07/05/2012
Vocês se lembram de um filme do George Clooney (“Amor sem escalas”),
onde ele viajava pelo mundo demitindo pessoas, e foi festejado pela
companhia aérea quando completou dez milhões de milhas voadas?
(fotografia da Paramount Pictures - Divulgação)
Pois
isso é fichinha para alguns passageiros da American Airlines. Só que a
companhia não está propriamente querendo homenageá-los...
Em 1981 a
American viu uma oportunidade de levantar dinheiro barato para capital
de giro: num período de juros altos (para eles) ela teve a idéia de
lançar um”Aairpass ilimitado vitalício”, que custava 250.000 dólares e
dava direito a voar na primeira classe, ganhando milhas e usando as suas
salas VIP. Os compradores idosos ainda tinham um desconto (na suposição
de que provavelmente morreriam antes dos mais novos). Por mais 150.000 o
comprador levava um passe para um acompanhante.
A ideia parecia boa:
400.000 dólares em 1981 era muito dinheiro, que a companhia recebia de
uma vez e ia gastando ao longo do tempo à medida em que os compradores
viajavam. Já estes (que ela imaginava que seriam empresas ou umas poucas
pessoas físicas muito ricas) evitavam os aumentos do preço das
passagens ao longo do tempo.
Funcionou durante muito tempo. Mas
novembro passado a American pediu concordata, e parece que o programa
teve algo a ver com o seu aperto.
As empresas compraram os passes, a
companhia conseguiu o dinheiro, mas algumas das pessoas físicas que
compraram não tiveram muita cerimônia em utilizá-los bem mais do que a
American esperava...
Uma reportagem no “Los Angeles Times” de hoje
fala de alguns participantes do programa, dentre os quais um acumulou
mais de quarenta milhões de milhas e outro mais de trinta, e que ainda
por cima se dedicaram a vender o uso dos assentos, seus e de
acompanhantes, para ganhar um dinheirinho extra. Isso, segundo a
American, tem custado à companhia vários milhões de dólares além do
previsto.
Um deles chegou a voar para Londres, ida e volta, dezesseis
vezes num período de vinte e cinco dias. Outro voava tanto que, se, por
exemplo, uma amiga que morasse em São Francisco mencionasse que estava
acontecendo uma exposição interessante em Paris naquela semana, ele
voava de Chicago para a cidade da amiga, colocava-a no passe de
acompanhante, ia a Paris ver a exposição e depois entregava-a em casa.
Praticamente estava no ar dia sim dia não.
Um outro, que era corretor
de valores, foi obrigado a se aposentar depois de um “probleminha” com a
Securities and Exchange Comission (a CVM de lá), e durante alguns anos
“alugou”o seu passe e o de acompanhante para um casal de Dallas ficar
fazendo ponte aérea entre Dallas e a Europa, cobrando um preço fixo por
mês. “Foi assim que eu pude pagar minhas contas”, conta ele.
A
American suspendeu a emissão de novos passes em 1994, e atualmente sua
auditoria está lutando para revogar todos os passes que puder,
argumentando em alguns casos que o uso foi fraudulento, mas está
esbarrando nos contratos firmados com os participantes na época, que não
eram muito específicos sobre o que podiam ou não fazer com os passes.
A reportagem do LA Times, que tem mais coisas interessantes que não reproduzo aqui por questões de espaço, está em http://www.latimes.com/business/la-fi-0506-golden-ticket-20120506,0,3094073,full.story
Parabéns! Seu blog está cada dia mais interessante. Vou passar sua nota para 9,5.
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