Embraer Phenom 100 - fotografia Josh Beardsley (Wikimedia commons) |
Antonio Rocha
Esta é a história de Fulano, um ser humano muito legal, mas não
acreditava nessas coisas de esoterismo. E até fazia pilhérias, brincadeiras e
zoações como se diz hoje.
Então, certa feita, na calada da noite, no acolhimento do seu quarto,
ele resolver fazer um teste e pediu ao Senhor um jatinho particular, ele
acabara de ler que certo jogador de futebol havia adquirido um jatinho e ele
prometeu que, caso o seu pensamento positivo se concretizasse ele passaria a
acreditar nessas coisas.
Tempos depois, vendo que o tal jatinho estava demorando muito a chegar,
ele resolveu mudar o pedido e solicitou uma casa com dezoito cômodos. Ele
estava inspirado na notícia do telejornal de que um determinado parlamentar
mineiro tinha um castelo medieval numa cidade.
Como o pedido estava demorando demais a se realizar, Fulano resolveu
pedir uma fazenda com mil cabeças de gado.
Mas, a impermanência é um fato em nossa vida, aconteceu que Fulano ficou
doente e veio a falecer.
Não teve dúvidas. Chegou lá em cima e foi direto solicitar uma audiência
ao Chefe de Gabinete do Criador:
- Ih! Não é assim não, primeiro o sr.
tem que pegar a senha, preencher um formulário explicando as suas razões e só
então o Senhor ainda vai ver se a sua rogativa é plausível. - disse o Chefe de Gabinete.
- Não tem problema – respondeu Fulano – eu tenho
toda a Eternidade para esperar...
Belo dia então Fulano recebeu um e-mail celestial avisando que era a vez
dele avistar-se com o Todo Poderoso. Lá se foi...
Chegando no Gabinete, abriram-lhe a porta e foi até o Senhor;
sentando-se à frente do Mestre, disse:
- Deus, é o seguinte, estou
indignadíssimo. Seus discípulos lá na Terra, das mais diferentes religiões e
filosofias falam em fé, pensamento construtivo e tal...
- Pode falar Fulano, abra o seu
coração... – declarou Deus – mas antes, deixa eu puxar aqui no sistema computacional cósmico o seu
perfil.
Mais uns segundos e o Criador sorriu dizendo:
- Está aqui, você é aquele sujeito que
pede coisas difíceis, não tem paciência de esperar e logo troca de pedido...
- Ué, mas o Senhor não é Deus, não é
Manda Chuva Interestelar?
- Sou, meu filho, mas acontece que aqui
temos uma organização impar. Quando você fez o primeiro pedido do jatinho, nós
vimos que foi por inveja; mesmo assim, falei com o pessoal do Departamento de
Desenho Industrial Sideral para ver as possibilidades e me disseram que você
não tinha hangar, não tinha como estacionar o jatinho. E quem ia pilotar?
- Eu pensei que garagem, hangar, piloto
e possibilidades financeiras vinham junto com o pacote.
- Mas você não falou isso, só pediu um
jatinho.
- Reconheço que fui ousado no pedido, deveria
ter sido mais específico, sim, mas... e o casarão ?
- O casarão nós vimos aqui que era olho
grande seu, porque o tal deputado era de um partido que você não gostava. O
pedido veio com vibrações negativas ideológicas... e nós não nos envolvemos em
políticas partidárias...
- Certo... – concordou fulano já impaciente – mas
e a fazenda?
- Amigo, o mesmo erro dos três
anteriores. E os peões para cuidarem do gado, e os vigias para cuidarem da
fazenda evitando invasões, você não pediu...
- Pensei que estivesse vinculado.
- Não Fulano, o meu departamento de
realizações atende uma coisa de cada vez. Nem terminávamos um projeto e você já
estava desesperado pedindo outra coisa.
- E aí o Senhor resolveu me matar,
tirar a minha vida?
- Foi a melhor coisa que fizemos. Você
talvez só tenha jeito na próxima reencarnação.
- É, e como se não bastasse eu que
nunca acreditei nessas coisas tenho que passar a crer na reencarnação?
- É por aí amigo, aqui em cima, nossa
equipe trabalha com a Reencarnação. E agora você me dá licença que estou vendo
aqui na tela do computador que o titular da outra senha já chegou.
Moral da História: Só peça o que você tem condições de administrar.
Antonio,
ResponderExcluirO post me lembrou um ditado na língua inglesa: "Be aware what you wish for it may just come". Em livre tradução: "Cuidado com o que você pede pois poderá acontecer". Para mim soa mais como uma maldição. A minha tradução do seu texto e do provérbio é tripla: que não sabemos o que queremos, ou que a relação custo/benefício do desejado não vale a pena, ou que não temos noção das consequências daquilo que almejamos.
Melhor pensar antes de ajoelhar para rezar.
Abração
1) Concordo plenamente Moacir, é isso mesmo.
ResponderExcluir2)Abraços.
Olá Antonio,
ResponderExcluirAmigo do simples e da crença duradoura. Certamente você não conversaria essa conversa. Mas caso precise de rezar, siga o conselho do vizinho, e pense muito antes de ajoelhar! Principalmente se seus joelhos carregam muitas caminhadas e aventuras, uma dorzinha aqui e ali para se fazerem lembrados....
Até mais.
1)Certíssima Ana, rezar eu rezo diariamente, pelos mais diferentes motivos, mas não esses que estão na parábola.
ResponderExcluir2)Agradeço a vcs a oportunidade do espaço.
3)Tudo de bom !