Antonio
Rocha
Ele é
brasileiro, carioca, nascido e criado na Zona Sul, beira da praia de
Copacabana; não vou citar o nome, pois ele não gosta de badalação.
Formado
em Engenharia pela UFRJ, belo dia encantou-se pelo Zen-Budismo, no início da
década de 1970, fez iniciação com um monge japonês que estava no Rio, fez as
malas e foi para o Japão. Mora lá até hoje. Fala, lê, escreve e traduz
fluentemente o japonês para o português e o inglês.
A
característica do Budismo Japonês é que os monges podem casar, ter suas
profissões e famílias. Ele casou com uma japonesa, tem três filhas, hoje, na
casa dos trinta anos.
Nos
anos 1990 houve uma crise econômica no Brasil e muitos brasileiros foram tentar
a vida no Japão. Muitos deram certo, prosperaram, outros não, tiveram de
voltar. Infelizmente alguns brasileiros que ficaram desempregados lá,
enveredaram pela criminalidade, tráfico de drogas, violências e a famosa máfia
Yakuza.
Uma
vez, matando as saudades e passeando pelo Rio ele me contou que era um dos
capelães da Polícia de Tóquio e uma de suas funções era atender / encaminhar / aconselhar
/ etc. os delinqüentes brasileiros.
Então
contou que certa feita prenderam um meliante carioca. A alegação do rapaz é que
mal entendia inglês e não falava nada de japonês. Depoimento praticamente nulo.
Nisso chega o nosso amigo, com a característica roupa dos monges Zen, que em
outra sala estava ouvindo tudo.
E em
bom carioquês disse para o jovem:
- Aí xará, também sou brasileiro, nascido e criado
na Praia de Copacabana, conheço toda a malandragem daquelas bandas ...
Surpreso
o prisioneiro questiona:
- Mas... mas osenhor não é monge?
- Sim, sou monge budista, mas também sou um dos
capelães da Polícia de Tóquio, com muito orgulho.
- Não contava com essa! – exclamou
o indivíduo.
- Portanto, olha só, é bom você responder tudo o
que o pessoal te perguntar e eu vou acompanhar todo o teu processo, te visitar
na prisão, logo meu chapa, conte tudo o que sabe.
Por
essas e outras atividades, a Polícia de Tóquio respeita muito o “monge
brasileiro”.
O tema
me fez lembrar que, vez por outra, as TVs no Brasil mostram que no Mosteiro
Zen-Budista de Ibiraçu, no Espírito Santo, faz parte do curso de formação da
Polícia Militar, treinamento em meditação. Os policiais fazem um retiro
espiritual. Acordam de madrugada como os monges, cumprem todos os rituais e
horários e no final elogiam muito.
A
polícia no Japão utiliza essas técnicas de autocontrole da mente, desenvolvidas
pelo Budismo, e em outros países idem. Até a NASA, no treinamento dos
candidatos a astronautas utiliza a meditação budista, que não tem nada de
religião, é Ciência.
Uma
outra do nosso amigo monge é, quando ainda morava no Rio e trabalhava em uma
empresa de engenharia os colegas lhe fizeram um desafio:
- Se você mexe com essa história de poder da mente,
aqui está um volante da Loteria Esportiva, concentra e marca aí, que dividimos
o prêmio.
Ao
longo do dia ele, aos poucos, à medida que vinha a intuição, marcava o volante
e, no final do expediente o “boy” da firma foi na casa lotérica fazer o jogo.
Nessa época eram treze jogos, não sei como é hoje, só se ganhava com os treze
pontos. Ele acertou doze, não ganharam nada e ele deduziu: “É uma lição pra
mim, o Zen não é para essas coisas materiais”.
Olá Antônio,
ResponderExcluirVou aprendendo cada vez mais sobre o budismo e me surpreendendo!
Continue a contar suas histórias, são muito interessantes. E você me parece muito feliz! É vero?
Bom final de semana para voces!
1) Acertou Ana !
ResponderExcluir2) Sou felicíssimo, alegríssimo. Qdo fico preocupado passa logo e volto à felicidade habitual.Claro, são técnicas de "poder da mente" que uso 24 horas e com o passar das décadas até as minhas células e neurônios vivem sorridentes.
3)Tudo é lucro. Tudo é bom ! Às vezes tenho cuidado, alguns equivocados pensam que eu sou alienado socialmente. Não sou. É uma outra forma de pensar a vida.
4)Há um provérbio Zen: "Estou aprendendo a ficar contente com tudo".
Sem querer zoar, Antonio, com todo o respeito. Você me lembrou a Poliana.
ResponderExcluirMas acho que ela não usava nenhum poder da mente.
Tenho a impressão de que se todas as suas células se comportarem assim, você jamais envelhecerá. Alegria não envelhece, não deixa envelhecer.
Como dizem os americanos, bom pra você.
Bom mesmo.
1) Oi Ofélia, nada contra a zoação, como dizem os mais novos, fique à vontade.
Excluir2)O corpo é finito, vai envelhecendo com a idade, mas o espírito, a alma é infinito = migra de uma vida para outra, de uma dimensão para outra.
3)É a arte de olhar tudo positivamente, até as negatividades são vistas construtivamente.
Muito bom, Antonio. A gente lê e ouve um pouco sobre o budismo, mas com o nosso pouco conhecimento muita gente ainda tende a considerar o budista como um ser meio fora da nossa realidade, vivendo preocupado só com as coisas do espírito. Mostrar um monge (e carioca :) fazendo parte do trabalho da polícia traz o budismo para uma perspectiva real, como uma maneira de viver a vida de todo dia.
ResponderExcluirVocê tem nos ensinado muito, não só pelo que escreve como pelo modo que percebemos a sua pessoa. Obrigado.
Um abraço do
Mano
1)Obrigado Mano,
ResponderExcluir2)Seu comentário me fez lembrar que uma vez um jovem professor de Filosofia no Rio Grande do Sul passou em um concurso para a Polícia Civil daquele Estado.
3)Sendo budista praticante o jovem titubeou um pouco, então, através de outro amigo eu mandei um recado para ele:
4)Parabéns pela aprovação no concurso, bola pra frente. Parabéns tb à Polícia Civil do RS !
5)As Forças Armadas dos EUA e Inglaterra tem capelães budistas. Na Ásia tb.