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21/08/2017

Raízes

O vapor Orania -  Postal oficial da Koninklijke Hollandsche Lloyd 


Francisco Bendl
Desde 2002 que venho pesquisando sobre os meus ascendentes.
Meus avós por parte de pai até pouco tempo atrás, eu os imaginava vindos da Áustria, ledo engano.
A minha avó era alemã e o meu avô nascido na antiga Tchecoslováquia, hoje República Tcheca.
Bom, existem muitos canais de pesquisa no Brasil com relação aos imigrantes, que podem ser de grande valia.
Cartórios de Registro Civil, de modo que apuremos as datas de casamentos, nascimentos, óbitos, e que podem servir como descobertas dos antepassados de nossos avós;
O importantíssimo Arquivo Nacional, onde descobri até mesmo o vapor(!) em que meus avós vieram da Europa, e as datas que desembarcaram no Brasil.
Ela, no Rio de Janeiro, em 18 de dezembro de 1922, ele, em Santos, dia seguinte, 19 de dezembro, e fornecimento da Certidão de Desembarque!
O Ministério da Justiça possui um site onde as certidões negativas de naturalização são fornecidas instantaneamente, da mesma forma contribuindo decisivamente para pedidos de cidadanias, caso os antepassados vindos do Exterior não a solicitaram ou não se naturalizaram como brasileiros.
Igualmente existem serviços na Internet que auxiliam na busca de pessoas que podem ser familiares e que estejam no Brasil ou em outro país.
Enfim, elaborei o meu sobrenome advindo desde 1700(!!!), havendo monumentos a parentes mortos na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, um que foi compositor musical e contemporâneo de Dvorak(!!!), até outro que foi escultor e famoso!
Consegui retroagir com datas e detalhes desde 1891, ou seja, 126 anos de história da minha família pelo lado paterno, acompanhada de documentos, fotos, certidões, cadernetas escolares, até as assinaturas da minha avó e avô, culminando com a tataraneta deles, no caso uma prima minha afastada, praticamente não existindo mais grau de parentesco.
Encontro-me pronto e devidamente abastecido de informações para iniciar o Livro da nossa Árvore Genealógica, quando meus avós se conheceram a bordo do vapor “Orânia”, separaram-se quando desceram em portos diferentes, para depois se encontrarem no Rio Grande do Sul, um lugarejo denominado Vila Teresa, hoje a cidade de Santa Cruz do Sul.
Casaram-se em 1925, e desta união nasceram meu pai, tio e tia, todos já falecidos.
Fui tão longe, que até a foto do hospital onde meu pai nasceu, em 1926 nesta localidade, consegui!
Mais:
Um tio bisavô, tio da minha avó, que se encontrava estabelecido neste povoado desde 1900, foi o primeiro professor do local, conforme a história relatada em livros, que teve dois filhos, e que estes não tiveram descendentes.
Caso meus filhos quiserem dar continuidade da família Bendl terão os dados necessários e imprescindíveis sem hiatos nas datas, e entre os membros da família que usam o meu sobrenome.
Quanto à razão pela qual escrevi este artigo, a minha intenção é de ajudar quem deseja saber as suas origens, as suas raízes, pois não é nada agradável a gente se sentir um ponta solta, haja vista muitos conhecidos meus sequer saberem quem são seus pais, que deixaram de suas mães quando estas anunciaram que o amor havia deixado frutos!
Agora, trata-se de um trabalho estafante, meticuloso, demorado, que requer paciência, determinação, e ler muito. Mas compensa, quando conseguimos unir os vários ramos do clã, seguidos pelos nossos filhos, netos... e nos trazem verdadeiramente a sensação de imortalidade, pois nos vemos nos ascendentes e descendentes ao mesmo tempo.
Uma sensação de poder, de firmeza, de sustentação em pilares sólidos e profundos.
Caso algum leitor ou mesmo articulista deste blog extraordinário pensa em uma distração útil, positiva que, além de ser alegre, traz dividendos familiares e aproximações entre os que ainda existem, sugiro a genealogia, a busca pelos antepassados, suas histórias, os motivos que os levaram a deixar seus países de origem, viajar desconfortavelmente por semanas a fio, enfrentar outro idioma e continente diverso, e se estabelecerem nesta terra imensa, onde encontraram apenas solidão e algum preconceito.
Imagino a coragem dessas pessoas, e a gravidade da situação que as impeliu a saírem de suas casas e nações, e darem com os costados na América do Sul.
Que aventura!


10 comentários:

  1. 1) Salve Chicão, parabéns !

    2) O estudo, a pesquisa e a prática das árvores genealógicas é bem interessante e... trabalhosa...

    3)Tem um cunhado meu que se dedica ao tema e gosta muito.

    4) Abraços tb no ilustrador Mano que postou o vapor Orânia.

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  2. Francisco Bendl21/08/2017, 21:11

    Rocha, meu caro,

    De fato, esqueci de dizer para o nosso amigo Mano que o vapor Orânia tem fotos na Internet.

    Inclusive do seu AFUNDAMENTO, exatamente 12 anos depois que o meu avô desembarcou em Santos, 19 de dezembro de 1.922, soçobrando em 19 de dezembro de 1.934, em Leixões, Portugal!

    Obrigado pelo comentário, Rocha.

    Um forte abraço.
    Saúde e paz.

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  3. Olá amigo Francisco,
    Muito interessante sua pesquisa e suas descobertas. Daí seu tamanhão!
    Pode servir de guia para muita gente, inclusive minha irmã que é bem fraulein equer sempre saber suas origens. Nossos bisavós paternos vieram fugidos da guerra, trocaram de nome, acho que eram Oslen e viraram Frandsen e por aí vai. Parece que seus descendentes foram e são felizes aqui.(Bom...agora, já não se pode dizer com segurança, não é colega dissidente?)
    Para mim basta saber o que sou e ainda sei quase nada. Cada dia uma surpresa! Boa e ruim também. Acho que estou sempre em aprendizado.
    Até mais.

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    1. Francisco Bendl22/08/2017, 10:28

      Aninha,

      A minha intenção foi esta, de contribuir para aqueles que quiserem saber um pouco mais sobre suas origens.

      A tarefa não é fácil, mas também não é assim tão difícil. Precisa-se ter um mínimo de informações a respeito, mais ou menos a data que chegaram ao Brasil, e no site do Arquivo Nacional existem informações de como pesquisar ano após ano, tanto o nome dos navios que trouxeram os imigrantes quanto a relação de passageiros de cada um!

      Tal listagem inicia em 1.835, Ana!!!

      Os cartórios são uma fonte imprescindível de consulta.

      A informatização uniu-os de tal forma que, pesquisar sobre o nascimento, casamento e óbito de um parente é rápido, e poupa trabalho extra.

      Claro, ajuda muito encontrar documentos, fotos, lembranças da turma do passado, e ir montando a história com verossimilhança com relação a tais papéis e registros e, desta forma, ir montando a trajetória dos antepassados até chegar em nós e daqui para nossos filhos e netos.

      Existem legitimamente sagas muito interessantes de imigrantes que desembarcaram no Brasil e contribuíram para nosso progresso e desenvolvimento, mas o que mais me chama a atenção nesse pessoal é a coragem, de deixarem seus familiares, parentes, amigos, cidade, país de origem, e tentarem a vida em outra nação, distante, idioma diferente, modos e costumes desconhecidos, e a grande dúvida se serão bem ou mal recebidos!

      Obrigado, minha cara dissidente, pelo comentário.

      Um forte abraço, respeitoso.
      Saúde e paz, extensivo aos teus amados.

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  4. Chicão, um belo tributo aos seus antepassados, pelo esforço e persistência que você dedicou à busca de suas raízes.
    Mas nos diga mais sobre seus ascendentes maternos, que devem ser igualmente interessantes, e sobre o compositor e o escultor que você descobriu no ramo paterno!
    Um abraço do Mano

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    1. Francisco Bendl22/08/2017, 10:38

      Meu caro Mano,

      Mais adiante espero contar com a tua bondade e escrever sobre a veia artística de meus antepassados por parte de pai.

      Quanto aos meus ascendentes maternos não tenho mais como perscrutar suas origens, justamente pela falta de documentos existentes que me dessem uma pista a respeito.

      Sei que vieram de Vêneto, Itália, praticamente a localidade de onde a maioria dos imigrantes italianos veio para o Brasil, porém os ramos desta família, que teve originariamente 10 filhos são muito diversificados, praticamente impossível eu achar a ponta do novelo, diante da existência de centenas de pessoas com o mesmo sobrenome, ou seja, descobrir o tronco.

      Muito obrigado pelo comentário, Wilson, e postagem.

      Um forte abraço, parceiro.
      Saúde e paz.

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  5. Moacir Pimentel22/08/2017, 12:35

    Bendl,
    Penso que saber de onde viemos ajuda a saber quem somos. Talvez a coragem e o engenho de nossos antepassados nos ofereçam um senso maior de identidade. Eu tive a sorte de conviver longamente com seis dos meus bisavós e com todos os meus quatro avós. A minha avó paterna foi a derradeira representante dessa querida turma tão longeva a se despedir, em 2001, aos 93 anos. Eu costumava conversar muito com todos eles e com a minha saudosa mãe sobre as histórias familiares. Meu avô materno teve onze irmãos e minha avó mais sete. Uma das minhas posses mais queridas é justamente uma foto do clã materno : os bisas, meus avós, os tios e tias , alguns deles já casados e com filhos. Todos juntos e em p&b. Mas confesso que nela não sou capaz de identificar quem é quem, nem jamais me preocupei em saber de onde vieram seus ascendentes. É como se o meu passado , em vez , começasse ali, naquela foto, e já de bom tamanho (rsrs) Mas conheço de cada cada um deles as estórias : das peraltices e rebeldias, das boas primas que amaram os primos maus que amaram as garotas boas, dos casamentos arranjados e dos amores proibidos , dos filhos perdidos, das separações, das vocações não realizadas, das carreiras nem sempre escolhidas, dos sucessos , dos fracassos, das alegrias e desventuras. Gostava de ler velhas cartas e postais e recortes de jornais , de saber quem era quem nas velhas fotos de casamento, bodas de prata e ouro, batizados etc. Tenho uma foto genial dos meus avós paternos na qual ela está de pé ao lado da poltrona de palha na qual ele está sentado apoiando o braço esquerdo sobre uma pele de onça malhada caçada por ele. Poderia se chamar: O Cara (rsrs) Mas jamais como você pesquisei online, martelei meu teclado, escrevi cartas para parentes distantes tentando montar um quebra cabeças ou uma árvore genealógicos.Simplesmente gostava de conversar com os mais idosos sobre a política, os costumes, os escândalos , as dificuldades, as coisas de antigamente. Tais relatos iam me dando uma compreensão do tempo e das condições em que viveram. E então os velhinhos começaram a ir para o andar de cima e as conversas foram rareando e restou-me a noção da transitoriedade de tudo, mesmo do sangue que nos corre nas veias e a certeza de que permanecemos apenas nos afetos que provocamos. Agradeço-lhe pelo post que me fez pensar de novo nas minhas raízes.
    Abraço

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    1. Francisco Bendl22/08/2017, 14:04

      Caro Pimentel,

      Tiveste esta oportunidade estupenda de comunicação com teus ascendentes, mas muitas pessoas sequer conheceram seus pais, quanto mais avós e bisavós.

      Meu caso, por exemplo:
      O meu avô paterno eu o conheci quando criança, e me lembro dele vagamente. Pois ele morreu quando eu tinha sete anos.
      A minha avó, sua esposa, faleceu em 47, eu não havia nascido ainda.

      Por parte da minha mãe, eu conheci a minha avó, mãe dela mas, o meu avô, morreu antes de eu nascer.

      Desta forma, o convívio com meus antepassados tem um limite curto, até os meus avós, e avô de um lado e avó de outro, pois meus bisavós nem em sonho!

      A pesquisa sobre meus ascendentes partiu exatamente de fotos que tenho deles, alguns documentos, mas eu precisava saber a origem verdadeira de ambos, pois sempre houve confusão com a nacionalidade dos pais do meu pai, se alemães, se austríacos, se tchecos ...

      Após anos de pesquisa e consulta, e graças ao poderio da Internet, do mr.Google, apurei detalhes importantes para eu unir as pontas soltas, e estabelecer o histórico do lado paterno com precisão, até mesmo com algumas histórias do casal!

      Do meu pai é moleza, e de mim para meus filhos e netos ...

      E quero editar um livro, contando a história da família e a árvore genealógica retrocedendo até o século XVIII, Pimentel, algo que ouso dizer se tratar de um feito considerável que consegui!

      Olha, a vinda do meu avô para o Brasil sei o motivo principal:
      Lutou na Primeira Guerra, foi ferido na mão, e quando o conflito terminou com o território europeu redesenhado, os países daquele continente arrasados pela destruição e contabilizando milhões de mortos, ele decidiu vender o que tinha e vir para a América do Sul, pois era solteiro, 25 anos, tendo forças e coragem para esta aventura.

      A partir do momento que deu com os costados no Brasil, descendo do vapor em Santos, 19 de dezembro de 1.922, história dele com a minha avó, e com fotos e documentos a ilustrá-la, tenho pronta, continuando com o meu pai, eu, meus filhos e netos.

      Pelo menos esta raiz eu a descobri, e sei a sua profundidade, lamentando que do lado da minha mãe ela seja pequena, exposta, com a minha limitação na minha avó tão somente, haja vista que a minha mãe era filha única, igualmente já morta, aos 42 anos, em 71.

      Meu pai também não durou muito, morto em 71, aos 49 anos.

      Um detalhe curioso, que ao postar este artigo não me veio à lembrança a data:
      Caso meu pai fosse vivo, ontem, 21 de agosto, completaria 91 anos!

      Que esteja descansando em paz, é o meu desejo.

      Um abraço, Pimentel.
      Saúde e paz.



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  6. Flávio José Bortolotto22/08/2017, 17:12

    Prezado Autor Sr. FRANCISCO BENDL, também meu Mestre.

    Parabéns pelo belo Trabalho de reconstituição da epopeia da Imigração da Alemanha/República Tcheca até Santa Cruz do Sul -RS, de seus Ascendentes.
    Seus Filhos e especialmente Netos, e também a Profº D. MARLI, sua ilustre Esposa, muito apreciarão a Obra.

    Nossa história de Vida é semelhante, só que meus bis-Avós/Avós vieram da Itália - Vêneto, para as Colônias de Caxias do Sul-RS, em 1885.

    Como nosso ilustre Colega Sr. MOACIR PIMENTEL, eu conversava muito com meus Avós, mais por parte de mãe que eram mais novos, Parentes antigos, e claro meus Pais.
    Papai sempre me contava da alegria que sua Mãe teve quando recém casada compraram a primeira vaca Holandesa, +- 1887. Que fartura de leite/nata/manteiga e queijo. Trabalharam duro, economizavam muito e criaram 12 Filhos, todos "colocados". Mas Papai sempre me dizia que quando a Gente trabalha para a Gente, nunca se cansa, e nem férias tem vontade de tirar porque se tem que pagar um Outro para ficar no nosso lugar. E o sonho deles ( Imigrantes) era ter sua própria terra e trabalhar para si, livrando-se da dependência dos Senhores Condes, aqui Coronéis. Coisa que apesar de todas as dificuldades, eles, e a grande maioria conseguiram, prosperaram, e nunca mais aqui no Brasil, passaram FOME.

    É por isso que eu sou tão grato a esse BRASILSÃO.

    Abrs.




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  7. Francisco Bendl22/08/2017, 18:38

    Mestre Bortolotto,

    A tua participação é sempre motivo de orgulho, honra e alegria para mim!

    Interessante que também tiveste parentes que vieram da Itália - o teu sobrenome diz tudo! - e de Vêneto, justamente a localidade onde afirmei que a maioria dos imigrantes italianos se originou.

    Posso estar supervalorizando a genealogia, mas após obter documentos e certidões que remendaram a colcha de retalhos que havia, confesso que me animei a seguir em frente, e estabelecer a história verdadeira ou, no mínimo, com a necessária verossimilhança com os fatos e episódios conhecidos.

    Gostei, Bortolotto, do que obtive, e considero esta tarefa como procedente para que meus filhos e netos deem-lhe sequência, então teremos a história da família antes até mesmo de imigrar para o Brasil, e sabe-se lá até quando meus descendentes registrarão os dados correspondentes aos seus ascendentes.

    Obrigado pelo comentário, mestre Bortolotto.

    Um forte abraço.
    Saúde e paz.

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