Francisco Bendl
Eu gostaria de escrever um artigo, mas estou sem
assunto.
Apesar dos temas importantes que pipocam na mídia e se
passam em nossas vidas, também estou sem inspiração.
Sem assunto, sem inspiração, quais seriam as razões
pelas quais desejo escrever?
Teclar o micro, tão somente?
Ouvir o ruído das teclas sendo apertadas entre os
dedos e o teclado?
Usar o tempo, apenas?
Talvez até mesmo outra razão, que não importa, pois a
vontade é escrever sobre algum tema, mas qual deles?
Política?
Indigesto e o Mano não permite;
Religião?
Delicado, pois podemos ferir susceptibilidades;
Futebol?
O meu time caiu para a Segunda Divisão, o
Internacional, então não me apraz falar deste esporte;
Corridas de automóvel?
Pouca gente entende e gosta de automobilismo;
Sobre pessoas?
Outro tópico que exige muitos cuidados, pois polêmico,
ainda mais quando entram em choque as tais convicções;
Sobre a velhice?
Encontro-me já cansado de debater a maneira como nós,
os velhos temos sido tratados;
Pipocas, escrever sobre o quê?!
Descobri, sem causar discussões e inimizades
gratuitas:
Sobre nada!
Não farei nada hoje;
Não discutirei nada com quem quer que seja;
Não sairei com o meu carro, e tampouco a pé, nenhum
movimento fora de casa, nada;
Não quero saber de nada sobre os roubos diários contra
o erário e povo;
Não quero comentar sobre nada que diga respeito a
qualquer assunto;
Não quero dizer a mim mesmo que não vou escrever sobre
nada porque nada tenho para oferecer ao Wilson para colaborar com o seu
extraordinário Conversas do Mano.
Pelo menos o nada serviu para servir como artigo de
que o nada serve para... nada, apenas uma página escrita sem mensagem, recado
ou essência, pois nada é nada, e, do nada não sai nada!
Aliás, será que a minha cabeça já não tem nada dentro,
afinal das contas me sinto tão leve, como se flutuasse no ar, exatamente como
um balão que tem apenas o ar e mais nada?!
Acredito que eu nada terei provocado de comentários
sobre este tema, o nada, apesar de não ter havido mal entendidos, más
interpretações, intenções sub-reptícias, nada!
Olá Dissidente amigo,
ResponderExcluirNon, rien de rien, je ne regrette rien, como cantava Edith Piaf. Só para você ver que não esta está sòzinho.
Ademais(antigo né, como a gente) só o existe o nada porque existe o tudo, ou vice versa.
Tudo de bom nesse dia de nada.
Obrigada! E você dirá, de nada!
Até mais.
Aninha,
ResponderExcluirO final do teu comentário foi sensacional:
"De nada".
Muito obrigado pelo comentário.
Ainda bem que não escreveste que este artigo não valeu nada, ou não adiantou de nada ou não serviu para nada, pois como afirmaste, tudo é nada e nada é tudo!
Afinal das contas já se escreveu sobre tantos assuntos que não deram em nada, que este sobre o nada continuaria sendo nada, mas se estava abordando o nada, e não temas de nada!
Nada desejo de mal prá ti e tua família, nada de sofrimento, dores, padecimentos, nada.
Um forte e respeitoso abraço.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.
1) Nosso amigo Chicão hoje está filosófico. E a Filosofia é uma coisa linda que nos põe a pensar.
ResponderExcluir2)Se alguém estranhar, eu chamando a Filosofia de "coisa", certa está a Filósofa Ana Nunes qdo afirma que "Tudo de bom nesse dia de nada".
3)E se lembrarmos do Zen Budismo vamos ver que o Nada é o Vazio e o Vazio é Deus. Ou seja, Deus é o Nada, porque o Nada é Tudo. O Vazio é Cheio.
4)Boa sexta para Todos e para Ninguém = é o chamado Ningin Zen (tem uma corrente chamada Ninguen Zen)
5)Vai entender... mas não é para entender com o pensamento discursivo conceitual. E para vivenciar, como disse ontem, novamente a Filósofa Ana Nunes: "basta ser".
Antônio,
ExcluirMenos, menos! Senão vou ficar insuportável, "cheia de si"!
Meu caro Rocha,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
Pois já dizia o célebre filósofo Aristóteles, que o Nada está no intelecto antes de ter passado pelos sentidos!
Portanto, conforme tu disseste, o Nada tem esta sensação de vazio mas, ao mesmo tempo, de leveza, calma, paz, tranquilidade.
Um forte e fraterno abraço.
Saúde e paz, meu amigo.
O nosso Colega Sr. FRANCISCO BENDL, com a sua poderosa imaginação e arte de escrever bem, (a mais difícil das Artes segundo os Hebreus que mais tem experiência dela ), nos brindou com excelente Ensaio sobre o NADA.
ResponderExcluirEu, como estudante de Economia Política só posso acrescentar que: o bom mesmo é ter muito a receber, e não dever NADA.
Mas aqui neste oásis de boa Literatura, nós devemos TUDO ao Sr. WILSON BAPTISTA JÚNIOR, criador do Espaço, aos Escritores Sr. ANTÔNIO, Sr.FRANCISCO BENDL, Sr. DOMINGOS, Sra, DULCE, Sr. MOACIR PIMENTEL, e Sra. ANA NUNES ......, bem como aos excelentes Comentaristas. Abrs.
Mestre Bortolotto,
ResponderExcluirMuito obrigado pela participação.
Quanto à minha imaginação ela pode ser ilimitada, mas sobre a arte de escrever bem, mestre, admito que faço as minas "artes" com as palavras.
O problema é que sai quase nada de útil e proveitoso.
Quando decidi escrever sobre o nada, confesso que pensei na sensação de alívio, como se deitado numa praia, descansando, sem pensamentos a respeito do trabalho e vida, nada.
Confesso que não foi um texto provocativo, mas um artigo despretensioso, diferente, meio sem sentido, sem nada a contestar e elogiar.
Um forte e fraterno abraço, mestre Bortolotto.
Saúde e paz.
Bendl,
ResponderExcluirO post tem, como sempre, as marcas da sua inteligência e do seu talento com as pretinhas. Porém, e ao contrário do que você escreveu, esse seu filosófico "NADA!" poderia sim provocar muitos comentários. Mas não dá para “conversar” sobre niilismo - de Platão a Kant, passando por Feurbach, Hegel, Nietzsche, Camus e Sartre, Heidegger e Jürgen Habermas - com quem não está para "conversas". E faz muito bem em um final de semana (rsrs)
Então vou fazer apenas um registro, digamos, literário. Assim como não foi Shakespeare quem mandou ver aquele “ ser ou não ser”, mas Hamlet, quem falou que “Deus está morto” não foi Nietzsche mas o seu personagem Zaratrustra, um louco, pois o pensador não era nada bobo e sabia que o seu pensamento estava muito à frente do seu tempo.
Toda a vã filosofia, não nos esqueçamos, versou sobre como se viver melhor, sobre a felicidade humana. Na verdade Nietzsche não pensou um niilismo passivo e apático , um convite ao suicídio, um flerte com a morte, uma “coisa” sem potência e ação, sem energia criadora e criação artística, sem liberdade e responsabilidade e, principalmente, sem futuro, como juram de pés juntos a cultura pop e os pessimistas de plantão.
Na terceira idade eu dei de preferir os poetas aos filósofos e portantocito Friedrich Nietzsche poetando no seu livro Assim Falou Zaratrusta , no capítulo Ler e Escrever:
“E eu, que estou bem com a vida, creio que para saber de felicidade não há como as borboletas e as bolhas de sabão, e o que se lhes assemelhe entre os homens.
Ver revolutear essas almas aladas e loucas, encantadoras e buliçosas, é o que arranca a Zaratustra lágrimas e canções. Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar.
E quando vi o meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo e solene: era o espírito do pesadelo. Não é com cólera, mas com riso que se mata. Adiante! Matemos o espírito do pesadelo!
Eu aprendi a andar; por conseguinte corro. Eu aprendi a voar; por conseguinte não quero que me empurrem para mudar de sítio. Agora sou leve, agora voo; agora vejo por baixo de mim mesmo, agora salta em mim um Deus”
Abraço e bom final de semana!
Pimentel, meu caro,
ResponderExcluirSe por eu ter escrito um artigo sobre o nada, tu fizeste este texto tão abrangente e literário, na próxima oportunidade, se o Mano me permitir, evidentemente, postarei um tema sobre "tudo".
Grato pelo comentário.
Um forte abraço.
Saúde e paz.
Manoel Bandeira dizia que o melhor de Rubem Braga é quando ele não tinha assunto. Então Bendl, continue escrevendo quando não tiver assunto, quando não saiba o que quer escrever. Você, Bendl, provou que é sempre bom escrevendo, com ou sem assunto.
ResponderExcluirMinha Cara Carmen Lins,
ResponderExcluirQue alegria em ler este teu comentário no blog Conversas do Mano, do nosso amigo Wilson, um oásis cultural, onde por teimosia minha e tolerância por parte dos leitores e comentaristas, volta e meia um que outro artigo meu é publicado.
Muito obrigado.
Agora, deves -e eu te peço encarecidamente - frequentar mais vezes este espaço. Se observares, as mulheres que escrevem para o blog são extremamente inteligentes, sensíveis, e dotadas de grande talento, que obrigam a nós, homens, nos esmerarmos quando é a nossa vez de deixarmos registrados um texto.
Mais a mais, a gente sai um pouco daquela rotina de abordar somente política, e tal continuidade só nos acarretar revolta e indignação.
Muito diferente neste blog, com assuntos culturais, amenos, agradáveis, informativos, que nos instruem e, ao mesmo tempo, criam um vínculo entre seus frequentadores muito interessante e aprazível, onde as opiniões são emitidas quanto ao teor do tema publicado, que fica a critério de cada um de nós.
Foi uma grata surpresa te encontrar no Conversas do Mano, Carmen.
Um forte abraço.
Saúde e paz, extensivo aos teus amados.