Nasci em 1960, em Acari, uma pequenina cidade encravada no sertão do Rio Grande do Norte. Fui morar na capital (Natal) em 1967. De lá, aos 23 anos, já formado, saí para o mundo e comecei conhecendo o Brasil inteiro. Rio, São Paulo, Curitiba e Brasília são cidades onde morei. Desde 2012 estou de novo em Sampa, aqui na região da Paulista.
Sempre como turista curioso, bati pernas em terras estrangeiras e guardei belas memórias de muitos lugares, como das duas visitas a Liverpool – terra santa obrigatória para todo beatlemaníaco como eu.
Tenho uma filha de 30 anos, encaminhada na vida e que me enche de orgulho. Como ela e o marido não falam de filhos por agora, vou driblando a condição de avô.
Aprendi a fazer muitas coisas na vida para garantir a sobrevivência e sigo aprendendo todos os dias. Trabalhei no Banco do Brasil dos 14 aos 35 anos, quando resolvi mudar tudo. Deixei para trás uma boa relação profissional, muitos amigos e abri minha própria empresa. Desde então, atuo em muitas frentes – comunicação, educação corporativa, produção cultural e eventos. E escrevo quando posso.
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Bons tempos aqueles em que nos juntávamos em patotas para conversar. Calçadas e pracinhas eram quase templos de ser feliz. Também havia lugar para papel, lápis e canetas registrando interesses, bordando bilhetinhos apaixonados.
Até hoje sou viciado em Bic comum e caderneta, para rabiscar minhas pequenas relevâncias. E olhe que sou rapidíssimo nos teclados, herança do curso de datilografia e das máquinas de telex – tecnologias hoje confinadas no dicionário ou na memória dos mais velhos.
Assisti à explosão da comunicação digital que apelidamos de redes sociais, um conjunto de estímulos virtuais sabiamente desenhados para orientar o consumo e a toada. Algo que encanta mais os jovens, naturalmente atraídos para as bugigangas eletrônicas vendidas como panaceias capazes de matar o tédio da vida moderna. Algo que tem apressado desnecessariamente a vida comum.
Vi como fui tratado quase como uma peça de museu quando afirmei peremptoriamente meu interesse comedido por tais “modernidades”. Vi como quase todos discordaram quando eu disse que essa febre era uma boa porta de entrada para neuroses e para o isolamento social. E para doenças que ainda nem conhecemos direito, mas que começam a se manifestar e a preocupar os operadores de saúde, já atônitos e sem a menor ideia de antídotos e de gastos futuros que serão exigidos com tratamentos para as tecnopatias.
Continuo acreditando que é da natureza humana a sociabilidade plena, o afeto, a contemplação, a transformação pelo conhecimento que não dispensa legados, os compartilhamentos presenciais, o dom de ouvir o outro, o prazer imenso da troca de olhares, a extraordinária comunicação contida nos gestos.
Renego as tecnologias? Claro que não. Ou não estaríamos aqui, trocando informações e ideias diante de uma tela iluminada. Apenas defendo seu uso coerente, secundário, complementar, pois o papel central jamais deixará de ser nosso. Não há como fugir do fato de a inteligência artificial ser resultado da inteligência natural, sem possibilidade de ordem inversa. Quem duvidar pode aguardar sentado até ser apresentado ao conjunto de máquinas capazes de idealizar um cérebro – serve até mesmo um daqueles cérebros de azeitona.
Aposto que a posteridade herdará o fóssil de um crédulo.
Sinceramente, não me surpreende ver um vídeo como este
circulando no mundo digital e pregando contra ele, protagonizado por um jovem. Não o divulgo como se eu tivesse razão. Apenas feliz por ver que o óbvio está óbvio.
Mestre Heraldo,
ResponderExcluirSeguinte: o senhor já me convenceu de estamos nos transformando em:
"exemplares primitivos de uma espécie que, não demora, terá polegares diferentes, próprios para teclar em dispositivos cada vez mais minúsculos – como o resultado que geram".
Agora...enquanto ele me trouxer o renovado prazer de ler as suas pretinhas , o cruel mundo tecnológico para mim estará valendo!!
Abraço
Prezado Heraldo,
ResponderExcluirCongratulo-me com Wilson a "aquisição" que ele fez do teu nome para nos deliciar com um texto primoroso, agradável, e que nos põe para pensar sobre a cibernética em confronto com a vida natural, em um primeiro momento, para depois concluir que devemos progredir juntos, a ciência e a tecnologia com a mente humana.
Pode não estar acontecendo na mesma velocidade os avanços citados e que deveriam se manter próximos, pelo menos, mas decifrá-los e saber o desafio que temos pela frente serve como alerta que, na razão direta do desenvolvimento econômico está o progresso espiritual do homem, seus predicados, a sua psiquê para poder conviver entre o mundo das máquinas e a sua imaginação, e encontrar o seu ponto de equilíbrio, fundamental à vida e sua longevidade saudável, produtiva, útil a si e demais pessoas.
Sinta-se à vontade, Heraldo.
Saúde e Paz!
Obrigado a Moacir e a Bendl pelas palavras acolhedoras. Espero conseguir tempo para gastar tinta nas pretinhas, ao lado desses textos inspiradores que vocês nos oferecem. Abraços,
ResponderExcluirHeraldo Palmeira