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20/12/2016

A Mística do Parentesco

Antonio Parreiras - A Bênção das Bandeiras na Revolução de 1817


Antonio Rocha

Costumo dizer, vez por outra, em uma conversa informal, que cem anos antes da Revolução Russa, um tataravô da Heloisa proclamou a República lá no meu querido Recife, no episódio conhecido como “Revolução Pernambucana de 1817”.

É fato histórico. E o título acima é uma obra em oito volumes que tem como subtítulo “Uma genealogia inacabada – Domingos Pires Ferreira e sua descendência”, publicação da Marques e Marigo Editora com o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, o autor chama-se Edgardo Pires Ferreira, meu cunhado.

O primeiro volume é dedicado a Pernambuco, o segundo ao Piauí e ao Rio de Janeiro, o terceiro divide-se em dois tomos: a) Piauí e Maranhão e b) Piauí, Maranhão e Rio de Janeiro; o quarto volume trata do Piauí, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo; o quinto fala dos “entrelaçamentos com os Castello Branco e o sexto, volta novamente a Pernambuco.

Até agora, são mais de vinte e cinco mil nomes. O primeiro volume foi lançado em 1987 e contou com apreciações de Antonio Houaiss, Afonso Arinos de Melo Franco, Barbosa Lima Sobrinho, João Cabral de Melo Neto, Américo Jacobina Lacombe, Francisco de Assis Barbosa e José Antonio Gonsalves de Mello.

A pesquisa vem desde 1725 chegando aos nossos dias.

Edgardo é sociólogo formado no Rio e em Paris, com estudos de pós-graduação em Museologia, Arqueologia e Zooarqueologia, investigações essas feitas em Jerusalém e EUA. Durante duas décadas fez pesquisas para a CNRS da França em Israel e no Irã e depois, através da Universidade de Michigan realizou pesquisas no México, Peru e Equador.

Ele conta como começou os primeiros passos nesta obra:

“Em março de 1961, falecia no Rio de Janeiro, meu avô, Fernando Pires Ferreira Filho, aos 87 anos. Deixou-me em herança seus manuscritos, anotações de família feitas ao longo de sua vida. Em outubro de 1962 fui estudar em Paris e deixei esse papelório em casa de meus pais em Santa Teresa no Rio de Janeiro.

Quase vinte anos mais tarde, estando eu no Equador, sou convidado para um jantar na casa do Poeta-embaixador João Cabral de Melo Neto. Eis que de repente Sua Excelência comenta minhas origens pernambucanas, o grande republicano Gervásio Pires Ferreira, sua glória e seus feitos. Qual não é sua surpresa e creio até irritação, ao perceber minha ignorância.

De sua residência em Quito, saí envergonhado, com o livro de Francisco Muniz Tavares sobre a “História da Revolução de Pernambuco em 1817”, debaixo do braço.

Voltando ao Brasil encontrei os empoeirados manuscritos à minha espera, e com eles decidi empreender esta tarefa e redimir minha ignorância. Caro João Cabral, muito obrigado.”

Até agora, são mais de duas mil páginas impressas e Edgardo afirma: “O autor agradece de antemão o envio de qualquer informação complementar que será devidamente incluída numa próxima edição”.

E atualmente é mais fácil, com o site indicado abaixo.

Independente do valor científico, acadêmico, no campo da Historiografia, Geografia e Arqueologia, tem umas notas curiosas. Por exemplo.

Belo dia o escritor Paulo Rangel, irmão do teatrólogo Flávio Rangel, falecidos, ambos colaboradores do semanário Pasquim, que marcou época na imprensa brasileira me telefona e diz:

“Pesquisei o livro do teu cunhado, o Edgardo, somos primos em oitavo grau”. E então fomos almoçar comemorando o parentesco.

Uma outra senhora da família Clark, habitante do aprazível bairro de Santa Teresa, portanto vizinha, que por acaso  pertence também à PL – Perfeita Liberdade, telefona e avisa que é prima da Heloisa e as duas ficaram felizes da vida !

Não existe acaso nem coincidência, o psicanalista Carl Gustav Jung chama de Sincronicidade.



2 comentários:

  1. Olá Antônio,
    Sincronicidade ou coincidência, não sei. O fato é que acontecem e ás vezes são bem interessantes. Há uns quatro anos fomos ao casamento da filha de amigos. Todos bem mineiros. Foi num condomínio chique, perto das montanhas,a celebração ao ar livre. A festa, num salão, onde chegamos atrasados, andamos devagar porque eu estava com problema nos pés. Por causa disso não havia mais mesas disponíveis. Pedimos licença e sentamos junto a outras pessoas. Do meu lado estava um senhor elegante, paulista e começamos a conversar. Para encurtar, ele tinha sido amigo do meu avô paulista, de Birigui (a nossa Macondo, eu acho). Meu bisavô foi fundador da cidade e ia ser celebrado o centenário do meu avô, fazendeirão tradicional paulista, plantador de café. Acabei sendo convidada para a grande festa. Que não fui, mas mandei cartas do avô, livros de música e sua flauta centenária, para uma espécie de museu.
    Quando pensaria em encontrar amigo de avô paulista em casamento de mineiro? Vida surpreendente!
    Até mais, Antônio.

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    Respostas
    1. 1) Pois é, Ana. Obrigado pelo comentário.

      2) A vida é Maravilhosa. Quando menos se espera eis pessoas aparentemente estranhas interagindo em nossas caminhadas...

      3) Buda chamava "A Rede de Indra", Indra é um dos Deuses Criadores da Equipe de Brahma. No Budismo tudo é plural, até os Criadores.

      3) Particularmente gosto muito desse nome atualíssimo: "A Rede de Indra. Ainda vou escrever uma crônica sobre isso.

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