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09/05/2012

Passageiros frequentes (demais!)

07/05/2012

Vocês se lembram de um filme do George Clooney (“Amor sem escalas”), onde ele  viajava pelo mundo demitindo pessoas, e foi festejado pela companhia aérea quando completou dez milhões de milhas voadas?
Paramount - Divulgação
                                  (fotografia da Paramount Pictures - Divulgação)
Pois isso é fichinha para alguns passageiros da American Airlines. Só que a companhia não está propriamente querendo  homenageá-los...
Em 1981 a American viu uma oportunidade de levantar dinheiro barato para capital de giro: num período de juros altos (para eles) ela teve a idéia de lançar um”Aairpass ilimitado vitalício”, que custava 250.000 dólares e dava direito a voar na primeira classe, ganhando milhas e usando as suas salas VIP. Os compradores idosos ainda tinham um desconto (na suposição de que provavelmente morreriam antes dos mais novos). Por mais 150.000 o comprador levava um passe para um acompanhante.
A ideia parecia boa: 400.000 dólares em 1981 era muito dinheiro, que a companhia recebia  de uma vez e ia gastando ao longo do tempo à medida em que os compradores viajavam. Já estes (que ela imaginava que seriam empresas ou umas poucas pessoas físicas muito ricas) evitavam os aumentos do preço das passagens ao longo do tempo.
Funcionou durante muito tempo. Mas novembro passado a American pediu concordata, e parece que o programa teve algo a ver com o seu aperto.
As empresas compraram os passes, a companhia conseguiu o dinheiro, mas algumas das pessoas físicas que compraram não tiveram muita cerimônia em utilizá-los bem mais do que a American esperava...
Uma reportagem no “Los Angeles Times” de hoje fala de alguns participantes do programa, dentre os quais um acumulou mais de quarenta milhões de milhas e outro mais de trinta, e que ainda por cima se dedicaram a vender o uso dos assentos, seus e de acompanhantes, para ganhar um dinheirinho extra. Isso, segundo a American, tem custado à companhia vários milhões de dólares além do previsto.
Um deles chegou a voar para Londres, ida e volta, dezesseis vezes num período de vinte e cinco dias. Outro voava tanto que, se, por exemplo, uma amiga que morasse em São Francisco mencionasse que estava acontecendo  uma exposição interessante em Paris naquela semana, ele voava de Chicago para a cidade da amiga, colocava-a no passe de acompanhante, ia a Paris ver a exposição e depois entregava-a em casa. Praticamente estava no ar dia sim dia não.
Um outro, que era corretor de valores, foi obrigado a se aposentar depois de um “probleminha” com a Securities and Exchange Comission (a CVM de lá), e durante alguns anos “alugou”o seu passe e o de acompanhante para um casal de Dallas ficar fazendo ponte aérea entre Dallas e a Europa, cobrando um preço fixo por mês. “Foi assim que eu pude pagar minhas contas”, conta ele.
A American suspendeu a emissão de novos passes em 1994, e atualmente sua auditoria está lutando para revogar todos os passes que puder, argumentando em alguns casos que o uso foi fraudulento, mas está esbarrando nos contratos firmados com os participantes na época, que não eram muito específicos sobre o que podiam ou não fazer com os passes.
A reportagem do LA Times, que tem mais coisas interessantes que não reproduzo aqui por questões de espaço, está em http://www.latimes.com/business/la-fi-0506-golden-ticket-20120506,0,3094073,full.story

Um comentário:

  1. Parabéns! Seu blog está cada dia mais interessante. Vou passar sua nota para 9,5.
    S

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