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Heraldo Palmeira
Sou um homem urbano e, como tal,
padeço das vaidades urbanas. Vivo numa das maiores cidades do mundo, onde tudo
tem – do melhor e do pior. Ambiente mais do que preparado para a
“tecnologização” do mundo e da vida, como se isso fosse normal e inevitável.
Passei a vida inteira aprendendo
a desenvolver o afeto e, exatamente quando a velhice já namora comigo, estou
sendo obrigado a conviver com a desafeição coletiva. Afinal, gente moderna,
tecnológica, autossuficiente pensa que não precisa das antiguidades humanas.
Vamos vivendo assim, sendo
treinados para acreditar nessas verdades absolutas, nos mantras que nos chegam
de pedaços mais desenvolvidos do mundo como se fossem padrões. O Vale do
Silício foi transformado no novo Éden que gera milionários do nada. Uma Terra
Santa onde poucos podem viver, mas de onde brotam os novos mandamentos que
deverão guiar a humanidade pelos próximos segundos.
Algo como se as Tábuas de Moisés
fossem decompostas em bilhões de telas azuladas espalhadas pela terra prometida
aos devotos digitais, que acreditam piamente que todo mundo tem acesso a todas
as informações disponíveis. Um pensamento distorcido que se forma no isolamento
de quartos e mundos resumidos a teclados, monitores e redes sociais.
Nestes tempos tecnológicos e de
comunicação digital, chegamos ao ponto de alguns bares e restaurantes
oferecerem desconto na conta, se o grupo desligar suas bugigangas eletrônicas.
De repente, gente menos disposta a seguir como rebanho cunhou um novo ditado
popular: “A melhor rede social ainda é uma mesa de amigos”.
Comece a pensar se não vale a
pena apostar menos no desconto puro e simples por desligar uma quinquilharia
digital num boteco, e mais nos dividendos das boas relações fraternas que
permitem estar ao lado de pessoas que valem a pena. Afinal, o tempo voa, a vida
é curta e a gente pode não ter a próxima oportunidade de estar numa boa roda de
amigos sendo apenas gente.
Dia destes, li por aí que “deixar
apenas o tempo passar é um risco, pois ele não usa anestesia”. Portanto, faça
alguma coisa comum de grande valor, não se acanhe de ser chamado de antiquado,
de se emocionar à toa, de dizer palavras doces. Aproveite seu tempo enquanto é
tempo.
Veja nestes vídeos abaixo (basta
clicar nos links) que ainda há pessoas que não sabem direito quem é Papai Noel,
mas nem por isso são infelizes ou menores. Pessoas tão grandes que, mesmo sem
ter quase nada, dividem com alegria o essencial que recebem de forma
inesperada:
Coca-Cola no Piauí
Adidas e Fundação Benfica em Porto Mosquito (Cabo Verde)
Lembre-se: “O Natal é uma
atitude”. Tome a sua, como se fosse seu presente.
Feliz Natal para todos nós. E que
essas cenas nos ajudem a acreditar nos nossos melhores sonhos para o ano-novo. Afinal,
mesmo que as cenas do mundo nos informem que ele sempre será desigual, a gente
sabe que tudo pode ser muito melhor. Com carinho,
Heraldo Palmeira
São Paulo (SP), Natal de 2016
Bom dia, Heraldo. Eu acredito na magia, sempre...Hoje acordei muito cedo e não é hábito meu ler o blog cedo, foi aí que aconteceu a MAGIA...emocionei-me, e muito...com suas palavras e links. que fazem com que seja preciso urgentemente " Tomarmos uma Atitude ". Infelizmente caminhamos para o afastamento pessoal e egoísta, precisamos de emoção, de aconchego, de amar, de doar e doar-nos, de confraternizar, esses sentimentos " antiquados " tão esquecidos nos dias de hoje devem ser resgatados para que o Mundo seja mais Feliz. Obrigada por fazer meu Natal mais alegre e feliz. Um grande abraço com muito carinho. Dulce Regina
ResponderExcluirObrigado, Dulce. Isso é o que eu realmente sinto e tento praticar, mesmo que a maioria das pessoas esteja distante e ocupada. Insisto nos contatos pessoais, num café, num almoço, numa cervejinha no final da tarde, num simples telefonema... Sim, tenho um grupo de amigos que vivem em cidades diferentes, mas não abrimos mão de falar toda semana, só para reafirmar que todos somos importantes para todos. Não importa que sejamos poucos; importa que existimos.
ExcluirOlá Heraldo,
ResponderExcluirAgora sei porque o Moacir te chama de mestre, você escreve muito bem.
Lindo o seu post. Que tudo seja melhor!
Até mais.
Prezada Ana,
ExcluirNão acredite em tudo que Moacir escreve, porque ele sempre coloca o coração no meio. Tenhamos fé, tudo será melhor.
Olá meu Amigo Heraldo.
ResponderExcluirMais um texto primoroso, obrigado por compartilhar.
Tenha um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de felicidades e novos textos.
Um grande abraço.
Você foi muito feliz, Heraldo. Lindo texto o seu.
ResponderExcluir“Deixar apenas o tempo passar é um risco, pois ele não usa anestesia”. Bela frase. Você estava inspirado.
A questão é que a vida não é questão de inspiração. Ou é?
Ah, se fosse...
Um Natal feliz pra você e sua família, Heraldo. Com o que há de melhor: cheio de emoções genuínas.
Ofelia
Obrigado, Ofelia. Repetindo o que se diz por aí, a vida é muito mais transpiração e outra série de fatores. Mas, acredito que tem lá sua poção de inspiração também. Agradeço e retribuo seus votos e espero que 2017 permita que todos nós permaneçamos juntos neste cantinho generoso do Mano.
ExcluirMestre amigo, encantador de gentes! Posso assinar em baixo? Já assinei.
ResponderExcluirGrande Heraldo,
ResponderExcluirLendo mais um excelente texto que acaba de nos brindar, fiquei pensando como realmente as pessoas hoje são dependentes dessas maquininhas escravocratas. Por outro lado, pude constatar também que o uso sem controle, números infindáveis de mensagens recebidas, muitas sem nenhuma importância, faz com que fiquemos mais seletivos e dediquemos muito menos tempo a esse mundo virtual. Pelo menos é o que está acontecendo comigo. O texto além de tudo serviu para que eu chegasse a essa conclusão. Parabéns mais uma vez! Grande abraço.
Ah, meu caro mestre Heraldo. Somos do tempo em que nossas máquinas eram uma lata de leite cheia de areia, furada nos dois tampos com um arame atravessando para amarrar o cordão que a puxaríamos imitando carros. Havia aqueles mais hábeis que transformavam essas latas em verdadeiras "baratinhas" com feixe de mola e tudo o mais que tinha direito. Ou empurrar um pneu com um arame entortado feito anzol. Cinema? Tinha sim, com a luz do sol refletindo no espelho dentro de uma caixa de sapato... E outras "quinquilharias" que valiam ouro. Eu, carcamano dos sovacos de serra, passagem obrigatória pra quem vai pro seu Acari, beirando o morto rio Trairí, demorei a me acostumar com essas maquininhas. Ainda hoje tenho lá minhas dificuldades, mas se há uma coisa que aprendo foi o condenado botão de desligar. Como você mesmo me diz, "na escuta" por outro texto da sua maravilhosa cabeça.
ResponderExcluir1) Parabéns Heraldo: belo texto, bela mensagem.
ResponderExcluir2)Todos nós merecemos belos Natais e Bons Anos Novos, Felizes 2017.
Mano Véio,
ResponderExcluirAgora você carregou nas tintas do seu quadro, construído com palavras que tocam o coração. Mais ainda, tornou-o especialmente tocante com os filmes anexados.
Gratíssimo pela sua bela mensagem, que me chega num momento especial, como você bem sabe. Num Natal diferente, como o que vou viver neste ano, o presente que você doa a todos nós me conforta profundamente.
Afinal, somos amigos que, mesmo distante, só usamos essas máquinas tecnologicamente avançadas para trocar bons e longos papos, diminuindo as distâncias físicas que nos separam.
Procê e todos os seus, desejo que Deus continue a lhes abençoar com Muita Saúde e Paz de Espírito. Xêro.
Meu querido HP,
ResponderExcluirFogem-me as palavras, mas sobra muita emoção em meus olhos marejados pela linda mensagem de Natal.
Que no ano que vem possamos manter nossos laços fraternos e "ter a próxima oportunidade de estar numa boa roda de amigos sendo apenas gente."
Orgulho, honra e gratidão por estar presente em sua vida, mesmo que por momentos esparsos. O que vale é o sentimento e a verdade!
Heraldo, MUITO obrigado pelo "toque" sensível e humano. Forte abraço!
ResponderExcluirAmigo HERALDO
ResponderExcluirParabéns pela beleza do seu texto. A distribuição de chuteiras emociona qualquer um.
Tudo de bom para você e sua família em 2017.
Domingos
Caro navegador,
ExcluirEstou grato por essa referência ao meu texto de alguém que só escreve belos textos - aqui mesmo no reduto do Mano. Ouvir aquele menino dizer que não joga com um pé descalço, mas com um pé calçado, certamente nos obriga a pensar na vida de forma mais generosa. Vivamos 2017 com esse espírito de construção, sob o carinho das nossas famílias.
Parabéns meu querido!! Tenho orgulho de nossa convivência e poder usufruir dessa sua sensibilidade e inspiração, quase que diariamente. Que essa magia de acreditar e compartilhar com o outro, nos preencha os dias do novo ano com boas atitudes!!Bjo no coração!!
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