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30/05/2012

A sexta maior cidade da França é...Londres!

Há mais franceses residindo atualmente em Londres do que em Bordéus, Nantes ou Estrasburgo. Segundo a BBC, o consulado da França em Londres estima que de trezentos a quatrocentos mil cidadãos franceses vivem atualmente na capital inglesa.
Este número tem crescido tanto que nas eleições parlamentares francesas que devem ser realizadas na semana que vem os franceses residentes em Londres vão eleger um deputado para representá-los na Assembléia Nacional.


                                                                        Ilustração: Bandeira de cidade de Londres superposta à bandeira Francesa

Na França, apenas as cidades de Paris, Marselha, Lyon, Toulouse e Nice concentram mais franceses do que Londres.
As histórias francesa e inglesa têm se misturado desde que o duque normando Guilherme  invadiu e tomou posse do reino da Inglaterra em 1066, derrubando o rei saxão Haroldo e começando uma série de disputas territoriais que durou cinco séculos. Mas depois que elas terminaram, no século XVII, uma grande quantidade de protestantes franceses,  os Huguenotes, fugindo da perseguição religiosa no seu país, foi acolhida na Inglaterra pelo rei Carlos II, que lhes ofereceu santuário em Londres.
A presença francesa tem sido tradicionalmente forte na região de South Kensington, próxima da embaixada francesa, onde há diversas ruas coim nomes franceses, uma escola secundária famosa (o Lycée Français Charles de Gaulle), livrarias, cafés e patisseries franceses.
Agora, entretanto, os residentes franceses têm se espalhado por toda a cidade de Londres.
O aumento atual desta presença tem sido puxado por jovens profissionais que trabalham em setores empresariais de criação, ilustradores, publicitários, jornalistas, atraídos por  um ambiente de trabalho menos burocrático e mais aventuroso.
De acordo com a BBC, alguns imigrantes têm vindo atraídos pela impressão equivocada de que as Olimpíadas de 2012, que serão realizadas em Londres, aumentaram a criação de empregos na cidade, e outros ainda, franceses descendentes das antigas colônias, fugindo de uma certa discriminação que dizem encontrar na França.
O artigo original da BBC pode ser lido aqui: http://www.bbc.co.uk/news/magazine-18234930 

27/05/2012

Dilma e as montadoras - o problema é maior do que parece

Notícia publicada na "Folha de São Paulo" de hoje nos diz que a presidente Dilma quer forçar as montadoras de automóveis a abrirem suas contas e margens de lucro, para que o governo possa eventualmente cobrar reduções mais agressivas de preços. Diz ainda que o governo avalia que dá incentivos às montadoras sem conhecer sua real situação.
Embora não deixe de ser animadora por ver o governo afinal reconhecer publicamente que está fazendo alguma coisa sem saber direito como, a notícia deve nos preocupar por várias razões:
Os incentivos dados às montadoras sob a justificativa de reduzir os efeitos da crise são questionáveis não apenas porque incentivar o aumento da venda de automóveis antes de fazer os investimentos necessários na infraestrutura das cidades e das estradas, que já não são capazes de suportar o tráfego atual, é simplesmente aumentar o caos, mas também porque uma parte destes incentivos é feito pela pressão sobre montadoras e bancos para aumentar o crédito ao consumidor num momento em que a população brasileira atinge recordes de comprometimento de sua renda e consequentemente da inadimplência.
O aumento do crédito que se tenta realizar através do aumento do prazo de pagamento é uma medida potencialmente perigosa, porque considera apenas a fração da renda mensal consumida pela prestação e não a grandeza real do saldo devedor; numa economia com emprego assegurado isso funciona, mas qualquer aumento do índice de desemprego deixa o comprador desempregado com um saldo devedor grande em situação muito mais difícil para sair do buraco; no caso específico do financiamento de automóveis, provavelmente a desvalorização do veículo não vai deixar mais que a sua venda cubra o que o proprietário ainda deve se a compra foi feita a longo prazo.
Por outro lado, o discurso atual do governo de "forçar as empresas" (leia-se aí, até agora, as montadoras e os bancos) a reduzirem suas margens de lucro, embora seja de enorme apelo popular, vem na contramão dos princípios da economia de mercado e do bom senso desde o momento em que não vemos o governo fazer a sua parte, reduzindo seus custos e desperdícios para diminuir a carga de impostos e aumentar os investimentos, sabidamente insuficientes, em infraestrutura, saúde, segurança e educação.
Se esta condição tivesse sido colocada como pré-requisito para a concessão dos incentivos faria algum sentido, mas depois que eles foram dados já não faz nenhum. Como a maioria das montadoras é de capital fechado, pela legislação brasileira não há como obrigá-las a abrir os seus balanços.
Volto a bater na tecla de que para ter um crescimento sustentado uma economia depende de poupança e do investimento, e o único caminho para isso é o governo e a população conseguirem ter despesas menores do que suas receitas. No caso da população, uma carga tributária justa e um salário capaz de cobrir o custo de vida e ainda sobrar um pouco para investir. No caso do governo, despesas de custeio contidas no mínimo indispensável e investimentos feitos onde são necessários e sem desperdício. O resto é conversa fiada. Não há milagre em economia.



25/05/2012

Uma oportunidade do nosso Congresso mostrar coragem

Notícia na Folha de São Paulo de ontem diz que "a comissão de juristas que discute a reforma do Código Penal no Senado aprovou nesta quinta-feira (24) a liberação de cópias integrais de livros, CDs e DVDs, desde que para uso próprio e sem fins comerciais."
Estas cópias hoje são consideradas crime pelas leis brasileiras.
Se isto conseguir chegar a ser incluído no novo Código Penal, o Brasil se ombreará com os poucos países do mundo com coragem de resistir oficialmente em suas leis, em nome da liberdade intelectual, aos poderosos lobbies das empresas gravadoras, cinematográficas e editoras.
Alimentado por estes lobbies, que incluem também as grandes empresas farmacêuticas e grandes empresas de software, o governo americano tem feito uma enorme pressão para que todos os demais países aprovem o ACTA (Anti Counterfeiting Trade Agreement, ou Acordo Comercial contra a Contrafação). Com o intuito declarado, e em princípio louvável, de proteger a propriedade intelectual, o ACTA vem sendo fortemente combatido porque se trata de um acordo negociado em segredo pelas empresas e organizações comerciais interessadas, sem a participação da sociedade de nenhum país, e porque seu alcance é considerado exageradamente abrangente pelas organizações de defesa de direitos civis e da liberdade individual.


O ACTA foi assinado inicialmente pelos Estados Unidos, Austrália, Canadá, Japão, Marrocos, Nova Zelândia, Singapura, e Coréia do Sul, sob protestos de vários congressistas americanos contra o fato do seu governo ter assinado um tratado com obrigações internacionais sem consultar o congresso.
Os países membros da União Européia, que com exceção da Alemanha assinaram o acordo em janeiro de 2012, estão agora adiando a sua ratificação em resposta à pressão de seus cidadãos. Depois da assinatura pela União Européia, o relator do Parlamento Europeu para o ACTA, o francês Kader Arif, pediu demissão em protesto contra o que ele chamou de uma situação inaceitável e uma farsa, dizendo que o ACTA ameaça a liberdade na internet e pode proibir a utilização dos medicamentos genéricos. O novo relator, o inglês David Martin, já se pronunciou contra o tratado (seu relatório pode ser lido aqui:  http://tinyurl.com/bmjbelo), citando a vagueza dos seus conceitos e dizendo que o Parlamento Europeu não pode garantir a proteção adequada dos direitos de seus cidadãos se o tratado for aprovado.
Vamos torcer para que o nosso congresso tenha a consciência e a coragem de aprovar esta parte da proposta do novo Código Penal.

(Para quem quiser ler o texto do ACTA: http://www.international.gc.ca/trade-agreements-accords-commerciaux/assets/pdfs/acta-crc_apr15-2011_eng.pdf
A imagem do post é de www.geekosystem.com



22/05/2012

Brasil, um país totalitário?

Notícia no "Estado de Minas" de hoje nos diz que comissão de juristas do Senado que discute um novo Código Penal aprovou nessa segunda-feira a inclusão de um capítulo para crimes cibernéticos. Uma de suas medidas torna o crime de falsidade ideológica, aplicado a quem criar um perfil falso de pessoa ou empresa, sujeito a um agravamento da pena de um terço à metade se for cometido em sistemas informatizados ou redes sociais. Outra torna crime, punível com seis meses a um ano de prisão, o mero acesso não autorizado a um sistema informatizado, mesmo que os dados não sejam repassados e que não haja prejuizo pessoal ou para empresa.
À primeira vista, apenas uma atualização necessária do Código Penal para se adequar às novas realidades. Mas o que me preocupa aqui é a profusão de medidas sendo propostas no Congresso para evitar atos criminosos na internet, sem uma discussão ampla com a população, muitas vezes por autores que não têm uma visão abrangente do que é a internet hoje nem conhecimento dos seus aspectos técnicos, e sujeitas à análise e aprovação por um Congresso que há muito tempo deixou de se preocupar em defender os direitos da massa de cidadãos que o elege e reelege.
Basta fazer um retrospecto das notícias dos últimos cinco ou dez anos para ver a importância crescente da internet, das redes sociais e dos telefones celulares na luta das pessoas de diversas partes do mundo, contra os abusos dos regimes totalitários. Mas isso é apenas a face moderna de uma luta pelo acesso à informação (não só à sua leitura, mas principalmente à sua produção e difusão) que vem de muito antes. 
Todos os regimes totalitários começam por duas medidas básicas para evitar que os cidadãos possam se revoltar contra seus excessos: desarmar a população e restringir sua capacidade de partilhar informações.
No antigo bloco soviético uma das armas dos dissidentes era o que chamavam de "samizdat" (palavra que deriva de "sam" - por si próprio, e "izdat" -editora), a cópia e difusão de informações censuradas feita por cidadãos individuais. O governo tentava dificultar isso controlando e registrando as máquinas de escrever dos escritórios, para poder identificar de onde partiam as cópias em papel carbono, e dificultando sua posse fora dos escritórios. Na Romênia o governo confiscou todas as máquinas de escrever dos particulares, tornando sua posse crime punível com pena capital, e segundo algumas informações chegou a tentar fazer com que cada cidadão fornecesse uma cópia de sua escrita à mão para os órgãos de segurança.
Na década de 80, pelas mesmas razões, os aparelhos de fax eram proibidos no bloco soviético e na China comunista.
Bem antes disso, na década de 30, Adolf Hitler proibiu os judeus de terem máquinas de escrever, mandou suspender a fabricação de uma das máquinas de escrever portáteis mais populares da época, porque o seu pequeno tamanho e peso tornavam fácil seu transporte e ocultação, e mandou confiscar as máquinas de escrever e os mimeógrafos dos grupos políticos de oposição antifascista.
Vocês me dirão agora que o Brasil é uma democracia e não um regime totalitário, que temos Presidente e Congresso e não um ditador.
Mas não é preciso haver um ditador para que um país se torne um estado totalitário. Num país onde se impõe o conceito de que apenas a polícia e as forças armadas podem deter armas, sem consultar a vontade (depois declaradamente contrária) de sua população; num país onde volta e meia retornam as pressões para que se implante, sob as mais diversas justificativas, um controle da mídia; num país onde um Congresso em que grande parte dos representantes do povo é alvo de questionamento quanto à sua correção se esconde atrás do voto secreto para defender seus integrantes e pode aprovar leis sem debate em plenário;  num país onde o Executivo depende do loteamento dos cargos e principalmente das verbas públicas para conseguir governar; num país onde o Judiciário deixa que se abuse do "segredo de justiça" e permite que se impeçam órgãos de imprensa de divulgar notícias sobre governadores ou parentes de congressistas, não me parece exagero que eu pense que quem manda no país tem medo dos seus cidadãos, e que cada vez falta menos para que o povo deixe de deter o poder de resolver o seu destino. Que, a rigor, não tenho certeza de que ele jamais tenha chegado a ter.

21/05/2012

Um coronel de verdade com próteses de verdade num filme de ficção científica

Quem assistiu o filme "Battleship - A Batalha dos Mares", em cartaz nos cinemas, deve se lembrar do tenente coronel Mick Canales, um veterano de guerra sem as duas pernas que volta à ativa para ajudar a defender a Terra de um ataque alienígena.
O que talvez não saibam é que quem interpretou o personagem foi realmente um coronel do exército americano, Greg Gadson, e que as próteses de titânio com que aparece nas cenas de ação no filme são de verdade, atuadas hidraulicamente e controladas por microprocessadores e sensores nos joelhos acoplados a giroscópios, e é com elas que ele anda depois que perdeu as suas duas pernas na explosão de uma mina no Iraque.

                                                                                     Lt. Col. Greg Gadson - foto: U.S. Army

Na foto acima ele aparece quando ainda era tenente coronel e estava aprendendo a andar com as próteses, desenvolvidas no Telemedicine and Advanced Technology Research Center de Fort Detrick.





20/05/2012

A Apple e o sol para limpar a nuvem

A Apple está construindo um complexo de produção de eletricidade para, até o fim do ano, abastecer inteiramente o seu datacenter de Maiden, na Carolina do Norte, com eletricidade derivada de fontes não poluentes.

                                                                  Datacenter da Apple em Maiden (foto Apple)

O datacenter da Apple consome 20 megawatts de energia, e as duas instalações de captação de energia solar que a Apple está construindo em volta dele deverão produzir 84 milhões de kilowatts/hora por ano, o que segundo a empresa equivale ao consumo de  7.366 residências (isso calculado pelo consumo médio americano de energia, que é um dos mais altos do mundo). Essa produção será complementada por uma instalação de células de combustível alimentadas por biogás, que deverá produzir mais 40 milhões de kilowatts/hora por ano.
A companhia tem sido muito atacada pelos ativistas do Greenpeace pelo  alto consumo de energia de suas instalações (recentemente eles pregaram grandes letras nas janelas do prédio da filial da Apple na Irlanda, formando as palavras "Clean our cloud", ou "limpe a nossa nuvem",  uma alusão ao gasto de energia dos servidores do iCloud, o serviço de armazenagem de dados online da empresa que funciona no datacenter de Maiden). Irônicamente, a instalação da Apple na Irlanda é uma das que já operam totalmente com energia de fontes renováveis.

18/05/2012

Brasileiros fazem BRT na China... e funciona!

Reportagem de Raul Juste Loures, no seu blog "Cidades Globais" na Folha de São Paulo, traz um vídeo sobre o BRT da cidade de Cantão, na China, um dos diversos sistemas de trânsito rápido onde engenheiros brasileiros estão dando consultoria e assistência técnica.
O  BRT de Cantão é integrado ao metrô, inclui ciclovias, e segundo depoimentos dos usuários realmente reduziu, e muito, os seus tempos de deslocamento.


Se um BRT projetado por brasileiros funciona tão bem numa cidade como Cantão, porque será que o de São Paulo não consegue ser igual? Nossos políticos bem poderiam aprender alguma coisa com eles.
O vídeo é da Street Films.
O link para a reportagem de Loures na Folha é http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/05/17/expertise-brasileira-nos-onibus-da-china/

17/05/2012

Paraquedistas e planadores voando juntos

Paraquedistas da equipe da Red Bull fizeram um vôo em formação com dois planadores acrobáticos, por sobre os Alpes austríacos. Em reportagem do jornal inglês "The Telegraph", o líder da equipe disse que foi a primeira vez no mundo em que se fez isso, e que normalmente os paraquedistas procuram ficar o mais longe possível de outros objetos voadores, mas desta vez chegaram tão perto que podiam olhar nos olhos dos pilotos dos planadores.


Para poder acompanhar o forte ângulo de descida dos paraquedistas, que não é muito aparente no vídeo, os planadores mergulharam junto com eles durante todo o tempo em que voaram juntos. Reparem que um dos planadores voa de dorso. O trabalho dos pilotos dos planadores para manter a sincronização com os paraquedistas é fenomenal.
A reportagem do "The Telegraph" pode ser lida aqui:http://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/9269306/Skydivers-fly-in-formation-with-gliders-in-daring-stunt-over-Alps.html

16/05/2012

O açodamento dos nossos deputados pode prejudicar o nosso uso da internet

No embalo das notícias sobre a divulgação das fotos íntimas de Carolina Dieckmann, a Câmara dos Deputados aprovou, em votação relâmpago, um projeto de autoria do Paulo Teixeira (PT-SP) e Luiza Erundina (PSB-SP) tipificando os "crimes informáticos", que, segundo noticiou o jornal "O Globo", foi incluído às pressas na pauta de votação. Enquanto ainda se luta pela discussão aprofundada do Marco Legal da Informática, e se questionam aspectos de um projeto muito mais amplo do deputado Eduardo Azeredo, para que as tentativas de regulamentação não venham a violar as nossas liberdades individuais dos cidadãos ou a engessar o desenvolvimento tecnológico do país, os nossos deputados aprovaram açodadamente uma proposta cuja redação deixa margem a muitas dúvidas e possibilidades de erro. O próprio deputado e ex-senador Eduardo Azeredo, cujo projeto tem sido combatido sob a alegação de que é excessivamente restritivo e apelidado de "AI-5 da Internet", protestou contra a votação apressada do novo projeto dizendo que pode levar à criminalização de ações legítimas dos usuários da internet.
Um dos artigos do projeto estabelece "o aumento da pena de um terço à metade se o crime for praticado contra o presidente da República, governadores e prefeitos, presidente do Supremo Tribunal Federal, presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara de Vereadores, ou de dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal." O que não combina muito com a propalada "era da transparência" para a administração pública.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tentou justificar a inclusão na pauta e a aprovação relâmpago do projeto dizendo que "é um projeto avançado e que vai permitir a penalização dos indivíduos que invadiram os e-mails da Carolina Dieckaman nas ultimas semanas. Vai produzir transformação importante no uso da internet". É exatamente essa "transformação importante", feita por legisladores desinformados e com interesses eleitoreiros, que nós não queremos. Esperemos (talvez quixoticamente) que o Senado, pelo menos, bloqueie a tramitação deste projeto e force com que ele seja levado a um exame aprofundado por parte da sociedade.

15/05/2012

Uma cidade sem gente

Um cidade nova sem habitantes? Parece impossível. Pois uma cidade assim está sendo construída no Novo México por uma empresa internacional de consultoria.
A Pegasus Global Holdings escolheu o condado de Lea, próximo à cidade de Hobbs, para implantar o seu CITE - Center for Innovation, Testing and Evaluation, que será um "modelo em escala natural" de uma cidade com uma infraestrutura física com tudo o que uma cidade e seus arredores têm: prédios altos, bairros de subúrbio com diferentes estilos, uma área rural no entorno com residências, fazendas, sítios, um sistema viário com rodovias, vias urbanas e estradas rurais, e uma completa estrutura de telefonia fixa e comunicação wireless.
O investimento previsto é da ordem de um bilhão de dólares, numa área de mais de cinquenta quilômetros quadrados.
Tudo isso operando normalmente, mas para quê, se a cidade não terá habitantes?
A resposta do pessoal do Centro é: para ajudar os Estados Unidos a recuperar sua capacidade industrial e recuperar empregos para sua força de trabalho de pessoal especializado.
A idéia é que a cidade seja utilizada pelas companhias americanas para testar e certificar novas tecnologias, em todas as áreas, num ambiente realista e de grandes dimensões.


Para quem quiser saber mais, o site do projeto é:http://www.cite-city.com/

13/05/2012

SERRA DA GANDARELA

Vejam o que é a Serra da Gandarela




Anteontem postei aqui no blog uma notícia sobre o esforço para a criação do Parque Nacional da Serra da Gandarela.
Este vídeo mostra um pouco da riqueza dessa reserva natural que estamos correndo um sério risco de perder.
Por favor gaste cinco minutos do seu tempo e veja o vídeo. Aí você poderá entender melhor porque estamos fazendo tanta força para que tudo isto não seja destruído.

11/05/2012

Salvar a Gandarela é salvar o futuro

Uma briga desigual está sendo travada entre uma grande empresa de mineração e um punhado de gente consciente e corajosa. Neste sábado agora, 12 de maio, às 14 horas, no auditório da Escola de Medicina da UFMG, na avenida Alfredo Balena 190, bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, o Instituto Chico Mendes vai realizar uma consulta pública para a criação do Parque Nacional das Águas da Gandarela.
Para quem não ainda não conhece, a Serra da Gandarela, situada entre a Serra do Caraça e a Serra da Piedade na Área de Proteção Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte, é uma das últimas áreas de Mata Atlântica e Campos Rupestres sobre Cangas ainda preservadas na região, e fonte dos mananciais que alimentam com água de alta qualidade as bacias do Rio das Velhas, São Francisco, Piracicaba e Doce. Só a captação parcial de sua água feita hoje pela COPASA fornece mais de 60% da água consumida em Belo Horizonte.

                                                       (foto do site www.aguasdogandarela.org)
Pois é essa região de serras, que abriga uma biodiversidade riquíssima e localizada, que está sendo degradada e ameaçada de ser destruída pela expansão irregular da atividade de mineração.
As cangas ferruginosas são uma capa rochosa, normalmente situadas sobre as jazidas de minério de ferro, que por sua erosão peculiar causada pela ação de milhões de anos de chuvas formam um sistema de fissuras que drena e filtra a água acumulando-a purificada sobre as jazidas. Mas a mesma associação das cangas com as jazidas de minério que produz esse efeito benéfico sobre as águas faz com que elas se transformem num alvo de destruição pela cobiça das mineradoras. 
 A criação do Parque Nacional das Águas da Gandarela é um passo importantíssimo para que se possa evitar esta expansão desordenada que troca a qualidade de vida dos nossos filhos pela ilusão de uma melhora econômica fugaz e que deixa atrás de si a sua própria destruição, e preservar essa riqueza insubstituível para as gerações futuras.
Saiba mais sobre a Serra da Gandarela e a criação do Parque no site www.aguasdogandarela.org

Computadores construidos por bactérias?

 
Fábrica atual de semicondutores da Zeiss, em Oberkochen, Alemanha (fotografia Carl Zeiss AG)

Wilson Baptista Junior
Se os vírus artificiais ameaçam os computadores e preocupam os seus usuários, as bactérias naturais estão se transformando em aliados de quem os fabrica (e talvez, mais tarde, de nós que os usamos).
Na universidade inglesa de Leeds um grupo de pesquisadores está utilizando uma espécie de bactéria que se alimenta de ferro (Magnetospirilllum magneticum) para produzir magnetos microscópicos dispostos como as superfícies dos discos magnéticos atuais. As proteínas das bactérias transformam o ferro ingerido por elas em pequenos magnetos, ou ímãs, e os pesquisadores estão aprendendo como estas proteínas transformam o ferro em nanocristais cúbicos de magnetita e posicionam estes cristais dentro das bactérias, para conseguirem reproduzir o processo fora delas.
Para termos uma ideia do tamanho desses cristais, vamos lembrar que o prefixo “nano” representa um bilionésimo, no caso de medida um nanômetro é um bilionésimo de metro, então estamos falando de dimensões um milhão de vezes menores do que um milímetro. Quando se fala de “nanocristais”, estamos falando de cristais menores do que cem bilionésimos de metro, ou dez milionésimos de milímetro. É coisa muuuuuuito pequena.
Os pesquisadores extraem a proteína das bactérias e colocam quantidades microscópicas dela dispostas num formato axadrezado sobre uma superfície de ouro, que é então imersa numa solução de ferro. A solução, em contato com a proteína, cristaliza formando grupos de tamanho uniforme de nanomagnetos, também extremamente pequenos.

Os pesquisadores agora estão trabalhando para conseguir reduzir o tamanho destes agrupamentos até conseguirem uma distribuição uniforme de nanomagnetos individuais. 
Agrupamentos de cristais produzidos pelos pesquisadores (foto da Universidade de Leeds)
Na fotografia vocês podem ver, no quadrinho da esquerda superior, a disposição axadrezada dos agrupamentos de cristais sobre a superfície de ouro, e no quadro maior a imagem do quadradinho branco do quadro menor, ampliada vinte vezes mais.
Trabalhando em colaboração com a Universidade de Leeds, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Agricultura e Tecnologia de Tóquio conseguiu utilizar um tipo diferente de proteínas que agem sobre compostos de cobre e zinco para criarem "nanofios" de partículas metálicas envoltas em tubos de lipídios.
O grupo de Leeds, dirigido pela dra. Sarah Staniland, e o grupo de Tóquio, dirigido pelo professor Tadashi Matsunaga, pretendem desenvolver conjuntamente um "jogo de ferramentas" de proteínas e produtos químicos que possa ser usado para construir componentes de computadores a partir do zero.
Se o projeto for levado em frente, e houver um investimento na sua colocação em prática, esta tecnologia permitirá eventualmente uma produção muito mais eficiente do que a feita pelos métodos atuais, onde se parte de pedaços relativamente grandes de material (blocos de sílica) que são cortados em blocos cada vez menores e estes em fatias cada vez mais finas, com enormes perdas de material e um trabalho mecânico de usinagem e montagem que fica cada vez mais difícil à medida em que o tamanho dos componentes diminui. Depois os circuitos são impressos nas fatias (chips) por um delicadíssimo processo de litografia de altíssima precisão em tamanhos microscópicos. Isso exige, para produção em larga escala, instalações industriais grandes e complexas como a fábrica da imagem que abre este post.
É claro que estes métodos não vão permitir computadores milhões de vezes menores do que os atuais, mas com certeza permitirão máquinas mais baratas, menores, mais eficientes e com menos impacto ambiental na sua produção e sua utilização.
As fábricas também serão muito diferentes das atuais. Uma pergunta: será que surgirá alguém argumentando pelos direitos trabalhistas das bactérias, que afinal de contas serão os operários? Numa época em que alguns países já cogitam se devem dar direitos de cidadania a robôs, a pergunta pode não ser totalmente uma brincadeira... 
O artigo da Universidade de Leeds sobre o assunto está aqui:

http://www.leeds.ac.uk/news/article/3181/bacterial_builders_on_site_for_computer_construction



François Hollande escolhe um carro oficial híbrido e é questionado

Bem de acordo com o seu posicionamento ecológico, o presidente eleito da França, François Hollande, escolheu um carro híbrido de baixa emissão de carbono, com motores diesel e elétrico, para seu desfile pela Champs Elysées depois de sua posse no próximo dia 15 de maio.

Mas, bem no espírito gaulês, a escolha do carro não poderia passar sem alguma controvérsia. Um comentarista francês publicou um artigo divertido dizendo que o modelo escolhido, um  Citroen DS5 Hybride topo de linha, não combina bem com o perfil socialista de Hollande. Diz ele que se trata de um automóvel de pequeno empresário de direita ou de tabelião de província, o que indicaria que Hollande (que ele chama de François II, o primeiro tendo sido Miterrand) está ao mesmo tempo sinalizando apoio aos dirigentes de pequenas e médias empresas e tentando não cortar laços com os cidadãos respeitáveis mais velhos, e que a esquerda "verdadeira" pode não gostar muito desta posição agregadora.
O artigo de Hugues Serraf pode ser lido aqui: http://www.slate.fr/story/54795/hollande-citroen-ds-5-hybride-auto-politique

10/05/2012

Pode respirar: o mundo não vai mais acabar em 2012

Vocês certamente se lembram da onda de notícias que circulou pelo mundo de que o calendário astronômico dos Maias terminava ainda este ano, e que isso era uma indicação indiscutível de que o mundo ia acabar no mesmo dia do calendário.
Os  Maias tinham diversos tipos de calendários, uns cíclicos de curta duração e outro, conhecido como o calendário longo, que não se repetia e começava na data que a mitologia Maia considerava como a da criação do mundo (11 de agosto de 3.114 B.C. no nosso calendário gregoriano). Este é o que termina no dia 21 de dezembro de 2012.
                                                   Inscrição - parte do calendário longo Maia (foto Wikipédia)
 Apesar dos argumentos dos arqueólogos de que nada na mitologia Maia dizia que o fim do mundo deveria coincidir com o do calendário longo, e que esta data simplesmente marcava o final de um ciclo e o começo de outro, a desinformação se espalhou rapidamente e muita gente ainda acredita que o mundo realmente está a poucos meses de acabar.
Bem, podem respirar fundo e ficar tranquilos. Arqueólogos trabalhando na cidade maia de Xultun, na Guatemala, descobriram uma casa que aparentemente tinha sido enchida de terra e selada pelos próprios ocupantes maias da época, uns oitocentos anos antes de Cristo, ainda não se sabe porque, e por esse motivo tinha conservado suas paredes internas em excelente estado. As paredes estavam cobertas de pinturas muito bem preservadas, os mais antigos murais Maias descobertos até hoje, Um estudo mais aprofundado revelou que dois destes murais eram calendários astronômicos, de uma extensão inédita, um contendo um ciclo de 4.787 dias das fases lunares, que podia ser repetido indefinidamente, e outro baseado nos percursos celestes aparentes de Marte e de Vênus,  compreendendo um período de aproximadamente sete mil anos. O prédio aparentemente era o local de trabalho de astrônomos encarregados de registrar os ciclos dos planetas para fazer os calendários.

A reportagem original é do The Washington Post, e pode ser lida aqui:
http://www.washingtonpost.com/national/health-science/mayan-prophecy-the-world-wont-end-as-a-newfound-calendar-goes-on-and-on-and-on/2012/05/10/gIQA03s3FU_story.html



O Escocês Voador está de volta!

Quem gosta de ciclismo conhece, e muita gente mais deve ter visto o filme de 1996, "O Escocês Voador", que contou a história de Graeme Obree, um escocês pobre, dono de uma oficina de bicicletas, que por duas vezes bateu o recorde do mundo da hora em bicicleta, com a "Old Faithful", uma bicicleta feita em casa com pedaços de sucata e peças de uma velha máquina de lavar, competindo contra os maiores corredores e os maiores fabricantes de bicicletas de corrida da  epoca.
                                                Graeme Obree na "Old Faithful" - foto Wikipedia
A Federação Internacional de Ciclismo fez todo o possível para dificultar a vida de Obree, e no final mudou as regras para proibir definitivamente a posição de pedalar do escocês. Obree, que sofria de distúrbio bipolar, ficou tão desgostoso que tentou o suicídio, e só sobreviveu porque a corda com que tentou se enforcar arrebentou.
Pois agora, aos quarenta e seis anos de idade,  Obree está de volta, desta vez decidido a superar o recorde mundial de velocidade para veículos de propulsão humana. Esta prova não é controlada pela Federação de Ciclismo, e a única regra que tem é que o veículo deve usar exclusivamente a força humana como propulsão. O recorde atual é de  82,8 milhas por hora, pouco menos de 134 quilômetros por hora, estabelecido em 2009 pelo canadense Sam Whittingham usando a bicicleta Varna Diablo III. É uma bicicleta de alta tecnologia, com estrutura de fibra de carbono, onde o ciclista vai deitado de barriga para cima (o que se chama de "recumbente"). Alguns detalhes da Varna podem ser vistos aqui:
   http://www.wisil.recumbents.com/wisil/whpsc2001/varna_detail.htm
 Pois Obree, para não perder o costume, pretende quebrar o recorde com uma bicicleta que está construindo na cozinha de seu apartamento, ajudado apenas por seu filho, e utilizando estrutura de aço e peças de bicicletas existentes e outras feitas por ele mesmo. Ele vai pedalar na posição inversa da de Whittingham, deitado de barriga para baixo com o rosto sobre a roda dianteira,  uma posição extremamente perigosa mas que, segundo ele, possibilita um rendimento muscular maior. E não faz por menos, quer atingir cem milhas por hora.
Se fosse qualquer outro que não ele eu iria rir e acreditaria que era Dom Quixote reincarnado, investindo contra os moinhos de vento dos grandes fabricantes. Mas depois do que ele já fez, estou torcendo por ele, como muita gente mais também está.  Quem sabe?
Uma entrevista com Obree, em texto e vídeo, está em
http://road.cc/content/news/54778-interview-video-graeme-obree-his-human-powered-speed-record-attempt
Vale e pena ler a reportagem, ou ver o vídeo, para saber o que ele diz sobre a tentativa e sua motivação.
Esta reportagem do jornal inglês The Telegraph traz uma foto da bicicleta, ainda em construção e sem a fuselagem:
http://www.telegraph.co.uk/news/newstopics/howaboutthat/9248769/The-100mph-bike-designed-in-the-bath-and-made-from-an-old-saucepan.html#disqus_thread



09/05/2012

Estamos de endereço novo!

Mudamos o blog para esta  nova plataforma, que tem mais recursos do que a anterior. Agora vocês podem recomendar mais facilmente algum post que desejarem, usando os botões das redes sociais abaixo do texto post.
Na transposição para a nova plataforma não foi possível guardar a indexação das mensagens antigas, então todas as anteriores, apesar das datas corretas no corpo dos posts, aparecerão no índice como sido postadas na data de hoje (9 de maio de 2012). E não conseguimos também trazer os comentários. Mas fiquem à vontade para comentar de novo as mensagens antigas, se quiserem :)

Ladrões conectados

09/05/2012

Um grupo de ladrões no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, em dois anos roubou mais de duzentas bicicletas de alta categoria, de ciclistas de competição, triatletas e simples aficionados, num valor estimado de mais de  duzentos e cinquenta mil dólares.
Um quadro de bicicleta de ponta de alguma das marcas mais famosas custa alguns milhares de dólares, e o resto das peças também podem ser muito caras. Só um conjunto de acionadores elétricos de câmbio Dura Ace, da Shimano, custa mais de três mil dólares.
Os ladrões ficavam sabendo dos donos das bicicletas pelas fotografias das bicicletas ou dos passeios que estes postavam no Facebook, e pelos anúncios de venda e troca de bicicletas e acessórios que colocavam no Craigslist, um site internacional de anúncios classificados. Quando ficavam sabendo o nome do dono de alguma bicicleta cara, entravam no Facebook para conseguir seu endereço ou mais informações. Também entravam nos grupos e comunidades on-line de ciclistas, com nomes falsos, e conversavam com os inegrantes para saberem mais detalhes sobre as bicicletas e onde os donos costumavam pedalar. O dono de uma oficina de bicicletas de Los Angeles era o receptador, que comprava as bicicletas roubadas por algumas centenas de dólares, desmontava os seus componentes e revendia o material.
Fica o alerta para os nossos usuários das redes sociais, porque a mesma coisa já pode estar acontecendo por aqui.
A reportagem original é do Los Angeles Times e pode ser lida em http://www.latimes.com/news/local/la-me-expensive-bikes-20120509,0,1579820.story

Passageiros frequentes (demais!)

07/05/2012

Vocês se lembram de um filme do George Clooney (“Amor sem escalas”), onde ele  viajava pelo mundo demitindo pessoas, e foi festejado pela companhia aérea quando completou dez milhões de milhas voadas?
Paramount - Divulgação
                                  (fotografia da Paramount Pictures - Divulgação)
Pois isso é fichinha para alguns passageiros da American Airlines. Só que a companhia não está propriamente querendo  homenageá-los...
Em 1981 a American viu uma oportunidade de levantar dinheiro barato para capital de giro: num período de juros altos (para eles) ela teve a idéia de lançar um”Aairpass ilimitado vitalício”, que custava 250.000 dólares e dava direito a voar na primeira classe, ganhando milhas e usando as suas salas VIP. Os compradores idosos ainda tinham um desconto (na suposição de que provavelmente morreriam antes dos mais novos). Por mais 150.000 o comprador levava um passe para um acompanhante.
A ideia parecia boa: 400.000 dólares em 1981 era muito dinheiro, que a companhia recebia  de uma vez e ia gastando ao longo do tempo à medida em que os compradores viajavam. Já estes (que ela imaginava que seriam empresas ou umas poucas pessoas físicas muito ricas) evitavam os aumentos do preço das passagens ao longo do tempo.
Funcionou durante muito tempo. Mas novembro passado a American pediu concordata, e parece que o programa teve algo a ver com o seu aperto.
As empresas compraram os passes, a companhia conseguiu o dinheiro, mas algumas das pessoas físicas que compraram não tiveram muita cerimônia em utilizá-los bem mais do que a American esperava...
Uma reportagem no “Los Angeles Times” de hoje fala de alguns participantes do programa, dentre os quais um acumulou mais de quarenta milhões de milhas e outro mais de trinta, e que ainda por cima se dedicaram a vender o uso dos assentos, seus e de acompanhantes, para ganhar um dinheirinho extra. Isso, segundo a American, tem custado à companhia vários milhões de dólares além do previsto.
Um deles chegou a voar para Londres, ida e volta, dezesseis vezes num período de vinte e cinco dias. Outro voava tanto que, se, por exemplo, uma amiga que morasse em São Francisco mencionasse que estava acontecendo  uma exposição interessante em Paris naquela semana, ele voava de Chicago para a cidade da amiga, colocava-a no passe de acompanhante, ia a Paris ver a exposição e depois entregava-a em casa. Praticamente estava no ar dia sim dia não.
Um outro, que era corretor de valores, foi obrigado a se aposentar depois de um “probleminha” com a Securities and Exchange Comission (a CVM de lá), e durante alguns anos “alugou”o seu passe e o de acompanhante para um casal de Dallas ficar fazendo ponte aérea entre Dallas e a Europa, cobrando um preço fixo por mês. “Foi assim que eu pude pagar minhas contas”, conta ele.
A American suspendeu a emissão de novos passes em 1994, e atualmente sua auditoria está lutando para revogar todos os passes que puder, argumentando em alguns casos que o uso foi fraudulento, mas está esbarrando nos contratos firmados com os participantes na época, que não eram muito específicos sobre o que podiam ou não fazer com os passes.
A reportagem do LA Times, que tem mais coisas interessantes que não reproduzo aqui por questões de espaço, está em http://www.latimes.com/business/la-fi-0506-golden-ticket-20120506,0,3094073,full.story

Presidente do Yahoo acusado de falsificar currículo

05/05/2012

Notícia no NY Times conta que Daniel S. Loeb, presidente do fundo de investimento Third Point, que é o maior acionista externo do Yahoo, está pedindo a destituição do atual presidente da empresa de informática, Scott Thompson, argumentando que este não merece a confiança dos investidores porque colocou no seu currículo que é graduado em Ciência da Computação pelo Stonehill College, o que não é verdade.
Thompson se graduou em contabilidade pelo Stonehill, mas colocou no seu currículo e na sua biografia oficial no site do Yahoo que tinha os dois cursos de graduação. Loeb, que lidera um movimento de acionistas para destituir a atual diretoria, descobriu que a universidade só começou a conferir diplomas em Ciência da Computação quatro anos depois de Thompson ter concluido seus estudos lá, o que foi confirmado pela diretoria do Stonehill.
Uma porta-voz do Yahoo afirmou que foi "um erro por inadvertência" ter colocado a graduação inexistente no currículo de Thompson, mas que isso de maneira alguma invalida a sua competência como presidente. Já Loeb argumenta que se Thompson "embelezou" seu currículo isso não só coloca em questão sua competência para ser dirigir  uma companhia de tecnologia como também se reflete negativamente no caráter do executivo.
Enquanto isso, nós, cidadãos brasileiros, que ao menos em teoria deveríamos ser os maiores acionistas do nosso País, temos uma presidente que tinha em seu currículo oficial uma graduação de mestrado e uma de doutorado que, segundo a própria universidade em que estudou, nunca chegou a completar, e a desculpa oficial dada na época é que "não foi ela quem colocou isso no currículo"...
O link para a notícia do NY Times é http://dealbook.nytimes.com/2012/05/03/loeb-accuses-yahoo-officials-of-resume-padding/

Um novo personagem para o "Pequeno Príncipe"

04/05.2012

Duas folhas desconhecidas do rascunho original de "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint Éxupéry foram descobertas por um colecionador, e serão levadas a leilão pela casa francesa "Artcurial".
O livro de Saint Éxupéry tem uma fama totalmente imerecida entre nós por causa dos antigos concursos de miss, onde era citado pela maioria das candidatas como seu livro de cabeceira, o que o deixou aqui com a reputação de ser ou apenas um livro para crianças ou um livrinho "água com açúcar" que não merecia ser levado a sério. Nada mais longe da verdade.
Escrito em 1941, quando Saint-Éx estava em Nova Iorque no intervalo entre ter lutado na força aérea francesa, antes da rendição em Vichy, e sua volta à ativa como piloto num esquadrão de reconhecimento dos Franceses Livres baseado na África do Norte na luta pela libertação da Europa, voando pelo qual desapareceu no mar durante uma missão em julho de 1944, o livro pode ser lido como uma apologia da paz e declaração contra a guerra ou, como particularmente acho mais provável, uma magnífica carta de amor e pedido de reconciliação dirigido a sua mulher Consuelo, que seria a rosa do Pequeno Príncipe. Tem algo de autobiográfico e seu motivo central é baseado no acidente em que Saint-Éx caiu com seu mecânico no deserto do Sahara em 1935, quando tentava quebrar o recorde de velocidade entre Paris e Saigon pilotando um avião de corrida Caudron Simoun.
Na segunda das duas páginas, nenhuma das quais foi aproveitada no manuscrito final, o pequeno Príncipe encontra um homem, que para ele pode ser um embaixador do espírito humano, mas que infelizmente, como todos os outros do livro, está muito ocupado para lhe dar atenção; o homem faz palavras cruzadas, e procura há três dias uma palavra de seis letras que significa "gargarisme", (em francês quer dizer "gargarejo" ou "líquido para fazer gargarejo").  O rascunho termina aí, sem dizer mais sobre o personagem e deixando o pequeno príncipe curioso sem saber a palavra procurada.
Se Saint-Ex optou por não incluir este personagem no texto final do livro, ele que escrevia e reescrevia suas páginas dezenas de vezes até atingir o ponto em que, como disse um crítico, nenhuma palavra mais podia ser incluída, excluída ou modificada sem alterar o significado preciso que ele queria exprimir, nem por isso deixamos de ficar curiosos sobre o que o personagem estaria querendo dizer...

Será que o próximo prefeito do Rio vai ser um computador da IBM?

04/05/2012

Um artigo do comentarista Sebastian Anthony no site Extreme Tech, sobre cidades inteligentes, fala do Centro de Operações que foi implantado pela prefeitura do Rio de Janeiro com tecnologia da IBM e da CISCO. 300 telas LCD ligadas por trinta quilômetros de cabos de fibra ótica mostram  as imagens de 450 câmaras de vídeo e três helicópteros, monitorando em tempo real a localização de dez mil ônibus e ambulâncias, as condições de tempo na cidade, simulações do tempo, até o dia seguinte, num raio de mais de duzentos quilômetros de distância, e resumem estas informações numa "sala de crise" ligada ao prefeito e aos órgãos da defesa civil.
Centro de Operações - Prefeitura do Rio de Janeiro
No Centro de Operações, segundo o artigo, trabalham mais de 70 chefes de diversos departamentos da Prefeitura, e essa concentração no mesmo lugar de dados e de poder decisório permite uma resposta muito rápida a qualquer situação de crise.
É animador saber que já contamos com uma estrutura tão de ponta no Rio de Janeiro. Mas o assunto principal do artigo, muito mais amplo e que apenas cita o centro de operações do Rio como exemplo de avanço tecnológico, é o que pode acontecer com a evolução da integração dos sistemas de informação e decisão de uma cidade em uma verdadeira "cidade inteligente" (que para o autor é um caminho inevitável), onde praticamente tudo da cidade, dos fluxos de tráfego à distribuição dos táxis e aos volumes de produção das indústrias funcione conectadamente para atingir resultados otimizados, gerenciados por um complexo cada vez maior de sistemas de software e hardware cada vez mais potentes -  fornecidos por uma ou mais empresas privadas. Será que à medida em que a cidade se torna inteligente e os sistemas mais complexos e interligados a autonomia de decisão sairá gradualmente das mãos dos cidadãos e da administração pública para se concentrar cada vez mais nos próprios sistemas, ou, como consequência, nas empresas privadas prestadoras destes serviços? Estaremos caminhando para um prefeito (ou tirano) digital em vez de humano? E que consequências isso pode trazer para o cidadão, quanto ao seu emprego e suas liberdades?
O assunto se presta a discussões infindáveis. O  artigo original e alguns comentários dos seus leitores podem ser lidos em http://www.extremetech.com/extreme/127647-the-internet-of-things-and-smart-cities-will-an-ibm-computer-be-your-next-mayor
O que vocês acham? Essa evolução é boa? É desejável? É inevitável? Como pode ser controlada para um melhor resultado humano?

Onde você está entre os brasileiros?

03/05.2012

Um teste interessante publicado no "Estado de São Paulo" de hoje, sob o título "Você pode ser mais rico do que imagina". mostra onde você está situado na pirâmide salarial brasileira.
Clique no link http://economia.estadao.com.br/especiais/voce-pode-ser-mais-rico-do-que-imaginava,161035.htm,  digite a sua renda mensal e você vai descobrir quem ganha mais e quem ganha menos do que você no Brasil.
Digitando diversos valores no campo, as informações variam, e você pode ver muitos dados interessantes sobre a nossa distribuição de salários.
30/04/2012

Para complementar o meu post do dia 15 de abril passado, intitulado "Não é só a taxa de câmbio", vejam o que o Jorge Gerdau (que com certeza entende do assunto :) disse à Miriam Leitão, do Globo, e que foi publicado hoje, 30 de abril:
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/posts/2012/04/29/miriam-leitao-imposto-escondido-442490.asp
26/04/2012

Esta semana estou asilado na casa de meu pai e meu irmão Paulo, enquanto se refaz o sinteco de nosso apartamento. Hoje no café da manhã, conversando com o Paulo (ele é fotógrafo, mestre em Artes Visuais e doutor em Artes, e a conversa com ele é sempre interessante) falávamos sobre a aceleração exponencial da produção de informação no mundo de hoje, e sobre como a geração atual é talvez a primeira que consegue ver essa aceleração acontecendo de dia para dia.
Uma porção de coisas que, quando éramos garotos, líamos nos livros de ficção científica hoje é realidade e muitas já estão até mesmo ultrapassadas, e nós nos perguntávamos sobre o que os escritores de ficção científica de hoje vão escrever agora.
Todo o mundo já percebe a revolução que a World Wide Web e os mecanismos de pesquisa, dos quais o Google é o mais conhecido, produziram na maneira de procurar informações. Mas o mais interessante agora é ver a expansão do acesso a estas informações pelos telefones celulares, e agora pelos óculos de realidade virtual de que o Google lançou um protótipo. Com a transmissão de dados em alta velocidade pelas redes de telefonia sem fio não precisamos mais estar perto de um computador para estarmos permanentemente conectados à Web. Podemos nos informar o tempo todo do que nos interessar, e, mais ainda, sermos influenciados e dirigidos o tempo todo por informação contextual "empurrada" para nós por sistemas que sabem, graças ao GPS de nossos telefones, por onde estamos passando (na verdade, perto dos estabelecimentos de quais anunciantes :)
E essa tecnologia vai aumentando sua penetração; hoje, mesmo com a distribuição de renda tão desigual que tem (ou talvez até por causa dela) o Brasil já tem mais telefones celulares do que habitantes; quem poderia ter previsto isso há dez ou quinze anos? E o caminho da conexão à internet é se popularizar assim também.
Quantas vezes ouço dizer: "Para que ter livros hoje, para que guardar informações, se quiser saber alguma coisa está tudo na internet".
Se agora para procurar uma informação o usuário médio acha que basta procurar no Google, e se com essa conectividade aumentada essa facilidade vai se tornar quase um outro sentido dele, como a visão e a audição, o que isso vai gerar na evolução, até mesmo genética, da espécie? Caminharemos para seres humanos quase desprovidos da memória (porque não precisarão mais dela) e com um arranjo de sinapses otimizado para conexão em vez de raciocínio?
Um complemento interessante a essa conversa é descobrir que da imensa quantidade de informação hoje armazenada na Web, por estranho que pareça a maior parte dela não está facilmente acessível aos mecanismos normais de pesquisa.
Michael Bergman, em 2001, num artigo intitulado "The Deep Web: Surfacing Hidden Value", criou o nome "A Web Profunda" para designar essa grande quantidade de informação por cima da qual os mecanismos de pesquisa passam sem penetrar. Outros pesquisadores já a tinham chamado de "A Web Invisível". Ele comparou o pesquisar na Web a passar uma rede pela superfície de um mar de informações, apanhando uma grande quantidade delas mas sem nem tocar nas guardadas nas médias e grandes profundezas.
O problema deste acesso consiste em que os mecanismos indexadores, conhecidos como "web crawlers", programas que percorrem a web a partir de um ponto qualquer de entrada e vão seguindo as ligações entre um artigo e outro e estabelecendo os caminhos para que os buscadores os encontrem, dependem para funcionar de poderem seguir as ligações que encontram de um artigo para outro. Um artigo sem ligações com os que já foram pesquisados não será alcançado pelos crawlers.
Depois do artigo de Bergman diversos pesquisadores e companhias comerciais, como o próprio Google, tem se dedicado a desenvolver mecanismos que permitam penetrar e indexar as profundezas da Web. Podemos esperar que eventualmente suas profundezas sejam integradas à superfície. Mas ainda falta muito trabalho, e é uma corrida entre o avanço dos novos mecanismos e a quantidade de informação diariamente acrescentada ao imenso repositório da Web.
Como diziam os antigos chineses, vivemos em "tempos interessantes" :)

A mágica do menino do fliperama

25/04/2012

Vi agora uma reportagem da revista "New Yorker" com a história de um menino de nove anos, filho do dono de uma lojinha de peças usadas para automóveis em Los Angeles, que adora jogos de fliperama e resolveu construir os seus. Com caixas velhas de papelão, fita de embalagem, bonequinhos de plástico e pouca coisa mais construiu diversas máquinas (operadas por ele mesmo, que em alguns casos tem que entrar dentro das caixas para fazer as peças funcionarem), colocou-as na sala da frente da lojinha do pai, preparou as fichinhas para os jogadores, fez os tickets de entrada e ficou esperando os fregueses.
E aí aconteceu que um aspirante a cineasta em aperto financeiro, procurando uma loja para comprar peças baratas para consertar seu carro velho para poder vendê-lo, gostou do jeito da fachada da loja do pai, entrou, viu o fliperama do menino e resolveu brincar. Gostou tanto que fez um vídeo de onze minutos contando a história do menino, e colocou-o na rede, com um link que pedia contribuições para criar um fundo para poder pagar os estudos do garoto numa escola de engenharia quando crescesse. O vídeo virou um sucesso viral, em dois dias as contribuições passaram de cento e vinte mil dólares, o garoto recebeu convites do M.I.T. e da CalTech propondo ajustarem os currículos para ele já poder começar a estudar desde já, ele e o cineasta apareceram na TV em rede nacional e a coisa foi crescendo tanto que o cineasta (agora não mais aspirante, porque foi convidado por um grande estúdio de Hollywood para dirigir um longa metragem) criou uma fundação para reunir fundos para incentivar crianças com criatividade parecida.
O vídeo que provocou isso tudo, ainda sem tradução para o português, está em http://vimeo.com/40000072 e o artigo do New Yorker pode ser lido em
http://www.newyorker.com/online/blogs/culture/2012/04/caines-arcade-nirvan-mullick.html

Ministro da Fantasia?

24/04.2012

Notícia publicada no Estado de Minas de hoje, nos diz que "O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, disse nesta terça-feira que os recursos para os projetos do PAC 2 Mobilidade Grandes Cidades vão reduzir em um mês por ano o tempo que os brasileiros perdem no trânsito, nas localidades contempladas. "Vamos reduzir o trajeto de quatro horas para uma hora: são 3 horas a menos por dia, 15 horas por semana, quase três dias a menos de trânsito por mês. O programa vai devolver um mês por ano de vida (fora do trânsito) ao cidadão", disse durante discurso na cerimônia do PAC 2 Mobilidade, que ocorre no Palácio do Planalto."
É uma promessa totalmente irreal (como tantas que já ouvimos) que o ministro está fazendo ao povo brasileiro. Nenhuma medida ou conjunto de medidas nos planos compreendidos pelo PAC da Mobilidade tem o potencial de realizar uma redução de três quartos do tempo gasto nos deslocamentos diários pela média dos habitantes das grandes cidades. Isso para não falar nos problemas que os brasileiros já puderam ver no andamento das outras obras do PAC , muito mais lento do que o projetado.
Quando será que os nossos políticos vão cair na real e perceber que prometer menos e fazer mais tem muito mais efeito, a médio e longo prazo, do que prometer muito e fazer pouco? Ah, me desculpem, me esqueci de que eles até hoje não sabem que existe alguma coisa que não seja o futuro imediato...

O mundo visto por um gato

23/04/2012


Um engenheiro dinamarquês que mora nos Estados Unidos adaptou uma pequena câmara fotográfica à coleira de seu gato, com um controlador eletrônico que dispara a intervalos programáveis, e as fotografias tiradas pelo gato em seus passeios viraram um sucesso na internet.
Tanto que serviram de base para um filme de doze minutos ("Catcam"), que ganhou o premio do júri, categoria documentário em curta, de um festival americano.
Algumas das fotos tiradas pelo gato podem ser vistas aqui: http://www.mr-lee-catcam.de/pe_catcam1.htm
O engenheiro formou uma companhia para desenvolver produtos de tecnologia para gatos, e agora está trabalhando numa câmara de vídeo para ver os passeios do gato em tempo real.
Outro produto dele é um gravador acoplado a um GPS que permite ao dono saber por omnde o gato andou, com direito a mapinha da trajetória no Google Earth.
O link do site da companhia é: http://www.mr-lee-catcam.de/

Sua internet pode sumir em julho!

21/04.2012

Parece um daqueles alertas falsos que vivem pipocando na Web, mas não é. Uma grande quantidade de pessoas realmente pode perder o acesso à internet neste julho, conforme alerta o FBI.
A causa? Um vírus chamado "DNSChanger" (alterador de DNS) que foi detectado pela primeira vez em 2007.
Quando você digita um endereço, ou clica num link, para acessar uma página da internet, seu computador descobre onde fica essa página comunicando-se com um servidor de nomes de domínio, ou "DNS Server", que é um dentre vários servidores da internet que armazenam as informações que traduzem o endereço da página (por exemplo o deste blog, www.conversasdomano.zip.net)  para o código numérico (chamado IP, de "Internet Protocol") que é a chave para a localização da página, no caso do blog, neste momento, o código 200.147.1.176.
Estes códigos podem variar de um momento para outro, e os servidores de DNS armazenam as tabelas, sempre atualizadas, que permitem a tradução entre os nomes dos sites e eles.
O seu computador tem registrado, na configuração de seu acesso à internet, o endereço de um ou mais destes servidores de DNS.
Quando o vírus DNSChanger  infecta um computador ele muda estes endereços para os endereços do servidores dos criminosos, carregados com tabelas de endereço adulteradas, de modo que quando estes computadores tentam acessar alguns dos sites acessam, em vez do site verdadeiro, um site que os criminosos alteraram para poder cometer diversos tipos de fraude. O vírus afetou milhões de computadores pelo mundo afora, e como a maioria dos endereços continuava correta, milhões de usuários não perceberam o problema.
Quando o FBI conseguiu capturar os criminosos e desmantelar o esquema, no ano passado, chegou à conclusão de que se tirasse os falsos servidores do ar estes milhões de usuários simplesmente perderiam o acesso à internet, porque os endereços que os seus computadores tinham para verificar os códigos eram os dos criminosos, então seria melhor conservar no ar os endereços falsos dos servidores, atribuindo-os a servidores DNS verdadeiros. E foi o que o FBI fez, e estes servidores passaram a ser operados pelo Internet Systems Consortium.
Só que o prazo de operação deles terminava em março, foi estendido até o dia 9 de julho deste ano, e não vai mais ser renovado porque nem o FBI nem o ISC querem continuar a suportar os custos de manutenção e operação dos servidores, que afinal não é função deles. E quando eles saírem do ar todos os computadores que ainda estiverem infectados perderão o acesso à internet.
Se você quiser verificar se o seu computador está infectado, acesse a página do DNSChanger Working Group (http://www.dcwg.org/) , clique no botão verde "Detect" e tente acessar alguns dos sites da lista que vai aparecer. Ao acessar os sites você receberá uma informação dizendo se o seu computador está infectado ou não. O site tem também instruções (botões "Fix" e "Protect") sobre como recuperar o computador caso esteja infectado.
Se o link acima demorar muito para abrir, porque o número de acessos deve estar sendo muito grande, clique neste aqui, que apenas faz uma verificação rápida e está bem menos carregado: http://www.dns-ok.us/
E se você quiser ver a história na página oficial do FBI, o link é: http://www.fbi.gov/news/stories/2011/november/malware_110911

Onde nascem as estrelas

21/04/2012

O telescópio espacial Hubble faz este mês vinte e dois anos de operação, e o seu site comemora com uma imagem espetacular da nebulosa da Tarântula, um dos grandes berçários de estrelas:
http://hubblesite.org/newscenter/archive/releases/2012/01/
Para evitar a interferência da atmosfera da Terra com suas observações, o Hubble fica em órbita a aproximadamente 370 km de altura, fazendo uma revolução a cada 97 minutos.  Durante estes vinte e dois anos a clareza de suas imagens tem dado uma contribuição imensa ao conhecimento humano.
Até 2018 a NASA, junto com mais quatorze países (a nossa "sexta economia do mundo" não faz parte :) deve lançar da base espacial francesa de Kourou, na Guiana Francesa, um foguete Ariane que vai colocar um telescópio muito maior (o "James Webb") numa órbita para além da órbita da Lua, a quinhentos mil quilômetros de distância da Terra.
Se as promessas dos sucessivos governos brasileiros de investir de verdade em pesquisa científica tivessem sido mais do que simplesmente promessas, o Brasil poderia estar fazendo parte deste grupo e quem sabe o foguete poderia ser lançado da nossa base de Barreira do Inferno, que entrou em operação em 1965, três anos antes da de Kourou, mas que até hoje não conseguiu decolar de verdade...

Vergonha (ou falta dela) dos nossos deputados

21/04.2012


Na coluna de ontem (20/04) do Ricardo Noblat, no jornal "O Globo":
"Na quinta-feira da semana passada, um grupo de deputados federais de vários Estados se reuniu no gabinete de um deles na Câmara para debater um assunto que lhes afligia: a hostilidade frequente da parte de eleitores em locais públicos.
Concordaram que a solução seria dificultar seu reconhecimento, retirando do site da Câmara as fotografias que em uma página costumavam acompanhar os dados básicos de cada um.
O pedido foi feito por telefone naquele mesmo dia a Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara."
Não sei se é mais triste ver um país onde os que foram eleitos para serem representantes do povo têm medo de serem reconhecidos por este mesmo povo, ou de saber que somos nós, este povo, quem continua a eleger estes covardes.
Se eles cumprissem com o seu dever para com o povo que os elegeu e para com o bem do seu país não precisariam andar por aí se escondendo de nós.

Cuidado com a picaretagem na internet

19/04.2012

Acabo de ver um anúncio, publicado no site de um jornal conceituado de Belo Horizonte, de um seguro de vida com valor de até 390 mil reais, sem exigir declaração pessoal de saúde e sem nenhuma restrição conforme a profissão do segurado.
Parece muito tentador. Afinal, os seguros de vida que conheço consideram o estado de saúde do candidato e suas doenças existentes antes da contratação para fixar os prêmios, e não valem, ou então custam mais caro, para profissões de risco, o que aliás faz muito sentido se você pensar no que é um seguro de vida, que é uma aposta que a seguradora faz, com o dinheiro do prêmio que você paga, sobre a probabilidade de você morrer ou não durante o prazo de vigência do seguro.
O anúncio diz "Faça agora uma simulação!". Curioso, entrei no link. Aí vi que o site pede, além da minha idade, meu nome, endereço, telefone, endereço de email e nome do banco em que eu tinha conta para fazer a simulação. Não deveria precisar de nada além da minha data de nascimento, e o sexo (que não pede) porque as estatísticas de morte variam entre homens e mulheres da mesma idade. Não vou sair por aí dando estes dados sem saber para que, então informei todos os dados... fictícios. E o site aceitou. Pediu ainda para escolher um valor mensal para investir. Escolhi.
Em baixo do formulário, abaixo do botão "Próximo",  para continuar a simulação, havia um lugar para confirmar que eu tinha lido e concordado com os termos da política de privacidade. O link sublinhado para ler a política não funcionou, nem no Firefox nem no Internet Explorer. Eu clicava nele e ele apenas preenchia o quadradinho (que eu não tinha clicado) dizendo que tinha lidoe concordado com a política...
Bom, aí cliquei no "Próximo" para ver o que acontecia. Aí apareceu um valor de seguro e a informação de que alguém entraria em contato comigo para conversar sobre o seguro.
Aí voltei para a página do seguro, e lá em baixo, na última linha, numa letrinha tão pequena que quase não dava para ver, estava escrito (com um quadradinho já ticado): "Aceito a política de proteção de dados e que o meu contacto seja utilizado para futuras campanhas ***** (omiti aqui o nome da companhia) e eventualmente comunicado a outras entidades para efeitos de marketing direto". O que quer dizer que eu tinha dado autorização, sem saber que estava dando, para que os dados que eu tinha informado fossem distribuídos para quem eles quisessem para usarem como quisessem, isso com a justificativa de uma "política de proteção de dados" que não me tinha sido mostrada e que não está disponível em nenhum lugar do anúncio para ser vista.
Isso, meus amigos, está completamente errado. É uma armadilha para coletar dados pessoais que além de serem usados para tentarem vender a você o tal seguro de vida depois serão distribuídos, e provavelmente vendidos, para terceiros que você não sabe quem são nem para que vão usá-los, com a desculpa de "marketing direto".
Não estou culpando o jornal, que é um jornal sério e provavelmente não sabe como funciona o anúncio que o usaram para divulgar. E nem a seguradora, porque é uma seguradora antiga e conceituada no mercado, e o seguro que está anunciado deve existir e funcionar. A enganação está no método que o anúncio está usando para pescar dados pessoais dos incautos.
É por essas e outras que é importante participarmos da discussão do "Marco Civil da Internet". Esse tipo de coisa é um dos que tem que ser disciplinado por ele. Quando alguém pede seus dados pessoais  deve ter a obrigação de dizer muito claramente para que os está pedindo, como vai (ou não) protegê-los, para quem vai ou não repassá-los, e dar a você uma opção muito clara de aceitar ou recusar as condições desse pedido.

O Marco Civil da Internet - É preciso estar vigilante.

19/04/2012

Está aberto, pela Câmara dos Deputados, o debate virtual sobre o Marco Civil da Internet. É importante participar deste debate, com sugestões adequadas, para garantir que a legislação que venha a ser aprovada não tolha os nossos direitos nem reduza a liberdade da internet, sob a desculpa de "regulamentar" um universo que é e deve continuar sendo essencialmente livre. Há muitas tentativas de interferir nessa liberdade e dar poderes policiais ao governo, e há também uma grande pressão do governo americano, com a desculpa do combate ao terrorismo, e das grandes gravadoras e produtoras de filmes, com a desculpa de preservar direitos autorais, para que o Brasil também aceite as diversas restrições que o governo americano vem tentando impor. Por outro lado, é preciso assegurar que se possa punir os criminosos virtuais, principalmente depois que o vrime organizado descobriu esse novo e lucrativo universo de ação.
É um equilíbrio delicado e importante que deve ser alcançado e preservado.
O link para o debate é http://edemocracia.camara.gov.br/web/marco-civil-da-internet/inicio . Vamos nos cadastrar e contribuir.

EcoFeira na Pampulha? Vai ter ou não?

17/04/2012

Vejo notícia no jornal O Tempo sobre a polêmica a respeito de uma feira que está sendo anunciada para ser realizada todos os fins de semana na Pampulha a partir do próximo dia 28, em frente ao Parque Ecológico.
O problema da feira é que, pelo que diz a notícia, segundo a Secretaria Regional da Pampulha e ao contrário do que anunciam seus promotores (a ONG ABC LIBERTAS) no seu site, eles não tem alvará para o funcionamento de feira, mas apenas para a instalação de um "escritório de serviço de organização de eventos" com as correspondentes atribuições puramente administrativas.
Os promotores dizem, no site, que "A ECO FEIRA, POSSUI ESPAÇO PARA ATÉ 900 EXPOSITORES, PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO VARIADA, ESTACIONAMENTO PARA 600 CARROS, ESPAÇO INFANTIL COM 1 MIL METROS QUADRADOS, BOSQUE, AREA PARA FEIRA DE CARROS, BANCO 24 HORAS E ESPAÇO PARA COLOCAÇÃO DE CIRCOS E PARQUES, UM ATRATIVO A MAIS PARA NOSSOS CLIENTES"; por aí vocês podem ter uma ideia do tipo de eventos e do tamanho da movimentação que ela deve provocar na região.
O terreno onde se pretende realizar a feira faz parte de uma Área de Diretrizes Especiais (ADE da Bacia da Pampulha), então o processo de licenciamento de qualquer empreendimento nele deve seguir procedimentos específicos, que incluem, entre outros, a apresentação do Estudo de Impacto de Vizinhança - EIV e sua apreciação pelo Conselho Municipal de Política Urbana, o que aparentemente não foi feito para o tipo de ocupação que, como mostramos acima, os próprios promotores informam no site.
Vai ser interessante acompanhar se o prefeito Márcio Lacerda e o governador Antonio Augusto Anastasia, que os promotores dizem que vão convidar para a inauguração da feira, onde serão homenageados "pelos trabalhos feitos em prol do Artesanato Mineiro", comparecerão ou não a um evento realizado nestas condições...
Para quem quiser saber mais, o site dos promotores da feira é http://ecofeiras.webnode.com.br/ e a notícia está no site de O Tempo em http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=201072,OTE

Cristina Kirchner e a nacionalização da YPF

16/04/2012

Na gritaria da Argentina e da Espanha a respeito da nacionalização da YPF - Yacimientos Petrolíferos Fiscales, que a presidente da Argentina está tomando dos acionistas espanhóis com o argumento de que a companhia não tem investido suficientemente na prospecção e desenvolvimento de novos poços e que com isso a produção caiu ao ponto de que Argentina está agora passando de exportadora a importadora de petróleo, uma voz interessante é a do escritor e jornalista argentino Martin Caparrós que, em seu blog "Pamplinas", diz que foram justamente os Kirchner quem na década de 90 venderam a YPF a preço de banana, numa operação que ele julga questionável, e que agora Cristina quer consertar a bobagem entregando de novo a administração da YPF ao governo argentino, só que este, segundo Caparrós, não tem mais competência para administrá-la.
O artigo de Caparrós está em: http://blogs.elpais.com/pamplinas/2012/04/contra-la-pol%C3%ADtica-petrolera.html

E agora? Os frangos só têm duas pernas...

16/04/2012



Uma notícia interessante no Wall Street Journal fala do aumento de preços da carne escura de frango nos Estados Unidos, puxado pelo aumento da demanda à medida em que os programas de culinária na TV afinal conseguem convencer os americanos de que a carne escura tem mais gosto e textura mais macia, e aumentam as exportações de carne de frango para países estrangeiros, assim como a participação da população imigrante no mercado americano.
A preferência americana pela carne branca de frango  levou os criadores a desenvolver raças como o chester, com muito peito e pouca coxa, e a conseguir um preço bem mais baixo para as carnes escuras no mercado interno.
Agora a mudança do perfil de demanda está trazendo um alívio para os produtores, que atravessavam um período de baixa, e agora veem um grande aumento de lucros com a carne escura custando já o mesmo que a carne branca, mas já desperta uma preocupação para o futuro: O que fazer quando a demanda pela carne escura ultrapassar a da carne branca? Afinal os frangos continuam a nascer só com duas pernas... Será preciso agora inverter o processo de modificação genética que produziu o chester?
A notícia original, para quem quiser ver, está em http://online.wsj.com/article/SB10001424052702304587704577333923937879132.html

Não é só a taxa de câmbio...

15/04/2012

Muito se tem falado atualmente do inegável processo de desindustrialização que a economia brasileira vem sofrendo, com a queda da participação da indústria de transformação tanto no conjunto do PIB quanto no volume das exportações brasileiras. As exportações diminuem e o mercado interno é invadido por produtos estrangeiros a preços mais baixos do que os nacionais.

Os industriais gritam, o governo promete medidas para ajudar a recuperação da indústria, e todos eles reclamam da excessiva valorização do real, como se a maior culpada do processo fosse a taxa de câmbio, que deveria ficar no entorno de 2,50 reais por dólar para que a indústria brasileira pudesse ter competitividade.

Para tentar resolver o problema imediato, o governo faz esforços para segurar a valorização do real e toma medidas de restrição às importações, com o aumento das taxas ou até a imposição de cotas. E procura aumentar a disponibilidade de crédito para aumentar o mercado consumidor interno e com isso escoar a produção industrial.

A coisa não é tão simples assim.

É evidente que a taxa de câmbio influi, e muito, no equilíbrio entre as exportações e as importações. Claro que é mais fácil exportar quando o real está desvalorizado, o que melhora a nossa competitividade no mercado externo, e  as importações aumentam quando ele está valorizado, o que piora a nossa competitividade no mercado interno. Mas para a competitividade de nossa indústria a taxa de câmbio é só um dos fatores, que, além de ser de difícil controle, porque as medidas que o governo tem para tentar atenuar suas variações num regime de câmbio flutuante são reduzidas e de custo muito alto para o país, está longe de ser o mais estratégico.

Um índice bastante utilizado para determinar aproximadamente a sobre ou sub valorização de uma moeda em relação ao dólar é o "BigMac Index" publicado pela revista inglesa "The Economist", que começou como uma brincadeira mas evoluiu e hoje já pode ser utilizado como uma aproximação bastante razoável do valor de compra da moeda de diferentes países.
Ele compara o preço ao consumidor de um Big Mac da McDonald's, convertido para dólar, numa série de países com o seu preço atual nos Estados Unidos. A escolha do Big Mac é porque o sanduíche é feito, nestes países, utilizando os mesmos insumos básicos e o mesmo processo de produção, e, como as lojas são franquias, com uma qualidade de produto pelo menos comparável. Claro que um resultado mais preciso poderia ser obtido utilizando uma cesta maior de produtos, mas é difícil escolher uma cesta de produtos que obedeçam todos a estes critérios e tenham os mesmos insumos disponíveis numa ampla gama de países.

A última tabulação disponível do BigMac Index (http://www.economist.com/blogs/graphicdetail/2012/01/daily-chart-3) publicada em 12 de janeiro mostra um sanduíche BigMac no Brasil custando US$ 5,68 contra US$ 4,20 nos Estados Unidos e apenas US$ 2,44 na China. Se considerarmos, à falta de maiores informações, que a margem de lucro dos fabricantes e revendedores seja aproximadamente igual nestes três países, chegaremos à conclusão que a China consegue produzir o mesmo BigMac por menos de metade do custo do produzido no Brasil, e os Estados Unidos por um custo 26% menor do que o Brasil.
O que significa que nestas condições para assegurar a competitividade do Brasil com a China o dólar deveria estar valendo mais do dobro do seu valor atual, e isso sem considerar os efeitos negativos que uma tal taxa de câmbio produziria na nossa indústria pelo encarecimento das importações (porque a nossa indústria ainda depende da importação de máquinas e equipamentos de produção e de outros insumos, para não falar de hardware e software de informática).
O verdadeiro obstáculo à nossa competitividade são os custos que fazem com que um produto fabricado aqui custe muito mais caro do que o produto equivalente fabricado lá fora.
E estes custos se devem a uma infraestrutura que provoca altos custos de logística, porque as estradas para o transporte rodoviário são ruins, mal projetadas, mal construídas e pior conservadas, porque falta transporte ferroviário e praticamente inexiste o transporte hidroviário e porque a navegação de carga de cabotagem é fraca e os portos são ineficientes. Se devem a um custo financeiro dos mais altos do mundo, a uma taxação também exageradamente alta, a um excesso de burocracia que implica em perda de tempo e custos para as empresas, a uma formação deficiente da mão de obra por causa do baixo nível da educação nas escolas.

Então, com essa estrutura de custos, incentivar o mercado interno pelo aumento do crédito vai apenas fazer com que os produtos importados continuem abocanhando uma grande fatia desse aumento do mercado. Dificultar a entrada dos produtos importados pela imposição de taxas e cotas é uma medida que não resolve o problema da nossa competitividade lá fora, provoca uma retaliação dos demais países que complica ainda mais essa competitividade, e não passa de um paliativo de efeito estritamente temporário para a indústria aumentar sua participação no mercado interno.
O que temos de fazer é o que todos os países que conseguiram melhorar a sua posição competitiva fizeram: investir maciçamente em educação e em infraestrutura, diminuir a carga tributária e reduzir a burocracia. Mas para isso o governo tem que fazer o que não vem fazendo, parar de achar que propaganda e palavras resolvem, reduzir suas despesas de custeio e acabar com o desperdício de dinheiro para poder ter dinheiro para fazer os investimentos que não tem feito e reduzir a carga tributária sobre os setores produtivos para que eles possam fazer a sua parte dos investimentos. E não é um processo que dê resultados imediatos de curto prazo, é um processo longo de efeitos a médio e longo prazo que tem que ser perseguido com obstinação e determinação para reverter o quadro atual de desindustrialização e levar o país a um progresso real que possa também acabar com a oscilação interminável entre aumento de renda e aumento de inflação, onde cada aumento de consumo que deveria beneficiar o mercado interno leva a um aumento de inflação de demanda porque a produção não teve como crescer para acompanhar esse aumento de consumo, o que então provoca um esforço do governo para restringir o consumo pelo aumento dos juros e por aí vai. E isso não é de agora, há décadas que nós todos acompanhamos este vai e vem que tem segurado o Brasil enquanto outras nações com menos recursos naturais e de população têm disparado na frente e se transformado em potências industriais e tecnológicas.

Para quem quiser mais informações, um estudo de janeiro de 2011 da FIESP (http://www.fiesp.com.br/agencianoticias/2011/01/10/desindustrializacao_depecon_29_11_10.pdf) faz uma análise da variação da participação da produção industrial no PIB brasileiro, de 1947 a 2009, prevendo uma participação de 15,9% em 2010. O resultado real de 2010 foi 15,8%, caindo ainda mais em 2011 para 14,6%. Uma análise desta variação mostra que a participação da indústria, que era de 11,27% em 1947, subiu para 13,75% em 1956, quando o presidente Juscelino iniciou a execução do seu "plano de metas", e continuou num forte processo de subida que atingiu seu pico em 1985, com 27,2%. Daí para a frente entrou em processo de descida, com pequenos períodos de inflexão de subida, descendo para 15,7% em 1997.

Com a fortíssima desvalorização da moeda brasileira a partir de 1999, quando o real chegou a valer quase quatro vezes menos do que o dólar no início de 2003 (http://www.indexmundi.com/xrates/graph.aspx?c1=BRL&c2=USD&days=3650), e a consequente diminuição das importações, a participação da indústria ensaiou uma pequena recuperação, chegando a 18,02% em 2002 e 19,02% em 2004, mas daí em diante voltou a descer até os 14,6% do ano passado. É claro que intervieram outros fatores, mas se a taxa de câmbio favorável fosse a solução mágica, a recuperação da indústria entre 1999 e 2003 teria sido muito maior do que o foi.

Quer saber a hora em Marte?

13/04/2012

Para quem assistiu o filme do John Carter, ou se interessa pela exploração de Marte, ou simplesmente quer ter uma coisa diferente em seu computador, a NASA tem um programinha chamado "Relógio Solar Marciano" ("Mars Sunclock") que dá a hora solar em Marte.
Tem versões para Windows, Mac, Linux e OS/2.
Pode não ser muito útil, mas é divertido:
http://www.giss.nasa.gov/tools/mars24/

A visita da Dilma ao Obama

12/04/2012

Um artigo do jornalista Tim Padgett publicado ontem, dia 11, na revista "Time", com o título "Os Estados Unidos e o Brasil - Porque os gigantes do hemisfério deveriam levar um ao outro mais a sério" faz alguns questionamentos sobre os resultados, de ambos os lados, da visita da Presidente Dilma aos Estados Unidos.  O artigo é interessante, e lá pelas tantas o autor diz que a maior parte dos analistas políticos com quem conversou achou que houve uma certa tensão durante a visita de Dilma à Casa Branca, e que a principal razão, segundo eles, é que "Obama e os Estados Unidos continuam parecendo não perceber que o Brasil é uma potência global mais importante do que eles querem admitir, e que Dilma e o Brasil continuam parecendo não perceber que o Brasil é uma potência global menos importante do que eles querem admitir".
O que, cá entre nós, me parece uma análise muito justa :)
O link para quem quiser ler o artigo é:
http://globalspin.blogs.time.com/2012/04/11/the-u-s-and-brazil-why-the-two-leaders-of-the-americas-should-take-each-other-more-seriously/