura, me desculpem.
O Meu Café da Manhã –
Uma jarra de suco de uva tinto ou branco, um sanduíche de pão
caseiro com salame, queijo, presunto, manteiga e tomate, bem prensado, mais um
belo e generoso pedaço de torta.
O almoço do regime -
Salada de tomate e palmito, duas colheres de arroz integral, um
bife grelhado e um copo de suco de kiwi!
Eu não fico
em pé com esta suposta refeição!
O Meu Almoço –
Batatas fritas à vontade, bifes à milanesa à vontade, quatro ovos
fritos, refrigerante à vontade, e como sobremesa, pudim de leite à vontade!
O lanche da tarde da dieta –
Um caqui.
Depois não
querem que o gordo se torne desobediente!
O Meu Lanche Vespertino –
Uma jarra de suco de laranja, uma bacia, das grandes, de pipoca,
acompanhada de dois pães cervejinha com maionese, alface, tomate, presunto,
queijo e salame italiano, de modo que eu aguente até o jantar, claro.
Jantar do regime –
Salada de folhas verdes à vontade, duas colheres rasas de cenoura,
duas ameixas vermelhas, um bife de peito de frango, pequeno, uma fatia de
queijo prato.
Não há como
dormir depois com a fome que se instalará no corpanzil do fofo, convenhamos!
O Meu Jantar –
Carne à vontade, massa (macarrão) com molho à vontade, refrigerante
à base de cola à vontade, salada de maionese à vontade, e como sobremesa, sorvete à vontade.
Às vezes não
consigo dormir, mas é melhor com o estômago cheio do que vazio!
Pois bem,
tirar do gordo essa tradição de “bom paladar” tem sido um desafio para os
profissionais do ramo, que sabem que o gordo dificilmente irá seguir o que foi
determinado.
As mudanças
são muitas, tanto na forma de se alimentar quanto as alterações que deverão
acontecer na sua mente, de modo a aceitar a nova e necessária realidade.
Claro, como
socorro pela madrugada, pois a geladeira está sob intervenção, onde os
alimentos estão em ordem e colocados de modo que se sabe de manhã se houve
invasão ou não, o gordo esconde em locais estratégicos pacotes de balas,
bombons, chocolates, e coloca dentro dos cantos do sofá as embalagens das
guloseimas.
Enfim, de
uma hora para outra querem tirar do obeso a sua fonte de energia, de
inspiração, de companhia – sim, a geladeira é sua companheira predileta; o
fogão serve como realizador de desejos para novos pratos e experiências, além
de se transformar na sua “musa inspiradora”; o freezer guarda as lembranças de
um passado recente, o sorvete de nozes, que foi tão difícil encontrá-lo; e o
armário secreto guarda latas de compotas quando a esposa sai de casa, e o gordo
está só, dono da casa, senhor do mundo, rei dos alimentos (já experimentaram
congelar uma lata de compota de pêssegos e beber o caldo gelado com a fruta
esmagada pelo liquidificador)?!
Néctar dos
deuses, ainda mais misturado com creme de leite!
Não há como
as dietas por mais sofisticadas que sejam e bem elaboradas substituírem o
apetite voraz do gordo, lamento, pois é tempo perdido.
O cara se
acostumou a viver assim, até...
A
interrupção abrupta desse modo de se alimentar do obeso – à vontade! -, para
uma forma contida de comer, e justamente o que não lhe apetece porque sem gosto
- quanto mais calórica a comida, melhor, pois é onde ele tentará encontrar o
elo perdido com seus semelhantes, haja vista ser reconhecido como um animal
(elefante, hipopótamo, rinoceronte, baleia...), ocasionará tamanho conflito que
ele buscará nos alimentos que ingere com sofreguidão (ele os mastiga pouco) os
sentimentos que lhe negam desaforadamente: carinho, afeto, amizade,
consideração, respeito, compreensão, pois está... doente!
Ora, sonegam
a comida, deixando o gordo triste, um vazio dentro de si e do estômago nunca
antes sentido, e querem que ele seja alegre?
Pior é
quando dizem que “é para o seu bem” perder peso!
- Como para o meu bem, se vou morrer de fome?!
Regime para
fazer efeito deveria estar acompanhado também de um psiquiatra, de um
psicólogo, e não somente uma folha de papel contendo a sua nova alimentação,
que dará de ombros e não a seguirá, haja vista não ter condições para tanto!
Diga-se de
passagem, neste aspecto, de consultar vários médicos para diagnosticar as
causas do sobrepeso, tenho uma coleção de histórias que armazeno e me divirto
depois ao revê-las, pois o obeso é um prato cheio (não encontro expressão mais
bem colocada do que esta).
Algumas
delas:
Eu estava à
procura de um gastro, de modo a constatar alguns problemas específicos.
Deitado na
indefectível maca no consultório do médico, que eu imaginava que, se não me
aguentasse, o estrago que eu ocasionaria no consultório, ele me olha, olha, e
exclama:
- Meu, se eu tiver de fazer uma cirurgia, farei de ti um parque de
diversões!
- Por que, doutor?
- Porque a tua barriga me lembra uma roda gigante, um carrossel,
portanto vou brincar e pesquisar as razões pelas quais podemos saber a
verdadeira dimensão que uma pança pode atingir!
(Palhaço,
pensei com os meus botões).
As pernas
incham constantemente.
Recomendaram-me
um vascular.
Consultório
elegante, com as pessoas na sua maioria usando aquelas meias apertadas nas
pernas.
- Doutor - me antecipei e fui descrevendo o meu quadro -, tenho problemas nas pernas, pois incham em
demasia.
Quando um
médico demora para me dizer qualquer palavra e fica me olhando, examinando de
cima pra baixo, ele nunca viu um paciente assim.
Depois de
uns cinco minutos, gozador, ele disse:
- Chicão, não é aqui onde deves ir.
- Por quê, o senhor não é vascular?
- Sou, mas o teu problema é contratares um engenheiro civil pela
quantidade de pontes de safena a serem feitas, a reconstrução de artérias e
veias, canais para serem abertos e desobstruídos, inclusive a construção de
ramais para o sangue irrigar melhor!
(Outro
humorista, só pego gente boba).
Às vezes eu
tinha ataques que pareciam ser sintomas de asma.
O peito “chiava”,
a tosse era seca, e me incomodava o pigarro constante.
Fui
consultar um pneumologista.
Consulta
cara, pois a asma é uma das doenças que mais leva gente para o hospital,
principalmente crianças e idosos, meu caso.
A cada
respiração que o médico me pedia - respira
com a boca fechada e solta o ar com a boca aberta -, ele me olhava
espantado.
Incomodado
com esta atitude, interrompi a sua ausculta, e perguntei:
- Doutor, algum problema?
- Sim, terás de fazer vários Raio X!
- Por quê?
- Tu não tens mais pulmão! Ou são cilindros de gás veicular ou são
guelras. Não sei como consegues respirar!
(Deve ter
saído uma “fornada” de médicos babacas, eu pensava).
Constantemente
os joelhos me doem muito. Também, com o peso, haja estrutura para suportar este
fofo!
Nesta minha
via sacra de consultar especialistas, decidi ir no melhor ortopedista de Porto
Alegre.
Não precisei
entrar no consultório.
Quando ele
abriu a porta do consultório e me viu na sala de espera, gritou:
- Duas próteses de joelho, e não sei como consegues andar! Fala
com a minha secretária os valores. Te espero em dois dias!
(Curto e grosso).
Alguém já
foi em um médico endócrino?
Olha o nome
da especialidade, endocrinologia! Pode ir do estudo das crinas de cavalo até
assassinatos ainda não resolvidos!
Lá pelas
tantas, o meu problema de obesidade estava nesta área da medicina, ora.
Levei um mês
para marcar hora com um cara bom, me disseram, um mágico, que só no olhar
diagnosticaria os meus males! Claro, me acompanhavam tantos exames, que eu
tinha comigo até a Certidão de Batismo, documento raríssimo hoje em dia.
O
especialista demorou uns minutos, que me possibilitou imaginar que eu ouviria
as mesmas bobagens, mas não.
- Senhor Francisco – ele era formal -, desconheço nesses meus trinta anos de endócrino, alguém que, assim
como o senhor, tem tantas glândulas “desreguladas” – ele fez com dois dedos
de cada mão as aspas - hipófise, tiroide,
pâncreas, parótidas, e que ainda consigam fabricar as substâncias capazes de
manter o seu corpanzil funcionando!
- Mas como, doutor, que fenômeno é este?
- Não sei, mas se eu te receitar qualquer medicamento, acho que
vamos ocasionar um caos, então deixa assim! Segue a tua vida!
(Omisso, nem
arriscou um palpite).
Decepcionado
e frustrado pelas minhas incursões na área médica, decidi procurar um
Psicanalista!
Este vai
resolver os meus problemas, pensei.
Corri o dedo
nas Folhas Amarelas, fechei os olhos, e tasquei o dedão em cima. Quem eu
escolhera no escuro seria o cara.
A consulta
foi a mais cara que paguei, logo, decidi resumir a vida em menos de uma hora
para ouvir o laudo do especialista sobre a minha obesidade.
- Olha, Chico, lamento, mas constatei tanta desigualdade e
diferenças abissais entre o teu ego, superego e id, que antes de eu equacionar
essa tua personalidade jamais saberei a causa desta tua compulsão pela “boia”!
(Não sabia
nada).
No embalo,
fui a um Psiquiatra.
Ao me ver
esfregou as mãos!
Perguntei-lhe
o motivo:
- Chicão, faz anos que estou atrás de um paciente nas tuas condições.
- Por quê?
- Tu és um desafio, pois em face dos medicamentos e sessões que
teremos pela frente para tentarmos encontrar uma fórmula que amenize os teus
desvios de comportamento, tuas neuroses, fobias, complexos, paranoias,
frustrações, transtornos obsessivos compulsivos, depressões, alterações de
humor, que ficarei espantado com as descobertas que farei quanto às patologias
existentes e, de ordem mental, que vocês, os obesos, desenvolvem!
(Se fosse
assim eu estaria isolado em um hospício).
De modo a
agradar a minha cunhada, consultei um Psicólogo.
Sem
preâmbulos me disse:
- Terei muito trabalho para te “reintroduzir” como ser humano no
meio social!
(Bah, sai de
lá me sentindo uma rolha de poço no meio de uma cozinha de um presídio).
Como última
tentativa, e pela insistência familiar, parentes, amigos, conhecidos e até de
uma torcida particular, fui ver um cirurgião para a tal da cirurgia bariátrica.
Pesou,
mediu, calculou a minha circunferência – deu um estalo com a boca, que denominávamos
no passado de muchocho -, e sentenciou:
- Chicão ou Chico, como preferes?
- Chicão, né doutor!
- Pois, Chicão, a cirurgia está fora de cogitação.
- Por quê?
- Pela idade, inicialmente, mais de 65, e depois pelo peso
excessivo.
- Ué, mas a cirurgia não é justamente para o obeso perder peso? – perguntei.
- Sim, de fato, no entanto, antes de perderes 50 ou 60 quilos, e
mesmo que tivesses idade ainda não há cirurgião que vai te operar!
- Tá, e como fico, de que forma aliviar o corpo desse transporte
pesado?
- Chicão, um cirurgião plástico faria uma festa contigo, pois ele
estudaria e com muita atenção, uma forma para alterar a tua imagem física,
nessas alturas, monótona.
- Como, monótona?
- Arredondada, em razão dessa imensa paisagem montanhosa. Quem
sabe ele aplainaria parte desses morros e tu ficarias mais apresentável, heim?!
(Cada louco
com sua mania).
Bom, a
verdade é a seguinte:
Diante dessa
avalanche de problemas físicos, emocionais e mentais verdadeiramente
impossíveis de resolvê-los não me resta outra ideia que não ir saborear nesta
quinta-feira à noite, um lauto churrasco, regado a refrigerantes e fantásticas
sobremesas, pois o corpo pede comida, e a fome é muita.
FUI!!!!
Chicão, um post do teu tamanho, muito bem escrito e dos mais divertidos. Realmente não é fácil para um gordo (eu sei :) seguir um regime tão diferente de sua esbórnia costumeira ( senão, como disseste, não seria gordo), mas espero devotamente que o post seja realmente uma piada e não signifique que estejas fraquejando na luta, na qual todos estamos torcendo, para recuperar tua saúde...
ResponderExcluirUm abraço do Mano
1)Bom e agradável texto. Chicão colocou pitadas de humor em um assunto seríssimo = a saúde.
ResponderExcluir2)Sou um pouco parecido, respeitando-se - claro - as devidas proporções: tenho 1,58 m... já fui alto,(1,60 m) mas a dra. outro dia me alertou que eu estava diminuindo....
3) Já falei aqui e repito: honrosamente faço parte do CCA - Comedores Compulsivos Anônimos, uma irmandade de ajuda mútua presente em muitos países...
4)Bom domingo ao Bendl e aos demais.
Rocha, meu caro,
ExcluirPois como eu gostaria de participar de um desses movimentos que ajudassem o obeso a se cuidar!
Não existe nada parecido onde moro, logo, é por minha conta e risco os regimes, as dietas, o controle sobre os alimentos.
Eu sou um pouco mais alto, 1,82m e já medi 1,83m. Na verdade os ossos vão pesando e vergando a coluna, então a estatura diminui.
Como fui muito forte quando jovem, o meu peso até que é bem distribuído nessa altura e tórax muito largo, que me possibilitam apostar e ganhar vários refrigerantes quando pergunto que peso o pessoal acha que tenho.
Obrigado pelo comentário, Rocha.
Um grande abraço.
Saúde e paz.
Meu caríssimo amigo,
ResponderExcluirSomente pessoas do teu caráter e lealdade com os amigos para escrever desta forma, pelo qual muito agradeço.
De fato, às vezes me cuido, outras, relaxo.
Certamente porque percebemos quando estamos chegando ao fim, então por que tantos panos quentes?
Meus problemas não têm mais solução, conserto. Preciso conviver com eles agora, logo, um pouco para a saúde, um pouco para mim.
E, desta forma, vamos viver até onde der, até onde for possível.
A questão é que não posso me entregar no que diz respeito a ser subjugado pela doença - o coração funcionando pela metade.
Faz-se necessário que os meus dias sejam como se eu tivesse saúde, fosse jovem, intrépido, destemido, sem medo de nada!
A conclusão que podes extrair dos meus textos é o humor, e tendo comigo o protagonista atrapalhado, bobão, que faz piada de si mesmo, como não poderia ser diferente.
Na verdade, quero dizer que o outro lado não me amedronta, não me força a tomar atitudes que eu não queira, pois não seriam legítimas, e se tenho eu alguma característica, meu caro, é ser o que sou, sem maquiagem, sem máscara, sem pantomimas.
Se chegou a minha hora, fazer o quê?!
Agora, continuo sem beber - nunca bebi -, sem abusar da comida, dos doces - a minha perdição -, dos refrigerantes - enjoei, confesso -, e hoje somente sucos e água mineral com gás.
Observa, portanto, que me cuido, mas não deixo de me alimentar daquilo que gosto, que me atrai, nem que seja "um pedacinho".
Uma taça de sorvete, e não o pote; dois bifes à milanesa - a Marli faz o melhor deste e do outro mundo! - e não seis a oito, uma poção de arroz e salada.
Ah, antes que eu esqueça, bifes pequenos, pois para o fofo - assim como para as crianças -, importa a quantidade!
Eu mesmo tenho de me enganar.
Um belo comentário, de amigo para amigo.
Reitero que poderás contar sempre comigo, claro, enquanto eu tiver neste mesmo planeta que estás, mas, se eu puder, e quando eu for para o lado de lá, prometo que tentarei te avisar, te dizer como é a vida no além ou, lá pelas tantas, bem próximo.
Um abraço enorme, forte, fraterno.
Saúde, muita, e paz, igual, extensivo aos teus amados.
Prezado Autor Sr. FRANCISCO BENDL,
ResponderExcluirFizestes uma bela crônica, com muito bom humor contrastando a realidade com a ficção, aproveitando a necessidade de Dieta imposta pelos Médicos.
Estás liberados para almoçar 6 maravilhosos bifes à milanesa divinamente feitos pela Sra. MARLI, em cada refeição, desde que cada um seja "bem pequeninho".
Sabemos que entre os diálogos com os Médicos/Psicólogos/Psiquiatras, e especialmente Nutricionistas, entre a realidade e a ficção, vai uma certa distância.
Mas sem imaginação, como escrever um belo Conto?
E o senhor sabe como poucos "contar uma Estória", e tem imaginação quase infinita. Parabéns.
Abração.
Mestre Bortolotto,
ExcluirMuito obrigado pelo comentário e palavras gentis.
Mas, conforme eu disse acima, o humor é imprescindível à vida, mesmo em momentos difíceis, onde fazemos o balanço do que fomos e do que poderíamos ter sido!
Pois nesta contabilidade existencial, se a vida foi levada como deveria e ainda com pitadas de sarcasmo, ironia, diversão, melhor, indiscutivelmente.
Afinal das contas não há quem saiba o que acontece do lado de "lá", mas se esta vida for levada em conta, o espírito leve, humorado, usando a si mesmo como exemplo de conduta indevida para si próprio e não prejudicando as demais pessoas, acredito que terá créditos no além.
E também porque não devemos entristecer as pessoas, pelo contrário, o ser humano é agente de felicidade, e é esta a sua obrigação, de alegrar, de fazer sorrir, de fazer com que as pessoas se divirtam.
Evidente que o texto acima na sua grande parte foi jocoso, em face do recado que quero deixar àquelas pessoas que precisam seguir à risca recomendações médicas, e cujo tempo de vida que têm pela frente é vasto, de muitos anos, então os cuidados que deve ter consigo.
No meu caso, desço e ladeira sem freios, em alta velocidade e em ponto morto, mesmo sabendo que no fim desse declive existe uma curva muito fechada, que poderá me tirar da estrada com sérias consequências.
Porém, mestre, quem resiste à velocidade, à aventura, à emoção, à sensação quando inéditas?!
Se eu capotar ou não, se eu me machucar ou não, valeu o risco, e é desta forma que se deve viver, correndo riscos, desafiando as circunstâncias, levando a existência como protagonista, e não como ator coadjuvante ou um mero figurante.
Como diz a canção, se sorri ou se chorei, o importante é que emoções eu vivi!
Um grande e forte abraço, mestre Bortolotto.
Muita saúde e paz, e vida longa.
Prezado Chicão,
ResponderExcluirUm grande e HILÁRIO post do jeito que eu sabia que seria embora a sua peregrinação pelos mafiosos de branco tenha sido um bônus extra não imaginado (rsrs) Você pode estar fora de forma mas o seu cérebro continua trabalhando a pleno vapor. Escreva, Chicão, não nos prive da sua "voz de trovão".
Discordo da metáfora para o Bortolotto porque não entendo a vida como uma ladeira para se descer de rolimã mas como uma colina que a gente vai subindo cada vez mais devagar embora com mais vontade de subir mas concordo com você que um dia seremos todos, mais gordos ou mais magros, perfeitos cadáveres . Só que não é preciso apressar a viagem, certo? Não se trata de "Se chegou a minha hora, fazer o quê?!" Mas de entender que a"hora" quem faz é você e aqui e agora e que a sua vida não se limita a agradar de um lado a sua saúde e do outro a sua fome.
Pergunto : e os nossos afetos como é que ficam nessa equação? Também não tenho medo do "outro lado" por uma simples razão : pode apostar que é pior para quem fica, sozinho na cama, na mesa, na varanda e na estrada sem placas de sinalização. Finalmente, vou pedir licença ao Wilson para assinar embaixo das pretinhas e da torcida dele - "não fraqueje na luta pela sua saúde!" - que ecoam os versos do poeta galês Dylan Thomas de nome Do Not Go Gentle Into That Night, nos quais ele se dirige ao velho pai mas exorta todos os homens de coragem - não importa o que tiverem feito das suas vidas - a reagir, a se enfurecer, a clamar por mais vida , a lutar contra a Velha Senhora até o suspiro derradeiro em vez de se deixarem levar, pacificamente, pela escuridão.
"Não vás tão docilmente nessa noite linda;
Que a velhice arda e brade ao término do dia;
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.
Embora o sábio entenda que a treva é bem-vinda
Quando a palavra já perdeu toda a magia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.
O justo, à última onda, ao entrever, ainda,
Seus débeis dons dançando ao verde da baía,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.
O louco que, a sorrir, sofreia o sol e brinda,
Sem saber que o feriu com a sua ousadia,
Não vai tão docilmente nessa noite linda.
O grave, quase cego, ao vislumbrar o fim da
Aurora astral que o seu olhar incendiaria,
Clama, clama contra o apagar da luz que finda.
Assim, meu pai, do alto que nos deslinda
Me abençoa ou maldiz. Rogo-te todavia:
Não vás tão docilmente nessa noite linda.
Clama, clama contra o apagar da luz que finda."
Um grande abraço
Olá amigo Dissidente, fofo!
ResponderExcluirSeu post está fantástico. E divertido. Mas com um certo aviso de tristeza. Porque contém ua ameaça velada. E podem se tornar verdade umas verdades que você conta de mentira.
Que eu esteja errada mesmo, e que você passe ainda muita fome, muito desejo de doces e frituras,
Exercite a receita da mais-valia onde você deixa de lado o mais pesado e perigoso e escolhe o mal menor.
Use o humor, ria de si mesmo e pode rir de nós também
E continue a nos escrever pelo tempo que existir o blog.
Até muito mais.
Minha bela dissidente, esposa do meu caro Wilson,
ExcluirTriste e alegre o meu post ao mesmo tempo porque assim é a vida, minha amiga Aninha, de altos e baixos.
Dito isso, evidentemente que exagerei no texto, mais para dar um ar jocoso do que dizer a verdade.
O refri foi eliminado da geladeira, doces somente fim de semana, e estou caminhando mais, antes algo impensável, pois eu ficava permanentemente no escritório e dele não saía.
Agora, me face da quantidade de exames, em razão de os laboratórios estarem instalados na capital, 120 km de onde resido, também tem as viagens, as caminhadas do estacionamento até o local do exame, enfim, exercito-me bem mais.
Agradeço muito as tuas recomendações, que tento segui-las conforme posso, te confesso, pois naturalmente a rebeldia faz parte de mim, a desobediência, a teimosia, no entanto, e como li em comentários acima de outros amigos, não há razão para eu apressar a minha ida para nova jornada, e sabe-se lá como será!
Lá pelas tantas vou fazer o possível e o impossível para voltar, mas será tarde, além de eu não ter poderes para tanto.
Aqui, pelo menos me comando, me dirijo, faço o que quero, guardadas as limitações naturais e impostas.
Quanto à minha permanência no blog, o meu agradecimento pessoal ao teu pedido, pois este espaço cultural muito me incentivou em momentos onde eu estava prá baixo, sem ânimo, de entregar mesmo os pontos.
Mas, lendo os belos artigos, interessantes postagens, os teus textos primorosos, e eu compartilhando a mesma página, admito que sentar-me em frente ao micro e dedilhar o teclado para deixar o meu recado, tratava-se de um exercício que contemplava a mente e o físico, logo, a conclusão que eu poderia deixar mais algumas crônicas e com a intenção de diverti-los, e não fazê-los pensar com temas intimistas.
Um forte a caloroso abraço, Ana.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
Texto divertido e muito bom
ResponderExcluirA capacidade de brincar com os problemas pessoais e nos fazer rir
Parabéns Francisco e sucesso com a sua dieta
Prezada Lea,
ExcluirMuito obrigado pelo comentário.
Alegro-me que tenhas te divertido, haja vista que foi esta a intenção precípua do texto.
Mais a mais, também entendo que se falar de obesidade não existe ninguém melhor do que o próprio gordo, que deve mesclar seus problemas com as brincadeiras que tem sido alvo, e os problemas que enfrenta em perder peso, uma legítima guerra interna, ou seja, o fofo com ele mesmo.
Um abraço.
Saúde e paz, Léa.
Pimentel,
ResponderExcluirSinto-me deveras lisonjeado.
Muito obrigado pelo comentário, pela bela poesia, e pelo incentivo para eu teimar em permanecer mais um pouco na companhia de vocês, meus amigos, que muito me alegra e apraz.
Claro, igualmente desfrutando dos meus filhos, netos e a esposa, minhas paixões, sem esquecer da parentada, que é pouca, um irmão e dois primos.
Mas, ao mesmo tempo, quero demonstrar valentia perante o desconhecido, que se trata de algo natural a gente ir embora deste mundo, pelo menos tento me convencer a respeito.
Gostei que tenhas te alegrado do texto, pois a intenção foi esta mesma, de agradar, de fazer rir, de simultaneamente aos problemas do obeso, ele fazer troça de si mesmo.
Tanto pela dificuldade que o fofo encontra diariamente para viver, quanto pela guerra que trava contra si, haja vista que o físico e a mente não se dão lá muito bem, então a encrenca.
Nesse meio tempo, de modo que ambos se acertem, pausa para refeições.
Afinal das contas, Arthur se reunia com o seu pessoal em uma távola redonda, enorme, onde discutiam qualquer assunto referente ao reino, logo, também sou da opinião que ao redor de uma mesa bem posta, com alimentos bem feitos e em grande quantidade, os debates devem ser enaltecidos até se chegar a um denominador comum.
Quanto à vida, indiscutivelmente ela vai se apagando, se apequenando, diminuindo, e o seu dono pressente quando ela lhe foge das mãos, escorrega entre os dedos como se fosse líquida, dando a entender que não a controlamos, que se acaba quando quer, e não como desejamos.
Por outro lado, a proposta está servida, de ampliarmos esta questão de vida e morte, de como devemos lutar contra o fim ou tratar de aceitá-lo com mais resignação e até mesmo com diversão (mais difícil, penso).
Enfim, a abordagem que quero dar ao final da existência é que se trata da inexorabilidade do ser também deixar de ser, ou seja, assim como viemos sem saber de onde, retornamos da mesma forma para um lugar que se desconhece onde fica e como é, se de acordo com o que fizemos nesta vida ou conforme a vontade de seres superiores ou do Criador!
Muitas perguntas e nenhuma resposta, que aumenta o mistério desta nossa passagem por este planeta belíssimo.
Um forte abraço, Pimentel.
Muita saúde e muita paz.
Francisco Bendl, hoje eu estava precisando muito de rir; de rir mesmo. Com o astral bem baixo. Forças ocultas (nada a ver com as do Jânio Quadros) me levaram ao blog dos talentosos que é o blog do Mano. Você resolveu meu problema. Devolveu-me o riso. Gargalhei. Não fiquei convencida de seus quilinhos a mais. Você bem sabe que precisamos monitorar nosso peso, e nada melhor do que controlar o IMC – que indica o excesso de peso. Parabéns pelo texto e um abraço
ResponderExcluirMinha querida Carmen Lins,
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário.
Fiquei muito alegre que tenhas gostado do texto, que ele tenha te divertido, pois esta era a minha intenção.
E também porque te devolvi o sorriso, a gargalhada, logo, te deixei feliz por uns momentos.
Bem que tu poderias fazer parte deste oásis cultural, elaborado pelo nosso amigo Wilson, pois este espaço justamente existe para nos acalmar, informar, adicionar cultura, divertir, o oposto do que estamos acostumados com a abjeta política.
Um grande abraço, Carmen.
Muita saúde e paz, extensivo aos teus amados.