-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

31/05/2017

O Jardim da Rainha


fotografia Moacir Pimentel

Moacir Pimentel
Antes de relaxar naquelas cadeiras verdes que se espalham gratuitas e convidativas pelo Jardim das Tulherias e de colocar – quem sabe? - aquela garrafinha de vinho para esfriar n’água de uma das piscinas a gente olha em torno e é como se as nossas antigas aulas de história da França estivessem ali e tridimensionadas diante de nossos olhos. As Tulherias contam muitos dos capítulos da história da França.
Essa conversa começou em 1559 quando a rainha Catarina de Médicis, já viúva de Henrique II, decidiu mudar-se para o Palácio do Louvre, junto com seu filho, o novo rei François II e construir um jardim inspirado nos jardins de sua Florença natal.
Para tanto ela escolheu uma área cercada pelo Sena ao sul, a Rua Saint-Honoré ao norte, o Louvre ao leste e as muralhas da cidade a oeste onde hoje mora a Praça da Concórdia. Desde o século XII o local fora ocupado por pequenas fábricas de telhas, chamadas de tuileries. Ela mandou plantar laranjeiras e assim teve início o turbulento enredo do Jardim. 
fotografias Moacir Pimentel

Henrique IV, o genro de Catarina, construiu uma alameda plantada com amoreiras - aquela que hoje é a de Diana - onde ele esperava cultivar bichos-da-seda e começar a indústria da seda na França.
Em 1610, aos nove anos, Luís XIII tornou-se rei e transformou o Jardim em um enorme parque infantil, usando-o para caça e para a criação de animais, construindo estábulos e uma escola de equitação.
Quarenta anos depois o jovem Luís XIV contratou o arquiteto e paisagista André Le Nôtre para redesenhar o Jardim das Tulherias. Le Nôtre – que era neto de Pierre, um dos jardineiros de Catarina de Medici - trabalhou no projeto de 1666 a 1672.
Em 1667, a pedido do famoso autor de contos de fada Charles Perrault – homenageado por uma das estátuas do jardim - o Jardim da Tulherias foi o primeiro jardim real a ser aberto ao público. Mas, em 1682, o rei, furioso com os parisienses por resistirem à sua autoridade, abandonou Paris e mudou-se para Versalhes.
Mesmo assim e apesar de abandonado, em 1719, dois grandes grupos de estátuas equestres, La Renommée e Mercure, do escultor Antoine Coysevox, foram trazidos da residência do rei em Marly e colocados na entrada oeste do jardim defronte a Praça da Concórdia.
Em seguida outras estátuas de Nicolas e Guillaume Coustou, Corneille van Clève, Sebastien Slodz, Thomas Regnaudin e de Coysevox foram colocadas ao longo da alameda central.
fotografias Moacir Pimentel

         Após a morte de Luís XIV, vieram os outros Luíses e mais modificações até a Revolução Francesa e aquela multidão que, a 10 de agosto de 1792, invadiu as Tulherias. Em 1794, o novo governo encomendou a renovação dos jardins e foi concebido um jardim decorado por pórticos romanos, portais monumentais, colunas e outras decorações clássicas.
Mas tal projeto jamais foi concluído. Tudo o que resta dele hoje são duas belas e tranquilas êxedras - átrios semicirculares murados por bancos e decorados por estátuas nas piscinas gêmeas - os dois lagos menores e mais próximos do Louvre - e as muitas dezenas de estátuas trazidas de outras casas reais para decorar os jardins.
Napoleão Bonaparte, prestes a tornar-se Imperador, mudou-se para o Palácio das Tulherias em 1800, e construiu um pequeno arco do triunfo no meio da Place du Carrousel, como a entrada cerimonial de seu palácio.
Ele ainda tomou as providências para a abertura de uma nova rua na margem norte das Tulherias, defronte do Terrasse des Feuillants, que tinha sido ocupado por cafés e restaurantes. Adornada por arcadas, ela foi chamada de Rue de Rivoli, em memória da vitória de Napoleão em 1797.
No século XIX, o Jardim das Tulherias já era o lugar onde o povo parisiense ia para relaxar, encontrar-se, passear, desfrutar do ar fresco e verde, e se divertir.
Depois da queda de Napoleão, o jardim serviu de acampamento dos soldados austríacos e russos invasores. Em 1852, após uma nova revolução e a Segunda República, o novo imperador Luís Napoleão decorou o espaço com plantas e flores exóticas e novas estátuas e construiu os dois pavilhões, que hoje abrigam os acervos dos museus Jeu de Paume e Orangerie.
Em 1870, o imperador foi derrotado e capturado pelos prussianos e rolou o levante da Comuna de Paris e o Palácio das Tulherias foi incendiado tendo o Louvre, na ocasião, escapado por pouco do mesmo destino. O local onde antes se erguia o Palácio, entre os dois pavilhões do Louvre, tornou-se parte do jardim.
fotografia Moacir Pimentel

No final do século XIX e início do século XX, o jardim foi invadido por entretenimento para o público: acrobatas, teatros de marionetes, barracas de limonada, pequenos barcos nas piscinas, passeios de pônei.
Nos Jogos Olímpicos de Verão de 1900, os Jardins hospedaram a competição de espada na esgrima. Há fotos das suas belas esculturas cercadas por sacos de areia durante a Primeira Guerra e, efetivamente, alguma artilharia de longo alcance alemã aterrissou no Jardim.
Nos anos entre as duas Grandes Guerras, os prédios do Jeu de Paume e da Orangerie foram transformados em Museus e durante a Segunda o primeiro foi usado pelos alemães como um depósito para a arte que tinham roubado ou confiscado.
Durante a libertação de Paris em 1944 houve combates no Jardim e as pinturas dos lírios d’água de Monet foram seriamente danificadas. Até os anos sessenta do século passado, quase todas as esculturas eram datadas do século XVIII ou XIX: a Ninfa e a Diana Caçadora, os Tigres, a Miséria e a Medeia, o Bom Samaritano, O Centauro, a História e a Comédia, Teseu e o Minotauro, Cassandra e Palas, Caim e Abel.
Mas então chegaram os trabalhos contemporâneos de Aristide Maillol para enfeitar a Praça do Carrossel, entre o Jardim das Tulherias e o Museu do Louvre. 
fotografias Moacir Pimentel
A maioria dessas esculturas representam o corpo de uma jovem mulher que Maillol reinventou incessantemente: o de Dina Vierny, a modelo que se tornou sua musa. Ela tinha apenas quinze anos quando Maillol a conheceu e continuou inspirando-o até o final de sua vida.
Em 1964, vinte anos após a morte de Maillol, as esculturas, doadas por Dina ao governo francês, foram instaladas nas Tulherias: Rio, Montanha, Ar, Vênus, Mediterrâneo, Banhista, a Noite, o Verão e muitas mais.
A magia dessa maravilhosa coleção vem do equilíbrio sutil entre as suas força, energia e sensualidade maravilhosas. Gosto particularmente das costas das figuras de Maillol.
Hoje quatro maravilhas de Rodin – o Beijo, a Sombra, a Meditação e a Eva – fazem companhia às velhas esculturas de mármore.
 
Rodin - O Beijo (fotografia Moacir Pimentel)
E, bem assim, às coisas mais modernas de Jean Dubuffet, Henri Laurens, Étienne Martin, Henry Moore, Germaine Richier e David Smith. E até mesmo a obras de artistas vivos - como é o caso das estranhezas de Magdalena Abakanowicz, Louise Bourgeois e Tony Cragg e da Pincelada Nua de Roy Lichtenstein aí embaixo ao lado do prezado Charles Perrault.
fotografias Moacir Pimentel

             O jardim foi transformado em um Museu de esculturas a céu aberto, obras de várias épocas e estilos, de seculares mármores à arte contemporânea. São mais de uma centena de estátuas à volta de canteiros e gramados, adornando caminhos perpendiculares e sombreadas alamedas – como a de Diana e a de Castiglione - e uma avenida central o atravessa do leste ao oeste unindo uma piscina circular na sua extremidade oriental a uma outra piscina octogonal na sua extremidade ocidental à beira da Praça da Concorde
As linhas gerais do layout de Le Nôtre no Jardim das Tulherias permanecem: a alameda central, que leva os olhos para os Champs Elysées, as árvores plantadas no século XIX e XX bem no meio dos jardins, os terraços e passeios que fazem fronteira com o Sena e a Rua de Rivoli - o terraço do Bord-de-L'Eau e aquele des Feuillants - e as três piscinas perto do Arco do Triunfo do Carrousel.
 
fotografia Moacir Pimentel
Os jardins de Le Nôtre foram concebidos para serem vistos de cima, dos palácios das Tulherias e de Versalhes, espaços decorados por sebes formando labirínticos desenhos de flores e arabescos.
Mas nos tempos de Le Nôtre, as Tulherias eram principalmente cascalho e pedra, cercadas pelo campo, enquanto que hoje é um jardim urbano tão verde quanto possível. Quando se olha para o jardim se tem a impressão de que a grama está comendo os caminhos e se experimenta a vontade de descobrir novas perspectivas ou ler calmamente sob uma árvore.
Se com André Le Nôtre, com base na simetria, o princípio da ordem tentou se impor sobre a natureza, os habitantes do século XXI gostam de caminhar cercados de vegetação e de arte a céu aberto.
Os mais de vinte e dois hectares do Jardim das Tulherias, cobertos por mais de duas mil árvores e cem mil plantas e flores perenes e redefinidas a cada ano, nos ensinam que Paris não é só histórica e artística. Às vezes mesmo no seu coração a cidade nos cerca com a natureza deslumbrante contida e cuidada amorosamente.
Assim, embora o Jardim esteja associado a Le Nôtre e ele fosse um gênio com o espaço e o seu jardim fosse uma caixa geométrica em que tudo estava perfeitamente organizado em metros cúbicos e não metros quadrados, embora o traço dele, as suas linhas de visão tenham mudado pouco em quatrocentos anos, não faz sentido tentar amarrar um jardim a um determinado tempo.
Jardim nenhum pode pertencer a uma era apenas e então lado a lado coexistem perfeitamente as exêdras romanas, os mármores oriundos de Marly, os tigres e tigresas antigos e esculturas contemporâneas, incluindo: A Confiança de Daniel Dezeuze, Força e Ternura de Eugène Dodeigne e A Árvore Vocal de Giuseppe Penone. 
fotografias Moacir Pimentel
O Jardim é um ótimo lugar para se estar. Pudera! Cercado que é por arquiteturas icônicas não importa o ângulo do olhar, as vistas sempre nos tiram o fôlego.



30/05/2017

DEUS EXISTE!

Greta Garbo - fotografia de Arnold Genthe (1925)

Francisco Bendl
Desde que a vida surgiu na face da terra questionam-se as suas origens, se obra do acaso ou criação divina.
A grande questão ainda não resolvida é se de fato existe um Deus ou não, diante de inexplicáveis fatores que envolvem a nossa existência.
Particularmente acredito em Deus, porém, antes de eu escrever este texto, eu gostaria de ter algumas provas da sua existência, do seu poderio, da sua magnitude, onipresença e onipotência.
Não preciso mais.
Tenho assistido um seriado pela Fox 1, intitulado The Young Pope, o Jovem Papa, estrelado pelo ator britânico Jude Law.
No capítulo da semana passada, aos sábados à noite, o Papa e seu irmão, cardeal, saem furtivamente do Vaticano, trajando roupas comuns, de modo que não fossem reconhecidos.
Entram em um bar de hotel para comprar cigarros, quando se defrontam com uma mulher maravilhosamente bela, magnífica, estupenda!
Morena, corpo escultural, olhos grandes, vestida provocativamente de preto, uma homenagem à criação divina!
Claro que os dois irmãos a olham, e ela os convida para sentarem-se em uma das mesas do bar.
Além de fantástica a mulher é inteligente, e pergunta se não seriam sacerdotes pelo jeito que a olham e como caminhavam quando chegaram.
Negam, claro, que fossem padres, mas a conversa se encaminha para a dúvida clássica sobre Deus, e a mulher exclama:
- Tenho a prova que Deus existe.
O Papa e seu irmão se olham.
Interessado na comprovação, o Papa se debruça para mais perto da mulher e pergunta:
- Que prova é esta, preciso saber, por favor!
A bela, de maneira lânguida, voz suave e baixa, responde:
- A prova da existência de Deus são os olhos!
A frase me martela a mente desde que eu a li e ouvi desta atriz que compõe o seriado que mencionei.
E fiz um exercício de imaginação que me fez voltar no tempo, para quando ainda estávamos subindo em árvores, quando éramos praticamente irracionais.
Concluí que, de fato, nada haveria neste mundo e tampouco deste ser humano que conhecemos se não enxergássemos, se não nos víssemos, se não soubéssemos por onde pisávamos, sobre o que caçávamos para nos alimentar, onde haveria a água para beber, como nos proteger dos grandes predadores, enfim, como que teríamos sobrevivido!
Não, não me venham com desenvolvimentos de sentidos que compensariam a falta de visão, por favor, pois eu gostaria de saber se inventaríamos os aviões, os navios, os automóveis, trens... se hoje teríamos criado o Hubble para perscrutar o início deste Universo, pelo menos!
E como avaliar a beleza, as paisagens, o mar, o sol, a lua, a noite, o dia... como seriam nossos fusos horários?
Como saber onde é o Norte, o Sul, o Leste e Oeste?!
O que é montanha e o que é planície?
Como faríamos mesas para sentar-se a elas e comer, conversar, tratar de negócios, reunir as pessoas para comemorar algum evento?
Como que costuraríamos nossas vestes?
Como que escolheríamos as cavernas para nos esconder e nos proteger do frio e das ameaças de feras?
Como que construiríamos as casas, os edifícios, castelos, palácios...?
Como poderíamos imaginar construir máquinas, ferramentas, engrenagens... computadores?
Com saber se nos diziam verdades ou mentiras se não pudéssemos olhar nos olhos das pessoas?!
Como fazer fogo?
Como cozinhar?
Indiscutivelmente a prova cabal da existência de Deus são os olhos!!!
Convenhamos, é pelos olhos que as pessoas expressam seus sentimentos, o que têm de bom, de ruim, de ganancioso...
Haveria dinheiro?
Como distinguir a prata do ouro?
Como que desenvolveríamos o vidro, por exemplo?
Com o que teríamos uma ideia do mundo que vivíamos?
Decididamente não chegaríamos até o mundo de hoje, pelo menos não esse, sem dúvida alguma.
Afinal das contas, os olhos nos dão a dimensão de onde estamos, do planeta, da casa onde  residimos, da rua, do bairro, da cidade...
Os olhos nos protegem, nos garantem o ir e vir, nos dão a devida consciência do que somos, nos possibilitam pensar sobre as proporções, fazer cálculos de matemática... e como a escrita em Braille seria criada?!
A vida teria sentido sem que pudéssemos avaliar mesmo que de forma simplória a beleza?
Não seriam os olhos os fatores preponderantes à felicidade?
A minha intenção é discutir com os meus amigos se os olhos são provas da existência de Deus ou não, e se haveria outra forma tão poderosa de se ter a comprovação indiscutível e absoluta da existência de Deus que, paradoxalmente, não é vê-Lo, mas olhar o que está ao nosso redor e constatar que são os olhos a prova cabal de dirimir esta dúvida!
Olho para este artigo mesmo mal escrito, perguntas comuns - de acordo com as minhas limitações -, mas a minha mente não percebe outro sentido humano que possa ser mais importante que a visão, tanto pelo que define quanto pelo que nos diz como somos perante a nós mesmos e ao mundo onde vivemos!
DEUS EXISTE!


29/05/2017

A Minha Belo Horizonte

Wilson Baptista - O Amolador

Wilson Baptista Junior
O post da Ana sobre Minas me fez lembrar de uma Belo Horizonte que não existe mais.
Eu nasci e fui criado com meus quatro irmãos e três irmãs numa casa na avenida Barbacena, num bairro de casas grandes e bonitas que então era puramente residencial. Hoje quase todas as casas ainda estão lá mas viraram todas escritórios, quase ninguém mora mais no bairro.
A avenida era larga, mas tinha só duas pistas para automóveis, calçados em pé-de-moleque (aquelas lascas de pedra hoje chamadas de “calçamento poliédrico”) e o centro era ocupado por um grande gramado. Nosso quarteirão era em declive, em cima a região do quartel do 12° Regimento de Infantaria (conhecido só como o "Doze") onde um ou dois dos postes de ferro da avenida ainda tinham furos de bala de metralhadora do cerco ao quartel na Revolução de 30, em baixo cruzava, já no plano, a avenida Amazonas, essa mais movimentada, tinha outro quarteirão de casas parecidas com a nossa e depois subia em mais dois grandes quarteirões, todo em terrenos baldios, para o alto do Grupo Escolar Pandiá Calógeras, onde eu e todos meus irmãos e irmãs estudamos. Os terrenos pertenciam à Universidade Federal de Minas Gerais, estavam reservados para a construção de um campus que nunca se realizou, foi construído muitos anos depois na Pampulha.
Na primavera esses terrenos se cobriam de florezinhas amarelas, parecia um tapete dourado encosta acima.
Prédios? Nenhum por perto. Da varanda de cima de nossa casa se avistava por sobre as casas no outro lado da avenida a silhueta azul, lá bem longe, da Serra da Piedade, e, nos dias claros, o reflexo do sol nas torres da matriz da cidade de Santa Luzia, terra de minha avó e minha tia avó. Do lado direito da varanda, para além do alto do Grupo, o paredão bonito da Serra do Curral, ainda intocada pela mineração que mais tarde iria destruir sua crista e deixar um buraco de quase duzentos metros de fundo do outro lado do que restou dela.
Nossa casa tinha um muro baixinho, largo, forrado de tijolos de cerâmica vermelha, bons para se ficar sentado, conversando, ou deitado  olhando o movimento das nuvens no céu que faziam a fachada alta da casa parecer que ia cair em cima da gente. O portão também baixinho de madeira, em frente à garagem, tinha só um ferrolho, que podia ser aberto por qualquer lado, e servia apenas para evitar que os cachorros que andavam pelas ruas entrassem no jardim. Quase todas as casas tinham cachorros, muitos andavam soltos na rua, nós os conhecíamos e eles nos conheciam e convivíamos em paz.
Em cima do muro, de manhã cedinho, o leiteiro deixava dois litros de leite, que a gente ia pegar para o café da manhã e depois devolvia, lavados, para ele pegar.
De vez em quando se ouviam na rua as matracas do vendedor de vassouras, ou do amolador de facas. Esse chegava com sua roda tocada a pedal, encostava um ferro na roda que dava um guincho alto e característico, e aí era a romaria das cozinheiras que levavam as facas e as tesouras para amolar, e ficavam batendo papo com ele e umas com as outras. As casas do bairro tinham geralmente uma arrumadeira e uma cozinheira, muitas ficavam anos e anos na mesma casa e se tornavam pessoas da família, me lembro da dona Maria, era lavadeira lá em casa, algumas vezes fui com Mamãe visitá-la em sua casinha, nos recebia com uma fidalguia natural, naquela hora não estavam ali a patroa nem a empregada mas duas senhoras que se visitavam, duas de suas filhas trabalharam lá em casa depois, uma delas era afilhada de Mamãe, a mais velha, a Neném, foi criada junto conosco, quando cresceu virou nossa cozinheira e trabalhou toda a vida com a família, só nos deixou quando meu pai morreu há poucos anos e tivemos que dispensar o pessoal da casa, e um filho dela trabalhou com meu irmão André no seu estúdio.
De vez em quando desciam a rua vaqueiros que vinham das fazendas vizinhas levando uma boiada para o matadouro. Chegávamos à varanda de baixo para ver, uma ou outra vez uma rês assustada pulava o murinho e tinha que ser tocada para fora antes que destruísse as roseiras de minha mãe.
Do outro lado da avenida, na esquina de baixo, a farmácia do Seu Nagib e o armazém do Seu Délcio, um armazém daqueles com grandes caixas debaixo do balcão com arroz, feijão e milho a granel, cada uma com seu caneco cônico de lata para encher os sacos de papel que depois eram pesados na balança em cima do balcão. As compras dos moradores da vizinhança eram anotadas na caderneta de cada um e pagas religiosamente ao final do mês. Tomando a Amazonas à esquerda, no meio do quarteirão a oficina do sapateiro que fazia sapatos sob medida, e pouco mais abaixo a padaria do Seu Pampolini, e na esquina dela, junto ao colégio Santo Agostinho, o ponto dos carros de praça, onde estacionavam o Chevrolet do Seu Bernardino e o do filho, que a gente chamava pelo telefone quando precisava.
Na outra esquina, mais perto lá de casa, o ponto de ônibus mais próximo, onde as pessoas ainda se cumprimentavam quando chegavam e faziam fila educadamente para esperar o coletivo...
A um quarteirão da padaria o Hospital São José, onde o papai, com os oito filhos que vieram, tinha caderneta, como a do armazém; um caía, se machucava, outro quebrava um braço numa trombada de bicicleta, outro se cortava, e era só chegar lá, ser atendido, e mandar por na conta...
Uma vez por semana vinha a verdureira, a Dona Senhorinha, gorda, morena, com seus balaios enormes, me lembro dela na varanda do lado de vovó; sabia o aniversário de todos nós e muitas vezes trazia uma lembrancinha, uma caneca com nosso nome gravado.
De tempos em tempos vinha a carroça da lenha, deixava uma pilha de lenha que enchia o espaço entre quatro postes de madeira de um metro de altura, fincados no quintal formando um quadrado de um metro de lado. Mais tarde, no grupo, vim a saber que aquilo correspondia a uma medida de lenha que se chamava um estere. Era o combustível para os fogões da nossa casa e da de minha avó, com seus aquecedores de água em cima, nas paredes, que mais tarde foram substituídos pelos fogões elétricos.
De vez em quando chegava um senhorzinho chinês, era recebido por vovó e abria uma mala grande em cima da mesa de jantar e mostrava tecidos lindos e serviços de chá de uma porcelana quase transparente de tão fina, decorada com desenhos de dragões. Às vezes vovó ou mamãe compravam alguma coisa, outras não, mas a visita era sempre uma ocasião para conversar e ver coisas bonitas.
Aos domingos eu ia com papai fazer compras no Mercado Municipal, cada um carregando um balaio de vime. O Mercado naquela época era descoberto, um grande quarteirão murado com entradas em cada lado e o centro povoado pelas bancas dos vendedores. Conhecíamos quase todos, e tínhamos as bancas de preferência; um japonês, o sr. Kyoshi, com sua senhora, ambos de óculos redondos, tinham uma banca de tomates, os tomates maravilhosamente vermelhos meticulosamente arrumados em pirâmides quadrangulares por tipo e tamanho; ainda me lembro que os sacos de papel para os tomates traziam impresso o nome da banca: “Banca Sol Nascente, de Kyoshi Matumoto – Antonio” - ele tinha adotado o nome de Antonio durante a guerra, quando os japoneses não eram lá muito bem vistos por aqui - muitos anos mais tarde vim a reencontrá-lo, bem velho, numa exposição de suas aquarelas no Palácio das Artes, depois que se aposentou estudou algum tempo na Escola Guignard... O seu Ernesto, um alemão, e o irmão tinham a banca de ovos que preferíamos; outra banca vendia grandes palmitos inteiros, cujo tronco era usado como esses que se compram hoje em vidros ou latas, e a cabeça era picada em pedacinhos pequenos e cozida com carne moída; outro de quem não me lembro o nome vendia bacalhau, que vinha em belos caixotes de pinho de riga dourado e veiado que de vez em quando levávamos para casa, para aproveitar a madeira na nossa oficina. Ainda me lembro dos pregos noruegueses, de seção quadrada, diferentes dos de arame redondo que eu conhecia, e que retirávamos cuidadosamente para não estragar a madeira e aproveitá-los depois.
Perto do Mercado, a nossa versão belorizontina da Place de L’Étoile – a praça Raul Soares, onde quatro grandes avenidas se cruzam numa rotatória com um enorme canteiro central circular. Com aproximadamente quinhentos metros de circunferência, era no seu anel – naquele tempo desimpedido, hoje todo interrompido por ilhas e semáforos – que alguns anos depois eu e um amigo, já no colégio, treinávamos perseguição em nossas bicicletas de corrida – vinte voltas faziam dez quilômetros.
Belo Horizonte tinha apenas dois aeroportos, o do Aero Clube, no Carlos Prates, e o comercial junto com a Base Aérea na Pampulha, a alguns quilômetros de nossa casa. Quando passavam aviões eu ouvia o ronco dos motores a pistão e ia para a varanda olhá-los – os Douglas DC3 e os Curtiss Comando que faziam as linhas para o Rio e São Paulo passavam baixo, prateados contra o céu azul, de vez em quando um hidroavião Catalina ou um biplano Beechcraft do Correio Aéreo Nacional, ou um par de AT-6 de treinamento de caça, raramente um bombardeiro B-25 e uma ou duas vezes, glória! – a fulgurante flecha de prata de um caça a jato Gloster Meteor, orgulho e cartão de visita da FAB...
Nada desses helicópteros irritantes que hoje infernizam meus ouvidos como enormes insetos desde as primeiras horas da manhã.
Se eu conto hoje essas coisas para meus filhos, eles me olham como se eu tivesse nascido na roça – mas aquela era a capital de Minas, que tinha por volta de trezentos mil habitantes quando eu nasci e hoje tem mais de dois milhões e meio, sem contar mais outro tanto da região metropolitana que hoje virtualmente faz parte da mesma cidade.
Parafraseando o nosso Drummond, aquela Belo Horizonte é hoje apenas um retrato na parede – mas que saudade!



28/05/2017

Alma Noturna

Mark Kjerland - Banda (imagem wikimedia)


Heraldo Palmeira
Eu era muito pequeno na minha cidadezinha quando meu pai entrou em casa e colocou um rádio Franklin (fabricado pela Philips argentina) sobre a cristaleira da sala. Lugar nobre da casa.
Madeira amarelada e baquelita, cheio de faixas de onda, valvulado. Porta do mundo. E eu me postei tantas tardes inteiras diante dele para ouvir Beatles e Roberto Carlos. E informações de lugares que eu imaginava muito distantes, que faziam rodar o globo da minha pequena geografia.
Foi ali que eu iniciei a descoberta do maior segredo, algo que moveu minha vida. Perguntas, perguntas e mais perguntas... Como a música era feita? Como se materializava dentro daquela caixa eletrificada? Havia pessoas em miniatura ali dentro? A minha curiosidade infantil permanecia insatisfeita.
A banda de música da minha cidadezinha me deixou ainda mais deslumbrado ao dar a resposta: pessoas tocavam instrumentos e aqueles sons se juntavam para formar a música. Eu só queria entender como as pessoas iam parar dentro dos discos, dentro dos rádios – ainda não sabia o que era tevê. Devoto precoce da música, me tornei discípulo da banda, subindo e descendo as ladeiras atrás dela. Apurando o ouvido para o amanhã.
E vieram os circos. Quem pôde resistir ao “Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor!”. E pude pisar pela primeira vez a ribalta, sentir seu magnetismo mesmo quando era dia, não tinha espetáculo. Ali havia magia, não restava a menor dúvida. Bastava chegar a noite e um novo mundo surgia!
Havia uma praça com coreto na minha cidadezinha, como havia em qualquer cidadezinha como a minha. Era ali que eu via fascinado a banda de música em momentos de gala. Era ali que eu, pequenininho, leitor precoce, dava meus primeiros avisos ao microfone da difusora municipal instalada no térreo do coreto – e lia os oferecimentos musicais dos apaixonados de então.
Ronnie Von enfeitou o país com A praça. Havia a minha praça e eu acreditava que A praça era da minha praça. Era 1967, ano em que deixei minha pequena cidade para morar na capital. A primeira ruptura. Ali eu já estava completamente apaixonado pela arte da música.
E fui embora ouvindo A praça para morrer de saudade da minha praça. E fui embora para perder meu primeiro amor, a minha infância, de quem morro de saudade sem cura mesmo quando volto à minha velha praça e não me acho mais.
A mesma praça, o mesmo banco
As mesmas flores, o mesmo jardim
Tudo é igual, mas estou triste
Porque não tenho você
Perto de mim
E fui embora querendo chegar perto dos músicos onde quer que fosse. E dos artistas todos. E da arte, porque percebi que ela seria meu caminho para a infância eterna. E ganhei meu primeiro radinho de pilha Crown, que me ensinou a dormir ouvindo o mundo. E depois veio o MotoRadio Dunga de duas faixas, o Philco Transglobe de tantas outras...
E admirei pintores e escultores. E fotógrafos. E descobri o cinema e a tevê. E me completei com imagens. E com filmes e programas e novelas. Porque vinham de outros mundos e eu quis ser mundano daqueles mundos. Um aluno.
E me tornei amante das madrugadas e conheci nelas a companhia inseparável das letras impressas sobre papel. E me apaixonei pela Bic azul, macia, parceira de todas as sinas, rabiscando minhas dores e louvores. Enfeitando meus amores. E rodava a vitrola... zilhões de voltas, milhões de músicas, milhares de discos. E corria a tinta azul marcando a alta alvura do papel.
Agora eram música e letra, dois pedaços da mesma arte de todas as artes. E entoei cantorias. E aprendi a viver sozinho sem nunca estar sozinho. A nunca ter medo porque sempre haverá algo por descobrir. Que reanimará, dará novo sentido. Uma espécie de cura. Existirá!
Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida
Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança
E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina
Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra
Existirá
E fui embora da minha capital para o mundo. E entoei novas cantorias, maiores. E veio minha grande arte, uma menina que cabia no antebraço, agora mulher. O porto onde já tremula a (minha) velha bandeira da vida. Para um futuro que existirá num instante, quando for o óbvio.
Eu canto, porque o instante existe
E a minha vida está completa
Atravesso noites e dias no vento
Se desmorono ou se edifico
Se permaneço ou me desfaço
Não sei se fico ou passo
Eu sei que eu canto e a canção é tudo
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia eu sei que estarei mudo, mais nada
E andei aprendendo pelo mundo. Apurei a descoberta do maior segredo que moveu minha vida. Respostas, respostas, respostas... Aprendi como a música era feita, como se materializava dentro das caixas eletrificadas. Como as pessoas iam parar dentro dos discos, dos rádios, das tevês, dos arquivos digitais. A minha curiosidade infantil estava satisfeita. E aguçada para novas perguntas.
Dei um jeito de fazer discos em grandes estúdios. Dei um jeito de fazer documentários com a banda de música da minha infância e com a festa da padroeira da minha cidadezinha. Fui para o coreto com a banda de novo. Gravamos pelas ruas, pelas histórias das pessoas. A minha gente e eu nos divertimos contando um pedacinho da nossa história simples por inteiro.
E descobri outras artes, outros negócios e a maneira de juntar tudo com o amparo de palco, som, luz, câmera, amigos e ação. Dei meu jeito de enfeitar o mundo corporativo onde vivo com a brisa da arte com quem casei para sempre.
Já não sofro, já não temo. Já não espero, apenas sou e vou. Nas horas vagas sigo sendo a mesma criatura da noite que perdia o sono quando o motor da luz desligava. Que fingia dormir quando os adultos, para anunciar a solenidade da escuridão, iam apagar velas e lamparinas que tremeluziam pela casa. Que sentia os cheiros da parafina e do querosene espalhados no ar. Que levantava quase flutuando quando todos dormiam, para olhar o céu de estrelas e conversar com Deus. Que aprendeu a não ter sono de manhã e nem hora nenhuma do dia, porque a vida corre ligeira e é bom não perder quase nada. Que aguarda o silêncio da noite para ouvir música, ler, escrever. Para viver. E dormir sempre quando é madrugada, essa eterna namorada.
As criaturas da noite
Num voo calmo e pequeno
Procuram luz aonde secar
Peso de tanto sereno
Os habitantes da noite
Passam na minha varanda
São viajantes querendo chegar
Antes dos raios de sol
Eu te espero chegar
Vendo os bichos sozinhos na noite
Distração de quem quer esquecer
O seu próprio destino.
Sou viajante querendo chegar
Antes dos raios de sol
Enquanto for, quero ter sido apenas. Mais nada. E terá bastado porque amei a arte, como amo e amarei. Desde muito jovem não passou um dia sequer que não tenha ouvido músicas, folheado leituras e rabiscado escritas. Os três. Como um sacerdócio. Na tribulação ou na serenidade.
Carrego as marcas do sereno mas não reclamo do sol que amanhece outro pedaço do dia que terei de viver. Está no Eclesiastes: “O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há novo debaixo do sol”.
Sou viajante que não teme as estradas, porque aprendi a respeitar as curvas incertas e as retas com neblina. Sou viajante querendo chegar apenas no tempo certo. Aceito a sina. Ainda é cedo pra ficar tarde demais.
(*) Dedicado a uma das professorinhas que me ensinou o bê-a-bá, a que me deu a primeira Bic Cristal azul de presente – que virou parceira de vida inteira, apesar da Parker 51, da Montblanc que vivem delicadamente esquecidas em algum lugar.
(**) Trechos de A Praça (Carlos Imperial) / A cura (Lulu Santos) / Motivo (Raimundo Fagner–Cecília Meireles) / Criaturas da Noite (Flávio Venturini-Luiz Carlos Sá)


27/05/2017

Um pedido de desculpas

---------------------------------------------------------------------------------------

Caros leitores,
Por um engano indesculpável do administrador do blog, cujos motivos não cabe colocar aqui, foram
apagados todos os comentários anteriores feitos pelos leitores no blog, só tendo sido possível recuperar os que foram feitos hoje pela manhã.
Não há como recuperar os outros.
Peço desculpas a todos, e só posso afiançar que o engano foi totalmente involuntário, embora saiba perfeitamente que isso não sirva de justificação.
Um abraço do
Mano
--------------------------------------------------------------------------------------


O Lótus e a Cruz: Resenha




Antonio Rocha

“No segundo milênio antes da era cristã, antes que Abraão iniciasse sua viagem errante através dos desertos, que se estendem da Mesopotâmia até o Egito, à procura do culto do Deus Único, uma outra busca ardorosa e incansável do Todo Poderoso tinha começado no alto dos Himalaias. Em toda a extensão do vasto sul-continente indiano, a cultura dos invasores arianos já se tinha misturado à cultura, muito florescente, dos dravidianos. E desta fusão de etnias e culturas havia nascido e se desenvolvera um prodigioso sistema de pensamento e de vida mística, que se caracterizou sempre por uma intensa e profunda busca do Absoluto. Assim tivera lugar, na Índia, mais de mil anos antes de Cristo, um acontecimento notável, que foi sem dúvida, um dos mais significativos surgidos em nosso planeta, desde o aparecimento do “Homo Sapiens”. Parece que, então, pela primeira vez na história, o espírito humano rompeu a barreira das representações sensíveis e chegou à intuição da Suprema Realidade. Foi esta realidade, que transcende ao mesmo tempo os sentidos e a razão – Brahman, que permaneceu desde esse momento até hoje, a inspiração das religiões indianas”.
O parágrafo acima faz parte do excelente livro O lótus e a cruz, autoria de Frei Raimundo Cintra e tem como subtítulo “Hinduísmo e Cristianismo”, publicado pelas Edições Paulinas, em 1981, com 216 páginas.
Já falecido, Frei Raimundo Cintra foi um dos pioneiros, em nossa língua, dos estudos orientalistas e da aproximação entre o pensamento da Índia e o Catolicismo.
Vamos então ver alguns trechos do magnífico livro citado:
Palavras do Papa Paulo VI quando visitou a Índia, em 1964: “O vosso país é um país de cultura antiga, berço de grandes religiões e foco de uma nação que procurou Deus, com um desejo incansável, expresso nos cânticos de uma oração fervorosa. Raramente esta espera de Deus foi manifestada com palavras mais repletas do espírito do Advento, do que as que se acham escritas em vossos livros sagrados, muitos séculos antes da vinda de Cristo” (pág. 89).
“Ela (a Índia) recebeu do Todo Poderoso um dom excepcional de tudo o que pode ser espiritual. Desde o tempo dos Vedas e dos Upanichads, uma multidão inumerável de seus filhos foram grandes investigadores de Deus” (pág. 90).
“Esta busca de Deus é uma história que começou 2.000 anos antes do nascimento de Cristo e que perdura incansável até os nossos dias. Passou por inúmeras vicissitudes e se ramificou em numerosos sistemas filosóficos, escolas espirituais ou grupos religiosos” (pág. 90).
Muito interessante as palavras do Papa Paulo VI, quando afirma que “A Índia recebeu do Todo Poderoso um dom excepcional”. De fato, é impressionante o número de religiões, filosofias e correntes de pensamento que brotaram naquele país. Estas linhagens produziram Literaturas de alto nível e assim, hoje, podemos estuda-las com o viés da Sociologia, Lingüística, além das citadas Filosofias e Literaturas.
O Todo Poderoso, de muitos nomes, inspirou livros os mais diversos e sempre com o intuito de melhorar a vida humana no planeta. Pena que este mesmo ser humano leia tais livros ditos sagrados, mas não os cumpram no todo e assim temos guerras, disputas, sofrimentos mis.
Já disse aqui uma vez e repito, tenho o maior respeito pelos ateus, céticos e agnósticos. Mas continuo maravilhando-me com passagens literárias que os livros religiosos me proporcionam.
Pensadores da Índia elaboraram, ao longo dos milênios, profundos esquemas e sistemas de pensamentos para nos ajudar a vivermos de forma sábia.