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09/05/2012

26/04/2012

Esta semana estou asilado na casa de meu pai e meu irmão Paulo, enquanto se refaz o sinteco de nosso apartamento. Hoje no café da manhã, conversando com o Paulo (ele é fotógrafo, mestre em Artes Visuais e doutor em Artes, e a conversa com ele é sempre interessante) falávamos sobre a aceleração exponencial da produção de informação no mundo de hoje, e sobre como a geração atual é talvez a primeira que consegue ver essa aceleração acontecendo de dia para dia.
Uma porção de coisas que, quando éramos garotos, líamos nos livros de ficção científica hoje é realidade e muitas já estão até mesmo ultrapassadas, e nós nos perguntávamos sobre o que os escritores de ficção científica de hoje vão escrever agora.
Todo o mundo já percebe a revolução que a World Wide Web e os mecanismos de pesquisa, dos quais o Google é o mais conhecido, produziram na maneira de procurar informações. Mas o mais interessante agora é ver a expansão do acesso a estas informações pelos telefones celulares, e agora pelos óculos de realidade virtual de que o Google lançou um protótipo. Com a transmissão de dados em alta velocidade pelas redes de telefonia sem fio não precisamos mais estar perto de um computador para estarmos permanentemente conectados à Web. Podemos nos informar o tempo todo do que nos interessar, e, mais ainda, sermos influenciados e dirigidos o tempo todo por informação contextual "empurrada" para nós por sistemas que sabem, graças ao GPS de nossos telefones, por onde estamos passando (na verdade, perto dos estabelecimentos de quais anunciantes :)
E essa tecnologia vai aumentando sua penetração; hoje, mesmo com a distribuição de renda tão desigual que tem (ou talvez até por causa dela) o Brasil já tem mais telefones celulares do que habitantes; quem poderia ter previsto isso há dez ou quinze anos? E o caminho da conexão à internet é se popularizar assim também.
Quantas vezes ouço dizer: "Para que ter livros hoje, para que guardar informações, se quiser saber alguma coisa está tudo na internet".
Se agora para procurar uma informação o usuário médio acha que basta procurar no Google, e se com essa conectividade aumentada essa facilidade vai se tornar quase um outro sentido dele, como a visão e a audição, o que isso vai gerar na evolução, até mesmo genética, da espécie? Caminharemos para seres humanos quase desprovidos da memória (porque não precisarão mais dela) e com um arranjo de sinapses otimizado para conexão em vez de raciocínio?
Um complemento interessante a essa conversa é descobrir que da imensa quantidade de informação hoje armazenada na Web, por estranho que pareça a maior parte dela não está facilmente acessível aos mecanismos normais de pesquisa.
Michael Bergman, em 2001, num artigo intitulado "The Deep Web: Surfacing Hidden Value", criou o nome "A Web Profunda" para designar essa grande quantidade de informação por cima da qual os mecanismos de pesquisa passam sem penetrar. Outros pesquisadores já a tinham chamado de "A Web Invisível". Ele comparou o pesquisar na Web a passar uma rede pela superfície de um mar de informações, apanhando uma grande quantidade delas mas sem nem tocar nas guardadas nas médias e grandes profundezas.
O problema deste acesso consiste em que os mecanismos indexadores, conhecidos como "web crawlers", programas que percorrem a web a partir de um ponto qualquer de entrada e vão seguindo as ligações entre um artigo e outro e estabelecendo os caminhos para que os buscadores os encontrem, dependem para funcionar de poderem seguir as ligações que encontram de um artigo para outro. Um artigo sem ligações com os que já foram pesquisados não será alcançado pelos crawlers.
Depois do artigo de Bergman diversos pesquisadores e companhias comerciais, como o próprio Google, tem se dedicado a desenvolver mecanismos que permitam penetrar e indexar as profundezas da Web. Podemos esperar que eventualmente suas profundezas sejam integradas à superfície. Mas ainda falta muito trabalho, e é uma corrida entre o avanço dos novos mecanismos e a quantidade de informação diariamente acrescentada ao imenso repositório da Web.
Como diziam os antigos chineses, vivemos em "tempos interessantes" :)

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