Paulo Diniz - imagem divulgação em g1.globo.com |
Antonio Rocha
Começo esta série pedindo licença ao Heraldo Palmeira que entende
bastante de música.
Sou leigo, curtidor, aprendiz, contemplo a melodia como uma meditação e
a letra como oração, assim estudo poesia e MPB.
Já falei aqui, minha casa não tinha TV, eu ouvia rádio diariamente,
minha formação cultural, nesta área musical foi através do rádio.
Interessante que a minha querida cidade satélite do Gama, era uma micro
cidadezinha do interior naqueles anos da década de 1960.
Perto da minha casa tinha um serviço de altofalante que começava de
manhã às 8 horas e só encerrava às 18 horas. Era como se fosse uma rádio
comunitária. Tocava de tudo que os moradores-ouvintes pediam. Não tinha
pregação religiosa, era informação da cidade, do comércio, utilidades públicas
e muita música. E aquelas coisas que muitos podem chamar “brega”, mas era a
época: “fulana dedica esta música ao
fulano” e vice-versa, com as criatividades da ocasião.
Claro que a imagem que está em minha mente é aquela cidadezinha
pequenina e não a cidade de hoje do Gama, se bem que mudou pouco. Só no ano
passado, me disseram que iam começar a construir o primeiro shopping. É sinal
de desenvolvimento econômico, mas não sou fã dessas catedrais de consumo.
Quero iniciar esta série com o Paulo Diniz, impressionava-me o timbre de
sua voz. Ele nasceu em 1940, em Pesqueira, PE. Foi ator e continua cantor e
compositor. Teve uma doença braba e hoje se apresenta em cadeira de rodas.
Andou por Fortaleza, Rio de Janeiro, na antiga TV Tupi e voltou ao Recife, onde
vive, se apresenta em diversas cidades, mediante convites.
Vejam, ouçam, curtam, saboreiem que letra e melodia lindas, a meu ver e
ouvir e sentir e ser:
Um Chopp Pra Distrair
Paulo Diniz
“Ela
passou,
Deixando
um sorriso no chão
Deu um
banho de beleza nos meus olhos
E aí
começou o verão
Mil
cores pintando o painel
Copacabana...
Ela
parou,
Na
loja de discos e escutou
A
canção que eu fiz pra ela
A
minha mensagem de amor
É tudo
que eu tenho pra dar
Chorei
de amor,
Eu
sei, chorei de amor
E um
chopp pra distrair...
Um
chopp pra distrair,
Um
chopp, chopp, pra distrair...”
Essa letra me tocou particularmente porque eu estudava no Colégio do
Gama, e a lição do momento era o Romantismo em Literatura. Fiz o gancho para o
Romantismo em música, da forma mais ampla possível.
Hoje, re-ouvindo, vejo o amor que eu tenho pela cidade citada. Por
aquelas descobertas de mundos, horizontes se abrindo. Gratidão aos meus pais
que me levaram para lá. Amor pela minha infância e adolescência, amigos,
amigas.
Gratidão Paulo Diniz, você marcou de forma bonita a História da MPB.
Outro dia li que a canção acabou, não existe mais, ainda bem que
inventaram a internet, para que possamos re-saborear estas músicas, estes sons
inesquecíveis, estas letras, verdadeiras poesias.
Que tal brindarmos com um chopp?
Vizinho Antonio,
ResponderExcluirUm post que nos toca pois temos todos os nossos Gamas e já dedicamos muuuuitas canções democraticamente às meninas más das famílias boas e às garotas boas das famílias más (rsrs) E "ademais"- como diz à Donana - o que seria da vida sem a música e um chopp - ou vinho! - para distrair? Aos copos e "gratidão" e um brinde por que hoje é sábado!
Timtim!
1)Vizinho amigo, vc agora foi sábio: todos nós temos os nossos Gamas idealizados, sonhados, reais, fictícios que o Tempo não apaga.
Excluir2)Tin tin ao chopp (claro ou escuro), ao vinho e às caipirinhas da vida !
Antonio, não importa onde e como ela entrou na nossa vida pela primeira vez, a música ocupa para sempre um lugar em nossos corações e tem o poder de nos trazer de volta as lembranças da nossa vida.
ResponderExcluirEsperamos as muitas outras mais da série...
1) Verdade Wilson, a música é algo impressionante que nos mobiliza para sempre.
Excluir2)E este escriba que vos escreve, em tempos idos tentou tocar percussão em um "conjunto" como se dizia naquela época. Depois eu conto...
Olá Antonio,
ResponderExcluirAtrasada, mas encantada com o seu texto. Estava lendo quando percebi que sorria.
Não sei se foi da cidadezinha linda, tipo Macondo( meu pai veio de uma assim, lá nos confundós de São Paulo), se foi da música brega, se foi pela gratidão dita. Acho mesmo que foi por tudo.
Gratidão de mim também. Bom domingo para vocês.
Ah! me esqueci do chope, sempre, sempre. Como diz o Moacir, porque ontem foi sábado e hoje é domingo!
ResponderExcluirAté mais.
1) Oi Ana, obrigado pelos comentários...
Excluir2)Sou meio brega e vcs, por favor, tenham paciência...
3)Abraços de boa semana !