fotografia Moacir Pimentel |
Moacir Pimentel
Os europeus e especialmente os franceses adoram caminhar. Caminhar é uma
atividade democrática e igualitária e o caminhante está aberto a tudo o que ele
cruza: paisagens e pessoas. Eu aprendi a caminhar no velho mundo, a caminhar
durante horas, a caminhar o dia todo, a descobrir cidades caminhando-as, passo
após passo, olhar afiado e coração aberto.
Para quem aprecia a atividade Paris é a cidade ideal para flanar - este
verbo tão francês que começou a ser conjugado na metade do século XIX por
aqueles que queriam observar, captar as mudanças da cidade, percorrer suas
passagens, se deter nos detalhes urbanos, nos passantes e nas curiosidades.
Caminhar da Galerie Vivienne através dos jardins no Palais Royal,
atravessando a Cour Napoléon e passando pela pirâmide do Louvre. Cruzar a Pont
du Caroussel e passar pelos bouquinistes no Quai Voltaire antes de percorrer a Rue
du Bac e mergulhar no sétimo arrondissement. Fazendo uma escala para beliscar
os maravilhosos doces da Pâtisserie des Rêves.
Caminhar pelos mercados, pelos parques, pelos bulevares, pela Avenue des
Champs Élysées que divide os jardins em duas metades ajudada por uma rotunda
chamada de Rond-Point, que além de servir de intersecção é simplesmente mais um
jardim mutante: as flores da primavera o deixam com uma ambiência que já não é
mesma no verão e os canteiros impecáveis continuam se metamorfoseando pelo
outono adentro até a apoteose final: a decoração do Natal.
Caminhar por essa parte inferior da avenida, que é muito arborizada e
cerca como uma moldura verde o Grand Palais e o Petit Palais, dois ótimos museus construídos para a Exposição Universal
de 1900, e vizinhos do Palais de l'Élysée, a sede da Presidência da República
francesa que também nos acena solenemente à beira da avenida.
E seguir caminhando e apreciando o exterior exuberante do Grand Palais
que combina uma imponente fachada em estilo neoclássico com uma profusão de
ferro trabalhado em estilo Art Nouveau. O esplêndido teto de vidro é decorado,
nos quatro cantos, com colossais estátuas de de bronze de cavalos alados.
fotografia Moacir Pimentel |
Passar em frente ao Grand Palais, e entrar no Petit Palais que abriga o
Museu das Artes Decorativas. Disposto em volta de um belo jardim e de um pátio
circular o edifício tem colunas jônicas, um grande pórtico e uma cúpula que é
prima legítima da dos Invalides. Mas o que vale a pena mesmo é caminhar para
ver o acervo da casa: quadros, pinturas, móveis, objetos de arte medievais e
renascentistas e do século XVIII, além de obras de Coubert, Ingres e Delacroix.
A partir daqui, dos palácios, é um pulo verde até a Place de la
Concorde.
E passear por ela é uma delícia! Bem no seu centro mora, desde 1836, o
famoso Obelisco de Luxor, do alto de seus 3.300 anos de idade, levado que foi
para Paris desde o Egito como um presente do Rei Egípcio Méhémet Ali para o Rei
Luís Felipe I.
Se você a visita com calma, prestando atenção, se chega perto, chega
também à conclusão de que La Concorde é uma das praças mais belas da cidade e
toma uma injeção de século XVIII na veia. Pois esse espaço octagonal de
dimensões majestosas, no coração de Paris, já foi palco de vários eventos
históricos importantes e teve uma vida agitada.
Batizada, quando da sua criação, de Praça Luís XV, quando veio a Revolução de 1789 foi rebatizada de Praça da Revolução, e nela a guilhotina executou o filho do seu primeiro homenageado, o rei Luís XVI, a rainha Maria Antonieta e mais um punhado de gente, incluindo os mesmos que condenaram à morte a família real. Depois foi de novo batizada como Place de La Concorde para celebrar a reconciliação das forças políticas sob o Diretório.
Batizada, quando da sua criação, de Praça Luís XV, quando veio a Revolução de 1789 foi rebatizada de Praça da Revolução, e nela a guilhotina executou o filho do seu primeiro homenageado, o rei Luís XVI, a rainha Maria Antonieta e mais um punhado de gente, incluindo os mesmos que condenaram à morte a família real. Depois foi de novo batizada como Place de La Concorde para celebrar a reconciliação das forças políticas sob o Diretório.
Na montagem fotográfica chamo atenção para uma das duas fontes douradas que ladeiam o
Obelisco e que todos acreditam serem iguais. Não é verdade ainda que ambas
celebrem as águas. A fonte ao norte teve por tema a navegação fluvial e suas
figuras representam os rios franceses Reno e Ródano além das culturas da uva e
do trigo. Já a fonte ao sul ecoa a navegação marítima com esculturas que
representam a pesca e o mar Mediterrâneo.
O que mais?
Novamente caminhar até o tesouro arquitetônico, lá no fundo de uma das fotos da montagem e à
esquerda do Obelisco: a Igreja de Sainte-Marie-Madeleine, mais informalmente
chamada de a Madalena e famosa pelas linhas de clássico templo grego, pelos
esplêndidos relevos do frontispício e, no verão, pelos concertos de música
sacra ao por do sol, que também já não são mais como os de antigamente.
Quem entra no Jardin des Tuileries caminhando pelos portões
dourados da entrada que encara a Place de la Concorde, vindo dos
Champs-Élysées, mergulha na atmosfera serena de um lugar que a palavra “agradável”
por si só não é suficiente para traduzir.
À beira do muro que separa a praça do Jardin des Tuileries se pode ver
tanto a Place de la Concorde - e ao longe a Torre Eiffel! - quanto o imenso jardim
que começa com duas rampas - o Fer a Cheval - em forma de ferradura que descem
para encontrar a primeira de suas piscinas, a famosa Bacia Octagonal. E à
distância já se pode adivinhar toda a verdura do parque se estendendo até o
Arche du Carroussel e em seguida, o Louvre.
E depois é só virar à direita e caminhar poucos metros para se estar no
terraço do Museu da Orangerie, um dos lugares que mais aprecio no vasto mundo
por causa das suas salas, imensas e ovaladas e feitas sob medida para servir de
moradia para uma série de pinturas gigantescas de nome Nymphéas, que retratam
os nenúfares do jardim de Monet em Giverny, pintadas por ele incansavelmente
durante trinta anos.
Mas dos lírios d’água falaremos depois de caminharmos pelo Jardim das
Tulherias em uma outra conversa...
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