fotografia Domingos Ferreira |
Domingos Ferreira
O Chefe do Estado-Maior
(CEM) tirou os óculos e afastou-se da mesa. Ele, o Comandante da Flotilha do
Amazonas (FlotAm), o Comandante da Corveta e o Oficial de Inteligência do 4ºDistrito
Naval estiveram discutindo a operação por um bom tempo, debruçados sobre a
carta (mapa) de navegação da foz do Amazonas. Nela, se destacava o tamanho da
ilha de Marajó, encravada na boca do rio imenso, como um órgão vivo enlaçado pelo
intrincado cipoal de canais, furos (canais estreitos, sinuosos e fundos) e
igarapés.
Além da
carta, estavam sobre a mesa fotografias aéreas de um casario baixo e outras
tiradas a partir do rio, formando um pequeno mosaico da área de interesse, a
sede da fazenda Tracajá, no município de Chaves , na costa Norte da grande
ilha. Ali, se destacava uma edificação maior, com duas antenas grandes. Era uma
estação de rádio clandestina, o objetivo da operação.
Ela era a
chave de uma rede de contrabando e descaminho (inverso de contrabando), em
embarcações de certo porte, a vela e a motor, transportando gado para a Guiana
e o Suriname. De lá, voltavam carregadas com todo tipo de contrabando, que
desaparecia no sistema vascular de Marajó e baixo Amazonas.
Estava em
discussão a “Operação Búfalo”.
O Comandante
Alfredo assumira a corveta havia poucos meses. Essa seria sua segunda comissão
(viagem) nos rios. O trecho a ser navegado até o Norte de Marajó era raramente frequentado
pelos navios da FlotAm. A maior parte do percurso seria pelos furos; o de
Breves aparecia como o principal e mais conhecido, servindo de acesso ao rio Amazonas.
Além disso, o trecho ao Norte, entre a enorme ilha e as irmãs Caviana e Mexiana,
era muito largo e sem qualquer informação detalhada na carta de navegação.
A
alternativa de atingir o local da estação de rádio, contornando Marajó pela
costa oceânica, fora liminarmente abandonada pela mesma razão da falta de um
levantamento hidrográfico confiável. O acesso teria de ser “por dentro”, bem mais
conhecido, apesar das dificuldades existentes.
O Almirante Barros
veio até a sala de operações para se inteirar do que fora discutido. O CEM
discorreu sobre o planejamento da operação, com pequenas interrupções do
ComFlotAm, do oficial de Inteligência e do próprio almirante. Alfredo ouvia atento
e calado. Ao final, O Almirante Barros se deu por satisfeito e ressaltou a relevância
da operação e da necessidade de sigilo, por envolver valores elevados e personalidades
importantes da região. Em seguida, perguntou ao Comandante da corveta se ele
tinha alguma dúvida sobre o que fazer e como fazer. Ao que Alfredo retrucou:
- Almirante, eu gostaria de saber qual o procedimento a adotar em
caso de reação violenta por parte de algum proprietário ou empregado da fazenda
Tracajá.
Seguiu-se um
silêncio demorado na sala. O Almirante perguntou aos demais oficiais se esse
tópico já havia sido discutido. Diante da resposta de que o problema ficara
para ser tratado em sua presença, ele os levou para o gabinete, fechou a porta
e disse ao assistente para não serem interrompidos.
A reunião
durou algum tempo, pois o assunto era delicado. Em princípio, iriam a bordo
dois inspetores da Receita Federal, a quem caberia dar voz de prisão a algum
suspeito de contrabando. Uma intervenção em seu apoio, à viva força, a ser
executada pelos fuzileiros navais, poderia degenerar em conflito com
contrabandistas. E havia o problema maior da população da vila, sede da
fazenda, a ser atravessada pela tropa para atingir a estação de rádio, ao final
da pequena rua perpendicular à praia.
Ficou
decidido, pelo Almirante, que a força bruta só deveria ser usada para dominar os
contrabandistas e capangas, em caso de reação violenta. O emprego de armamento
teria caráter exclusivamente defensivo, se eles abrissem fogo contra a tropa.
Além disso, era imperativo ter extremo cuidado para não atingir ou machucar moradores,
em quaisquer circunstâncias, em especial crianças. Essas diretrizes deveriam ser
bem claras na “Ordem de Movimento”. Foi, ainda, determinado reforçar o setor
médico do navio, para atender eventuais feridos, ou o pior.
Como a “Operação
Búfalo” contribuiria para o desmantelamento de uma extensa rede de contrabando,
tomaram-se várias precauções em sua montagem, incluindo uma falsa “Ordem de Movimento”,
para despistar eventuais interessados. Ela previa a ida do navio a Santarém, para
participar de um exercício com o Exército. Somente os oficiais superiores
envolvidos sabiam do seu verdadeiro destino. A real finalidade e as características
da operação só seriam divulgadas à tripulação após a desatracação.
Pela manhã
seguinte, embarcaram o Comandante Terêncio, oficial de inteligência do Distrito
Naval, dois médicos e mais um enfermeiro, além do existente a bordo. Chegaram
também os inspetores da Receita Federal e dois “práticos”. Os fuzileiros
navais, comandados pelo Tenente Di Palma, apresentaram-se logo após o almoço.
Como sempre, era uma tropa impressionante, em seus impecáveis “camuflados”,
armados até os dentes e “pintados” para a guerra. Foram concentrados no convés
de ré, sob um grande toldo, onde poderiam se acomodar e armar as macas para
passar a noite.
A corveta
suspendeu (partiu) às 16:00 do mesmo dia. Isso daria tempo para atingir a
fazenda Tracajá às 04:30 da madrugada seguinte. A tropa deveria chegar à praia
às 05:00. Previa-se a invasão da estação ocorrer até 06:00.
Ela deveria
ser inspecionada, fotografada em detalhe, e os equipamentos identificados,
catalogados e apreendidos, conforme o porte e condições de operação. Toda a
documentação, indicativa das atividades da estação, seria recolhida. Por fim,
seus operadores seriam presos e trazidos para o navio.
Uma reunião
de oficiais de bordo foi convocada assim que o navio entrou no rio Pará, antes
de chegar aos furos, onde a navegação se complicaria. O Comandante Alfredo e o Comandante
Terêncio expuseram toda a operação. O assunto foi aberto à discussão, as
dúvidas foram esclarecidas e se coordenaram as providências finais a tomar.
Após isso, o Comandante foi ao “boca de ferro”(sistema de som) e falou à
tripulação sobre o que deveria ocorrer nas próximas horas, ressaltando a
importância e o sigilo da operação.
Em seguida, Alfredo
se isolou na câmara, para descansar um pouco, concentrando-se no que teria pela
frente até à tarde do dia seguinte. Sentia um misto de orgulho e preocupação pelo
inusitado da situação, ao mesmo tempo em que a encarava com confiança,
julgando-se preparado para enfrentá-la. Rememorava os inúmeros documentários da
2ª Guerra Mundial, que vira adolescente, e se sentia comandando um desembarque
em uma ilha perdida no Pacífico, sob forte reação de um inimigo implacável... Seus
devaneios foram interrompidos pelo aviso da aproximação do furo de Breves, o
que o levou ao passadiço (área de comando) onde deveria permanecer nas próximas
24 horas.
A corveta
chegou pontualmente às 04:30 em frente à fazenda Tracajá. A madrugada era
clareada pela lua e dava para ver o casario junto à praia. Ao largar o ferro
(lançar a âncora n’água), a rotina previa apitar, porém não foi cumprida. O
apito iria acabar com o sigilo da aproximação, tão bem guardado. De qualquer
forma, o silêncio já vinha sendo quebrado pelo ruído dos motores da corveta, bastante
alto para o silêncio reinante. Qualquer caboclo saberia que tinha um “barco
grande” nas proximidades...
As lanchas
foram arriadas no rio. Uma com motor de centro e a outra com motor de popa,
emprestado pela Base Naval. Ambos eram nada confiáveis, pelo que o imediato mandara
colocar remos nas duas embarcações. O corveta estava afilada a uma forte
correnteza, portando muito pelo ferro (puxando muito a âncora). A maré alta era
de sizígia (máxima), devido à lua cheia, que se punha majestosa.
Assim que as
lanchas tocaram n’água, a violenta correnteza exigiu um esforço enorme para
segurá-las junto ao navio. Efetuou-se, então, o embarque dos fuzileiros pela
amurada do convés de ré. A lancha com motor de centro largou (partiu) primeiro,
levando o comandante do pelotão, mais treze praças. Ainda estava escuro e o
motor parou mal ela abriu (afastou-se) do navio.
O Comandante
Alfredo, angustiado, viu a lancha se afastar, levada pela maré. Em poucos
minutos, quase não dava para notar a luz do lampião que ela portava. O motor
voltou a funcionar e a lancha se aproximou. Parou outra vez e ela se afastou
novamente. Na terceira tentativa, a lancha chegou à popa da corveta e o proeiro
pegou no chicote de um cabo (ponta de uma corda grossa) ali existente, enquanto
se tentava dar um jeito no motor.
O Tenente Di
Palma, comandante da tropa, abandonou a primeira lancha, subiu no convés do
navio e embarcou na outra, com motor de popa. A embarcação largou em seguida, com
fuzileiros, o Comandante Terêncio e os dois inspetores da Receita Federal. Seu
motor era muito fraco e ela não conseguia se dirigir para a praia sem cair
muito para ré. Mal dava conta de navegar na correnteza em rumo paralelo à
corveta.
O dia já clareava
e o Comandante viu, pelo binóculo, uma aglomeração na praia. Estava perdido o
efeito da surpresa!...Pacientemente, ele resolveu esperar a correnteza diminuir
mais, com a maré atingindo a estofa da preamar (altura máxima). Dessa forma,
cerca de 6h30, em pleno dia, as duas lanchas se aproximaram da areia, em águas paradas.
Uma com o motor de popa funcionando. A outra a remo, graças aos esforços do
imediato. Aliás, ela quase não chegava lá, pois os fuzileiros nunca tinham usado
um remo.
O
desembarque da tropa na praia foi assistido, em tempo real e em cores, pela maioria
da população adulta da vila, mantendo cautelosa distância do grupo, sem
entender o que se passava. Já as inúmeras crianças e os muitos cachorros, alvoroçados
com o que viam, infiltraram-se no meio dos soldados sem a menor cerimônia,
apesar dos gritos das mães. Preocupadíssimo, o Comandante observava tudo do
passadiço, pelo binóculo.
Enquanto os
fuzileiros esperavam na praia a segunda lancha - que fora buscar o restante da
tropa, mais um médico e um enfermeiro - apareceu o administrador da fazenda,
querendo saber o que se passava. Era Seu Margarido(!?), um sólido português, nos
seus cinquenta anos, muito esperto e gentil. Ao lhe ser dita a razão daquilo
tudo, informou que os proprietários da fazenda estavam ausentes. Em seguida,
foi buscar a chave da estação de rádio e se colocou à disposição para
acompanhá-los até lá. O Comandante do navio era mantido informado pelo tenente fuzileiro
naval sobre o que se passava através de um telefone de campanha, bisavô dos
atuais celulares.
O grupo
completo de FNs, em atitude agressiva, subiu a pequena rua até a estação de rádio,
acompanhado pelos intrigados moradores, crianças e cachorros, agora mais
calmos. Para abrir um provável cadeado grande, um sargento trouxera um
portentoso alicate - seguramente o maior do Pará - emprestado pelos bombeiros
de Belém. Com grande frustração, ele viu a porta, sem cadeado, ser aberta com a
chave do Margarido.
A estação tinha
um aspecto de abandono, com equipamentos velhos cobertos de poeira, papéis
amarrotados pelo chão, infiltrações nas paredes e gavetas remexidas. Era
evidente que ela não operava havia bastante tempo. Uma única bancada, mais nova
e vazia, apresentava marcas de equipamentos retirados mais recentemente. No
piso, ao lado de dois transmissores antigos e sucateados, havia sinais de outro
equipamento mais novo, também removido.
O Comandante
Terêncio e os inspetores da Receita Federal, auxiliados por sargentos especialistas,
começaram a cumprir o ritual determinado pelas instruções recebidas. Isso
incluía fotografias, coleta de registros e documentos, listagem de material e
preenchimento de termos de vistoria. Além disso, a “Inteligência” levantou,
mais tarde, que a estação de rádio fora desmantelada havia cerca de nove meses,
depois de a fazenda ter sido sobrevoada algumas vezes por aeronaves militares.
Essa faina iria
levar tempo, enquanto a tropa mantinha o prédio cercado. Ajudado pelo desconforto
dos uniformes camuflados, o sol começou a castigar os soldados. Em pouco tempo,
o frustrado tenente Di Palma remanejou a tropa, deixando guardas só nas portas
da frente e dos fundos da estação e junto às duas janelas.
O restante
do grupo de FNs foi concentrado, à vontade, na sombra de uma enorme mangueira
próxima. Logo apareceu uma bendita jacuba (refresco) de maracujá, distribuída
para a tropa por três alegres e enfeitadas cunhãs-porangas (moças bonitas),
animadíssimas com tantos invasores “lindos”.
Uma das mães
(sempre elas...), ao ver a cruz vermelha em uma caixa de medicamentos, logo
descobriu a existência de médicos no grupo. Em poucos minutos, formou-se uma
fila de mulheres e crianças, debaixo de outra mangueira, para serem atendidas
pelos jovens doutores. Iniciava-se a inevitável confraternização, para gosto dos
moradores e dos militares, com a benção do português.
Enquanto
isso acontecia em terra, três montarias (canoas rasas) largaram (saíram) da
praia e se aproximaram do navio, pedindo licença para atracar a contrabordo (ao
lado) do navio. Uma delas trazia peixe fresco, carne de jacaré e tartarugas de
diversos tamanhos. Outra carregava araras, papagaios, periquitos, cotias,
lagartos, etc..., inclusive uma respeitável jibóia. A terceira vinha com cerâmica
marajoara de diferentes formatos e desenhos. As canoas foram autorizadas a
atracar no costado de ré da corveta. Era uma oportunidade imperdível. A
tripulação compareceu em peso.
O oficial de
Inteligência participou ao Comandante que havia terminado a inspeção da estação
de rádio e passou o fone para o comandante da tropa de FNs. O Tenente Di Palma,
um pouco sem jeito, solicitou autorização para descarregar as armas da tropa, “sem
alvo designado”, em uma “progressão no terreno”, a fim de levantar-lhes o moral,
meio baixo pelo anticlímax da operação. Havia uma área, dizia ele, com mato
ralo e pouca água, boa para isso. Era afastada da vila e da lagoa que abrigava
os búfalos da fazenda.
Por essa,
Alfredo não esperava. Ele disse a Di Palma para aguardar e perguntou a opinião
do Imediato sobre a inusitada solicitação. Ambos estavam relaxados com o
desenlace da operação e riram muito do assunto. A autorização foi dada, com a
recomendação de ter muito cuidado com os moradores e com os búfalos.
Decorrido
algum tempo, começou um violento tiroteio um pouco distante da vila. Com
duração de uns dez minutos, ele levantou fumaça e uma infinidade de pássaros de
todos tamanhos e cores, assustados e barulhentos, além de provocar mugidos dos
búfalos e gritos dos macacos.
Di Palma
estava muito emocionado, quando falou com o Comandante, logo após o tiroteio.
Ao fundo, ouvia-se a gritaria dos seus comandados e dos moradores, homens,
mulheres e crianças, e os latidos dos cachorros, todos vivendo um descarrego, uma
catarse, uma epifania. Para eles, um momento histórico, naqueles confins do
imenso Brasil. Alberto também se emocionou, mas sua primeira reação foi
perguntar se estava tudo bem com as pessoas e com os búfalos!...
A próxima
chamada foi do Comandante Terêncio, passando o fone para o feitor Margarido. O
português, também emocionado com o tiroteio, disse que havia mandado matar uma
vaca velha, dois leitões e uns frangos, para um churrasco em homenagem aos
marinheiros do Brasil! E fazia questão de que “Vossa Excelência
comparecesse...”.
Alfredo já
decidira suspender às 19:00, para chegar a Belém no meio do dia seguinte. Haveria
bastante tempo para o churrasco. Agradeceu o convite, alegando não poder sair
de bordo, mas disse que seus oficiais iriam, bem como boa parte da tripulação.
Assim, foi dada licença até as 18:00. Como a correnteza ainda era pouca, as
lanchas puderam levar e trazer o pessoal, à vontade, sem uniforme.
Seguiram também
três caixas de cerveja gelada e os instrumentos do conjunto musical de bordo. O
churrasco foi na praia. Houve pelada, Corveta x Tracajá (3x1 para o navio, reforçado
por FNs), carimbó, forró e umbigada (com as cunhãs-porangas da jacuba e outras),
e muita descontração.
O comandante
e o “quarto de viagem” ficaram a bordo, a postos. Alfredo, sem dormir desde a
véspera, e com a perspectiva da próxima noite no passadiço, aproveitou para
descansar um pouco, ao som da batucada distante. Acordou com o barulho do
regresso do pessoal, muito alegre e falante.
Trouxeram, como
presentes do Margarido para o navio, um quarto da vaca do churrasco, um leitão
temperado para assar, uma garrafa de vinho do porto para o comandante e outra, de
tinto, para a praça d’armas (refeitório dos oficiais).
Vieram,
também, pedidos do administrador para ser deixado o que fosse possível de medicamentos
com ele e para haver alguma interferência, junto às autoridades do Estado, solicitando
apoio à escola improvisada na vila, com mais de cinquenta crianças.
Em consequência,
a partida do navio foi atrasada e uma lancha voltou à terra (praia), com o
máximo de medicamentos úteis, retirados da enfermaria de bordo. O comandante
também mandou avisar ao Margarido que buscaria a interferência do almirante
para a escola ser apoiada pelo governo.
Vieram histórias
de todo tipo, que se incorporaram ao folclore da Flotilha. Uma das melhores era
sobre o português, que cativara todo mundo. Era “casado” com “Nhá Margarida”,
uma senhora negra enorme, o dobro do marido, com quem tinha uma ruma de filhos.
Constava ela ser descendente direta de uma princesa de afamada tribo de
canibais, existente no meio da costa de Angola. Decididamente, quem mandava era
ela, cujas habilidades e autoridade se evidenciaram no churrasco, onde nada se
fazia sem sua aprovação, expressa com um olhar inquisidor ou meneio de cabeça.
O nome do
português era, obviamente, Manuel. Por osmose, passara a Margarido, desde o “casamento”.
Além disso, muito gentil..., tinha meia dúzia de filhos com outras mulheres da
comunidade, de diversas idades. Nada diferente, desde 1500...
fotografia Domingos Ferreira |
Naquela
noite, o navio enviou mensagem para o Comando da Flotilha do Amazonas, com
informação ao Distrito Naval, dizendo:
“Estação radio inspecionada ptvg sem problemas pt retorno à Base”.
No dia
seguinte ao regresso, o Almirante Barros convocou uma reunião com os oficiais
envolvidos na “Operação Búfalo”. Os Comandantes Alfredo e Terêncio fizeram um
relato do desenrolar da operação, secundados pelo Tenente Di Palma, seguindo-se
um debate.
Ao final, o Almirante
considerou satisfatórios os resultados, por terem atendido às solicitações da Receita
Federal, apresentadas ao Distrito Naval, algumas semanas antes. Ele também
aprovou a iniciativa do Tenente Di Palma de descarregar as armas em uma
“progressão no terreno”. Além disso, se comprometeu a tratar do assunto da
escola com o Secretário de Educação do Estado.
Quanto às outras
ocorrências, incluindo a “feira das montarias (canoas)”, o churrasco, a pelada,
o forró com as cunhãs-porangas e as proezas do Margarido, elas foram deixadas
para o almoço que se seguiu. O Almirante Barros, acostumado a ouvir histórias
singulares da Amazônia, aceitou-as com bom humor. Em sua opinião, esses fatos
serviriam para afastar qualquer viés policialesco e agressivo das ações da
Marinha, em um lugar perdido e carente de tudo. Principalmente, por envolverem frágeis
e assustados cidadãos, naquele imenso e dramático território, tão importante
para o Brasil.
“O Comandante Alfredo e o Tenente Di Palma estão de parabéns”, disse o Almirante,
ao brindá-los pelo sucesso da “Operação Búfalo”...
A versatilidade do extraordinário blog Conversas do Mano é sensacional!
ResponderExcluirPois agora estamos diante de um artigo sobre uma operação militar bem sucedida, otimamente relatada pelo autor, Domingos Ferreira.
Parabéns pelo texto. Diferente, informativo quanto ao trabalho que a Marinha desenvolve nos confins brasileiros, e a preparação dos homens que constituem a equipe daquele navio, bem treinada e orientada sobre como deveria agir contra o contrabando, objetivo naquela data e operação cumprida exitosamente.
Valeu, Ferreira. Aplaudo o artigo com admiração e reverência.
Um abraço.
Saúde e paz.
Estimado Chico
ExcluirFico-lhe muito grato por mencionar a versatilidade que este texto traz ao blog. De fato, ao começar esta colaboração, me senti inibido em "invadir" um ambiente erudito, com estórias de marinheiro. Contudo, por experiência própria, sei que elas atraem as pessoas pelo ineditismo, diversidade, aventura e romance.
Vou insistir.
Um grande abraço
Domingos
1)Bom texto, boas informações sobre a defesa do território brasileiro pela nossa Marinha.
ResponderExcluir2)Me fez lembrar das aulas de Geografia, lá na saudosa cidade satélite do Gama, DF.
3) O professor falava da maior bacia hidrográfica do mundo, das ilhas de Marajó, Mexiana e Caviana, da Foz do Rio Amazonas, do fenômeno da Pororoca = o encontro das águas do rio com as águas do mar.
4) E eu, viajando mentalmente por aquela maravilhosa região.
Amigo Rocha
ExcluirDe fato, falar da Amazônia, sempre nos transporta a um mundo diferente e espetacular.
A Marinha Brasileira navega regularmente nos seus rios infinitos desde 1868. Naquela ocasião, foi criada a Flotilha do Amazonas, com sede em Belém. Em 1974, ela foi transferida para Manaus, deixando um Grupamento Naval do Norte em Belém. Quase sempre, ela tem sido equipada com navios projetados e construídos no Rio de Janeiro. Esse foi o caso em sua fundação, quando o Estaleiro Mauá, criado pelo incrível Barão, foi quem atendeu às necessidades da Marinha, tanto para Guerra do Paraguai quanto para a Amazônia.
Um grande abraço.
Domingos
História muito interessante. Muito boa a evolução do estilo da narração que leva o leitor da seriedade da preparação de uma operação de intervenção militar até a descontração do final sem preocupações. Uma ótima leitura.
ResponderExcluirAmigo Mano
ExcluirA essa altura da vida,não faltam histórias para contar.
E o mar é um celeiro infinito.
"Máquinas adiante toda força."
Abraço fraterno
Domingos
Querido Domingos,
ResponderExcluirQue história, meu amigo!
Há alguns poucos anos, estive pela enésima vez na Amazônia, desta feita num rincão perdido no meio da selva. A missão juntou Exército e Banco do Brasil, para fazer circular a moeda brasileira e garantir a soberania nacional. A minha modesta função: filmar tudo para imortalizar mais uma pequena saga brasileira. Abraço.
Irmão Heraldo
ExcluirEspero que você volte sempre à Amazônia. Não existem funções modestas no que fazemos lá. Todas são parte importante do que podemos e devemos fazer por essa epopeia permanente.
Abraço fraterno.
Domingos
é UMA epopéia
Olá Domingos,
ResponderExcluirGosto muito das suas histórias. Elas falam de coisas e lugares que não conheço, de uma maneira calma e gostosa.
Escreva sempre.
Até mais.
Estimada Ana
ExcluirMuito obrigado por suas palavras.
Tive uma vida muito diversificada e aventurosa, na condição de marinheiro dos sete mares.
Há muito o que contar...
Domingos